Friday, January 31, 2025

SE UM LÍDER DE UMA POTÊNCIA COMO OS ESTADOS UNIDOS, A CHINA OU A RÚSSIA QUISESSE FALAR COM A UNIÃO EUROPEIA COM QUEM FALA?

António Costa, presidente do Conselho Europeu, foi anteontem entrevistado pela RTP 1 - ver aqui - e, a  entrevista foi aberta com uma questão sensível e recorrente: 
 
SE UM LÍDER DE UMA POTÊNCIA COMO OS ESTADOS UNIDOS, A CHINA OU A RÚSSIA QUISESSE FALAR COM A UNIÃO EUROPEIA COM QUEM FALA?

Respondeu António Costa : “Nós temos trabalhado muitíssimo bem. A União Europeia tem várias instituições, mas é uma única União Europeia, fala a uma única só voz”, respondeu António Costa. “Temos trabalho muito bem em conjunto. E essa unidade das instituições é fundamental”.
 
A União Europeia (  ) fala a uma só única voz, afirmou Costa.
Mas quem fala? De quem é essa voz?
António Costa é conhecido e reconhecido por ter grande jogo de cintura, uma expressão metafórica pescada na arte pugilista.  
Nem sempre, contudo, essa capacidade para se esquivar a questões e situações difíceis evitam um golpe bem sucedido do adversário.
Foi o que aconteceu anteontem: António Costa esquivou-se com considerandos brandos para não responder à pergunta colocada pelo entrevistador. E a entrevista seguiu em frente. Para trás ficou o que sempre lá esteve, desde a criação da União Europeia: um edifício em contínua construção inacabada. 
 
Poderia António Costa ter dado outra resposta?
Poderia. Mais: não só poderia como deveria. 
Mas essa obrigação de ser claro não se coaduna com a personalidade do entrevistado, sempre à procura de se manter na corda bamba. 
 
Nenhum grupo, nenhuma sociedade, nenhum bando, nenhuma união tem suficiente unidade para perdurar como tal se não tiver quem manobre o volante guiador. A evidência da necessidade desta condição para o sucesso de qualquer grupo, porque é instintiva, observa-se no comportamento de todos os seres da natureza animal.
Sendo tão evidente por que parece tão difícil reconhecê-la numa união de povos com um leque bastante alargado de valores comuns? 
Boa pergunta, diria António Costa se ela lhe fosse colocada, e acrescentaria: Sou presidente do Conselho Europeu, mas se Trump, Xi Jinping ou Putin não foram informados sobre com quem devem falar quando quiserem falar com a União Europeia, a culpa é da União Europeia, não é minha. Percebe?
 

Wednesday, January 29, 2025

HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE RESISTE, HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE DIZ NÃO

"Fed resiste a Trump e prepara-se para manter inalteradas as taxas de juros.
 
O Comité de Política Monetária da Fed deverá manter as Fed Funds no intervalo 4,25% - 4,50%, como é amplamente esperado pelo mercado, apesar das constantes pressões de Trump para cortes imediatos". ECO, aqui.
 
 
No dia 20 deste mês anotei neste caderno de apontamentos, aqui, a propósito da aposta de Trump na promoção das criptomoedas:
 
 "Trump dificilmente aceita que algumas das poucas insituições norte-americanas que ainda escapam aos seus instintos ditatoriais não sejam coartadas ou até extintas. A sua intenção de atribuir aos criptoactivos um papel prioritário na política dos EUA só pode ter uma leitura: reduzir progressivamente a capacidade de intervenção da Federal Reserve". 
 
E citei Ron Paul, destacado mentor do capitalismo libertário, três vezes candidato à presidência dos EUA, autor de "END THE FED" dedicado a  "toda a juventude que deu força à minha campanha presidencial e é o coração do movimento anti-Fed".
Ron Paul foi candidato em 1988 pelo Partido Libertário, em 2008 e 2012  pelo Partido Republicano.

Afirma Ron Paul no seu livro de referência: "A Fed tem hoje poderes ameaçadores que o Congresso mal compreende. Essencialmente, não há supervisão, nem auditoria, nem controle"   
- The Fed today has ominous powers that Congress barely understands. There is essentially no oversight, no audit, and no control".
 
