Friday, October 31, 2008

OS ÁUGURES CRISE

Não há quem não tenha hoje em dia uma explicação para a crise. Falava-se nela há bastante tempo já, mas a maioria ouvia e achava que isso era coisa dos outros. Ainda hoje há quem pense assim, mas há também muita gente que, mais do que se preopcupar com a crise, preocupa-nos com ela.
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Mário Soares, em entrevista que hoje deu a uma estação de rádio, afirmou peremptoriamente que esta crise é pior que a de 1929, que vai ser demorada e, pior que tudo isso, a enormidade de 700 mil milhões a despejar pelo tesouro dos EUA para apagar a crise não irá resolver nada.
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A gente ouve e encolhe-se se acreditarmos na trancendência das faculdades do áugure. Melhor mesmo, contudo, é encolher os ombros e pensar que o que eles gostam é dizer coisas.
E esperar que a crise passe.

ALIÁS

Aliás , três anos a discutir comigo próprio, por escrito.

Thursday, October 30, 2008

A DEFESA, AO ATAQUE

Em tempos de crise e no dia em que, sintomaticamente, é lançado o seu novo livro, "Como evitar um golpe de estado", Loureiro dos Santos entendeu, mais uma vez, ser porta voz do descontentamento dos militares perante aquilo que consideram um tratamento desigual relativamente a outras funções públicas relativamente às quais se consideraram sempre equiparados.
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A mensagem seria adequada se não tivesse extravasado para a ameaça velada de que poderiam, em retaliação do tratamento que consideram injusto, os jovens oficiais optarem por caminhos de insubordinação ou mesmo golpistas: alguns disparates, na terminologia de Loureiro dos Santos, que se deve ter apercebido a meio do discurso da gravidade das suas declarações.
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A defesa é provavelmente um dos tabus mais cerrados da política nacional. Com um passado, ainda relativamente recente, muito impregnado da influência militar, não foi até hoje convenientemente discutido pelas forças políticas o papel a que se deveriam remeter os militares num país pequeno, membro da União Europeia e da NATO, não sujeito a ameaças externas que possam justificar o peso global que ainda detêm no contexto da função pública.
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Enquanto não for esclarecido que esse papel não pode ter o recorte que sobejou da tradição mas deve ser reequacionado tendo em conta o novo contexto político em que Portugal se insere, os militares continuarão a sobrevalorizar a sua importância e a reclamar equiparações que, se tiveram pertinência no passado, deixaram de fazer sentido nos tempos que correm.
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As oposições, como de costume, não dizem nada.

A TURMA






Fomos ver a A turma.

E ficamos com a redobrada convicção de que a natural rebeldia dos jovens cresce na mesma medida em que decresce a incapacidade da escola para os educar.
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Lá, como cá, aos professores falta a preparação em ciências do comportamento para dominar situações padrão e prevenir as que exorbitam todos os limites disciplinares minimamente aceitáveis numa escola.
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Numa altura em que em Portugal se discute o facilitismo dos exames nacionais no ensino secundário e é posta em causa a pertinência desses exames, advogando 0 Conselho Nacional da Educação a passagem obrigatória de ano escolar até aos doze anos, o retrocesso na exigência de qualidade do ensino que se prolonga depois pelo ensino superior só pode atribuir-se aqueles que pura e simplesmente desprezam essa qualidade no momento decisivo que deveria ser a escolha dos melhores: empregadores privados e o Estado, por um lado, as universidades por outro. É a percepção desse laxismo na escolha que induz nos estudantes e, sobretudo, nas suas famílias a convicção subconsciente de que os conhecimentos adquiridos não são especialmente relevantes para o sucesso na vida profissional.
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Daí a frequente desculpabilização familiar das irreverência e insolências dos filhos e a sistemática atribuição aos professores pelos insucessos. Atribuição que nem sempre é totalmente injusta.

