Thursday, August 31, 2017

MAIS DÍVIDA E BOLAS FORA

O Prof. Cavaco Silva foi a Castelo de Vide dar aula na "universidade de verão" do PSD.
Sobre a intervenção do anterior PR publicou ontem o DN online, aqui, uma reportagem que, a avaliar pelo título - Cavaco arrasa Governo e faz críticas veladas a Marcelo -, destaca as afirmações mais contundentes do professor.

E o que disse CS de tão arrasante?
Além do mais, que são trocos quando as questões fundamentais para a opinião pública são outras, destacou "que a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia" para convocar Alexis Tsipras a testemunhar que "depois de uma certa bazófia inicial, correu com Varoufakis [o seu primeiro ministro das Finanças], pôs a ideologia na gaveta e aceitou negociar um terceiro resgate ainda mais duro". Conversa requentada.

Era preciso invocar a subjugação à troica para realçar a inevitabilidade de políticas de contenção da despesa pública? Não era.
O ex-PR poderia abordar essa inevitabilidade salientado a progressão até agora indomável da dívida. 
E a ameaça que esse monstro representa se as tendências dos mercados financeiros, por natureza instáveis, um dia destes se invertem, e os juros se tornam insustentáveis mesmo se a economia se espevita. 

Os indicadores económicos mais recentes divulgados pelo INE* são animadores, o Negócios online titula um artigo sobre o tema - O INE reviu em alta o crescimento económico do segundo trimestre do ano para 2,9%, o valor mais elevado em quase 17 anos. - que deve empolgar o Governo mas que não é indicativo de que os problemas estão resolvidos e a crise financeira ultrapassada. Bem longe disso, Portugal ainda não recuperou os níveis do PIB observados antes da crise de 2008. 

O ex-PR poderia ter voltado ao palco político como professor mas deu-lhe a veneta para o discurso partidário. 
31 de agosto de 2017
A taxa de desemprego de junho foi de 9,1% - Julho de 2017
30 de agosto de 2017
Índice de Produção Industrial acelerou - Julho de 2017
30 de agosto de 2017

Tuesday, August 29, 2017

BOMBEIRAL MISERABILISMO

O Público de hoje destaca na primeira página a indignação dos bombeiros pela escassez e falta de qualidade dos alimentos, pelos atrasos na sua distribuição. As queixas dos bombeiros duram há dois meses e só ontem o MAI deu ordem para abertura de inquérito- cf.  aqui
Juiz em causa própria, observa, e com razão, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, afirmando, vd. aqui não reconhecer isenção à Autoridade Nacional de Protecção Civil.  
A ANPC está, notoriamente, desprestigiada.
O artigo do Público é transcrito, sem comentários no "Vida de Bombeiro".
Há um ano, o Observador descrevia "Como é que é ser bombeiro em Portugal"

Só não entende quem não quer entender: o combate a incêndios florestais será cada vez mais uma guerra antecipadamente perdida se continuar a depender fundamentalmente do voluntariado bombeiro. 

Do João M. A. Soares,  engenheiro sivicultor com uma longa carreira em gestão florestal, publicou o Público, na sua edição de 25 deste mês, um artigo que transcrevo a seguir, que deveria merecer a maior atenção daqueles que, no Governo e na Oposição, podem e devem enfrentar os bloqueios que até agora têm  determinado a inércia que, por interesse, ignorância ou conivência, tem feito crer que continuando a utilizar os mesmos meios e os mesmos processos se poderão obter resultados diferentes. 

Às propostas do engenheiro João M.A. Soares apenas juntaria uma - aquela que envolveria as forças armadas no esforço de ganhar uma guerra que todos os anos fustiga o país, progressivamente desertificado. Sobre este tema anotei aqui: é para mim inexplicável a ausência das forças armadas no combate aos fogos florestais.

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A prevenção nos fogos florestais - João M. A. Soares

Na sequência da trágica ocorrência do fogo de Pedrógão Grande e após a imprensa ter cumprido o seu dever de procurar não deixar esquecer este assunto, tornou-se difícil aos “responsáveis” fazer como de costume: esperar que as primeiras chuvas de Outono atirem o assunto para o esquecimento até à Primavera seguinte. Nessa altura apresentar-se-ia, mediaticamente, o “dispositivo de combate” e o Governo (como todos eles) afirmaria que “o país está preparado”. A partir daí… seria esperar que o S. Pedro ajudasse…
Parece que, finalmente, e à custa de mais umas dezenas de vítimas mortais, há condições para exigir mais e diferente.

