Friday, November 30, 2007

2008 - SEGUNDO S. BERNANKE

Fed Chief Offers Hint of Rate CutReports Show Consumer Spending, Personal Income Inch Up
By
Neil Irwin and Howard SchneiderWashington Post Staff Writers Friday, November 30, 2007; 10:17 AM

U.S. stock markets jumped sharply on Friday morning, as investors bet that recent remarks by Federal Reserve Chairman Ben S. Bernanke indicate interest rates will be cut again when the Fed meets in two weeks.

The Dow Jones industrial average added 130 points in the first twenty minutes of trading, a gain of around one percent. The Nasdaq and S&P 500 had similar percentage gains.

Optimism that rates are headed lower offset tepid report on consumer spending and a drop in construction. The Commerce Department said Friday that consumer spending increased 0.2 percent in October compared to the month before, the slowest rate of increase since the summer. Construction spending, meanwhile, fell 0.8 percent as a national housing slump continued.
But the same report showed that inflation also remained under control, adding to the sense that the Fed is likely to cut rates at its December session out of concern that the risks of a stalling economy outweigh those of rising prices.
Bernanke said last night that the central bank would take into account recent deterioration in the financial markets as it decides whether to reduce rates.
Hours earlier, the White House released its economic forecast that acknowledged housing would be a drain on the economy next year, but it said tightening credit conditions would not stall business expansion.

SEGUNDO A FENPROF - 2

Ferreira de Almeida , a propósito da greve da função pública que hoje, sexta-feira, ocorreu em Portugal, interroga-se em Quarta República : "Faz sentido o Governo ser contestado na rua, a sua acção desencadear greves, mobilizações e manifestações, algumas ruidosas, e no entanto subir nas sondagens? " . E responde-se :"Faltando alternativas inteligentes e credíveis que definitivamente assentem na ideia de que só se distribui o que se tem e que por isso é essencial criar riqueza, o Povo sensato pensa que para pior já basta assim...
A crise é, por isso, acima de tudo, uma crise de esperança.Profunda, muito profunda...".
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Que existe uma crise de esperança (numa alternativa credível), é uma conclusão que, suponho, poucos quererão contestar.
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Mas há também, presumo eu, uma razão mais imediata: As pessoas, em geral, deram-se conta que as greves (mesmo as alcunhadas gerais) são sempre promovidas pela CGTP e restringem-se quase à função pública. Por outro lado, já interiorizaram uma conclusão óbvia: Os grevistas, isto é, parte da função pública, pertencem a um grupo de pessoas com as melhores condições laborais em Portugal. Finalmente, os funcionários públicos são cerca de 700 mil mas os trabalhadores portugueses do sector privado, independentes e por conta própria serão seis vezes mais. O número de contribuintes excede também em muito o número de funcionários públicos. Estando o governo (este e qualquer outro) condicionado pelas restrições orçamentais, e não podendo despedir excedentários, as reivindicações dos grevistas, para além de excederem aquilo que é alcançável pela grande maioria dos contribuintes, não são comportáveis pelas possibilidades orçamentais.
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Penso que a generalidade das pessoas já percebeu isto. E também penso que uma alternativa credível não pode deixar de ter isto em conta.

SEGUNDO A FENPROF

Pela Internet sei da notícia que exibe o troféu da Fenprof na "jornada de luta" promovida pela CGTP:

Devido à greve da Administração Pública Centenas de escolas fechadas e milhares de alunos sem aulas, segundo Fenprof. 30.11.2007 - 14h41 Por Lusa - Rui Gaudêncio/PÚBLICO (arquivo)

"...Segundo a federação, há concelhos onde nenhum estabelecimento está a funcionar. Pelo menos 302 escolas encerraram hoje em todo o país e centenas de milhares de alunos ficaram sem aulas devido à greve geral da Administração Pública, segundo dados parciais divulgados pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof)..."
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Não faço uma pequena ideia do que pensam os pais dos alunos em Portugal ao ler uma notícia destas, onde da luta que os sindicatos da função pública movem contra o governo são os alunos os maiores prejudicados. Sem que, contudo, a grande maioria se aperceba disso, acha "bué" até, e os pais deles, idem aspas.
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Tudo certo, portanto. Por alguma razão estávamos na cauda dos 15 e caminhamos alegremente para a cauda dos 27. Mas quem se rala?

DISCURSO AMARELO - 2

Central bankers aiming at price stability have had a rather easy life in recent years. One of the features characterizing the global macro-economy has been low and stable inflation. Several factors contributed to this success, but an important one, we believe, is globalization. There are several ways in which globalization can tame the inflation process. First, cross-border competition erodes monopoly rents in product and labour markets, putting downward pressure on wages and prices. Second, globalisation fosters efficiency gains, as firms relocate part of their activity abroad – the so-called “production unbundling”, that amounts to a positive supply shock leading to lower prices as well as more output. Third, consumer prices are kept in check by low-cost imports from emerging countries, mainly in Eastern Asia. Low labor costs in countries like China, coupled with a stable exchange rate, effectively provide an anchor to global inflation.

Thursday, November 29, 2007

O PREÇO DE MUITO DINHEIRO



How can a crisis of these proportions arise and develop in a very benign macroeconomic environment (unprecedented high growth and low inflation in all major economic blocs, sound monetary and rapidly improving fiscal policies, market deregulation and globalisation, and more)? What lessons can be learned from this?

Diagnoses so far have focused mainly on regulation and market discipline: insufficient transparency and disclosure by banks and their conduits, poor information for investors (calling, inter alia, for more standardized financial products), bad performance by rating agencies – see for example Steve Cecchetti’s recent p ieces in
http://www.voxeu.com/. All this is true, but we should not forget that all this originated in a sector (real estate) that has experienced for well over a decade exponential price rises, record pace credit expansion and extremely low (often negative in real terms) debt costs. This is not a coincidence, and calls into question the conduct of monetary policy.

O EUNUCO DAS CONTAS OU O INTERESSE GERAL DA MENTIRA




Tavares Moreira em Quarta República volta a denunciar as fugas à inscrição no orçamento e nas contas dos défices e das dívidas assumidas por entidades que integram a administração pública ou que estão dentro do perímetro do Estado. E cita o mais recente relatório do Tribunal de Contas acerca do desaforo que campeia nas contas da área do Ministério da Saúde.
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Somos, quase todos os dias, alarmados pelo Tribunal de Contas com os défices e dívidas acumulados por entidades públicas que, por uma razão ou outra, mas sempre com o mesmo objectivo de os varrer transitoriamente para debaixo do tapete, não estão considerados no défice e na dívida pública. Mas não acontece nada. O Tribunal de Contas, salvo melhor opinião, é um tribunal eunuco: Comenta mas não exerce.
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Pelas irregularidades detectadas ou dos abusos observados ninguém vai preso. As desorçamentações são criticadas mas consentidas; as dívidas acumulam-se mas ninguém é responsabilizado.
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Para além dos relatórios do Tribunal de Contas, chegam-nos de outros lados reparos com idêntico sentido: a ultrapassagem dos limites sem que ninguém seja apontado culpado.Hoje, soube que António Costa ameaça demitir-se da Câmara porque o PSD se recusa a aprovar em Assembleia Municipal a transformação de 500 milhões de dívida por ele proposta.
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Parecer-me-ia consequente a posição do PSD se o PSD
1) Não tivesse responsabilidades neste escândalo financeiro que consistiu em endividar a Câmara para além dos limites consentidos;
2) Exigisse que fossem responsabilizados aqueles que cometeram o descalabro;
3) Exigisse um plano de pagamento da dívida que não atentasse contra o bolso dos contribuintes.
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Suponho, contudo, que a posição do PSD é apenas sustentada num porque não.
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É incompreensível para quem, como eu, nunca pisou os corredores da administração pública, que o Tribunal de Contas (já que a Assembleia da República não o faz) não proponha a aprovação de um Código de normas contabilísticas obrigatoriamente exigíveis a todas as entidades que participam na administração pública ou sejam participadas unica ou maioritariamente pelo Estado. Incluindo, naturalmente, e para começar, as Estradas de Portugal. É assim tão difícil? Tecnicamente é uma roda já inventada.
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Se ninguém avança, incluindo o Tribunal de Contas, é porque a ausência de regras aproveita a muita gente.
Alternadamente, penso eu.
Que de subtilezas políticas não sei nada.