À ESPERA DE LENINE

Com o neo-liberalismo posto em causa, a receita SOS para a crise ainda está sendo aviada nas teorias monetaristas. O recurso a Keynes parece estar, para já, posto de parte, ainda que os EUA comecem a convidar, ou mesmo a pressionar, os petrodólares e os chíndiadólares a voltarem às origens para investimentos reprodutivos, na economia real.
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Mas o recuo neo-liberal é inevitável e está a animar os marxistas sobreviventes ( neo-marxistas)a recolocarem na montra o seu patrono. Essa recolocação, contudo, fica-se timidamente pelo ataque aos vícios do capitalismo (nomeadamente, a plutocracia dos monopólios) sem avançarem com propostas que possam corporizar a filosofia política marxista num contexto democrático. Em certo sentido, os neo-marxistas comportam-se como as oposições radicais: não tendo caminho por onde prosseguir alimentam-se da crítica aos outros caminhos.
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O meu Amigo DV remeteu-me um texto de Samir Amin em sequência do post que coloquei aqui acerca da incompatibilidade (na minha perspectiva) entre o socialismo (marxista) e a democracia (burguesa, na acepção marxista): "Économie de marché ou capitalisme des oligopoles?".
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Samir Amin começa por contestar que capitalismo e economia de mercado sejam sinónimos e estabelece todo o seu racicínio na confirmação de um postulado base do pensamento marxista: a acumulação de capital é uma fatalidade do capitalismo e, como tal, engendrará a sua morte. A globalização, ou a sua aceleração, veio um impulso decisivo no crescimento exponencial dos monopólios e dos seus poderes, não apenas económicos mas sobretudo políticos, desembocando em governos plutocráticos que são, pela sua natureza intrínseca, anti-democráticos. Situando-se, não no mercado, mas fora dele, os monopólios não se confundem com a economia de concorrência e são, naturalmente, inimigos da democracia.
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Samir Amin desloca, portanto, toda a sua argumentação para a sobreposição perfeita entre capitalismo e capitalismo monopolista, descartando completamente a hipótese da existência do capitalismo condicionad0 por regras anti-monopolistas. E é neste ponto que as teses neo-marxistas, ou marxistas revisitadas, confundem a nuvem com Juno porque, a história demonstra-o, as sociedades democráticas têm sabido moderar os ímpetos da ganância inerentes à condição humana
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Já o contrário, a história também o demonstra, não conseguiu nenhuma sociedade onde o marxismo foi experimentado equipar-se das defesas democráticas para fazer perdurar as suas propostas. E Samir Amin, como todos os neo-marxistas, fica-se também pela crítica sem alternativa.
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Économie de marché ou capitalisme des oligopoles ?
Par Samir Amin, économiste et président du World Forum for Alternatives, qui explique l'importance des différentes classes dans la définition du capitalisme. Aujourd'hui, c'est la haute finance qui tient les ficelles, à telles point que l'État lui est soumis.
[Textos publicados pela revista Marianne, em Agosto de 2008]
Un capitalisme «au-delà du marché» (1/4)
Capitalisme et économie de marché ne sont pas synonymes
, comme voudrait le faire croire le discours politique dominant et les économistes conventionnels. Le caractère spécifique propre au capitalisme est celui d'un système fondé sur la propriété privée des moyens de production. Une propriété qui est par définition celle d'une minorité, privilégiée. Une propriété qui est celle d'équipements importants (autres que la propriété du sol) à la hauteur des technologies modernes de la production depuis deux siècles, à partir de la première révolution industrielle (début du XIXe siècle), et les suivantes. La majorité, non propriétaire, est alors contrainte de vendre sa force de travail : le capital emploie le travail, le travail ne dispose pas librement des moyens de production. Le contraste de classe bourgeoisie/prolétariat définit le capitalisme, le marché n'est que la forme de la gestion de son économie sociale.
Cette définition situe donc le propre du capitalisme non «dans le marché», mais «au-delà du marché», dans le «monopole» que représente la propriété privée. Pour Marx, et après lui Braudel et même Keynes (en partie), il s'agit là d'une évidence plate, dont l'idéologie dominante feint d'ignorer l'importance décisive, pour lui substituer celle du «marché».
La bourgeoisie, une classe fractionnée
La bourgeoisie en question a elle même évolué du cours du déploiement de l'histoire du capitalisme. Mais si cette classe a toujours exercé un pouvoir économique, social et politique collectif dominant à toutes les étapes de cette histoire moderne, permettant ainsi sa reproduction et son développement, elle a également toujours été fortement hiérarchisée. Il y a donc toujours eu des fractions de cette classe qui commandent les hauteurs dominantes du système économique. Ces fractions ont parfois été en mesure d'exercer un pouvoir de tutelle puissant sur l'ensemble de la classe, et dans ce cas ont prélevé sur le surproduit collectif produit par l'exploitation du travail une «rente de monopole» décisive. En apparence ce prélèvement est produit par le fonctionnement de mécanismes de marché. Mais il ne s'agit là que d'une apparence, le monopole social et politique étant lui, le moyen véritable par lequel opère cette ponction.
Dans certaines conditions la puissance de ce monopole a été réduite par l'intervention politique des couches capitalistes «moyennes» (et même «petites») et la recherche d'une alliance bourgeoise large, nécessitée entre autre pour faire face au défi des classes populaires. Dans ce cadre il est même arrivé que l'alliance exige un «compromis social capital/travail» moins défavorable aux travailleurs. Ce fut le cas du capitalisme du Welfare State de l'après seconde guerre mondiale. Il est donc toujours important de qualifier l'état des conflits sociaux et politiques propre à chacune des phases de l'histoire concrète du capitalisme réellement existant. Les caractéristiques propres à une phase donnée sont le produit complexe à la fois des transformations internes du système productif (technologies, degré de centralisation du capital, etc.) et de l'équilibre des forces sociales et politiques spécifique au moment considéré.
Les dominants régulent les marchés à leur profit
La strate dominante du capital doit être qualifiée de «grand capital financier». Non au sens qu'il s'agirait de capitalistes opérant dans le secteur financier du système (banques et autres), mais au sens qu'il s'agit de capitalistes ayant un accès privilégié aux capitaux nécessaires pour l'épanouissement de leurs activités, lesquelles peuvent concerner différents secteurs de l'économie (production industrielle, commercialisation, services financiers, recherche et développement). Cet accès privilégié leur donne un pouvoir particulier et puissant dans le façonnement des marchés, qu'ils régulent donc à leur profit. En particulier c'est ce groupe oligopolistique de la bourgeoisie qui, dans la phase actuelle, domine le marché financier (les taux d'intérêts) et, dans l'économie mondiale celui des taux de change. C'est elle qui commande les investissements décisifs dans les branches dominantes de l'économie, les investissements à l'étranger, le grand commerce international des produits de base, la recherche technologique de pointe, les fusions etc. La puissance de cette strate est telle qu'elle entre en concurrence avec l'État, représentant collectif du capital et gestionnaire du bloc social hégémonique qui assure la valorisation et l'accumulation du capital. Un bloc qui dans certaines circonstances (celles du Welfare State) prenait en considération les exigences du compromis capital/travail en exercice.
L'État est domestiqué au service de la haute finance
Dans certaines circonstances donc l'État intervient pour limiter les pouvoirs de la haute finance. Il se donne les moyens de contrôler le marché financier, la Banque Centrale exerçant alors un pouvoir décisif dans la détermination des taux d'intérêts, de contrôler les relations extérieures par le contrôle des changes à des degrés divers etc. Il va parfois même plus loin, l'État imposant sa tutelle sur la recherche et les décisions concernant les investissements majeurs. Ces pratiques peuvent dépasser de loin les seules politiques de la dépense publique et de l'endettement public, et les politiques dites monétaires. Les combats de Keynes allaient exactement dans ce sens comme Dostaler l'a écrit . Mais dans d'autres circonstances la haute finance parvient à domestiquer l'État et à le réduire au statut d'instrument à son service. Les thèmes de la privatisation à outrance, de la «dérégulation» des marchés (entendue comme l'abolition des interventions régulatrices de l'État, abandonnant à la haute finance le contrôle des marchés), du retrait de l'État sont alors orchestrés, organisés en un ensemble doctrinal et idéologique adéquat. Nous sommes dans un moment de ce type. La raison de cette évolution ne réside pas pour l'essentiel dans la nature des transformations objectives des systèmes productifs, en rapport avec la concentration et la centralisation du capital, les révolutions technologiques en cours etc. Ces transformations sont réelles, et exercent leur pouvoir dans la modulation des formes d'exercice des pouvoirs de commandement de la haute finance. Mais à l'origine de ce véritable renversement des rapports de force, de la substitution directe de la haute finance à l'État, il y a pour l'essentiel des raisons politiques et sociales: l'érosion et l'épuisement des formes de régulation de la reproduction économique et sociale propres à l'après seconde guerre mondiale. Ces formes – le Welfare State en Occident développé, le socialisme réellement existant à l'Est, les populismes nationaux dans le tiers monde – avaient régenté à la fois les rapports sociaux à l'intérieur de chacun des trois groupes de sociétés concernées et les rapports internationaux. La page de cette phase de l'histoire est tournée. L'épuisement – voire l'effondrement – des systèmes de l'après guerre a inversé les rapports de force au bénéfice du capital, et la haute finance s'est trouvée de ce fait capable de s'emparer des postes de commande.
Les secrets d'une stratégie économique au service de la haute finance (2/4)
Ce qu'on appelle «la financiarisation du système» n'est rien d'autre que l'expression de la nouvelle politique économique commandée par les intérêts de la haute finance. Nous devons la meilleure analyse de cette stratégie - car il s'agit d'une stratégie et non d'une «exigence objective» - de la haute finance à François Morin (
Le Nouveau Mur de l'Argent, Seuil, 2006). J'en reprendrai donc les points essentiels de l'analyse. Il s'agit d'un oligopole, constitué par une dizaine de grandes banques internationales (suivies par une vingtaine d'autres de moindre capacité), d'investisseurs institutionnels (fonds de pension et fonds de placements collectifs entre autre) gérés par des filiales ou des associés de ces banques, de compagnies d'assurances également largement associées et des groupes de firmes majeures. Cet oligopole financier est le patron actif principal des cinquante ou cent plus grands ensembles de firmes de la finance, de la production industrielle et de l'agro-business, du grand commerce et des transports majeurs.
L'oligopole n'est pas géré par les règles de la «compétition», mais par un mélange de concurrence et d'accords oligopolistiques - dit souvent
«consensus» - lui même instable, dans le sens qu'un moment dominé par le consensus (comme le nôtre) pourrait être suivi d'un autre de concurrence féroce. Celle-ci prendrait alors la forme de conflits entre les États, car si chacune des unités qui composent l'oligopole opère sur le terrain transnational de l'économie mondiale, celles-ci demeurent nationales par l'appartenance de leurs directions majeures à la bourgeoisie d'un Etat particulier.
Le quasi monopole que le consensus en cours représente a permis à la haute finance de la triade (États Unis, Europe, Japon) de s'emparer du contrôle du marché financier mondialisé, de déposséder les Ministères des Finances et les Banques centrales dans leurs fonctions de centres qui déterminent par leur propre décision les taux de l'intérêt. Dans la phase précédente du capitalisme (l'après guerre) les politiques d'Etat, par le canal des Banques centrales, s'étaient donné pour objectif le maintien de taux d'intérêt généralement négatifs en termes réels (inférieurs aux taux d'inflation). La décision d'investissement, libérée largement du poids de l'endettement financier, était commandée d'une autre manière par d'autres moyens : l'expansion du volume des activités et des productions d'une firme, l'autofinancement, l'accès aux prêts des banques, souvent publiques, les soutiens de l'Etat etc.
On dit aujourd'hui que ces moyens ne permettaient pas une «allocation optimale» des capitaux. On se garde de dire que le système qui l'a remplacé – le contrôle du marché financier par la haute finance – ne garantit pas davantage cette fameuse allocation optimale. Dans tous les cas ce concept est lui même un faux concept, déduit d'une doctrine (déguisée en théorie) concernant les propriétés attribuées «au marché généralisé». La théorie de ce marché généralisé est celle d'un capitalisme imaginaire substituée à celle du capitalisme réellement existant.
Des taux d'intérêt élevés au bénéfice de la haute finance
La stratégie de la haute finance dominante s'est donc fixé l'objectif - qu'elle a atteint - de fixer les taux d'intérêt à un niveau positif (réel) élevé. Le but est, à travers le contrôle du marché financier exercé par cet oligopole, d'opérer un prélèvement important sur le surplus (la plus value - en gros le PIB moins les salaires et autres rémunérations du travail) au bénéfice de la haute finance. Ce prélèvement ne garantit en rien l'allocation optimale des capitaux comme l'économie conventionnelle le prétend. De surcroît il ne garantit en rien la croissance économique maximale, mais tout au contraire est à l'origine en grande partie de l'atonie relative de l'économie productive. On sait que les taux de croissance d'aujourd'hui se situent à des niveaux qui ne dépassent guère la moitié de ce qu'ils ont été dans la phase précédente du Welfare State.
Les ambitions de la haute finance ne se limitent pas au contrôle de leurs marchés financiers nationaux ; celle-ci vise à établir sa domination à l'échelle mondiale. La «mondialisation» n'est rien d'autre que la stratégie de conquête déployée à cette fin. L'interpénétration entre les marchés financiers des partenaires de la triade, acquise par la suppression du contrôle des flux financiers et l'adhésion au principe des changes flottants, a été le produit de décisions traduisant la mise en œuvre du consensus des oligopoles de la haute finance de la triade. Par contre l'expansion des interventions de cette haute finance dans les pays du Sud a été imposée à des États plus ou moins réticents, entre autre par l'OMC et le FMI, instruments de l'impérialisme collectif de la triade. La dette, les promesses d'ouverture des marchés du Nord aux produits du Sud (des promesses rarement suivies d'effets), l'ouverture des comptes capitaux et la soumission aux pseudo-marchés des changes flottants ont été les moyens de cette conquête. Les interventions de la haute finance sur ces pseudo-marchés des changes ont pratiquement annihilé les moyens d'États nationaux et permis à la finance transnationale de déterminer les taux de change qui maximisent leurs prélèvements sur la production des pays du Sud.
Quelques données quantitatives que nous empruntons à l'ouvrage de François Morin précédemment cité, traduisent l'ampleur de cette domination de la nouvelle ploutocratie financière de la triade sur l'économie mondiale :