Mais:
 i) Colocar verbas (não cativáveis) no Orçamento de Estado de 2018 de forma a iniciar-se uma corajosa caminhada que conduza à profissionalização dos bombeiros/sapadores florestais
ii) Avançar sem hesitações para estímulos fiscais que conduzam (e premeiem) a gestão florestal agrupada, com escala física e tecnicamente enquadrada;
iii) Usar prioritariamente os dinheiros comunitários elegíveis para a prevenção dos fogos florestais (e afins) em colaboração íntima com as Associações de Produtores Florestais (APF’s), deixando de dar prioridade às autarquias e aos quartéis dos bombeiros;
 iv) Introduzir na utilização dessas verbas ratios que coloquem finalmente a prevenção à frente do combate.

Diferente
i) Retirar o poder autárquico da elaboração dos processos de contra-ordenação das coimas por práticas perigosas no período estival (queimadas, foguetes e semelhantes) e dar publicidade local às autuações feitas pelas diferentes autoridades (GNR e outras);
ii) Impedir o licenciamento de novas construções em zonas florestadas ou exigir, no acto e por contrato, a garantia da instalação e manutenção de faixas (já hoje previstas) sem arvoredo; 
iii) Estabelecer uma Rede Nacional de Postos de Vigia, operados pelas autarquias; 
iv) Activar a vigilância aérea permanente e aleatória dos territórios de risco (e dos outros) a partir de pequenos helicópteros - tripulados por um piloto e um elemento da GNR - capazes de aterrar no local e de passar a respectiva coima; 
v) Oferecer fortes estímulos mecenáticos às empresas que patrocinem/financiem este novo tipo de vigilância; 
vi) Criar nos momentos e locais adequados, “períodos temporais de paisagem sem fogo” cuja transgressão seja draconianamente punida em processos sumários; 
vii) Treinar de forma profissional os Sapadores Florestais, os membros dos GIPS (Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro) da GNR e o que resta da Guarda Florestal para fazerem uso de contrafogos (e para utilizarem o fogo controlado fora da época estival); 
 vi) Dotar os técnicos das APF’s de autoridade policial (como sempre se fez com os guardas de caça auxiliares e hoje já está atribuída aos funcionários da EMEL) capacitando-os para intervir e multar em casos de incúria ou de práticas ilegais relacionadas com o uso e risco de fogo; 
viii) Criar um ranking anual dos Comandantes Operacionais, de forma a valorizar a sua eficácia e o seu saber;
ix) Regressar à recolha e divulgação de estatísticas sobre fogos rurais que distingam clara e inequivocamente as áreas ardidas de povoamentos florestais (por espécies) das áreas ardidas de matos e incultos.

Tendo listado um conjunto de práticas com efeitos de longo prazo e outras de efeito mais imediato, não deixo de defender que em todas elas deveria sobressair o objectivo comum de gerar “vergonha social” a quem provoca, colabora ou não denuncia comportamentos ilegais e socialmente inadmissíveis em matéria do uso do fogo.

A publicitação local do nome dos prevaricadores e um mecanismo dissuasor da reincidência seriam medidas adicionais que sociólogos, partidos políticos e autoridades deveriam poder acordar entre si e de onde a televisão pública não poderia continuar a estar ausente.
Eu sei que muitas das linhas e acções aqui brevemente esboçadas são incómodas e politicamente incorrectas…mas também sei que nisto (e noutras coisas…) estamos a ficar fartos do politicamente correcto e da ideia de que não se pode tocar na malga dos que já hoje comem à mesa do Orçamento do Estado…

Nota: Fui director-geral das Florestas no ano de 1988 (ano em que menos ardeu floresta em Portugal nos últimos 40 anos… porque foi o ano com o Verão mais chuvoso de que há registo nesse período!!!)