Wednesday, November 28, 2007

DUAS POR UMA

As campanhas eleitorais nos EUA inspiram as mais diversificadas formas de apoio aos diferentes candidatos.
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Ron Paul, o candidato libertário à nomeação Republicana, acaba, segundo o Washington Post de hoje de receber o apoio de uma inesperada, e porventura indesejada, fonte de recolha de fundos por parte do dono de um bordel que emprega 500 colaboradores.
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Eis a notícia, sem tirar nem pôr:
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At the Moonlite Bunny Ranch, Politics & Strange Bedfellows
By Amy Argetsinger and Roxanne RobertsWednesday, November 28, 2007; Page

Turns out raising money in a brothel is harder than it looks. Dennis Hof, owner of the Moonlite Bunny Ranch in Nevada, is so impressed with Ron Paul that he announced plans last week to put up a collection box at the door. His lawyers advised that anonymous donations are a no-no, so now he's thinking of starting a PAC: "Hookers for Paul."
The unconventional endorsement came after Hof got a call from Tucker Carlson (who's writing a profile of the Republican presidential candidate) inviting him to Paul's press conference in Reno. Hof, who calls himself a libertarian, was blown away: "He's a live-and-let-live guy, 'you don't bother me, I don't bother you.' That's our state," he told us yesterday. "He's not pro-prostitutes. He just doesn't want the federal government meddling in states' business."

The former time-share salesman went back to the ranch and gathered up his bunnies -- he's got 500 on staff -- and urged them to donate to the campaign; he's also running a customer special: "If you come in the Bunny Ranch and say, 'I'm pimping for Paul,' you get two bunnies for the price of one."
So how does this fit into the campaign's plan for Nevada, where Paul is hoping to win big in January's primary? "I guess that's the price of freedom," said spokesman Jesse Benton. "Ron's a conservative Christian. Quite frankly, he finds prostitution personally morally abhorrent. Sometimes you have to put up with things that don't jibe with your personal view of the world."
Hof said he'll vote for Paul, will personally donate the individual max of $2,300, and is hoping to show up at a Paul rally with a pink wheelbarrow full of Nevada silver dollars. A stunt? Sure, he said, but one designed to get voters' attention. "We're getting them to take a look," he said. "If they look at Ron Paul, they're going to like him."

O DISCURSO AMARELO

De vez em quando, mas cada vez com mais frequência, ouvem-se discursos apoquentados com a globalização, encontrando-se à mesma esquina os movimentos que escaqueiram nos locais onde se reunem os G8 e alguns candidatos a fazer parte do grupo de representantes do sumo grupo. Para além deles, está o mundo dividido:entre uns que vêm na globalização o motor de crescimento global e o melhor meio de conter a guerra global e outros que vêm precisamente o contrário. Eu estou com os primeiros.
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Discordei:
O seu tema de hoje é muito pertinente mas não pode ser tratado em tão poucas linhas.
A questão da concorrência dos países menos desenvolvidos, e concretamente da China, tem muito que se lhe diga.Porque assim é, limito-me a fazer apenas duas ou três considerações acerca do assunto.
1 - Ambiente: Os consumos energéticos na China são muito inferiores aos observados nos países desenvolvidos do Ocidente. Que poderemos impor-lhes: Que deixem de crescer?Eu estive na China há bem pouco tempo e posso garantir-lhe que o que vi em termos de preocupações ambientais deixou-me espantado. Há muitas cidades onde a maior parte dos veículos de duas rodas são eléctricos. Em Pingyao, uma cidade que fica a uns 600 km de Pequim, todos os veículos que circulam no interior das muralhas são eléctricos. Salvo as bicicletas, claro está.A China tem um problema de poluição que decorre da utilização do carvão na produção de grande parte da electricidade que consome. Muitas das minas são muito antigas e os processos estão obsoletos. Mas muitas dessas minas já foram encerradas e as que subsistem estão a ser objecto de renovação.
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2 - "Dumping social": A China tem cerca de 1,3 biliões de habitantes, metade dos quais ainda habita nas zonas rurais. Mas tem experimentado um crescimento espantoso. Que poderemos impor-lhes? Que aumentem os salários, que garantam assistência social e reformas como no Ocidente? Como é que isso se faz? Levantamos novamente as barreiras alfandegárias? Recuamos no comércio livre? (...), não sei se já se deu conta que a China é, neste momento, e tem sido nos últimos anos, o motor da economia mundial. Sem o dinamismo económico chinês actual estaríamos todos em muito maus lençóis no Ocidente. É a China um grande exportador? Poi é. Mas é também um grande importador. Sabia que reabriram minas h á muito encerradas, até em Portugal, porque os chineses estão no mercado como nunca ninguém esteve? O ferro, o cobre, a pasta de papel, afinal todas as comodities estão neste momento num momento alto como há muito não não estavam. (...) o assunto não se pode analisar com duas penadas. E ainda bem.
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Eu seria o último a defender um sistema ditatorial para governar um país. Evidentemente que a China enfrenta muitos problemas e, provavelmente, o mais difícil de transpor será a passagem, inevitável quanto a mim, para um regime democrático. Lá chegará e nós precisaremos de pelo menos de tanta paciência de chinês quanto eles.Se a questão fundamental do seu post são os custos não incorporados das agressões ao ambiente, a China não está isenta de culpas mas não é a China, certamente, a maior culpada.O problema ambiental é, perdoe o chavão, uma questão cultural. Não se resolve capazmente se não através de uma mudança de cultura.Quer um exemplo aqui ao pé da porta:Todos os dias o IC19 se congestiona de trânsito e se entope com acidentes. E por quê? Fundamentalmente porque não temos combóios e acessibiliades ao transporte ferroviário que levem as pessoas a optar pelo combóio. E não temos por quê?Porque, culturalmente (quando falamos de cultura muitas vezes do que falamos é da falta dela) esta questão nada diz à generalidade das pessoas.Veja o que acontece em na Suíça: As pessoas utilizam os combóios para toda a parte. Vão para o combóio de autocarro ou de carro eléctrico, ou a pé até. Veja no http://aliastu.blogspot.com/ um post que dediquei há bem pouco tempo ao assunto.Já agora, se tiver pachorra., leia o meu diário da ida à China.Está lá uma pequena parte do que vi num lado e noutro. Para quem esteja interessado em ler um livro acessível e ponderado sobre a China permito-me sugerir uma edição portuguesa , da ASA salvo erro, escrito pelo Subdirector de Les Echos : "Quando a China mudar o mundo."
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Diz V. que "a evolu ção das trocas internacionais está em rota de colisão com o ambiente e o respeito pelos direitos humanos."
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(...) Depende do que estamos a considerar.No caso da China,por exemplo,o incremento das trocas comerciais não tem feito regredir a causa dos direitos humanos naquele país. Bem pelo contrário, sou da opinião que serão as trocas comerciais que vão determinar que os direitos humanos venham a ser no futuro mais reclamados (é por aí que as coisas começam) e mais conquistados.Quanto ao ambiente, idem aspas. Foi o enclausuramento das economias de leste num regime fechado que determinou um dos maiores desastres ecológicos em larga escala de que há memória.
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É a consciencialização dos consumidores para as questões do ambiente que pode evitar que, por exemplo, o IKEA produza móveis com madeiras de florestas tropicais. Pelos preços não vamos lá. Antes, pelo contrário, a generalidade das pessoas guia as suas comprars pelos preços.Para vencer a guerra de defesa do ambiente temos de come çar pelas atitudes. Já viu quantas toneladas de brinquedos "made in China" as pessoas estão a comprar para empanturrar os putos? Toneladas de brinquedos que eles não têm tempo para digerir? A culpa de quem é?Dos chineses? Claro que se podem arranjar umas artimanhas para chatear o chin ês. O governo dos EUA tem lançado mão de algumas. E na Europa há muita gente a pensar no assunto. Mas são só paliativos. A menos que se desencadeie uma guerra comercial que descambe na outra.
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A última.