Les transactions sur biens et services (le PIB mondial) ne représente plus en 2002 que 3% des transactions monétaires et financières, les transactions concernant le commerce international à peine 2% des transactions sur le change, les règlements concernant les achats et ventes d'action et d'obligations sur les marchés organisés (des opérations qui sont considérées comme constitutives du marché des capitaux par excellence) que 3,4% des règlements monétaires ! Ce sont les transactions sur les produits de couverture - destinées à couvrir les opérateurs des risques - qui ont «littéralement explosé». Morin - à juste titre - appelle notre attention sur ce fait majeur.
La «financiarisation» de l'économie mondiale est-elle «viable» ? (3/4)
F. Morin démontre que cet avantage prétendu est largement illusoire. Certes la haute finance a inventé des moyens qui permettent aux opérateurs sur les marchés financiers de se protéger individuellement de beaucoup des risques en question. L'invention des «dérivés» dont les techniques nombreuses et complexes ne sont guère connues et maîtrisées que par ces opérateurs, répondait à ce besoin. Cette invention a dopé les flux financiers qui ont pris l'ampleur signalée plus haut. Le rapport entre les opérations de couverture à celles occasionnées par la production et les échanges internationaux est de 28 à 1 en 2002. Une disproportion qui s'accuse régulièrement depuis une vingtaine d'années et qu'on n'avait jamais connu auparavant dans toute l'histoire du capitalisme. Mais la réduction des risques pour les opérateurs considérés individuellement se traduit par une augmentation du risque collectif. L'indicateur de la croissance de ce risque est donné par le gonflement incessant de la bulle financière, dont le volume a été multiplié par dix au cours de la décennie 1993-2003.
En dépit de ce risque grandissant, qui conduira probablement à une crise financière globale d'une ampleur non maîtrisable, les politiques économiques et sociales mises en œuvre par les États pour servir les objectifs de domination de la haute finance sont de nature à transférer le risque du capital au travail. Là encore les moyens sont connus : reconstitution d'une armée de réserve de chômeurs importante, précarisation des emplois, réduction des droits des travailleurs et de leurs avantages sociaux, substitution de méthodes d'indexation des retraites sur celui du produit des placements financiers (en lieu et place de la retraite par répartition). Ces moyens sont accompagnés par des politiques de construction d'une pseudo-solidarité entre les couches moyennes, le patronat en général et la haute finance. L'encouragement au placement de l'épargne sur le marché financier des actions et obligations privées vise à créer cette apparence de solidarité. Une «théorie» du capitalisme patrimonial – un capitalisme dont les «propriétaires» seraient un peu tout le monde – a été fabriquée pour donner crédibilité et légitimité apparentes au report du risque sur les «petits actionnaires» et sur les travailleurs.
Le système en question, pris dans son ensemble, se présente comme un colosse certes, mais aux pieds d'argile. Il s'effondrera à coup sûr. Mais comment ? Par l'effet de quelles causes majeures ? Au bénéfice de quelle alternative ?
L'effondrement financier – toujours inattendu quand il survient – ne constitue pas, à mon avis, la raison principale de non durabilité du système. Le système n'est pas viable pour d'autres raisons, de nature sociale et politique. Les politiques d'accompagnement que la domination de la haute finance exige entraînent une inégalité croissante indéfinie dans la répartition du revenu. Au delà des conséquences strictement économiques d'une évolution se poursuivant en permanence dans ce sens – à savoir l'installation du système dans l'atonie faute de demande solvable – un modèle de ce genre n'est pas tolérable socialement et ne le sera probablement pas politiquement. Au plan mondial le système entraîne une polarisation accentuée, la mise sous tutelle permanente des pays dits «émergents» du Sud (la Chine, l'Inde, l'Asie du Sud Est, l'Amérique latine) et la destruction (quasi génocide) des pays dits «marginalisés» (l'Afrique en particulier) dont les peuples sont devenus inutiles pour la poursuite de l'accumulation et dont seules les ressources naturelles (pétrole, minerais, bois, eau) intéressent le capital dominant. Il y a tout lieu de penser que les conflits sociaux et politiques internes, dans toutes les régions du monde Nord et Sud, et les conflits internationaux (Nord contre Sud) doivent conduire à mettre un terme à la domination de la haute finance en place.
La nouvelle ploutocratie née de la mondialisation (4/4)
Certes les monopoles ont toujours existé, dès l'origine à l'époque mercantiliste (les Compagnies à Charte), au XIXe siècle dominé par l'industrialisation disséminée (dans les finances – les «200 familles» en France), à partir de la fin de ce siècle avec l'émergence des «monopoles» (Hobson, Hilferding, Lénine). Mais quel qu'ait été l'importance décisive de leur intervention dans le champ économique pour l'évolution globale du système – et elle l'a toujours été – le capitalisme dans son ensemble, organisé dans la forme de millions de moyennes entreprises industrielles et commerciales et de paysans – agriculteurs riches, était régulé par une multitude de marchés (qui sans être «purs et parfaits» n'en étaient pas moins des marchés concurrentiels réels) qui échappaient largement aux interventions des monopoles, lesquels opéraient dans des domaines réservés (le grand commerce mercantiliste, le financement de l'Etat, le commerce international des produits de base, les prêts internationaux, plus tardivement quelques grandes branches de la production industrielle de masse et du nouveau grand commerce, la banque et les assurances). Ces domaine réservés étaient largement nationaux, en dépit de leurs prolongements hors des frontières. Cette situation donnait aux politiques d'Etat une efficacité réelle dans la gestion de l'ensemble économique.
Une poignée de groupes pour dominer le système
Le capitalisme aujourd'hui est tout autre chose. Une poignée d'oligopoles occupent seuls toutes les hauteurs dominantes de la gestion économique nationale et mondiale. Il ne s'agit pas d'oligopoles strictement financiers mais de «groupes» au sein desquels les activités de production de l'industrie, de l'agro-business, du commerce, des services et évidemment les activités financières (dominantes au sens que le système est dans son ensemble «financiarisé», c'est à dire dominé par les logiques financières) sont étroitement associées. Il s'agit d'une «poignée» de groupes : une trentaine gigantesques, un millier d'autres, guère plus. Dans ce sens on peut parler de «ploutocratie», même si ce terme peut inquiéter ceux qui se souviennent de son usage abusif par les démagogues du fascisme.
Cette ploutocratie de groupes domine la mondialisation en place, qu'elle a d'ailleurs elle même véritablement façonnée (pour ne pas dire «fabriquée») en fonction de ses seuls stricts intérêts. Elle a substitué à l'ancienne «division internationale (inégale) du travail», fondée sur les prétendus «avantages comparatifs» (objet des réflexions théoriques à la Ricardo) – en fait, dans mon analyse, produite par le contraste centres/périphéries – une «géographie économique», c'est à dire une intégration des «territoires» dans leur stratégies propres (pour reprendre l'expression convaincante de Charles Michalet). Cette géographie, qui est le produit de ces stratégies des groupes en question et non une «donnée» extérieure à celle-ci, façonne à son tour ce qui apparaît comme «commerce international» mais devient en réalité et dans des proportions grandissantes des transferts internes aux groupes considérés. Les délocalisations, dans leurs formes diverses analysées à la perfection par C. A. Michalet (La mondialisation, la grande rupture, La Découverte 2007), constituent le moyen de ce façonnement du monde.
Cette même ploutocratie commande seule les marchés financiers mondialisés, détermine le taux de l'intérêt qui lui permet d'opérer à son profit un prélèvement massif sur la plus value produite par le travail social, comme – largement – les taux de change qui lui conviennent (référence à F. Morin dont se sont inspirés les développement précédents).
Les entreprises «moyennes» contraintes de s'ajuster
Dans ce cadre, les millions d'entreprises privées dites «moyennes» (et même beaucoup de «grandes») et d'agriculteurs capitalistes ne bénéficient plus d'autonomie réelle dans leurs décisions. Ils sont simplement contraints de s'ajuster en permanence aux stratégies déployées par la ploutocratie. Cette situation est nouvelle, qualitativement différente de celle qui a caractérisé le capitalisme historique dans les phases antérieures de son développement. Le marché invoqué par les économistes conventionnels, n'existe plus. Il est une farce véritable. Cette analyse n'est pas seulement la mienne, elle est largement partagée par tous les analystes critiques qui refusent de s'aligner sur le discours de l'économie conventionnelle, dominante. La question qui à mon avis mérite d'être placée au centre de notre discussion est de savoir si cette transformation est «définitive» ou au contraire «non viable». La réponse à cette question nous départage certainement.
Certains – beaucoup ? – considèrent que la transformation est définitive, même si elle ne «plaît pas». On ne peut alors que s'y ajuster, au mieux en infléchir le mouvement pour donner leur place à quelques considérations sociales, mais guère plus. Il faut accepter la dominance des stratégies des groupes concernés, le dépérissement des États. C'est l'option – en gros – des sociaux démocrates devenus sociaux libéraux. Quelques uns même y voient une transformation «positive» qui, par elle même, prépare un avenir meilleur. Qu'on dise alors que le capitalisme constitue un horizon indépassable (conception qui sous tend l'option sociale libérale) ou qu'il se dépassera par son propre mouvement (on reconnaîtra ici Negri) revient au même : il n'y a pas lieu d'agir contre la transformation en question. Adieu socialisme, une utopie du XIXe siècle dépassée. Adieu marxisme.
Mon analyse se sépare de celles-ci. La transformation en cours témoigne du caractère obsolète («sénile») auquel le capitalisme est parvenu. Non pas seulement parce qu'il est devenu l'ennemi de l'humanité entière (et doit donc être dépassé par l'action politique consciente, si l'on veut éviter le pire), mais aussi parce que cette transformation n'est pas viable. Elle ne l'est pas, dans ce sens particulier que les régulations imposées par la ploutocratie des groupes ne réduisent pas le «risque» d'effondrement financier, mais au contraire l'aggravent. Elle ne l'est pas dans le sens plus général et politique que cette régulation est insupportable, socialement pour les classes travailleuses de toutes les régions du monde, politiquement pour les peuples, nations et États de la périphérie (en particulier des pays dits «émergents»). Le retour de l'Etat et l'affirmation de son rôle ne doivent pas être exclus.
Le capitalisme, ennemi de la démocratie
Le paradoxe majeur, pour moi, est que des opinions qui se pensent sincèrement démocratiques ne voient pas la contradiction flagrante entre la gestion du monde par la ploutocratie en place et les principes fondamentaux de la démocratie. En fait le nouveau capitalisme ploutocratique des oligopoles financiarisés est l'ennemi de la démocratie, fut-elle bourgeoise, qu'elle vide de tout contenu. Cette déconstruction de la démocratie bourgeoise, en cours, est poursuivie d'une manière tout à fait systématique par la classe politique dirigeante. En particulier en Europe dont le «projet» a été pensé à cette fin par ses fondateurs, Monnet en premier. Le discours sur «l'individu devenu sujet de l'histoire» n'est là que pour jeter de la poudre aux yeux et légitimer la pratique anti démocratique. Par ailleurs il devrait paraître évident que les structures gérées par les groupes appropriés par la ploutocratie constituent des «biens collectifs», c'est à dire qu'ils devraient être «la propriété de la nation», gérés par elle. En lieu et place nos démocrates se rallient à leur gestion privée. Respect de la sacro sainte propriété ? Illusion que la gestion de ces structures pourrait être assumée par le collectif des petits actionnaires ? Conviction de l'efficacité supérieure de la gestion privée et du destin fatalement bureaucratique de celle de l'Etat ? La réalité devrait ouvrir les yeux de ces démocrates naïfs. L'éloge des grands innovateurs (Rockfeller hier, Bill Gates aujourd'hui) peut-il faire oublier que la majorité des ploutocrates sont des héritiers, dont on voit mal pour quelles raisons ils devraient disposer de pouvoirs aussi puissants, qu'il existe une «bureaucratie privée» qui n'est pas nécessairement moins sclérosée que celle de l'Etat, que l'Etat a eu également ses grands innovateurs (Colbert hier, les ingénieurs qui ont placé la SNCF publique à l'avant garde des chemins de fer dans le monde entier).
Les démocrates devraient donc finir par comprendre que le degré de centralisation du capital des temps contemporains appelle sa socialisation. Que les formules de celles-ci, associant les travailleurs à la collectivité nationale dans cette gestion, restent à inventer, soit. Que cette socialisation «hors marché» (par la démocratie) n'exclut pas (pour encore longtemps) l'initiative et la propriété pour des millions de petits et moyennes entreprises soit encore. Au demeurant la socialisation des hauteurs dominantes créerait les conditions d'un marché véritable pour ces PME en question. De surcroît les formules de leur gestion devraient être imaginées diverses : la propriété privée, mais aussi les coopératives de travailleurs ( Lip en France en avait démontré l'efficacité, et son «échec» a été l'assassinat voulu et planifié par l'Etat de ce modèle «dangereux»), amorçant ainsi l'émergence d'éléments de socialisation au delà du marché. L'obstacle à cet avenir possible et nécessaire est tout entier situé dans la culture politique dominante, en voie d'américanisation en Europe. Les analyses critiques de cette dérive de l'idéologie et de la politique ne manquent pas, qui ont placé l'accent sur les facettes nombreuses de cette dégradation, laquelle, à son tour, prépare un «autre monde», plus mauvais encore que celui que nous connaissons. Negri ignore ces analyses. Son «optimisme» de commande pour justifier l'inaction l'exige.
Parce que dans la multiplicité des conflits que la poursuite de la dictature du capital financier en place ceux qui opposent les peuples et les États du Sud à la logique de la gestion ploutocratique mondialisée sont appelées s'aggraver à une allure rapide – dans le futur visible – sans doute plus que celles qui opposent les peuples des centres de la triade impérialiste à leurs gouvernants, j'imagine que les ruptures premières s'amorceront à partir du Sud. Dans des formes diverses, comme on le voit déjà percer en Amérique latine d'une part, en Asie de l'Est d'autre part.
Cette dernière observation n'est pas celle d'un «tiers mondiste», mais d'un internationaliste qui appelle à la solidarité de tous les travailleurs de la Planète. Plus celle-ci pourra aller de l'avant, meilleures seront les chances offertes à des avancées révolutionnaires dans le Sud et dans le Nord.