Sunday, August 27, 2017

DESTA VEZ NA AMÉRICA


CHUVA DE DIAMANTES


Os astrofísicos já tinham concluído há algum tempo que chove em Urano e Neptuno e que a chuva é de diamantes.
O fenómeno, para nós terrestres, parece bizarro mas, pensando bem, não será tão bizarro quanto isso. 
Neste planeta que habitamos, quando se reunem condições climatéricas favoráveis, das nuvens nem sempre cai chuva, pode cair, além do mais, neve, geada, ... pedras de granizo.

Pensavam os astrofísicos que as extremas altas pressões observadas em Urano e Neptuno comprimiriam os átomos de carbono que formam as atmosferas daqueles planetas provocando a formação e queda de diamantes.  
Faltava aos astrofísicos provar as suas conclusões teóricas.

Não sendo, para já, realizável expedições a planetas longínquos que tragam de volta à Terra uns compensadores carregamentos de diamantes, cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha recriaram em laboratório as condições observadas naqueles planetas e conseguiram obter, para já, pequeníssimos diamantes. Em Urano e Neptuno os diamantes terão, calculam os astrofísicos, milhões de quilates. 
Os resultados da investigação foram publicados na segunda-feira, 21, na  Nature Astronomy.
Note-se que diamantes sintéticos já são produzidos, usados e utilizados há muito tempo.
Estes, agora conseguidos, serão sintéticos mas indistinguíveis daqueles que os muitos milhões de anos produziram na Terra. 

Terão, dizem os especialistas, aplicações em instrumentos de alta precisão médica e na electrónica.
Cairão os preços dos diamantes e a fama de que são eternos. 

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cf . - The Telegraph




Saturday, August 26, 2017

O CALCANHAR DE CENTENO

É a Dívida Pública.

Segundo, aqui,
"O responsável pelas Finanças anunciou (ontem) que "a dívida pública em 2017 reduzirá o seu peso no PIB de 130,3% para 127,7%", objectivo que representa uma revisão em baixa de duas décimas comparativamente com os 127,9% estimados pelo Executivo no PE."

Hoje, em artigo mesmo jornal publicado aqui, a partir dos dados do Banco de Portugal, referentes a Junho, divulgados aqui esta semana, visualizam-se os andamentos mais recentes das dívidas das famílias e das empresas, em baixa, e da dívida pública outra vez a subir. 








Conseguirá Centeno descalçar este par-de-botas e aliviar-nos o calcanhar?
Acredite quem quiser.
Ou sinta obrigação disso. 

Friday, August 25, 2017

SIRESP : PARÓDIA OU INTRIGA?


Pelo Público online de hoje ficou a saber-se que

"durante a manhã desta sexta-feira, e pelo menos durante cerca de duas horas, a rede de emergência nacional esteve em baixo nos distritos de Vila Real e Bragança, uma situação que afectou 53 estações do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). Desta vez não foram os incêndios, mas tudo por causa de um duplo incidente que envolveu uma grua e tiros de caçadeira. Eventos "não coincidentes", diz a PT em comunicado, mas como aconteceram no mesmo local, estão agora a ser investigados pela Polícia Judiciária ..."

Parece paródia, mas não deve ser porque o assunto SIRESP, se não é sério, tem tido gravíssimas consequências. 
Se não é paródia, é intrigante.

Repare-se na viatura que transporta a unidade móvel (presumo que é real e não foto de arquivo) : não se lhe descortinam mossas por lhe ter caído a grua em cima nem sinais de ter sido alvejada com caçadeira. Segundo a notícia, a intervenção da Polícia Judicária decorre do facto de os dois incidentes, constituindo um duplo incidente, envolvendo dois eventos não coincidentes terem acontecido no mesmo local. Se tivessem ocorrido em locais diferentes a PJ não seria chamada?

Se os incidentes não são coincidentes mas aconteceram no mesmo local, não havendo notícia de estragos materiais nem danos pessoais ou corporais, que incidentes não coincidentes ocorridos no mesmo local, protagonizados por uma grua e uma caçadeira podem ter afectado esta manhã, pelo menos durante duas horas, a rede de emergência nacional nos distritos de Vila Rela e Bragança, afectando 53 estações do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal?