Tuesday, November 27, 2007

A TRAGÉDIA DO RIO DAS FLORES



Miguel Sousa Tavares é um best seller; José Rodrigues dos Santos, outro; e não citemos mais nenhum para não lhes arranjar piores companhias.
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Há dias entrei na FNAC do Shopping de Cascais e havia uma montanha de livros a esgotar-se em breve. Na Bertrand (ou será Bulhosa?) ao lado, a mesma montanha em vias de desaparecer. Tirou cem mil exemplares, para começar, e as prendas de Natal vão dar conta deles. Sem a minha ajuda, diga-se passagem.
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José Manuel Fernandes, director do Público, decidiu, sabe-se lá porquê, pregar uma patifaria ao Miguel, inconsequente a todos os títulos e comerciais sobretudo, e pediu ao Vasco Valente uma crítica ao exercício. Ora o Vasco não é crítico literário mas para umas sopas ajeita-se.
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E cascou. Desancou até dizer basta.
Até pode ter razão ou uma carrada delas. Mas seja qual for o mérito do livro, o Vasco cascaria nele que nem um Valente. E o Zé Manel sabia disso. Tanto mais que, confessadamente, o Vasco tinha umas contas a ajustar com ele desde as declarações de Miguel numa entrevista ao "Expresso".
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Tricas à portuguesa.
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Transcreve-se a seguir o início dessa peça vingativa servida a quente. O prato completo consta de doze páginas, doze. Para tanta pancada não há espaço neste blog.
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Rio das Flores Vale pouco ou nada como romance histórico, é pobre e vulgar como romance de família
24.11.2007
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Pedimos a Vasco Pulido Valente que lesse Rio das Flores, o último livro de Miguel Sousa Tavares. O romance conta a história de uma família de latifundiários alentejanos na primeira metade do século XX. O historiador, especialista da República, não gostou e diz que o escritor não ilumina a época nem a percebe
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"Numa entrevista ao Expresso, Miguel Sousa Tavares contou um caso, inteiramente imaginário, da minha suposta desonestidade (teria criticado o Equador, sem o ler) e acrescentou alguns comentários desagradáveis. Como é natural, desmenti. Isto bastou para que ele anunciasse por SMS à minha mulher e, a seguir, no Diário de Notícias que "ia dar cabo de mim". Parece que, segundo o critério dele, não "deu", por esta vez, "cabo de mim". Ficou pelo insulto e pela injúria; e pela ameaça implícita de que, se quisesse, revelaria episódios da minha vida pessoal (cinco ou seis) para liquidar a minha figura pública.
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Nestas digressões Miguel Sousa Tavares não falou uma única vez de um livro meu ou do meu jornalismo. Excepto sobre o meu "carácter" privado, não abriu a boca. Em cinquenta anos, não me lembro de encontrar um ódio tão inexplicável. Fiquei espantadíssimo e até, num encontro de acaso, lhe tentei falar, para o ouvir e, como lhe disse, para lhe poupar no interesse dele uns tantos disparates no Rio das Flores. Não quis.
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Escrevo esta crítica sem prazer. Nada pior do que ler um livro mau, excepto escrever sobre um livro mau. Mas, como se compreende, não podia deixar que a brutalidade de Miguel Sousa Tavares chegasse para me calar..."
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E não calou.

ANNAPOLIS - UM GESTO NOBEL



President Bush, center, stands between Israeli Prime Minister Ehud Olmert, left, and Palestinian President Mahmoud Abbas at Annapolis summit.
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Quantas vezes não vimos já a mesma fotografia com outros figurantes?! Um gesto que, de tantas vezes repetido, se desvalorizou, e em que, certamente, muito poucos acreditam possa resolver um problema, aparentemente, irresolúvel. A começar por aqueles que não foram convidados para a cimeira.
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Mas um gesto já (precipitadamente) nobelizado.

A TUA VIDA POR UM PRÉMIO

A compra e revenda de apólices de seguros de vida está a mostrar-se mais uma forma fácil de enriquecer mais sem fazer força. Mas começa também a ser altamente controversa e o assunto já atingiu personalidades públicas, como é o caso de Larry King, o conhecido apresentador de talk show da CNN. Segundo o Washington Post de hoje as transacções de apólices de seguro de vida terão atingido o ano passado 30 biliões de dólares e, a continuarem assim, atingirão os 150 biliões durante a próxima década.
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Já falta pouco.
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Wealthy Engage in Controversial Re-selling of Life Insurance Policies
By Anita HuslinWashington Post Staff Writer Tuesday, November 27, 2007; Page D01

The deal the broker discussed with his well-heeled client seemed like a good idea: Buy a $10 million life insurance policy, and if the client wanted to raise some cash, the broker could sell the policy to an investor for a tidy profit.
So the client took advantage of the offer. The broker re-sold the $10 million policy later that year, yielding a $550,000 windfall for the client
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more : http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/11/26/AR2007112602182.html

Monday, November 26, 2007

PRIVADAMENTE LIBERTÁRIO

O Washington Post deste fim-de-semana dá grande destaque no seu caderno de análise política Outlook à progressão que o candidato libertário Ron Paul vem atingindo na recolha de fundos e no posicionamento nas intenções de voto dos eleitores.
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Ron Paul, se fosse eleito, contruiria um muro em toda a extensão da fronteira com o Mexico.
Já não falta tudo, aliás.
Aliás, ao muro.
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lib•er•tar•ian

n. 1. a person who believes in the doctrine of the freedom of the will
2. a person who believes in full individual freedom of thought, expression and action
3. a freewheeling rebel who hates wiretaps, loves Ron Paul and is redirecting politics

By Nick Gillespie and Matt WelchSunday, November 25, 2007; Page B01

How to make sense of the Ron Paul revolution? What's behind the improbably successful (so far) presidential campaign of a 72-year-old 10-term Republican congressman from Texas who pines for the gold standard while drawing praise from another relic from the hyperinflationary 1970s, punk-rocker Johnny Rotten?