O QUE DIZ ROUBINI

The financial wildfire has turned around the stagflationary trends seen earlier this year into a vicious cycle of global deflation in debt, assets, wages, and goods.
Headline consumer inflation has peaked in most of the developed and emerging world, except in places where food/fuel subsidies were recently rolled back or post-Q3 data are still unavailable. According to the IMF’s October World Economic Outlook, the world’s average consumer prices have increased 6.2% y/y Q2 2008. JPMorgan expects world CPI inflation to slow to 2.6% y/y Q2 2009. Lower commodity prices subdued headline inflation and are expected to continue doing so on slackening global demand. Core inflation has yet to show a significant decline but a feedback loop of debt deflation, asset deflation, commodity deflation, wage deflation, and slower global growth will likely lead to flat or lower headline and core consumer and producer prices in Q4 2008 through 2009. But in the short- to medium-term, stag-deflation seems the most likely scenario for the world economy. The continued fall of U.S. house prices has morphed into global de-leveraging, which threatens to spark global deflation. Debt deflation at first sent investors seeking safety in commodities as inflation accelerated worldwide due to the weakening dollar. The dollar weakened as the world seemed resilient to the U.S. slowdown. But the lag between U.S. growth and growth in the rest of the world soon ended and so did the lag between growth and inflation. Commodity prices slid on fund liquidation to cover losses in other asset classes and on expectations that commodity demand will weaken in a global recession. The prospect of a U.S. hard landing and a global recession, and demand destruction triggered by high commodity prices earlier this year, has already led to an across the board commodity selloff, with the CRB falling almost half from its July peak. Oil has fallen even further as the prospect of slower demand growth from China and other emerging markets may fail to offset falling demand from the OECD, especially the U.S. where demand for all petroleum products have fallen. Not even a 1.5 million barrel production cut from OPEC and the news that many producers were cutting production (erasing this year’s earlier production increase) was enough to stem the decline. Meanwhile many oil producing companies (even state-owned ones like Russia’s )are feeling the double whammy of lower demand and tighter credit which may freeze capex and new projects, especially from the most expensive, unconventional supplies. With marginal costs of production still rising (for now), this may point to a mid-term supply crunch once an expansion finally begins. Such supply constraints could occur in agricultural and metals over time, especially given that some base metals are trading below cost. Commodity exporting countries are being pressured by falling prices and the withdrawal of global credit which may sharply reduce inflows and thus imports– contributing to another source of slack in the global economy in the next few quarters. Countries like Russia, Venezuela and Iran could account for the most significant slowing though many petro-states have become used to oil prices above $70-80 a barrel – and the negative wealth effects of current and looming asset price corrections will have an effect. While Chinese government infrastructure spending might limit the drop in demand for some commodities, its coffers do have their limits and even if Chinese property sector stabilizes, the past forecasts of Chinese demand growth for products like steel, copper and coal might have been over optimistic meaning that fundamental and technical factors could point to further downside for commodities until the credit markets stabilize. As investors recast their outlook for corporate earnings in light of a slowdown in global activity, stock and corporate bond prices all over the world declined in a virulent episode of asset deflation. Debt deflation exacerbated asset deflation by reducing the amount of leverage investors could take on. Wage deflation will most likely contribute to a worsening the corporate earnings outlook by inhibiting consumer spending. Labor markets have slackened on the corporate belt-tightening triggered by tighter financing and sagging sales. Continued loosening of labor markets, marked by rising unemployment, will slow wage growth as jobs are cut back. With household financial wealth shrinking in bearish markets and rising debt servicing burdens, lower household income will further erode consumption. The carry trade succumbed to bank de-leveraging and investor repatriation, resulting in the appreciation of carry trade funding currencies - the most popular being the JPY and USD. Bank de-leveraging has led to a shortage of these currencies, as most cross-border bank liabilities were denominated in them. With tighter lending, investors have had to unwind their carry trades to meet margin calls and, as asset prices adjusted to a recessionary outlook, to avoid further losses. U.S. and Japan provided the lion's share of the world's investment flows. The repatriation of U.S. and Japanese investor funds sapped the strength of other currencies versus the USD and JPY. The spread of recession and financial crisis beyond the U.S. to several other countries kills the appetite for foreign investments, driving repatriation. This leads to further currency depreciation in carry trade destination currencies – especially emerging markets which had over-hedged or under-hedged against USD strength. A stronger dollar may contribute to further commodity price declines as countries with weaker currencies are able to purchase fewer goods. By the same token, weaker non-U.S. currencies may sow the seeds of higher inflation in countries vulnerable to imported inflation. In an environment where high yield alone is no longer attractive, the combination of slowing growth and rising inflationary pressures may set up emerging markets for further punishment from currency markets.

