Thursday, September 07, 2017

MAIS UM VEÍCULO MAL PARADO


Soube-se hoje - vd. p.e. aqui que 

"O Governo chegou a acordo com a CGD, o BCP e o Novo Banco para resolver o problema do crédito malparado empresarial que está a contaminar o sistema financeiro. Uma solução que vai envolver a Instituição Financeira de Desenvolvimento, vulgarmente designada de banco de fomento, como uma das fontes financiadoras do mecanismo. A solução encontrada visa melhorar o balanço dos bancos e impedir que empresas em dificuldades, mas viáveis, acabem liquidadas. ... 
Na prática, o veículo terá a figura de um Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) que será criado pelos três bancos e ficará responsável pela recuperação dos activos problemáticos e sua possível comercialização... 
Dos cerca de 30 mil milhões de euros de crédito malparado contabilizado pelo sector bancário, apenas metade está devidamente provisionado, com o restante valor a necessitar de limpeza: 4,5 mil milhões estão no Novo Banco, quatro mil milhões estão na CGD, mais de três mil milhões estão no BCP e cerca de dois mil milhões no Montepio. E deste bolo à volta de 30% resultam de uma exposição a empresas afogadas em dívidas."

Em resumo: salvo uma outra excepção, os bancos portugueses (a designação é imprecisa mas é de uso comum), depois das recapitalizações feitas com ajudas públicas, continuam com os balanços rotos por calotes que não conseguem cobrar, e dos quais apenas cerca de metade se encontra provisionado, isto é, já reconhecido nos resultados.
Como, tal como estão, ficam os bancos mal na fotografia, depois de ter sido posta de parte a hipótese de um veículo chamado banco mau (como se houvesse bancos bons ...) o Governo observou que tinha na cartola um nado-morto e, helás!, sacou dele e transformou-o em veículo para carregar com os calotes dos bancos e fazer aquilo que os bancos não conseguiram fazer.
Nada de novo. Com outros nomes, veículos destes há vários mal parados. 
Desta vez chama-se, vulgarmente, ironicamente, Banco de Fomento...  
Vai haver perdas, enormes perdas.
Quem as suporta?

Pois é. 

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