Now with about 5 percent (and climbing) support in polls of likely Republican voters, Paul set a one-day GOP record by raising $4.3 million on the Internet from 38,000 donors on Nov. 5 -- Guy Fawkes Day, the commemoration of a British anarchist who plotted to blow up Parliament and kill King James I in 1605. Paul's campaign, which is three-quarters of the way to its goal of raising "$12 Million to Win" by Dec. 31, didn't even organize the fundraiser -- an independent-minded supporter did.

Sunday, November 25, 2007

NAOMI KLEIN ATACA DE NOVO



A antiglobalização é, também ela, uma forma de globalização. Não fosse o mundo actual tão global e os livros de Naomi Klein não teriam o êxito global que têm.
Depois do sucesso estrondoso que o seu No Logo atingiu por toda a parte, Naomi Klein volta a atacar aquilo que ela supõe serem os alicerces da globalização: o liberalismo económico desenfreado. A intervenção norte-americana no Iraque e a subsequente reconstrução aproveita sobretudo, segundo Naomi Klein, os mesmos interesses que na Luisiana reconstroem as zonas devastadas pelo Katrina, expulsando da zona os mais fracos para dar entrada aos afortunados.
"Somente as crises, reais ou pressentidas, produzem mudanças reais", disse Milton Friedman no princípio dos anos 60. Naomi Klein toma à letra as palavras do economista liberal e aponta nela a receita sinistra que o mundo capitalista aviou. O neo-capitalismo está a conduzir o mundo para uma catástrofe: não só as fortunas de uns são feitas à custa das desgraças dos outros como o domínio global do livre capitalismo é construido à custa dos desastres que afligem os mais desafortunados. E se as calamidades naturais não são suficientes para as crises necessárias à ganância do capitalismo neo liberal o capitalismo provocará outras, não naturais.
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Duvido que milhões de chineses, indianos, cambodjanos e muitos outros, sejam da mesma opinião.
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A cada qual a sua verdade e, naturalmente, os seus exageros. Boas vendas, Naomi!

ESTRA(GA)DAS DE PORTUGAL

Tavares Moreira volta a abordar no Quarta República a muito provável engenharia orçamental de varrer o défice das Estradas de Portugal para bem longe de qualquer controlo da Assembleia da República e das entidades de supervisão europeias.
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Partindo do princípio que o Ministro faltou à verdade, ou não a disse toda, quando afiançou que o défice, se vier a existir, das Estradas de Portugal consolidará com as contas do Estado e está, portanto, contemplado no orçamento para 2008, Tavares Moreira tem sobejas razões para denunciar a marosca, designação dada por Francisco Louçã visando, certamente, outras facetas do engenho governamental.
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Mas se o Ministro aguarda dos órgãos europeus luz verde para avançar no estabelecimento da empresa Estradas de Portugal sem que, a partir daí, nenhuma consolidação dos seus eventuais défices seja exigida, o Governo de Porugal terá descoberto como vencer o défice à moda de Pirro: deixaremos de ter défices orçamentais mas não deixaremos de ter aumentos da dívida pública.
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Porque nunca as manobras contabilísticas resolveram os problemas financeiros. Simplesmente iludem-nos, transitoriamente.

Saturday, November 24, 2007

A GLOBALIZAÇÃO E OS DESCONTENTES - 2


Preparando o almoço em Pingyao
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Ensina a filosofia popular que não cabem dois proveitos num só saco. A globalização demonstra isso mesmo: poder comprar mil e uma coisas made-in-China por dez reis de mel coado em qualquer shopping europeu ou norte-americano e ao mesmo tempo pretender que se mantenham os postos de trabalho que na Europa ou nos EUA concorrem com os produtores asiáticos não é possível e toda a gente percebe que não é.
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Toda a gente? Nem toda. Provavelmente mesmo só uma pequena maioria alcança com suficiente entendimento a evolução que a globalização já hoje impõe e ninguém será capaz de prever com razoável aproximação quais serão as consequências, positivas e negativas, que a continuação da liberalização do comércio internacional determinará. Em todo o caso, nada parece poder contrariar a tese há muito tida por adquirida de que o balanço da liberalização é sempre positivo e uma das alavancas fundamentais do desenvolvimento económico e social em todo o mundo.
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Já não é adquirido que a globalização não possa observar um retrocesso. A inquietação que os seus efeitos negativos possam produzir nos países mais desenvolvidos nos seus sectores perdedores poderá forçar a travagem e mesmo a inversão parcelar do processo.
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Se for esse o caso, a guerra comercial não se extiniguirá, simplesmente continuará por outras vias. Muito provavelmente mais perigosas para todos.

Friday, November 23, 2007

A GLOBALIZAÇÃO E OS DESCONTENTES

Joseph Stiglitz aborda em "GLOBALIZATION AND ITS DISCONTENTS", a sua obra de divulgação sobre questões económicas e sociais mais citada, a questão dos perdedores com a globalização, avisa que o crescente número destes pode fazer retroceder a globalização e comprometer a liberalização do comércio internacional. Mas não avança nenhuma receita que possa anular os inconvenientes da concorrência global.
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Porque não há receita possível que possa evitar perdedores. Porque toda a concorrência é um embate que não consente vantagens para todos.
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O "The Wall Street Journal" de ontem relatava uma situação paradigmática a este respeito, por razões e incidências diversas: No Estado de Iowa, cidade de Waterloo, a empresa dos mundialmente conhecidos tractores John Deere. Aparentemente, a John Deere é uma ganhadora da globalização e, por razões óbvias, a sua cidade e o seu Estado. A procura global de tractores tem sido boa, beneficiando Waterloo.
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E, no entanto, durante o último par de anos, trabalhadores e votantes desta cidade, assim como em todo o Iowa, têm vindo a debater, cada vez com mais intensidade, os efeitos da globalização.
E não só no Iowa: à medida que se aproximam as eleições do próximo ano os EUA começam a ser atravessados por um sentimento contrário à liberalização do comércio internacional.
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O Estado de Iowa caracteriza-se politicamente por se incluir no conjunto dos estados norte-americanos onde os resultados eleitorais são mais disputados por não deterem neles presenças hegemónicas qualquer dos partidos. Por outro lado, tradicionalmente, o eleitorado do Iowa configura-se como uma amostra representativa do eleitorado norte-americano no seu conjunto. Ganhar as primárias no Iowa, portanto, é para os candidatos o melhor augúrio para as eleições presidenciais do próximo ano.
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O Iowa tem sido um dos grandes ganhadores da globalização: impulsionadas pela procura global de cereais para alimentação e para a produção de etanol e biocombustíveis em geral, e ainda de equipamentos para a agricultura. As suas exportações cresceram 77% durante os últimos quatro anos e o desemprego ronda os 3,7%.
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E, no entanto, durante os últimos vinte anos os empregos na indústria têm-se reduzido de forma inquietadora para muita gente no Iowa, que acusa a globalização pela perda consistente de empregos na indústria, determinante de deslocalizações e de aumentos de produtividade. Segundo uma sondagem realizada em Setembro, 42% contra 33% dos inquiridos mostram-se dispostos a apoiar o candidato que lhes pareça mais convicto acerca das consequências negativas da globalização. Considerando o efeito Iowa, os republicanos concorrentes às primárias de 3 de Janeiro, próximo, estão, também eles, a demonstrar fissuras na sua tradicional devoção ao liberalismo económico.
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A globalização promete, portanto, assumir-se, a par da guerra no Iraque e Afganistão, como um dos pontos mais fracturantes das presidenciais em 2008.