Só há uma explicação possível: caiu por perto uma grua, um vizinho assustou-se e sacou da caçadeira, a unidade móvel estava ali perto, e tremeu como só uma unidade móvel do SIRESP pode tremer quando ouve falar em fogo. 

Obs. - Conclusão sujeita a revisão consoante novas informações que receber.


Thursday, August 24, 2017

AI WEIWEI


Ai Weiwei volta ao Hirshhorn.
Desta vez para denunciar o totalitarismo que aprisiona a liberdade de expressão
Antes, esta exposição tinha sido apresentada nos EUA, entre Setembro de 2014 e Abril de 2015, vd. aqui, no presídio de Alcatraz.

 

Independependente do mérito artístico de Ai Weiwei, que é grande, a perseguição política a que tem estado sujeito pelo poder instalado em Beijing tem contribuido para projectar o seu trabalho e a seu activismo pela liberdade em todo o mundo, sobretudo nos EUA. 

Pela arte também se confrontam os impérios. 


TRUMP E OS MILITARES


Trump continua a tuitar contra tudo e contra todos. No princípio desta semana ameaçou suspender as actividades governativas porque do Congresso não lhe chega autorização para as despesas com a construção do muro na fronteira com o México.
No Washington Post de ontem afirmava-se aqui que "Os líderes militares estão a ganhar influência junto de membros do poder executivo. Alguns vêem nos generais uma força estabilizadora na Casa Branca, outros temem a intromissão nas responsabilidades das autoridades civis".

"É a primeira vez na época moderna que um reduzido número de gente fardada exerce tamanha influência junto do chefe do executivo", segundo um antigo director da CIA que trabalhou para seis administrações.

"High-ranking military officials have become an increasingly ubiquitous presence in American political life during Donald Trump’s presidency, repeatedly winning arguments inside the West Wing, publicly contradicting the president and even balking at implementing one of his most controversial policies.
Connected by their faith in order and global norms, these military leaders are rapidly consolidating power throughout the executive branch as they counsel a volatile president. Some establishment figures in both political parties view them as safeguards for the nation in a time of turbulence."

Como numa república das banananas.
Sem bananas, se não se importam.


Wednesday, August 23, 2017

V E R G O N H A !


Quando, em vários apontamentos colocados neste bloco de notas, questionei a, para mim inexplicável, ausência dos militares portugueses no combate aos fogos florestais, estava longe de ter conhecimento da presença em Portugal, há dois meses, de militares espanhóis. 
É, portanto, para mim surpreendente só agora saber-se, através do Público online - aqui -, que há

"Centenas de militares e veículos espanhóis no combate aos fogos em Portugal
Membros de unidade das Forças Armadas operam há dois meses no nosso país. Meios aéreos do país vizinho já fizeram 525 horas de voo e 1814 descargas de água. Neste momento existem 20 aeronaves espanholas em Portugal."

Eu não sabia da presença de militares espanhóis no combate aos fogos florestais em Portugal mas, pelo que facilmente se deduz das notícias saídas há dias - vd. aqui, cit. aqui, os militares portugueses também não sabiam, foram surpreendidos com a presença de militares espanhóis em Pedrógão Grande e o ministro da Defesa não esclareceu a situação.

Que haja militares espanhóis a fazer em Portugal aquilo que os militares portugueses deveriam fazer não tem outro nome mais brando: É uma vergonha!

Que os militares portugueses não soubessem dessa presença e o ministro da Defesa não tenha prestado esclarecimentos aos meios de comunicação social (pelos vistos também eles desastradamente distraídos) é inconcebível. 

Que os deputados da Comissão Parlamentar de Defesa tenham manifestado ao Expresso estranheza "pela presença de veículos militares espanhóis em Pedrógão Grande, em Junho, e levantaram dúvidas sobre a sua legitimidade, tendo dito ainda que foi evidente a surpresa e desagrado de elementos militares portugueses ao depararem-se com a presença espanhola" só pode ser enredo de tragicomédia.

No mínimo, se os comandos militares são, ao que parece, inamovíveis, pelo menos o ministro da Defesa deveria demitir-se. 
Por que não?



OTHELLO


Direcção excelente.
Excelente desempenho dos actores.
Cenário minimalista.
Um espectáculo inesquecível.

