Thursday, June 30, 2011

NÂO DIGAM AO JERÓNIMO

De volta a casa, ouço na Antena 1 parte da transmissão da apresentação do programa do Governo na AR.
Uma recepção cordata do PS, encomiástica, como seria de esperar por parte dos dois partidos que apoiam o Governo. Quando chega a vez de Jerónimo de Sousa, o líder do PCP, deseja boa saúde ao primeiro-ministro e passa ao ataque. Acaba por desafiar o primeiro-ministro "a fazer o que deve ser feito, isto é, a reestruturação da dívida". Passos Coelho devolve com diplomacia e repõe o discurso no campo do respeito pela diferença de opiniões de cada um na defesa dos interesses nacionais por parte de todos. Quanto à reestruturação da dívida , a posição do chefe do Governo é clara: Não haverá reestruturação, Portugal pagará a integralidade das suas dívidas.

Percebe-se o discurso de Passos Coelho, idêntico ao de Sócrates, neste caso. Um chefe de Governo não pode dizer outra coisa. Faz sentido que um líder de um partido minoritário na oposição insistir num ponto que, apesar da sua pertinência, não pode ter outra posição pública por parte de quem governa? Só faz sentido do ponto de vista dos interesses partidários, e só desses, de quem não tem responsabilidades governativas.

Tivesse Jerónimo lido o que o actual ministro da Economia comentou aqui, e teria enchido o saco.

A REESTRUTURAÇÃO SEGUNDO ROGOFF

Kenneth Rogoff, um dos mais respeitados economistas mundiais e autor de um dos melhores livros sobre crises financeiras ("This Time is Different", escrito em co-autoria com Carmen Reinhart), continua a defender que a crise da dívida soberana europeia só será resolvida com uma reestruturação da dívida de alguns países. Aqui está um excerto do seu artigo de opinião mais recente:

"Europe is in constitutional crisis. No one seems to have the power to impose a sensible resolution of its peripheral countries’ debt crisis. Instead of restructuring the manifestly unsustainable debt burdens of Portugal, Ireland, and Greece (the PIGs), politicians and policymakers are pushing for ever-larger bailout packages with ever-less realistic austerity conditions. Unfortunately, they are not just “kicking the can down the road,” but pushing a snowball down a mountain.

True, for the moment, the problem is still economically manageable. Eurozone growth is respectable, and the PIGs account for only 6% of the eurozone’s GDP. But by stubbornly arguing that that these countries are facing a liquidity crisis, rather than a solvency problem, euro officials are putting entire system at risk. Major eurozone economies like Spain and Italy have huge debt problems of their own, especially given anemic growth and a manifest lack of competitiveness. The last thing they need is for people to be led to believe that an implicit transfer union is already in place, and that reform and economic restructuring can wait.

European Union officials argue that it would be catastrophic to restructure any member’s debts proactively. It is certainly the case that contagion will rage after any Greek restructuring. It will stop spreading only when Germany constructs a firm and credible firewall, presumably around Spanish and Italian central-government debt. This is exactly the kind of hardheaded solution that one would see in a truly integrated currency area."

O resto do artigo pode ser lido aqui.

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