Wednesday, October 29, 2008

A CAÇADORA DO ALASKA


OBAMA E A GUERRA

Faltam apenas cinco dias para sabermos quem será o próximo presidente do EUA.
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Desde há muito que torço pelo candidato democrata, embora esteja convencido que Hillary Clinton poderia ser também uma excelente presidente. E, mesmo McCain, tem qualidades que nitidamente o distanciam da actual administração norte-americana. O grande erro de McCain foi, do meu ponto de vista, ter cedido à ala mais conservadora do GOP e aceitar Sarah Palin no seu boletim.
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Admitindo que Obama ganha as eleições, colocam-se-lhe dois problemas bicudos: a redefinição de uma nova ordem financeira mundial, sem a qual a saída da recessão económica, que se avizinha, poderá demorar para além do limite de resistência de confiança global, que permite o equilíbrio de convivência entre as nações, e provocar a guerra; retirar do Iraque as tropas norte-americanas sem consentir que a Al-Qaeda ou outro movimento rebelde se apodere do poder e extravase a revolução islâmica (ou pseudo-islâmica) a todo o Médio Oriente, tomando conta dos poços de petróleo que garantem a economia mundial e a civilização, dita ocidental, tal qual a conhecemos hoje.
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Nenhum destes dois problemas apresenta sugestões de soluções geralmente consensuais. No primeiro caso, os interesses daqueles que se loclupetaram contando com as permissividades do sistema que eles próprios criaram, dificilmente cederão terreno. Não vai ser mesmo nada fácil destruir os instrumentos de abrigo dos jogos de interesses que arruinaram o sistema financeiro mundial. Pense-se, por exemplo, nos off shores, que muitos condenam mas não se vislumbram passos no sentido de os extinguir ou, pelo menos, moderar.
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No segundo caso, o alastramento do poder da Al-Qaeda, consentido pelo recuo das tropas norte-americanas, pode provocar o sufoco súbito das economias mais desenvolvidas não restando alternativa senão ao regresso da guerra. Que, nesses caso, faria alinhar todos os atingidos por um eventual black-out nos fornecimentos regulares numa acção conjunta contra os novos senhores do petróleo.
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Se assim fosse, o mundo poderia vir a assistir a um processo de apropriação nunca antes experimentado: a mundialização (no sentido alargado da nacionalização conjunta pelos invasores ou pela ONU) dos recursos estratégicos do subsolo conquistado. Talvez, desse modo, o mundo pudesse conviver de forma menos belicista durante o período que vai até à extinção natural desses recursos.

Tuesday, October 28, 2008

THE WORST IS YET TO COME

Nouriel Roubini: I fear the worst is yet to come
When this man predicted a global financial crisis more than a year ago, people laughed. Not any more...
As stock markets headed off a cliff again last week, closely followed by currencies, and as meltdown threatened entire countries such as Hungary and Iceland, one voice was in demand above all others to steer us through the gloom: that of Dr Doom.
For years Dr Doom toiled in relative obscurity as a New York University economics professor under his alias, Nouriel Roubini. But after making a series of uncannily accurate predictions about the global meltdown, Roubini has become the prophet of his age, jetting around the world dispensing his advice and latest prognostications to politicians and businessmen desperate to know what happens next – and for any answer to the crisis.
While the economic sun was shining, most other economists scoffed at Roubini and his predictions of imminent disaster. They dismissed his warnings that the sub-prime mortgage disaster would trigger a financial meltdown. They could not quite believe his view that the US mortgage giants Fannie Mae and Freddie Mac would collapse, and that the investment banks would be crushed as the world headed for a long recession.
Yet all these predictions and more came true. Few are laughing now.
What does Roubini think is going to happen next? Rather worryingly, in London last Thursday he predicted that hundreds of hedge funds will go bust and stock markets may soon have to shut – perhaps for as long as a week – in order to stem the panic selling now sweeping the world.
What happened? The next day trading was briefly stopped in New York and Moscow.
Dubbed Dr Doom for his gloomy views, this lugubrious disciple of the “dismal science” is now the world’s most in-demand economist. He reckons he is getting about four hours’ sleep a night. Last week he was in Budapest, London, Madrid and New York. Next week he will address Congress in Washington. Do not expect any good news.
Contacted in Madrid on Friday, Roubini said the world economy was “at a breaking point”. He believes the stock markets are now “essentially in free fall” and “we are reaching the point of sheer panic”.
For all his recent predictive success, his critics still urge calm. They charge he is a professional doom-monger who was banging on about recession for years as the economy boomed. Roubini is stung by such charges, dismissing them as “pathetic”.
He takes no pleasure in bad news, he says, but he makes his standpoint clear: “Frankly I was right.” A combative, complex man, he is fond of the word “frankly”, which may be appropriate for someone so used to delivering bad news.
Born in Istanbul 49 years ago, he comes from a family of Iranian Jews. They moved to Tehran, then to Tel Aviv and finally to Italy, where he grew up and attended college, graduating summa cum laude in economics from Bocconi University before taking a PhD in international economics at Harvard.
Fluent in English, Italian, Hebrew, and Persian, Roubini has one of those “international man of mystery” accents: think Henry Kissinger without the bonhomie. Single, he lives in a loft in Manhattan’s trendy Tribeca, an area popularised by Robert De Niro, and collects contemporary art.
Despite his slightly mad-professor look, he is at pains to make clear he is normal. “I’m not a geek,” said Roubini, who sounds rather concerned that people might think he is. “I mean it frankly. I’m not a geek.”
He is, however, ferociously bright. When he left Harvard, he moved quickly, holding various positions at the Treasury department, rising to become an economic adviser to Bill Clinton in the late 1990s. Then his profile seemed to plateau. His doubts about the economic outlook seemed out of tune with the times, especially when a few years ago he began predicting a meltdown in the financial markets through his blog, hosted on RGEmonitor. com, the website of his advisory company.
But it was a meeting of the International Monetary Fund (IMF) in September 2006 that earned him his nickname Dr Doom.
Roubini told an audience of fellow economists that a generational crisis was coming. A once-in-a-lifetime housing bust would lay waste to the US economy as oil prices soared, consumers stopped shopping and the country went into a deep recession.
The collapse of the mortgage market would trigger a global meltdown, as trillions of dollars of mortgage-backed securities unravelled. The shockwaves would destroy banks and other big financial institutions such as Fannie Mae and Freddie Mac, America’s largest home loan lenders.
“I think perhaps we will need a stiff drink after that,” the moderator said. Members of the audience laughed.
Economics is not called the dismal science for nothing. While the public might be impressed by Nostradamus-like predictions, economists want figures and equations. Anirvan Banerji, economist with the New York-based Economic Cycle Research Institute, summed up the feeling of many of those at the IMF meeting when he delivered his response to Roubini’s talk.
Banerji questioned Roubini’s assumptions, said they were not based on mathematical models and dismissed his hunches as those of a Cassandra. At first, indeed, it seemed Roubini was wrong. Meltdown did not happen. Even by the end of 2007, the financial and economic outlook was grim but not disastrous.
Then, in February 2008, Roubini posted an entry on his blog headlined: “The rising risk of a systemic financial meltdown: the twelve steps to financial disaster”.
It detailed how the housing market collapse would lead to huge losses for the financial system, particularly in the vehicles used to securitise loans. It warned that “ a national bank” might go bust, and that, as trouble deepened, investment banks and hedge funds might collapse.
Even Roubini was taken aback at how quickly this scenario unfolded. The following month the US investment bank Bear Stearns went under. Since then, the pace and scale of the disaster has accelerated and, as Roubini predicted, the banking sector has been destroyed, Freddie and Fannie have collapsed, stock markets have gone mad and the economy has entered a frightening recession.
Roubini says he was able to predict the catastrophe so accurately because of his “holistic” approach to the crisis and his ability to work outside traditional economic disciplines. A long-time student of financial crises, he looked at the history and politics of past crises as well as the economic models.
“These crises don’t come out of nowhere,” he said. “Usually they arrive because of a systematic increase in a variety of asset and credit bubbles, macro-economic policies and other vulnerabilities. If you combine them, you may not get the timing right but you get an indication that you are closer to a tipping point.”
Others who claimed the economy would escape a recession had been swept up in “a critical euphoria and mania, an irrational exuberance”, he said. And many financial pundits, he believes, were just talking up their own vested interests. “I might be right or wrong, but I have never traded, bought or sold a single security in my life. I am trying to be as objective as I can.”
What does his objectivity tell him now? No end is yet in sight to the crisis.
“Every time there has been a severe crisis in the last six months, people have said this is the catastrophic event that signals the bottom. They said it after Bear Stearns, after Fannie and Freddie, after AIG [the giant US insurer that had to be rescued], and after [the $700 billion bailout plan]. Each time they have called the bottom, and the bottom has not been reached.”
Across the world, governments have taken more and more aggressive actions to stop the panic. However, Roubini believes investors appear to have lost confidence in governments’ ability to sort out the mess.
The announcement of the US government’s $700 billion bailout, Gordon Brown’s grand bank rescue plan and the coordinated response of governments around the world has done little to calm the situation. “It’s been a slaughter, day after day after day,” said Roubini. “Markets are dysfunctional; they are totally unhinged.” Economic fundamentals no longer apply, he believes.
“Even using the nuclear option of guaranteeing everything, providing unlimited liquidity, nationalising the banks, making clear that nobody of importance is going to be allowed to fail, even that has not helped. We are reaching a breaking point, frankly.”
He believes governments will have to come up with an even bigger international rescue, and that the US is facing “multi-year economic stagnation”.
Given such cataclysmic talk, some experts fear his new-found influence may be a bad thing in such troubled times. One senior Wall Street figure said: “He is clearly very bright and thoughtful when he is not shooting from the hip.”
He said he found some of Roubini’s comments “slapdash and silly”. “Sometimes the rigour of his analysis seems to be missing,” he said.
Banerji still has problems with Roubini’s prescient IMF speech. “He has been very accurate in terms of what would happen,” he said. But Roubini was predicting an “imminent” recession by the start of 2007 and he was wrong. “He hurt his credibility by being so pessimistic long before it was appropriate.”
Banerji said on average the US economy had grown for five years before hitting a bad patch. “Roubini started predicting a recession four years ago and saying it was imminent. He kept changing his justification: first the trade deficit, the current account deficit, then the oil price spike, then the housing downturn and so on. But the recession actually did not arrive,” he said.
“If you are an investor or a businessman and you took him seriously four years ago, what on earth would happen to you? You would be in a foetal position for years. This is why the timing is critical. It’s not enough to know what will happen in some point in the distant future.”
Roubini says the argument about content and timing is irrelevant. “People who have been totally blinded and wrong accusing me of getting the timing wrong, it’s just a joke,” he said. “It’s a bit pathetic, frankly. I was not making generic statements. I have made very specific predictions and I have been right all along.” Maybe so, but he does not sound too happy about it, frankly.