Quem audita, quem controla as criptomoedas?
 
Em artigo publicado no dia 10 no Project Syndicate, é colocada a questão: Can Trump Dump the the Dollar? - Pode Trump desvalorizar o dolar?
Está aberta a guerra entre Trump e a Fed.
Mais uma guerra para Trump.

Tuesday, January 28, 2025

TOMBO TECNOLÓGICO

A continuidade do Aliás depende do seu merecimento, avaliado por comentários, críticas, sugestões, correcções, de quem o lê.
 
Eu não sabia o que estava a acontecer.
Ainda ontem à tarde escrevi comentário neste caderno de apontamentos que as tecnológicas norte-americanas, que exploram as redes sociais, transportando tudo, o bom, o mau e o perigoso, o que nelas gente de todo o mundo despeja e bebe do mesmo esgoto, ameaçam a democracia. Muita gente diz o mesmo.
E sugeria o boicote como forma, ainda que ingénua, de proteger a democracia protegendo a liberdade de expressão limpa.  
 
Esta manhã ouço na rádio que tinha havido um tombo nos valores de dois principais indicadores das cotações das tecnológicas: Nasdaq e Nvidia. 
Em Silicon Valley tocaram as campainhas de alarme (Trump chamou-lhes chamada para acordar) com o aparecimento de um concorrente chinês capaz de dar a volta ao domínio das tecnológicas norte-americanas.

Foram apanhadas de surpresa?
Eu fui.
É compreensível.
Mas elas, como?
 

Trump considera o aplicativo DeepSeek AI da China uma "chamada para despertar" após queda nas ações de tecnologia. 
Os líderes de Silicon Valley e de Washington reconhecem que o aplicativo mostra que a China pode desafiar os EUA. O Nasdaq perdeu 3% e a fabricante de chips Nvidia perdeu US$ 589 bilhões em capitalização de mercado.
 
Acrescente-se que a concorrência chinesa não aparece para salvar a democracia da liberdade de expressão limpa. De modo algum. A sujidade do esgoto poderá aumentar e ser mais intensa e caudalosa. O Tik Tok, é um exemplo dessa tendência.
Mais, aqui.
Ou aqui.
por exemplo ... 
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Correl. - 
Chinesa DeepSeek expõe ainda mais o atraso de uma Europa sem ‘challenger’ à altura na IA  

Monday, January 27, 2025

COERÊNCIA, PRECISA-SE

Ontem, Ricardo Araújo Pereira entrevistou Alexandra Leitão, destacada socialista, que já desempenhou cargos no Governo, e é agora candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa,  e que afirmou apnntar sempre para os seus objectivos e nunca "atirar para canto".

- Mas a senhora deputada, sendo socialista convicta defensora do ensino público como explica terem os seus filhos estudado num colégio privado?
- Já me fizeram muitas vezes essa pergunta. Primeiro, matriculei os meus filhos em escola pública, depois porque ambiciono para eles uma carreira internacional, matriculei num colégio que oferecia essa garantia. 

Alexandra Leitão não procedeu de modo diferente do seguido por muitos outros, em matéria de educação e saúde, também eles acérrimos defensores da escola pública e do SNS. 

A propósito: 
Recebi hoje convite de um amigo, também ele um homem, sem concessões, de esquerda  para me inscrever no Instagram.
 
As redes, ditas sociais, podem e já estão a ser um instrumento de dissolução da democracia.
Elon Musk apoia declaradamente os mal disfarçados herdeiros dos nazis alemães. 
E todos os regimes autocráticos,
Os canais de Zuckerberg são esgotos por onde passam algumas águas limpas misturadas com muitas sujidades. 
Uso WhatsApp num círculo familiar.
A liberdade de expressão deixa de o ser se consentir a mentira. 
A democracia também se defende boicotando os multi bilionários que usam os seus canais para conspurcar a liberdade limpa.