Quando a erupção do racismo precipita convulsões sociais nos EUA, que o presidente não tenta apagar mas, pelo contrário, inflama, Othello é um rebate em verão escaldante.

GÉNIO OU LIXO?




UK
(entre 3000 e 2000 AC)









Carhenge (1987)
(Nebraska - USA)





Anteontem, a propósito do eclipse solar, total numa faixa que atravessava os EUA , o Washington Post recordou aqui Carhenge, uma réplica de Stonehenge, imaginada em 1987 feita com carroçarias de automóveis.
Objecto de admiração e chacota, Carhenge tornou-se uma atracção turística imperdível. 
Para quem goste.

Sunday, August 20, 2017

PORQUÊ?

"Aviões conseguem detetar calor. São normalmente usados para localizar imigrantes ilegais ou tráfico de droga.
Os aviões da Força Aérea que reforçam os meios previstos pela calamidade pública decretada até segunda-feira estão equipados com câmaras que detetam calor e são usados em patrulhamentos de combate à imigração ilegal ou tráfico de droga.
"Conseguimos detetar movimentos humanos e de animais à noite, até silhuetas, e pequenos reacendimentos", explicou ao primeiro-ministro, António Costa, o tenente Marco Silva, a bordo de um C295 que costuma estar ao serviço da Frontex, a Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas..." - aqui



É preciso que o país seja declarado em situação de calamidade pública para que a Força Aérea intervenha no apoio ao combate aos fogos florestais? Porquê?
Porquê só a Força Aérea? E porquê só no apoio e não no combate activo?
A partir de amanhã, segunda-feira, acaba a situação de calamidade pública? Acabam-se os incêndios florestais? Porquê?
E os outros ramos das Forças Armadas, nomeadamente o Exército, não intervêm porquê? Aguardam que os militares espanhóis voltem a oferecer o auxílio que os militares portugueses não dão? Porquê?


Hoje, 20/08 , pouco antes das 13,00 horas, " Caiu em Castro Daire helicóptero de combate a incêndios". O piloto terá morrido.
Esta guerra é excessivamente perigosa para a tropa.

Saturday, August 19, 2017

AFINAL O INIMIGO EXTERNO EXISTE E É ESPANHOL

Há dias dizia aquinão imagino quem possa ser mas partamos do princípio que o território nacional pode ser invadido por um inimigo externo ... " 
Menos de duas semanas depois ficámos a saber - vd. aqui -, que forças militares espanholas entraram em território nacional sem que os militares portugueses tenham dado por isso:

"um grupo de militares e várias viaturas do Exército espanhol entraram em Portugal na zona de Pedrógão Grande logo após os grandes incêndios que atingiram aquele concelho em Junho" ... "os responsáveis militares portugueses foram surpreendidos pela presença de tropas espanholas em território nacional. 
O Ministério da Defesa não esclarece a situação"

A notícia publicada no Expresso de hoje insere duas fotos do equipamento introduzido pelas forças invasoras. 



Que a tropa não tenha dado pelo assalto aos paióis de Tancos é gravíssimo.
Que a tropa espanhola entre em Portugal e a tropa portuguesa não compareça, o que é?

Friday, August 18, 2017

PARA ACABAR DE VEZ COM OS INCENDIÁRIOS FLORESTAIS




António, 

Se bem me recordo já expressei anteriormente, aqui no 4R, a minha concordância com a centralização da informação sobre a situação dos incêndios florestais. 

Aos bombeiros compete combater o fogo, aos comandantes respectivos coordenar os meios envolvidos nos combates. Percebo que os comandantes dos bombeiros gostem de aparecer à frente das câmaras. É um desejo natural mas não deve distrai-los daquilo que se espera deles.

Dizendo isto, não pretendo desresponsabilizar a lamentável incompetência revelada pela Autoridade Nacional de Protecção Civil na coordenação e utilização dos meios sob o seu comando. 

Não é, contudo, na informação pública da situação no terreno que a ANPC falha. A realidade é demasiadamente atroz para poder ser sonegada.