O PROBLEMA MAIOR



Anda meio mundo a dizer que a crise ainda está para chegar e ninguém irá escapar, e outro meio à espera que o anunciado apocalipse não lhes bata à porta. Nada de novo, portanto. Há, pelo menos dois anos, que começaram os alertas e nada foi feito para evitar o desastre. Agora, que o sistema financeiro estoirou, a aflição volta-se para a economia real, aquela que quando começa a engasgar aumenta o desemprego, os ordenados em atraso, e os meses ficam ainda mais compridos que antes. E, pior ainda, é estar o pior ainda por chegar.
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Neste ambiente carregado, que antecede o auge das tempestades, que discutem os portugueses? Basicamente, a bola. Nem o senhor presidente da câmara municipal de Sintra, um concelho que tem mais problemas por resolver que o número de cabelos do senhor presidente autarca, abdica de continuar participar semanalmente num programa televisivo à roda da bola.
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A outro nível, muito mais restrito, discutem-se as prioridades e intensidades do investimento público, para o qual, aliás, talvez não haja poupança nem crédito. Uma bizantinisse, portanto. Esforça-se o governo a dizer que o aeroporto e o TGV são investimentos de realização plurianual e, nos próximos tempos, é o tempo de facturarem os consultores; reclama a oposição à direita a libertação de meios para o investimento privado. Qual? Ninguém sabe. Seria a oposição muito mais eficiente junto da opinião pública se fixasse as suas propostas primordialmente no desafio ao governo de pagar o Estado, nos vencimentos, as facturas que deve.
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Um dos argumentos da oposição às propostas do governo invoca que os grandes investimentos públicos irão sobrecarregar as responsabilidades das gerações vindouras, com desrespeito do compromisso transgeracional. Ora isto só será verdadeiro se os investimentos em causa não tiverem mérito económico bastante, isto é, se forem mais dois elefantes brancos a pastar na nossa paisagem desertificada. Mas, nesse caso, a questão não será de timming mas de interesse económico. De qualquer modo, os constrangimentos financeiros actuais são um bom conselheiro à reapreciação do assunto. Safam-se os consultores.
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O problema maior não é a crise financeira actual nem a crise económica que está a chegar. Uma e outra estarão digeridas dentro de um par de anos, na pior das hipóteses até meados da próxima década. E a economia portuguesa, com o atraso reactivo habitual, seguirá a tendência.
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O problema maior, para além da educação, é a energia. Num mundo com os problemas energéticos a agudizarem-se, a economia portuguesa, pela nossa actual dependência energética e baixa produtividade dos consumos de energia, enfrentará nessa dependência o maior obstáculo ao seu desenvolviento. Sem energia não voam os aviões nem correm os combóios. É no investimento em fontes energéticas próprias, na investigação dedicada à produção e à produtividade da energia, que reside o maior desafio. É também nesse campo que deveria colocar-se a discussão do investimento público.
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Para não legarmos às gerações futuras um país mais endividado e às escuras.

UM FUNDO AO FUNDO


Monday, October 27, 2008

PÚBLICO E INDECENTE

O Público de hoje dedica duas páginas inteiras a casos de denúncias chegadas aos jornais, supostamente a partir de informações transmitidas por funcionários da DGCI.
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Se a utilização dos equipamentos do Estado pelos funcionários para fins que exorbitam os estritos limites do exercício das suas funções me parece condenável, já a denúncia de casos em que objectivamente os interesses públicos foram lesados não pode ser senão aplaudida quando a opacidade dos actos da administração pública não permite que os portugueses sejam conhecedores por meios mais dignos desses actos lesivos.
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O Jumento é hoje destacado na edição do Público como um veículo dessas denúncias, encontrando-se há muito na mira da Polícia Judiciária. A IGF terá realizado acções de devassa, na classificação do Público, ao "analisar milhares de mensagens de e-mails de centenas de funcionários dos impostos".
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Se me parece exagerada a terminologia do Público (o que faria Belmiro de Azevedo se os seus colaboradores utilizassem os computadores da Sonae e arredores para passar informações do grupo aos jornais concorrentes?), parece-me, por outro lado, que sem essa denúncia anónima os interesses públicos ficarão muito menos acautelados.
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Há fins que justificam os meios quando os meios legítimos não comparecem. O caso que transcrevo de o Jumento (não subscrevo o Público online) é exemplar da forma displicente (é o mínimo que pode dizer-se) como se comportam alguns sectores da administração pública. Denunciá-los, só pode ser considerado um serviço prestado à democracia.
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Penhoras ao Sporting e ao Benfica desapareceram
27.10.2008
As cópias de autos de penhoras efectuadas pela Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) a vários clubes de futebol, entre os quais o Sporting Clube de Portugal (SCP) e o Sport Lisboa e Benfica (SLB), desapareceram de um envelope selado que se encontrava na gaveta de uma funcionária da administração fiscal e foram substituídas por folhas para reutilizar na impressora.
A informação é dada pela própria funcionária da DGCI no âmbito do processo que decorreu no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa no seguimento da queixa do anterior director-geral dos Impostos, Paulo Macedo, relativa às fugas de informação da DGCI.
O desaparecimento dos documentos foi abordado pela primeira vez numa informação enviada em Outubro de 2005 ao então director-geral pelo director distrital de Finanças de Lisboa. Este responsável relata o desaparecimento de autos de penhoras feitas a clubes de futebol e, face à denúncia, Paulo Macedo pede à Judiciária para averiguar a situação. Mais tarde, já no âmbito da investigação do DIAP, é apresentado um ofício do director distrital de Finanças de Lisboa que não é mais do que o relato feito pela funcionária do fisco a quem alegadamente foram roubados os documentos.
A funcionária explica que lhe foi entregue um mandado de penhora em nome do executado SCP e que, no seguimento desse mandato, foram executadas diversas penhoras ao clube. A funcionária diz ainda que fez três cópias do documento. Arquivou uma cópia junto ao processo que decorria naquela direcção de finanças; outra no arquivo mensal da equipa a que pertence; e uma outra num envelope onde já se encontravam cópias de outras penhoras a clubes de futebol, nomeadamente ao SLB. A funcionária garante ainda que o envelope se encontrava fechado com fita-cola.
Mas o inesperado aconteceu. Foi solicitado à funcionária informação sobre as ditas penhoras efectuadas ao Sporting e ao fazer essa informação tentou juntar a documentação. Mas tal não foi possível, porque o processo estava na sua mala pessoal, que tinha, naquele dia, deixado em casa. E foi então procurar o envelope com as cópias que tinha deixado na sua secretária. O envelope estava onde o deixou, mas toda a documentação que lá tinha deixado tinha sido substituída por um volume de folhas já impressas e que se destinavam a ser reutilizadas.
Perante este relato dos acontecimentos, a funcionária foi chamada a depor no DIAP, tendo reafirmado os mesmos factos, acrescentando que não se tinha apercebido que os documentos tivessem sido usados. Disse ainda que não tinha como identificar o autor do roubo porque as suas gavetas estavam abertas e trabalhava num espaço aberto com mais 25 pessoas.
O DIAP concluiu que, apesar de poder estar perante um crime de furto, não havia elementos que possibilitassem a identificação do seu autor e arquivou o processo. V.C.
O director-geral dos Impostos, Paulo Macedo, pediu à Judiciária uma investigação sobre o caso dos autos.