Correlacionado:
 

Saturday, January 25, 2025

A BESTA QUADRADA

A designação que é título deste apontamento ouvi-a há dias a um contador de histórias da música na Antena 1. O contador não se aventura no seu programa por carreiros políticos mas naquele dia a sua aversão ao personagem do dia veio ao de cima.
A mim também. 
Tanto que recordei aqui a sugestão obtida através da IA para a caracterização do indivíduo.

R -  Without a doubt, you are the beast!
T -  Yes! Just an incredible beast. The biggest and best beast that’s ever existed! A lot of people tell me I am the greatest beast of all time! They do! In fact, I can do no wrong! Just an incredible and historic beast. The likes of which the world has never seen!
 R - You are the best beast! 
 T -  Yes I am! There has never been a beast like me! The biggest and best beast in all of history! All the experts will tell you this!
 
Trump, o grande negociador, segundo dizem, pela Gronelândia, o Canadá e o Panamá, confirmará o que já prometeu a Putin: a Ucrânia, para começar, e mãos livres para avançar;
a Xi Jinping a liberdade absoluta nos mares da China e arredores.
Depois, logo verão.
 
Para já, a Primeira-Ministra Dinamarquesa, rejeita a proposta do magnata; mas, pensa Trump, tudo tem um preço e dinheiro não lhe falta.

 

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Mette Frederiksen disse ao Presidente dos EUA que o território autónomo da Dinamarca "não está à venda". Trump respondeu "de forma agressiva e confrontante" e ameaçou com taxas específicas. 
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve uma “conversa acalorada” com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, devido à sua decisão de comprar a Gronelândia, avança o Financial Times.
De acordo com o jornal britânico, cinco altos funcionários europeus afirmaram que a conversa telefónica de 45 minutos entre Trump e Frederiksen, na semana passada, “correu muito mal”.
O líder norte-americano respondeu “de forma agressiva e confrontante” aos comentários da primeira-ministra dinamarquesa, depois de esta ter sublinhado que a ilha, uma parte autónoma da Dinamarca, “não está à venda”.
 “Ele (Trump) foi muito firme. Foi um duche frio. Era difícil levá-lo a sério antes, mas agora penso que é sério e potencialmente muito perigoso“, disse um dos funcionários europeus ao FT.
Outro ex-funcionário dinamarquês, também informado sobre a chamada, disse ao FT que Trump ameaçou tomar “medidas específicas contra a Dinamarca, como tarifas específicas”.
Em resposta a estes relatos, o gabinete de Frederiksen disse que “não reconhece a interpretação da conversa dada por fontes anónimas”.
 “Na conversa, a primeira-ministra referiu-se às declarações do presidente regional Múte B. Egede de que a Gronelândia não está à venda e afirmou que é a própria Gronelândia que decide sobre a sua independência”, afirmou o governo dinamarquês num comunicado de 15 de janeiro, a data em que teve lugar a conversa entre os líderes.
Mute B. Egede afirmou estar aberto a negociar com os Estados Unidos e disse ter “iniciado um diálogo e começado a explorar possibilidades de cooperação com Trump”, mas sublinhou que a ilha “não está à venda”.
Na terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês avisou que nenhum país pode servir-se da Gronelândia.
 “Não podemos ter uma ordem mundial em que os países, se forem suficientemente grandes, (…) podem servir-se uns dos outros como quiserem”, declarou Lars Lokke Rasmussen aos jornalistas no dia seguinte à tomada de posse de Donald Trump em Washington.
Antes da sua chegada à Casa Branca, Trump afirmou que não excluiria o recurso à força militar ou a sanções económicas para se apoderar da Gronelândia.
 Os EUA têm uma base no norte da ilha ao abrigo de um acordo de defesa alargado com a Dinamarca, assinado há sete décadas, que inclui a possibilidade de uma maior presença militar americana.
A ilha, com dois milhões de quilómetros quadrados (80% cobertos de gelo) e uma população de apenas 56 mil habitantes, tem um novo estatuto desde 2009 que reconhece o seu direito à autodeterminação.
A maioria dos partidos e a população defendem a separação da Dinamarca, mas metade do orçamento da ilha depende da ajuda anual de Copenhaga e as tentativas de obter receitas das suas riquezas minerais e petrolíferas falharam até agora devido às dificuldades e ao elevado custo da extração."