No concelho onde resido e estou inscrito nos cadernos, há dois candidatos à presidência da câmara municipal, que disputam a vitória, e centenas de outros candidatos em várias listas em lugares como vereadores, membros da assembleia municipal, presidentes e vogais de juntas de freguesia, membros de assembleias de freguesias. É muita gente, mas não reconheço ninguém nas fotos miniatura que enchem os folhetos que as turmas dos dois principais candidatos me colocaram na caixa de correio.
Desses dois candidatos principais, conheço as promessas e ambos prometem sensivelmente o mesmo:
- redução de impostos;
- melhoria de qualidade no trânsito;
- mais saúde;
- mais segurança;
Que mais posso exigir eu?
Segundo sondagem da Universidade Católica, um dos candidatos à presidência da câmara encontra-se à beira de obter a maioria absoluta. Posso contribuir com o meu voto para o reforço ou redução do absolutismo em perspectiva. Mas o que ganho eu com isso, o que ganha o município com ou sem o meu voto, o que ganha a democracia? Tenho de reconhecer que não ganha nada. Se ambos prometem o melhor dos mundos, e não tendo eu motivos para duvidar das suas intenções nem das suas capacidades para cumprir o que prometem, o meu voto num ou noutro, decidido por moeda ao ar, seria menos democrático do que a minha abstenção.
Há um conjunto de várias acções que gostaria de ver incluídas nos pacotes de promessas de um qualquer dos candidatos e que, nesse caso, me levaria a votar. Mas a nenhum deles, nem a nenhum dos outros candidatos, ocorreu propor uma, pelo menos uma, dessas medidas, as mais urgentes e importantes das quais se referem a obstáculos de mobilidade viária, que apontei várias vezes já neste caderno de apontamentos.
Quanto às juntas de freguesia repito o que várias vezes anotei neste caderno de apontamentos: considero errada a política, cada vez mais prosseguida e propagandeada de incremento das suas atribuições executivas. Os custos desta política, que considero demagógica, são exorbitantes relativamente aos resultados.
A Junta de Freguesia onde resido é composta por sete membros, presidente, vogal-substituto, secretário, tesoureiro, três vogais. O quadro de recursos humanos é composto por 25 pessoas, 19 das quais a tempo indeterminado, 2 a tempo determinado, 4 em regime de avença.
Com um orçamento de menos de 1,5 milhões de euros em 2016, o que fez a Junta de Freguesia?
Segundo o relatório, um documento de 167 páginas, emitiu 2583 atestados, cerca de 4 atestados por dia na sede, local com mais actividade que as três delegações, 1,3 licenças de canídeos por dia na delegação mais activa no ramo. Outras actividades: manutenção do cemitério, apoio social a famílias em dificuldade e a outros, i.e., atribuição de uns patacos, além de actividades relacionadas com a feira e o mercado, onde não vislumbro que dimensão possa ter qualquer intervenção da junta.
Reflecti, e já decidi: amanhã não vou votar.