VOZES DE BURRO CHEGAM LONGE


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V. hoje encheu o saco, caramba!
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Só me admira é que a estas horas, com tamanha promoção, apenas 10 visitantes se aventuraram a dizer qualquer coisa. É tempo de marés vivas e a rapaziada encolhe-se.
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Há uma coisa que a Interpol já deve estar farta de saber: é que o caro J., não é funcionário das Finanças. Se fossem verdadeiras as dicas que até hoje deu, qualquer cruzamento amador já o teria surpreendido a blogar.

Do post, o que mais gosto é da fotografia do jumento.
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Mas há uma coisa em que discordo de si totalmente: aos funcionários públicos, aliás como aos funcionários privados, não está (ou não deveria estar) concedida autorização para usarem os computadores de serviço em serviço (ou interesse) próprio.
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A utilização de computadores do Estado (ou de quaisquer outros equipamentos) em serviço ou interesse próprio deveria dar lugar a sanção que, observando-se repetição abusiva, deveria ser considerada justa causa de despedimento.
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Recordo-lhe que Miguel Cadilhe foi recriminado publicamente (e bem) por ter utilizado uma viatura da GNR no transporte de mobília. Salvo erro.
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A UMA SEMANA

AS REGRAS DO JOGO

"Insanity is doing the same thing over and over again, expecting different results" - Albert Einstein
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O Casino Global continua animado, entretendo-se agora os gestores dos fundos a desfazerem-se dos títulos, para garantirem a liquidez que lhes permita irem cumprindo compromissos vincendos, e os especuladores a aproveitar os saldos. Nada grave, penso eu, porque um dia destes não há mais lugar para descer. Se as árvores não crescem até aos céus, as raízes não vão até ao centro da terra. Por outro lado, nenhuma empresa vale, realmente, mais ou menos consoante as variações especulativas das cotações das suas acções em bolsa.
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Nouriel Roubini prevenia há dias que o afundamento das bolsas terá de ser sustido por uma ou duas semanas de encerramento global. Não é o primeiro mas ninguém até agora tinha sido tão radical na proposta de suspensão das operações. De qualquer modo, julgo eu, nenhum prazo é suficiente se não for aproveitado para alterar as regras do jogo. O que vale por dizer que, ou a suspensão pressupõe essa alteração ou tudo continuará como agora, uns entram e outros vão embora.
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Outro jogo, joga-se à volta do dólar. Depois de um longo período a cair desalmadamente, a moeda norte-americana arrebitou de forma fulgurante acicatada pela crise. E já há quem tema pela sorte do euro, argumentando que não é moeda para se aguentar em tempos dde crise. Provavelmente, os mesmos que ainda há pouco tempo achavam a política o BCE um erro crasso que, ao menter forte o euro, estava a arruinar a competitividade das economias europeias, com particular incidência nas do Sul da Europa. Também neste caso, está provado, ou se alteram as regras do jogo ou o jogo poderá acabar por arruinar o casino.
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O índice ICE para o dólar acumula uma valorização de 21% desde 15 de Julho passado. Trata-se do maior período de ganhos dos últimos 40 anos, segundo revela a agência Bloomberg, que colocou o “benchmark” a negociar em máximos de dois anos.Na origem desta valorização está, segundo os analistas contactados pela Bloomberg, o reforço da procura por dólares. Investidores, bancos e até empresas estão a utilizar dólares para o pagamento de empréstimos denominados nesta moeda, à medida que a crise do mercado de crédito continua a intensificar-se.É contra a libra inglesa que o ganho é mais significativo, com os futuros do dólar a valorizarem 8% na última semana. Contra o euro, o índice avançou 5,9% no mesmo período.Também hoje a divisa europeia está a transaccionar negativa face à moeda norte-americana. O euro perde 1,40% e negoceia a cotar em 1,2446 dólares, tendo já tocado no valor mais baixo desde Março de 2003 ao transaccionar abaixo dos 1,24 dólares.

Sunday, October 26, 2008

CAIXA DE ESMOLAS

Devo dizer que me irrita um bocado que o dinheiro dos contribuintes tenha ido para a CGD, para esta o meter no BCP a perder dinheiro. Mas isso é uma coisa que ninguém discute. Os contribuintes estão fartos de meter dinheiro na CGD, para ela fazer operações financeiras que ninguém sabe bem o que são, nam par que servem.
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Há aquele empréstimo ao BPN...
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Pois, não sabemos. É claro que podem dizer que o Estado como accionista único da Caixa se serve dela para equilibrar o sistema financeiro. Mas, a ser assim, deveria ser feito através de um fundo e não pela Caixa, que é um banco. Não deixava de ser dinheiro dos contribuintes, mas tinha-se de prestar contas no Parlamento. Não se podem misturar as coisas. Se são operações comerciais, gostava que as explicassem. Se são de natureza política para estabilizar o sistema, deveriam ser explicadas ao país. Noutros países meteram dinheiro nos bancos, mas com condições, aqui andamos a meter dinheiro dos contribuintes nos bancos de uma forma escondida, pouco clara e muitas vezes sem condições.
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Silva Lopes, entrevista ao Expresso de ontem, 25/10.

OOPS


OBRAR

A discussão do OE parece vir a centrar-se à volta das grandes obras públicas e do papel do investimento do Estado na suavização dos efeitos da crise. O governo continua a afirmar o não adiamento das obras emblemáticas com que quer deixar a sua imagem de marca na história (o aeroporto e o TGV); a oposição, nomeadamente a oposição à sua direita, classifica de irresponsável a persistência do governo e contrapõe aos investimentos megalómanos do governo a sustentação do tecido económico com o apoio do Estado às PME.
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É claríssimo que a discussão ficará pela rama porque nem a oposição nem o governo nos explicam como é que as suas propostas são concretizáveis numa conjuntura de depressão, crédito escasso e um elevado endividamento. E não explicam porque, evidentemente, não sabem. O governo, porque sabe que não tem fôlego financeiro para arrancar com o seu ambicioso programa, diz-se decidido, nesta como em outras situações, mas ficar-se-á pelos preâmbulos que satisfarão alguns consultores nestes tempos mais próximos, que podem medir-se em anos. A oposição porque reclama uma medida importante e inadiável, o pagamento das dívidas vencidas a fornecedores, que poderá evitar maiores e irremediáveis rupturas no tecido social, mas que não tem virtualidade bastante, e muito menos em tempos de crise, para relançar muitas actividades económicas há muito tempo já em fase de declínio por falta de competitividade qualitativa.
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A economia portuguesa é, desde há muito, uma economia drogada, excessivamente dependente da construção civil e das obras públicas. Durante muitos anos interiorizou-se, ou fez-se de conta, que a economia poderia sustentar-se, indefenidamente, construindo. Esta panaceia, que agradava a construtores, autarcas, governo central, bancos, etc., não poderia eternizar-se e a crise veio antecipar-lhe o fim. Construiu-se para além do razoável, deslocalizando para a construção recursos que deveriam ter sido aplicados em actividades de reprodutividade sustentável. Coleccionámos casas e rotundas, viadutos e auto estradas, muito para além das necessidades, e sobretudo dos recursos, do país. E continua-se. Entre o nó de Ranholas (Sintra) e a A5 no nó de Alcabideche (Lisboa-Cascais) arrancou há muito pouco tempo um troço de autoestrada (meia dúzia de quilómetros) que compreende em grande parte do seu traçado um conjunto complexo de viadutos que seria escusado se fosse alargada a EN 9 que corre paralela. É só um exemplo entre muitos.
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O problema grave é que, drogada a economia em obras, ninguém sabe como é que se pode proceder à desintoxicação, e muito menos quando a crise ameaça arrombar ainda mais algumas actividades produtivas sustentáveis. Daí o confronto governo-oposição com simulações e não com verdadeiro combate político à crise anunciada.
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Nada que não fosse esperável. A minimização dos estragos passaria por um esforço conjunto em que ninguém parece querer participar: o governo, porque espera que a crise internacional lhe justifique todos os desaires e aposta em nova maioria absoluta; a oposição, porque lhe falta a ousadia consistente de uma liderança capaz de enfrentar a ousadia, muito mais verbal do que concreta, do governo.