Aliás, defendo que as responsabilidades de combate a incêndios florestais deve competir às forças armadas. O ataque a um inimigo cada vez mais perigoso e persistente só pode ser eficiente - independentemente de acções 

de reestruturação da titularidade propriedade rural com efeitos só possíveis a médio e longo prazo -, se for atribuído a profissionais dedicados todo o ano ao combate. 

Percebe-se que a Força Aérea não seja chamada a actuar e se continua e pagar a empresas privadas o combate com maior aéreos? Não se compreende. Estes, e não só estes, digam o que disserem, são objectivamente interessados nos fogos.

Percebe-se que os 35 mil efectivos das forças armadas não sejam chamados a participar no terreno em acções de vigilância permanente durante os meses críticos, aqueles em que, como no dia de hoje, a maior parte do território está sob ameaça de risco elevado ou muito elevado. Não se percebe.

E, já agora, não querendo alongar muito este comentário, que medidas devem ser tomadas para reduzir o número de incendiários à solta?

Tens alguma ideia?

Há dias fiz esta pergunta a pessoa, ainda jovem, meu conhecido. Disse-me que a resposta seria politicamente incorrecta e juridicamente inaplicável: cortava as mãos aos incendiários.

Pensei na resposta e procurei recuperá-la de forma politicamente correcta e juricamente aplicável: manietar-lhe com algemas as mãos atrás das costas e pulseira electrónica para obrigar os criminosos deste tipo a não se ausentarem do seu domicílio. Quem os alimentaria? A família ou, na falta desta, quem tivesse piedade dos criminosos. 

Não é grande ideia? Talvez. Tens melhor?

Thursday, August 17, 2017

FALTA VÍDEOVIGILÂNCIA NO PAIOL DO BANCO DE PORTUGAL


Noticia hoje o Jornal de Negócios que o governador do Banco de Portugal demitiu o director do Departamento de Mercados e Gestão de Reservas, após ter sido surpreendido por revelação decorrente de investigação do Ministério Público de venda de acções do BES, dois dias antes da resolução deste banco, feita por funcionário subordinado do director agora demitido, que teve conhecimento do eventual crime de utilização de informação privilegiada e não o reportou superiormente

Durante o recente processo de nomeação de novos administradores do BP, o governador propôs para o cargo várias vezes, sem sucesso, o nome do director agora demitido. Não tendo conseguido promovê-lo, o governador manteve-o no cargo de director.
Agora, obrigado pelas circunstâncias a demiti-lo, colocou-o na prateleira dos consultores. 
Entretanto, o funcionário oportunista foi transferido para outra área enquanto se aguardam conclusões definitivas das averiguações em curso.  





ATÉ ONDE IRÁ A GUERRA DAS ESTÁTUAS?




Ninguém sabe.

O que se sabe é que, neste ambiente de erupção violenta da extrema-direita norte-americana, o ultra-nacionalimo favorece internamente Trump na guerra de ameaças  com o ditador norte-coreano.  O que se sabe é que ambos precisam de um inimigo externo para se sustentar no poder. Deste modo, a guerra das estátuas surge num momento de reacção contra a obtusidade do presidente norte-americano mas pode acabar por favorecê-lo.
Se a fanfarronice de Kim Jong-un eventualmente descambar num ataque nuclear aos EUA quem é que se atreverá a impedir Trump de desencadear uma retaliação de "fogo e fúria nunca antes vista"?

"Com doidos, ninguém se meta", recomenda a filosofia popular. O busílis está em como evitá-los.




Monday, August 14, 2017

TURISMOFOBIA?

(clicar para ampliar)


Banhistas na praia de Barceloneta (Barcelona) ontem, domingo 13 de Agosto

"Quantos turistas cabem em Espanha?" - pergunta no El País de hoje a propósito das medidas restritivas à entrada desmedida de turistas em Barcelona. 

E em Portugal? Alguém já fez as contas?
Boom do imobiliário e turismo aumenta a receita fiscal em 80 milhões só em IMT
Quando o investimento produtivo regride e a especulação expande a procura de imobiliário, a trajectória  da economia é sinistra. 