O CASO DA ESMERALDA PERDIDA - 2

Do Diário de Notícias de ontem:

“As indicações resultantes de trabalho terapêutico com esta menina vão forçosamente, mesmo que não abrupta, é um factor causal de doença mental e a entrega ao pai biológico potenciará (…) as condições essenciais, a curto prazo, para a instalação de um de uma perturbação pós-stress traumático.”

Assinado por todos os técnicos de saúde mental aos quais fora entregue, pela Justiça, o seguimento da criança, "o relatório entregue ao Tribunal da Relação afirma que a decisão dos juízes a coloca em risco. “O caminho para o para o sucesso terapêutico é exactamente o oposto àquele por onde se entendeu deveria passar a aplicação do Direito"
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Posto isto, há pelo menos uma pergunta que se levanta:
Tendo os juízes desprezado o parecer dos técnicos de saúde, a quem haviam entregue o acompanhamento da criança, se o prognóstico destes se confirmar quem responde perante quem pelos danos causados à Esmeralda?
E uma resposta desesperada: Ninguém.

O pai biológico não invocará a responsabilidade civil não contratual do Estado em processo de pedido de indemnização porque é parte conivente;

O pai afectivo também não porque deixou de lhe assistir qualquer relação de direito relativamente à criança;

Ao Ministério Público não compete acusar o Estado;

Finalmente, a esmagada Esmeralda não terá capacidade mental para reclamar seja o que for.

DO LIXO, POR UM MILHÃO DE DÓLARES


O seu percurso acidentado daria um filme. Roubado há 20 anos e descoberto há quatro, por mero acaso, num caixote de lixo numa rua de Manhattan, o quadro "Tres Personages" do mexicano Rufino Tamayo (1899-1991) foi vendido, na terca-feira, por um milhão de dólares, em leilão da Sotheby's em Nova Iorque.
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VIRGÍNIA : MODA OUTONO - INVERNO


Wednesday, November 21, 2007

O CASO DA ESMERALDA PERDIDA


Museu de Xangai
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Chegou ao fim mais um episódio do caso Esmeralda. Façamos votos para que não comece o drama. A Relação de Coimbra ordenou que a Esmeralda seja entregue à total tutoria do pai biológico. Há quem concorde com a decisão dos tribunais . Eu discordo.
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Discordo (...) porque: não foi salvaguardada a protecção dos direitos de uma criança, que foram subalternizados relativamente aos direitos (tardiamente invocados) de paternidade biológica. O maior imbróglio de tudo isto resultou do longo período que as instâncias judiciárias deste país levaram a apreciar o pedido de adopção formulado quando a Esmeralda tinha poucos meses de vida.
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Invocam-se as leis da República, eu invoco a execução dessas leis em tempo útil. Uma lei que não respeita o tempo em que deve utilmente revelar-se não é uma lei é um veneno.Um veneno entre quem quis, honradamente, fazer o bem e quem (tardiamente) quis exercer os seus direitos, e que pode envenenar o futuro de uma criança que é coagida a perder a família a que se tinha habituado.
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As leis são feitas para se cumprirem. Mas os primeiros que deveriam cumpri-la são os agentes da Justiça. E esses falharam redondamente.Claro que as pessoas ouvem e calam-se.Que podem as pessoas fazer agora?Puxar cada grupo por um braço da Esmeralda?Ela, que não foi ouvida nem chamada neste processo desonroso, já está demasiadamente perturbada para toda a vida.
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Afinal, que leis a protegeram?
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PS - Um dia destes terá também sentença o caso da Casa Pia. Já lá vão três anos desde que o caso entrou em julgamento. Nessa altura todos os ofendidos (se não concluirem que tudo não passou de uma enorme confusão de identidades) serão adultos. Se assim for, e tudo leva a crer que assim será, é inqulificável a afronta que a Justiça, por demorar a cumprir-se, inflige a quem, ou em nome de quem, pediu que ela fosse feita. A tempo.

A PONTE DA PRAIA DO RIBATEJO

Hoje de manhã, ouvimos na antena 1 que o tabuleiro da ponte ferroviária que liga a Praia do Ribatejo a Constância deslocou-se 20 centímetros sem que tenha havido deslocação dos pilares. Está suspenso o trânsito de combóios e, como medida de precaução, suspenso também o trânsito rodoviário na ponte ao lado. A tragédia de Entre-os-Rios assim como um sem número de outros acidentes, felizmente de menor gravidade, dão-nos conta com demasiada frequência da fragilidade das infraestruturas ferroviárias, e de algumas rodoviárias, do nosso país.
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É no contexto de uma rede ferroviária que não responde minimamente às necessidades do país, mesmo em zonas densamente povoadas, como a Grande Lisboa e o Grande Porto, que este governo decide avançar com o projecto de comboios de alta velocidade entre o Porto, Lisboa e Madrid. Sabe-se que tal projecto poupará não mais do que quinze a vinte minutos entre Porto e Lisboa e que não haverá, seguramente passageiros em número suficiente que justifique a ligação em alta velocidade a Espanha.
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Fuga em frente, a toda a velocidade, portanto.
É por grandes projectos que se lambem as grandes empresas de obras públicas, algumas das quais, segundo João Amaral Tomaz, deveriam ter vergonha e pagar os impostos que são devidos.
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Pelo menos, isso.

Tuesday, November 20, 2007

KLIMT



Uma das consequências mais comuns da guerra é a pilhagem. Durante a Segunda Grande Guerra, alguns nazis (não só, mas sobretudo) apoderaram-se de muitas obras de arte, uma parte das quais pertencia a alguns daqueles que enviaram para os campos de concentração. A posse actual dessas e de outras obras está ser contestada pelos representantes dos países de onde foram pilhadas (no caso de peças pertencentes ao estado) ou pelos herdeiros dos proprietários privados espoliados.
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Algumas obras de Gustav Klimt têm sido ultimamente objecto de renhidos processos judiciais, acicatando-se a disputa com o aumento das cotações que as obras do pintor austríaco tem vindo a observar nos tempos mais recentes.
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"Blooming Meadow" (Gustav Klimt) - Georges Jorisch (...) claims that the picture was looted from (his grandmother´s) collection after the nazis transported her to Poland in 1941 where she is presumed to have died.