MUITO MAIOR QUE O SOL


Explanation: How massive can a normal star be? Estimates made from distance, brightness and standard solar models had given one star in the open cluster Pismis 24 over 200 times the mass of our Sun, making it a record holder. This star is the brightest object located just above the gas front in the above image. Close inspection of images taken recently with the Hubble Space Telescope, however, have shown that Pismis 24-1 derives its brilliant luminosity not from a single star but from three at least. Component stars would still remain near 100 solar masses, making them among the more massive stars currently on record. Toward the bottom of the image, stars are still forming in the associated emission nebula NGC 6357, including several that appear to be breaking out and illuminating a spectacular cocoon.
tocar para ampliar

Saturday, October 25, 2008

HU JIA

Agora que o liberalismo voltou a acreditar que, em caso de emergência, há que puxar o sinal de alarme e encostar-se ao Estado, a história está longe do fim e, para alguns, talvez cada vez mais, é tempo de repescar alguns capítulos subitamente interrompidos há décadas atrás.
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O meu Amigo DV está convicto que, assim como o capitalismo convive ou conviveu com democracias e ditaduras também o socialismo (marxista) * pode realizar-se em meio democrático ou totalitário.
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Há neste desejo do meu Amigo uma intenção plausível: não tendo até hoje o socialismo (marxista) coabitado com a democracia (burguesa, para os marxistas) a possibilidade de isso vir a acontecer redimiria o socialismo (marxista) da mais grave das suas inibições: a liberdade de expressão.
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Ora, contrariamente ao capitalismo, que é uma forma de relacionamento dos indivíduos, enquanto agentes económicos, na sociedade, o socialismo (marxista) situa-se num plano diferente: o da organização política da sociedade, incluindo a organização das relações económicas entre os indivíduos. O capitalismo comanda-se expontaneamente (mão invisível) enquanto o socialismo (marxista) é expressão da mão visível comandada de forma pretensamente científica.
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Está provado empiricamente que nem a mão invisível é suficientemente dotada para manter em equilíbrio permanente o crescimento económico e social em sistema capitalista nem a mão científica capaz de governar com sucesso relativo a multicomplexidade das relações económicas nas sociedades onde foi experimentado. Mas também está provado que a economia de mercado, se instalada em regime totalitário, acabará, mais tarde ou mais cedo, por fazer evoluir o sistema totalitário envolvente para a democracia.
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A questão colocada pelo Amigo DV refere-se à viabilidade da gestão pela mão visível das relações sociais e económicas em ambiente de democrático, onde a liberdade de expressão é um valor pilar. Na minha opinião, não.
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E, não, porque a mão visível, contrariamente à mão invisível, só é actuante se tiver poder discricionário absoluto sobre os meios de produção com abolição da propriedade privada. Ora este poder absoluto é irremediavelmente incompatível com a liberdade de expressão, que o minaria mais tarde ou mais cedo.
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A experiência em vias-de-se-saber-o-que-vai-acontecer na China procura compatibilizar um regime híbrido, invocadamente comunista com largas e crescentes cedências à economia de mercado, em meio politicamente totalitário (democrático na perspectiva dos dirigentes chineses), defendendo alguns teóricos de ciência política que essa possibilidade existe por que se suporta numa idiossincrasia de um povo imbuido durante milénios numa perspectiva confucionista, difícil de ser apercebida pelos ocidentais.
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Pode ser. Mas a atribuição pela União Europeia do prémio Sakharov, a mais alta distinção atribuida pela UE aos defensores dos direitos humanos, ao dissidente Hu Jia , de 35 anos, prova inequivocamente que quando falamos de liberdade, e portanto de democracia, na Europa e na China, falamos de coisas muito diferentes.
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Refiro socialismo (marxista) e excluo o socialismo democrático e a social democracia que têm, para a questão em análise, contornos completamente diferentes.

Friday, October 24, 2008

BLOW UP


IMPARÁVEL?







Obama recuperou de novo a tendência após alguns ganhos de McCain.

Entretanto continuam as dissidências de republicanos: o anterior porta-voz da Casa Branca anunciou o seu apoio ao candidato democrata.

Washington Post, Los Angeles Times, Checago Tribune declararm também o seu apoio a Barak Obama.



NEM TUDO CAI

No meio da queda geral, continua a ascenção do dólar: neste momento está já em 1,257 e continua a subir a uma cadência impressionante. Até onde? Até onde o puxarem aqueles que, subitamente, se voltaram para a moeda norte-americana abandonando outros refúgios, incluindo o ouro. O barril de petróleo já caiu para cerca de 65 dólares.
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Quando se receava pelo colapso do dólar, em consequência do imparável crescimento do défice comercial dos EUA, eis que o apetite dos investidores pelos activos norte-americanos desvalorizados em termos das outras moedas, nomeadamente o euro, recuperou o dólar.
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Não é crível que este vigor no meio da turbulência global se mantenha por muito tempo. Mais tarde ou mais cedo, os rombos que este movimento infligirá na competitividade das exportações dos EUA obrigarão a uma travagem tão brusca quanto o ritmo desta viragem ascencional. Se no pico da sua desvalorização face ao euro (rondou 1,60) o dólar se encontrava subvalorizado, neste momento a situação inverteu-se claramente.
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Entretanto, continua o jogo nos Casinos.
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Bolsas europeias acentuam quedas contagiadas pela Ásia
A Bolsa de Tóquio terminou a sessão de hoje a perder 9,6 por cento e os mercados europeus seguem-lhe o rasto na primeira meia hora de negociação, com a média das quedas a situar-se entre os quatro e os seis por cento. Este comportamento recessivo ignora o ganho de 2,1 por cento da véspera do índice Dow Jones.
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A maior diferença entre estes casinos e os outros é que todos jogam a roleta; não há slot-machines para curiosos e viciados sem grandes recursos. E, já se sabe, a roleta tem os seus truques que não estão ao alcance dos iniciados. No momento próprio, aparecerão os falcões a arrematar os salvados dos depenados.

Thursday, October 23, 2008

OS OFF-SHORES DA CRISE


O ministro de Estado e das Finanças apoiaria uma proposta conjunta para acabar com as off-shores, a nível de toda a União Europeia... (mas) disse «duvidar que decisões unilaterais neste domínio sejam eficazes», ou seja, que se um País tomar uma decisão destas, obtenha qualquer resultado. .
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O Ministro tem razão quando diz que uma decisão unilateral não resolverá a questão: as contas do off-shore extinto voariam no mesmo instante da extinção para outro off-shore. Mas esta é também a primeira razão pela qual os off-shores têm vida prometida enquanto a hipocrisia reinar no mundo em que vivemos.
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Entretanto
, os liberais ortodoxos continuam a glorificar os seus ícones para excitação dos fiéis que lhes frequentam os púlpitos.
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Os paraísos fiscais são o ponto de encontro de contas provenientes do tráfico de droga, de armas, de pessoas, de financiamento do terrorismo e da evasão fiscal, além de outros crimes de elevado gabarito.
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Raymond W. Barker, em "Capitalism´s Achilles Heel" escreve um relatório muito circunstanciado acerca da lavagem de dinheiro e das propostas do autor para a renovação do sistema de mercado livre. Foi editado em 2005 e a visão de Raymond W. Barker acertou em cheio no alvo: três anos depois, o sistema financeiro claudicou com as consequências que ainda não sabemos dimensionar. E é muito óbvio que os paraísos fiscais desempenharam um papel importante no comprometimento do sistema. Enquanto subsistirem, o sistema financeiro estará sempre ameaçado de rupturas provocadas a partir do seu interior. Entretanto, e esse é o mal maior, os paraísos fiscais continuam a dar guarida à escória da humanidade.
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Quem defende que os paraísos fiscais se justificam porque dão abrigo aos ameaçados pelos ditadores vira completamente o bico ao prego: porque são precisamente os ditadores que roubam o seus compatriotas e enviam o produto do saque para os paraísos fiscais.