"O que é demais passa a excesso"
"O que é demais é moléstia"
"O que é demais é erro"
Filosofia Popular


Sunday, August 13, 2017

TUDO NA MESMA, DEPOIS DE PEDROGÃO GRANDE

D. sabia que nós íamos a caminho da A8 e telefonou-nos a avisar que tinha lido na internet que aquela auto estrada estava cortada na zona de Torres Vedras.
Nesse momento ainda estávamos na A17, a uns vinte quilómetro antes da possibilidade de desvio para a A1, em Leiria.

Tentámos contactar o 112 para para confirmar se o corte da A8 ainda se mantinha e se não iríamos encontrar situação semelhante na A1, para onde nos iríamos desviar se a A8 continuasse cortada.
Não obtivemos resposta porque a chamada, passados largos minutos, caiu. 
Voltámos a ligar, e só então, fomos atendidos. Do outro lado da linha responderam-nos que no 112 não têm informações sobre cortes de estradas por causa de incêndios florestais e que devia ligar para a GNR, para o número 1820 (chamada de valor acrescentado ...).

Ligámos para o 1820, foi-nos confirmado, após alguma espera, o corte na A8 e dito que não havia notícias de corte na A1 a partir de Leiria. Agradecemos e sugerimos que informassem os meios de comunicação social, nomeadamente a Antena 1 da RTP, para conhecimento útil dos que circulavam aquela hora, uma vez que vínhamos a ouvir aquela rádio para saber notícias, pelo menos durante os noticiários, e nada havia sido referido a propósito do corte na A8 em Torres Vedras no noticiário das 18. Também nos quadros avisadores não havia qualquer informação útil, indicavam inutilmente apenas a hora naquele momento na A17. 

Em conclusão: os meios de comunicação social, nomeadamente de rádio e televisão, que sugam até ao tutano as imagens dos fogos florestais em transmissões repetidas ad nauseam, ignoram e não informam os que circulam pelas estradas do país acerca dos perigos resultantes de incêndios florestais que os aguardam mais à frente. 
O 112 limita-se a informar que não tem informação e remete-nos para a GNR;
Da RTP não há informação oportuna;
A GNR informa mas o utente paga a chamada de valor acrescentado;

Isto quando o país continua a ser violentamente assaltado por uma vaga de incêndios de dimensões nunca antes atingidas, mês e meio depois da tragédia de Pedrogão Grande. 

E os militares? O que fazem 35 mil militares perante este inimigo que semeia o pânico de norte a sul e chegou mais uma vez à  Madeira?
E a Justiça? Que eficácia tem a justiça na dissuasão dos criminosos?
E a senhora ministra da Administração Interna porque espera para retirar consequências políticas desta tragédia de que também é culpada? Porque ela mesma reconheceu já ter havido "descoordenação no posto de comando da Autoridade Nacional de Protecção Civil no teatro de operações em especial com outros agentes de protecção civil". 
Houve, e continua a haver, senhora Ministra.

Thursday, August 10, 2017

APOCALIPSE NOW


c/p WP

Há 72 anos, a 6 e 9 de Agosto de 1945, Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas nucleares demonstrando que a capacidade de aniquilação total da espécie humana passava  estar ao alcance de qualquer tresloucado que as circunstâncias colocassem em lugar decisivo para desencadear uma guerra nuclear global. 
Desde então, o mundo viveu sob o signo do equilíbrio do terror. 
Nada garante, contudo, que um dia destes, num futuro mais ou menos próximo ou mais ou menos longínquo, o terror desequilibre e à espécie humana esteja reservado o destino dos dinossauros. 
Sem curiosos inteligentes que olhem em museus os traços dos seus ossos.   

    HABILILEGALIDADES A VER SE PEGAM

    - Recebeste ontem ou anteontem uma mensagem da MEO?
    - Talvez.
    - E já respondeste?
    - Não. Tinha de responder?
    - Tens de responder. Se não a partir de Setembro passam a cobrar-te mais 3,98 euros por mês por um serviço que nem solicitaste nem queres usar!
    - Como assim?
    - É como te digo. Já telefonei e confirmei: se não telefonares a recusar, passas a pagar o que nem pediste nem consomes. É uma habilidade. Para estes e outros fornecedores com milhões de clientes, estas habilidades garantem-lhes receitas de muitos milhões.
    - Mas são habilidades ilegais!
    - Pois são. Mas quem é que se vai dar ao trabalho de contestar? Por esta  e por outras é que também se enchem os tribunais de processos de cobrança de dívidas aos ilegais habilidosos.