...Ronald Launder (...) bought "Adele Bloch-Bauer I" for a reported $135. But these days it is "Blooming Meadow", which Leonard Launder, Ronald´s older brother, bought in 1983, that is in the news... (The Economist, November 17th. 2007)

POR QUE NÃO PODEMOS CALÁ-LO

Hugo Chávez passa hoje por Lisboa para dar a benção ao contrato de fornecimento de petróleo e gás que vai ser assinado com a Galp e dar dois dedos de conversa com Sócrates. Não é previsível que, por maior que seja o engenho do PM português, Chávez deixe de resmungar contra Don Juan nos próximos tempos.
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Porque Chávez tem trunfos fora da manga e, já se sabe, é com trunfos que, primordialmente, se ganham os jogos. Fora da manga não há bluff e, neste caso, o adversário só pode tentar perder o menos possível. É por estas e outras razões que não é possível calá-lo. A ele ou a outro que salte para o lugar dele se ele for desbancado sem pré-aviso.
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A propósito, transcrevo do Blasfémias
Na cimeira da OPEP (Chávez) disse o seguinte:
"El imperio del dólar cuando caiga va a sacudir el mundo. EEUU compró a medio mundo con papeles que no tienen sustento, tiene una deuda impagable, que es el déficit fiscal más grande de la historia. La caída del dólar no es del dólar sino del imperio, hay que prepararse para eso (¿) nosotros nos estamos preparando".
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E no entanto, Chávez mantém o bolívar venezuelano indexado ao dólar.
Ao dólar e não ao euro.
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Comentei:
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A indexação ao dólar poderá ter como razão principal a redução do risco cambial, por na prática, vender e comprar ao exterior na mesma moeda.
De um artigo recente do Economist destaco a afirmação seguinte: " The dollar's decline already amounts to the biggest default in history, having wiped far more off the value of foreigners' assets than any emerging market has ever done."
Presumo que o dólar vai manter-se ainda como moeda de transacção do petróleo durante muito tempo. Mas que a coisa está preta parece não haver dúvidas.

Foram-se embora as poupas. Voltarão ou não?



Por alguma razão relacionada com as alterações climáticas, suponho, um número invulgar de poupas pôde ser visto este ano em vários pontos do país. Algumas delas decidiram vir este ano encantar-nos com as suas cores, os seus voos incansáveis, a sua confiança, o seu característico poupar. Há dias deixámos de as ver. Hoje, (21/11), reparámos numa que, como de costume, estava de sentinela no cume do telhado vizinho. Retardatária na abalada ou decidida a ficar, somos nós que temos de lhe dizer "até ao ano!".
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http://photo.net/photodb/member-photos?user_id=1686374&include=all

O DÓLAR E A GUERRA DO PETRÓLEO - 4

A tale of two prices

The rising importance of the world's new giants will not only boost growth. It will also shift relative prices, notably those of oil and the dollar. And the consequences of this will be less comfortable for developed countries, especially America.

The oil price has risen mainly because of strong demand in emerging economies, which have accounted for as much as four-fifths of the total increase in oil consumption in the past five years. In past American recessions the oil price usually fell. This time it is likely to hold up. That will not only hurt the finances of Western consumers, but may also make the jobs of their central bankers harder, by combining inflationary pressure with economic slowdown.

The enfeebled dollar—lately in sight of $1.50 to the euro—would be weaker still without enormous purchases by central banks in emerging economies. This support is now waning. China and others are putting a smaller share of increases in reserves into the American currency. And Asian and Middle Eastern countries with currencies linked to the dollar are facing rising inflation, but falling American interest rates make it harder to tighten their own monetary policy. They may have to let their currencies rise against the sickly greenback, meaning they will need to buy fewer dollars. More important, as international investors wake up to the relative weakening of America's economic power, they will surely question why they hold the bulk of their wealth in dollars. The dollar's decline already amounts to the biggest default in history, having wiped far more off the value of foreigners' assets than any emerging market has ever done.

The vigour of emerging economies is good news for the world economy: for its growth, it has much less need of a strong America. The bad news for America is that this, in turn, may mean that the world also has less need of the dollar.

A CRISE DOS OUTROS

With the Recession Becoming Inevitable the Consensus Shifts Towards the Hard Landing View. And the Rising Risk of a Systemic Financial Meltdown

Nouriel Roubini Nov 16, 2007

It is increasingly clear by now that a severe U.S. recession is inevitable in next few months. Those of us who warned for the last 12 months about a combination of a worsening housing recession, a severe credit crunch and financial meltdown, high oil prices and a saving-less and debt-burdened consumers being on the ropes causing an economy-wide recession were repeatedly rebuffed the consensus view about a soft landing given the presumed resilience of the US consumer.

But the evidence is now building that an ugly recession is inevitable. Thus, the repeated statements by Fed officials that they may be done with cutting the Fed Funds rate are both hollow and utterly disingenuous. The Fed Funds rate will be down to 4% by January and below 3% by the end of 2008.
More revealing of the change in mood the financial press and some of the most prominent market analysts are coming to the realization that a recession is highly likely.
The Economist has a cover story and long piece arguing that a US recession highly likely (and citing this author's work with Menegatti and our views on the inevitability of such a recession).
More importantly, on Wall Street some of the leading analysts that had been in the soft landing camp for the last year have now moved their forecast in the direction of hard landing. It is not just David Rosenberg of Merrill Lynch who has been informally in the hard landing camp and is now explicitly talking about a consumer recession. It is not just
Jan Hatzius of Goldman Sachs who was always more bearish relative to the soft landing consensus and is today explicitly talking about a US recession and a credit crunch reducing lending by $2 trillion.
Even in soft landing houses such as Morgan Stanley and JP Morgan the tone is completely different now. At Morgan Stanley Steve Roach was the in-house bear while Richard Berner (a most sophisticated economist and analyst) was the in-house soft landing optimist. With Roach now gone to run Morgan Stanley Asia, the commentary by Richard Berner has become increasingly darker. And the latest Monday piece by Berner is titled “
The Perfect Storm for the US Consumer” where his points on the headwind forces hitting the US consumer are completely overlapping with my analysis of such risks in my recent “The Coming US Consumption Slowdown that Will Trigger an Economy-Wide Hard Landing.
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Monday, November 19, 2007

O DÓLAR E A GUERRA DO PETRÓLEO - 3

A Guerra do Petróleo só terminará quando terminar o objecto que a move. Enquanto a dependência mundial do petróleo se mantiver a guerra continuará e aumentará. Até onde, ninguém sabe, mas espera-se que algum motivo dissuasor contenha o recurso às armas de destruição maciça que, por não existirem no Iraque à data da invasão norte-americana, obviamente nada garante que não possam vir a ser despoletadas no futuro em alguma outra parte do globo.
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O dólar, apesar do papel relevante que assume na estratégia desta guerra, que começou há muito e que não terminará antes do petróleo deixar de ser imprescindível à sobrevivência das sociedades em geral e, sobretudo, das mais desenvolvidas, poderá vir a ser substituido por outra moeda de transacção, ou por um cabaz delas, sem que daí resulte uma alteração substantiva dos factores críticos que movem esta guerra.
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Os preços dos produtos petrolíferos continuarão a depender, fundamentalmente, da relação oferta/procura a nível mundial, e o que sabemos hoje é que esta relação tende a decrescer continuamente com a redução progressiva da oferta e o aumento, por enquanto, imparável da procura.
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As transacções em dólares provocam, naturalmente, o crescimento do aumento da massa monetária em circulação mas é o défice comercial dos EUA, que não tem origem apenas na sua dependência petrolífera, que provoca a quebra do valor da moeda norte-americana. A esta quebra respondem os fornecedores aumentando os preços para assegurar os seus rendimentos em termos reais. Mas esses aumentos só são sustentáveis porque as relações prevalecentes no mercado favorecem os produtores/vendedores.
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Quanto às frequentemente referidas vantagens para a economia-norte americana da denominação das transacções do petróleo em dólares, elas poderão tornar-se numa ameaça que poderá ser incontornável e despoletar uma crise económica mundial se a moeda norte-americana perder o pé no mar dos petrodólares (e de todos os os outros biliões de dólares detidos pelos chineses, principalmente). A adopção de um cabaz de divisas como unidade de transacção poderá ajudar a reduzir esse risco. Mas é bem provável que alguns dos principais intervenientes, com destaque para a Arábia Saudita, não queiram ir por aí.

Sunday, November 18, 2007

O DÓLAR E A GUERRA DO PETRÓLEO - 2

A Guerra do Petróleo, como todas as outras que movem os seres vivos uns contra os outros, é uma guerra pela posse de recursos. O que torna a Guerra do Petróleo diferente de todas as outras é a dependência de quase toda a Humanidade (as excepções serão as sociedades mais primárias) de recursos que têm os dias contados e se encontram muito concentrados em alguns locais do globo. É na maior parte desses locais que se desenrolam as batalhas ou impendem as ameaças de guerra. A guerra do Iraque não é senão uma dessas frente de batalha, a mais mediática no momento, e, como em todas as outras guerras, as suas motivações últimas (assegurar o controlo dos poços de petróleo) não são as anunciadas (a democracia, neste caso).
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Para além da especificidade dos recursos petrolíferos que estão na origem desta guerra mundial, por agora com frentes localizadas, (indispensabilidade absoluta, finitude anunciada, concentração das fontes) o facto de as transacções internacionais serem denominadas em dólares coloca algumas questões que tomam mais acuidade quando as cotações já rondam os 100 dólares/barril e o valor do dólar entrou em perigosa derrapagem.
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Enquanto nos EUA muitos vêm na guerra do Iraque um atoleiro onde, desastradamente, George W. Bush os meteu e alguns, como Thomas L. Friedman clamam que, além do mais, o crescimento dos preços redunda em crescentes vantagens para alguns inimigos dos EUA , ao apoderarem-se de um imenso mar de dólares, os donos do petróleo começam a fazer contas acerca das desvantagens de trocar o ouro negro pelas notas verdes.
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Ontem, soube-se que os membros da OPEC decidiram mandatar uma comissão para o estudo do impacto do dólar no crescimento dos preços do crude. (vid. post abaixo "O DÓLAR E A GUERRA DO PETRÓLEO).
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É por demais evidente que aos promotores deste estudo, com destaque para Chávez, não preocupam as eventuais dificuldades que o crescimento dos preços possa vir a colocar às economias dos países compradores mas o valor progressivamente decrescente dos seus recebimentos em dólares.
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(Continua)

XANGAI : Rua de Nanquin




O aumento da procura de produtos petrolíferos em todo o mundo não pára, mas é sobretudo da Ásia, e da China e Índia em particular, que vêm os crescimentos dos consumos com mais impacto na situação global; A iluminação das cidades chinesas, sobretudo daquelas situadas no anel turístico, é vista como uma forma de atracção turística e de demonstração do vigor da sua economia.
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Talvez porque não carecem desta forma de demonstração da sua riqueza, as cidades norte-americanas, incluindo a mítica Nova Iorque, não se desdobram tanto em exuberância de tantos raios de luz.
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Novo riquismo chinês?
A árvore de Natal em frente da Casa Branca é uma parente paupérrima das árvores Millennium em Portugal. As iluminações natalícias das nossas cidades, e em particular de Lisboa, excedem as de quaisquer outras cidades europeias. Nos EUA, as iluminações são, na maior parte dos casos, colocadas individualmente pelos norte-americanos em frente das suas casas.
Novo riquismo? Velho provincianismo.

O DÓLAR E A GUERRA DO PETRÓLEO


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A influência do crescimento da massa monetária no crescimento dos produtos petrolíferos foi levantada na blogosfera por J Miranda no Blasfémias e comentada por Luis Aguiar-Conraria (A Destreza das Dúvidas). Trata-se de uma questão que só fará sentido se, à partida, for precisado o objecto em discussão e, nomedamente, de que preços estamos a falar (reais, nominais, em dólares, em euros, em ouro, como na hipótese ilustrada acima por Luís Aguiar-Conraria).
Mas ainda que a discussão de situe apenas ao nível da correlação entre a massa monetária e os preços (do petróleo, nesta caso) não me parece, contrariamente ao que afirma J Miranda que os preços cresçam em resposta ao aumento da massa monetária (M3). A correlação estabelece-se de forma inversa sendo o aumento dos preços determinante (em que medida estamos por saber) no aumento da massa monetária em circulação com efeitos reprodutivos nos preços.
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Salvo melhor opinião.
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Venezuelan President Hugo Chavez, left, talks with Iranian Foreign Minister Manouchehr Mottaki, right, back to camera as Iran's Organization of the Petroleum Exporting Countries (OPEC) governor Hossein Kazempour Ardebili, center looks on, during the closing ceremony of the third OPEC (Organization of the Petroleum Exporting Countries) Summit in Riyadh in kingdom of Saudi Arabia on Sunday Nov. 18, 2007. A man at 2nd right is unidentified.
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OPEC to Study Effect of Dollar on Prices
By SEBASTIAN ABBOTThe Associated Press Sunday, November 18, 2007; 12:54 PM

RIYADH, Saudi Arabia -- OPEC will study the weak U.S. dollar's effect on the oil cartel's earnings and investigate the possibility of a currency basket, Iran's oil minister said Sunday.

"We have agreed to set up a committee consisting of oil and finance ministers from OPEC countries to study the impact of the dollar on oil prices," Gholam Hussein Nozari told Dow Jones Newswires at a rare heads-of-state OPEC summit.

Iraqi Oil Minister Hussein al-Shahristani also confirmed that the Organization of Petroleum Exporting Countries was forming the committee, which would "submit to OPEC its recommendation on a basket of currencies that OPEC members will deal with." He did not give a timeline for the recommendation.

Though a final statement issued Sunday at the end of the summit did not specifically mention the dollar or a committee, it did say the oil-producing group would look into ways of improving financial cooperation.

OPEC will "study ways and means of enhancing financial cooperation among OPEC ... including proposals by some of the heads of state and governments in their statements to the summit," OPEC Secretary General Abdalla Salem el-Badri said, reading the statement.

Iran and Venezuela have been pressuring OPEC to study the effect of the falling dollar. But the suggestions were met with resistance from other OPEC members, including Saudi Arabia's foreign minister, who warned Friday that even talking publicly about the currency's decline could further hurt its value.

Oil is priced in U.S. dollars on the world market, and the currency's depreciation has concerned oil producers because it has contributed to rising crude prices and has eroded the value of their dollar reserves. Cartel officials have resisted pressure to increase oil production to ease prices.
During his final remarks, el-Badri stressed he was committed to supply _ but did not mention changing oil outputs, as expected.


"We affirm our commitment ... to continue providing adequate, timely, efficient, economic and reliable petroleum supplies to the world market," he said.
The run-up to the meeting was dominated by speculation over whether OPEC would raise production following recent oil price increases that have closed in on $100.


U.S. Energy Secretary Samuel Bodman called on OPEC to increase production earlier this week, but cartel officials have said they will hold off any decision until the group meets next month in Abu Dhabi, United Arab Emirates.