    "A sua preferência merece ser premiada! Por isso atribuímos 2GB adicionais de internet GRATIS ao seu telemóvel, para usar até 31-08. Apos esta data, pode manter os 2GB extra com desconto garantido de 60p/cento (apenas 3,98 Eur/mes por todos os cartoes do seu pacote MEO) durante 24 meses. Aproveite esta oferta sem fidelização e exclusiva para actuais clientes. Se preferir não beneficiar destas vantagens, ligue gratis 800200023. Obrigado!"

    ---

    Act. Acabo de receber mensagem do Público sobre este assunto: 

    Deco denuncia ao regulador campanha da Meo que considera ilegal. Meo oferece Internet aos clientes em Agosto, mas obriga a pagar após essa data se não rescindirem. aqui

    Wednesday, August 09, 2017

    O CUSTO DO ISCO

    Há cerca de quinze anos, o BES remunerava os depósitos a prazo com taxas rondando os 5% quando a generalidade do sistema financeiro - o BPN foi excepção crónica - não ia além dos 2, pouco por cento. 

    Era um sinal de alarme. (Muitos, entre os quais me encontro, desconfiaram da fartura e não filaram o engodo. Outros aproveitaram, "os bancos não vão à falência", e disseram-se lesados quando o isco lhes estourou na boca exigindo aos contribuintes o pagamento do preço do estoiro). 

    Dez anos mais tarde, e depois de muito foguetório de resultados, o segundo maior banco privado português claudicou. O sr. Ricardo Salgado estampou-se, embalado pelas suas ambições pessoais e pelas exigências da família que é numerosa e mal habituada, fugiu em frente protegido por vários comparsas coniventes, atropelando as mais elementares regras do negócio. Foi, muito tardiamente, surpreendido pelo supervisor em flagrante delito, mas este, em vez de lhe bloquear imediatamente as golpadas ainda lhe permitiu à última hora alargar os rombos no casco apodrecido.
    Depois a prodigiosa imaginação dos banqueiros, em modo delirante, inventou uma criatura espúria a que deram o nome de Fundo de Resolução com o qual supuseram ter parido um novo banco sem mácula do pecado original para ser vendido e, com o produto da venda ou parte dela, pagar aos contribuintes, financiadores do Fundo de Resolução. O ministro das finanças replicou, na altura, qual papagaio louro a balançar-se no poleiro, o que tinham dito os seus antecessores a propósito de incidentes semelhantes: os contribuintes não serão chamados a pagar os custos da resolução do BES. Mentiram.
    Após várias tentativas, disseram que o Lone Star comprou  o Novo Banco por tuta-e-meia. Mas o novo proprietário ainda não tomou conta do negócio e as perdas, gordas, do NB continuam a escorrer por conta dos contribuintes, digam o que disserem os políticos envolvidos.

    "A concretização da venda do NB ao Lone Star depende da troca de obrigações de 36 emissões, num valor global de 8300 milhões de euros por depósitos, uma operação feita a preços de mercado que nalguns casos representam perdas imediatas de 90%."


    Agora sabe-se que,
    "O Novo Banco já está a desafiar os clientes de retalho para a oferta de compra de obrigações. A possibilidade de fazerem um depósito que paga até 6,5% para minimizar perdas é um dos argumentos usados." - aqui
    "Justiça: Uma espada pronta a cair sobre o Novo Banco.
    Os processos colocados contra o Novo Banco e o BdP são por causa da resolução do BES ou a pedir indemnizações. O banco antecipa mais acções para combater a oferta de compra de dívida." - aqui
    "Novo Banco conta com Lone Star para repor falta temporária de liquidez. O Novo Banco admite que a oferta de compra de dívida dite o "incumprimento temporário" das exigências de liquidez. Situação será reposta com reforço de capital da Lone Star." - aqui 
    Todos quantos foram atraídos pelo isco do BES confiando-lhe as suas economias fizeram-no convictos de que, em caso de azar, seriam os lesados dos lesados a pagar a factura. Se não, quem?
    Perguntem, em caso de dúvida, aos outros bancos.