They have also cast doubt on the effect any output hike would have on oil prices, saying the recent rise has been driven by the falling dollar and financial speculation by investment funds rather than any supply shortage.

The meeting in Riyadh, with heads of states and delegates from 12 of the world's biggest oil-producing nations, was the third full OPEC summit since the organization was created in 1960. Libya's oil policy head, Shokri Ghanem, confirmed to Dow Jones that Libya is to host the next heads of state summit in 2012.
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http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/11/18/AR2007111800325.html

Saturday, November 17, 2007

O MUNDO (AINDA) NÃO É PLANO

Meu Caro João V.,
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Obrigado pelo teu e-mail transcrevendo o artigo de Thomas L. Friedman, que retranscrevo abaixo.
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Thomas L. Friedman é um aplaudido colunista do New York Times, tendo-lhe sido atribuido o Pulitzer Prize por três vezes. TLF é autor, nomeadamente, de "The Lexus and the Olive Tree" (Prémio Pulitzer) e de o muito citado "The World is Flat".
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Com tais credenciais o que pode dizer-te este teu amigo, a quem tiveste a bondade de mandar o artigo, para além de te agradecer a atenção? Pois só posso dizer-te que, faltando-me obviamente competência para me bater com tal guru, só posso alinhar algumas dúvidas que o assunto me suscita.
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Se bem percebi a proposta de Thomas L. Friedman e o desencanto dele, o povo americano, em geral, está pouco atento aos acontecimentos e não percebe a teia onde o enredaram: Como o preço da gasolina nas bombas nos EUA ainda não está suficientemente elevado para induzir comportamentos de consumos mais moderados, e de inovações tecnológicas que permitam essa moderação, o aumento da procura tem determinado o aumento dos preços do crude, aumentos esses que estão a encher os bolsos já cheios de alguns inimigos dos EUA. Se, como advoga Thomas L. Friedman fosse introduzido um imposto (1 dólar ou mais por galão) o preço da gasolina nas bombas subiria nessa mesma medida, provocando a queda dos consumos de gasolina nos EUA e, consequentemente, a queda dos preços do crude nos mercados internacionais.
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Inquestionavelmente, o preço da gasolina nos EUA é muito mais baixo que na Europa e os consumos médios das viaturas são mais elevados. Pode concluir-se daqui que um agravamento fiscal levaria os norte-americanos a alterar os seus comportamentos consumistas de combustíveis? Se esta tese for válida, os consumos estarão já a baixar pela via do aumento dos preços do crude, não?
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Por outro lado Thomas L. Friedman não refere, uma única vez sequer, no seu texto a influência do crescimento da procura de hidrocarbonetos por parte dos países asiáticos com destaque para a China e Índia.
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Porque, para além das contingências políticas e naturais que influenciam a volatilidade dos mercados do crude, são as alterações estruturais na relação oferta/procura que comandam os preços nos contratos a prazo, também com repercussões imediatas nos mercados "spot".
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No mínimo, este esquecimento da China e da Índia, parece-me suspeito. Suspeito de que os colunistas se não são polémicos não serão colunistas por muito tempo. E a polémica, já se sabe, nem sempre se socorre do maior rigor.
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Que te parece?
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November 14, 2007
Op-Ed Columnist
Coulda, Woulda, Shoulda
By
Thomas L. Friedman.
Two dates - two numbers. Read them and weep for what could have, and
should have, been. On Sept. 11, 2001, the OPEC basket oil price was
$25.50 a barrel. On Nov. 13, 2007, the OPEC basket price was around $90
a barrel.

In the wake of 9/11, some of us pleaded for a "patriot tax" on gasoline
of $1 or more a gallon to diminish the transfers of wealth we were
making to the very countries who were indirectly financing the
ideologies of intolerance that were killing Americans and in order to
spur innovation in energy efficiency by U.S. manufacturers.

But no, George Bush and Dick Cheney had a better idea. And the Democrats
went along for the ride.
They were all going to let the market work and
not let our government shape that market - like OPEC does.

You'd think that one person, just one, running for Congress or the
Senate would take a flier and say: "Oh, what the heck. I'm going to lose
anyway. Why not tell the truth? I'll support a gasoline tax."

Not one. Everyone just runs away from the "T-word" and watches our
wealth run away to Russia, Venezuela and Iran.

I can't believe that someone could not win the following debate:

REPUBLICAN CANDIDATE: "My Democratic opponent, true to form, wants to
raise your taxes. Yes, now he wants to raise your taxes at the gasoline
pump by $1 a gallon. Another tax-and-spend liberal who wants to get into
your pocket."

DEMOCRATIC CANDIDATE: "Yes, my opponent is right. I do favor a gasoline
tax phased in over 12 months. But let's get one thing straight: My
opponent and I are both for a tax. I just prefer that my taxes go to the
U.S. Treasury, and he's ready to see his go to the Russian, Venezuelan,
Saudi and Iranian treasuries. His tax finances people who hate us. Mine
would offset some of our payroll taxes, pay down our deficit, strengthen
our dollar, stimulate energy efficiency and shore up Social Security.
It's called win-win-win-
win-win for America. My opponent's strategy is sit back, let the market
work and watch America lose-lose-lose-lose-lose." If you can't win that
debate, you don't belong in politics.

"Think about it," says Phil Verleger, an energy economist. "We could
have replaced the current payroll tax with a gasoline tax. Middle-class
consumers would have seen increased take-home pay of between six and
nine percent, even though they would have had to pay more at the pump. A
stronger foundation for future economic growth would have been laid by
keeping more oil revenue home, and we might not now be facing a recession."

As a higher gas tax discouraged oil consumption, the Harvard University
economist and former Bush adviser N. Gregory Mankiw has argued: "the
price of oil would fall in world markets. As a result, the price of gas
to [ U.S.] consumers would rise by less than the increase in the tax.
Some of the tax would in effect be paid by Saudi Arabia and Venezuela."

But U.S. consumers would have known that, with a higher gasoline tax
locked in for good, pump prices would never be going back to the old
days, adds Mr. Verleger, so they would have a much stronger incentive to
switch to more fuel-efficient vehicles and Detroit would have had to
make more hybrids to survive. This would have put Detroit five years
ahead of where it is now. "It's called the America wins program," said
Mr. Verleger, "instead of the petro-states win program."

We simply cannot go on being as dumb as we wanna be. If you hate the war
in Iraq, then you want a gasoline tax so you can argue that we can pull
out of there without remaining dependent on an even more unstable
region. If you want to see us negotiate with Iran, not bomb it, you want
a gasoline tax that will give us some real leverage by helping to reduce
the income of the ayatollahs.

If you're a conservative and you believed that the Iraq war was
necessary to drive reform in the Middle East, but the war has failed to
do that and we need "Plan B" for the same objective, you want a gasoline
tax that will reduce the flow of wealth to petrolist leaders who will
never change if all they have to do is drill well holes rather than
educate and empower their people.

If you want to see America thrive by becoming the most energy productive
economy in the world - a title that now belongs to Japan, which doesn't
have a drop of oil in its soil - you want a gasoline tax, which will
only spur U.S. innovation in energy efficiency.

President Bush squandered a historic opportunity to put America on a
radically different energy course after 9/11.
But considering how few
Democrats or Republicans are ready to tell the people the truth on this
issue, maybe we have the president we deserve.
I refuse to believe that,
but I'm starting to doubt myself.