Monday, November 30, 2009

TOP TEN PRICES AT AUCTION - 2009


TOP TEN PRICES AT AUCTION - 2008


OS CAVALOS A MEIO DO RIO

Ouvi há pouco na rádio o presidente das Estradas de Portugal afirmar que as obras das novas concessões, chumbadas pelo Tribunal Constitucional, vão continuar porque vão ser interpostos recursos com base nas alterações dos pressupostos, nomedamente as alterações das taxas de juro.
.
Não conheço os termos dos contratos mas pergunto-me: Se os juros tivessem baixado teriam baixado os custos para o Estado? Não se tratando de uma situação original, porque as taxas de juros sempre andaram e continuarão a andar para baixo e para cima, não há nenhum precedente em sentido contrário? Por outro lado, que eficácia pode esperar-se de um chumbo de contratos acerca de obras que se encontram em curso? Mais generalizadamente, que eficácia têm as decisões de um Tribunal sobre contratos que, para se começarem a realizar, não necessitam do Tribunal de Contas? Ou, se necessitam, como se responsabilizam os responsáveis pelas falsas partidas?
.
É difícil, perante tanta confusão que se estabelece a respeito dos processos dos tribunais, a que pelos vistos nem o Tribunal de Contas escapa, que o cidadão comum não se pergunte: O país começou agora?
.
Tribunal de Contas chumba concessão rodoviária do Litoral Oeste
Edifer admite parar obras se não for encontrada solução para chumbo do TC
Tribunal de Contas recusa visto prévio à Algarve Litoral

Tribunal de Contas chumba quinta auto-estrada

OS SUÍÇOS


A Suíça: mais de 57 por cento votou contra minaretes nas mesquitas
A Suíça aprovou
hoje, por mais de 57 por cento, os apelos da extrema-direita a que seja proibida a construção de novos minaretes no país, indicam os resultados oficiais do referendo.
.
Leio, e pergunto-me: Se a iniciativa tivesse partido de outro lado e não da extrema-direita a reacção da União Europeia teria sido a mesma? Ou, uma iniciativa destas só poderia ter origem na extrema-direita? Ou, há sentimentos colectivos que ninguém arrisca expressar em público salvo os extremistas? Ou, é maioritariamente intolerante a população suíça? Ou, os direitos das minorias devem submeter-se aos estados de alma das maiorias? Ou, como votariam os portugueses num referendo semelhante? Por exemplo.
.
A minha resposta é simples: Este é o tipo de questões, que por decorrerem de uma apreciação que todos os cidadãos são capazes de fazer, que devem ser referendadas, independentemente de quem tiver reclamado referendo. Evitá-lo é reprimir o sentimento colectivo de se expressar livremente. E, quando isso acontece, o recalcamento colectivo nunca é bom conselheiro.
.
Se os suíços votaram assim, respeitem-se os seus votos e esqueçam-se os promotores do referendo.

O QUE É ISTO?

clicar para ampliar Bright Sun and Crescent Earth from the Space Station

Sunday, November 29, 2009

O INSUSTENTÁVEL PESO DO CONSUMO - 2

Boa pergunta:

Como podemos sustentar uma uma economia que não esteja para aí virada? Andamos para trás? Então que economia é que ( ) quer?

Está dito e redito que vivemos (os que vivem) numa sociedade consumista onde a felicidade se mede pela distância entre o que vemos e queremos e as nossas capacidades aquisitivas para o atingir. Quanto maior é a distância, maior a infelicidade. O Natal aumenta essa distância, o mesmo é dizer que aumenta a infelicidade de muitas pessoas. Este ano, por ter aumentado o número de desempregados, e sobretudo o número dos que não têm trabalho nem subsídios, a desigualdade alargou-se e infelicidade globalmente cresceu.

Dum ponto de vista moral, o Natal é amoral.

Economicamente é um semi-desastre. E digo semi porque não tenho meios de avaliação da dimensão das consequências deste consumismo infrene sobre a economia nacional e a muito desequilibrada balança comercial e o endividamento externo. Muito do consumismo natalício decorre de importações pagas com crescimento de dívidas. Muita gente clama que o país caminha para um beco com saída pelo buraco do fundo mas a ninguém ocorre recomendar juízo.

De modo que á pergunta, que economia quero, respondo que quero uma economia com juízo. Uma economia que privilegie um crescimento sustentável, onde as pessoas não comprem hoje o que não podem pagar amanhã.

Como é que isso se faz? Avisando a malta. Mas, pelos vistos, quem deveria avisar não está para aí virado. Até ao dia em que a festa acaba, por imposição do FMI ou coisa parecida.

Natal não deverá compensar perdas dos comerciantes ( Público)

É "convicção" do sector (comercial) que muitas empresas não conseguirão manter as portas abertas até final do ano... O estudo Xmas Survey 2009 da consultora Deloitte estima que os portugueses deverão gastar, em média, 390 euros em presentes - 30 euros por cada prenda, para uma média de 15 ofertas. Face a 2008, a quebra é de 3,7 por cento (405 euros). A recessão económica trouxe novos hábitos de consumo e fórmulas de venda mais agressivas. Mais do que o preço, a tendência de 83 por cento dos portugueses será dar prendas úteis. No contexto europeu, só os países da Europa de Leste (com excepção da República Checa) planeiam gastar mais dinheiro em prendas neste Natal.

O INSUSTENTÁVEL PESO DO CONSUMO

Drop how you shop
Paco Underhill
We can't sustain an economy so totally focused on consumer spending.

We are a society of shoppers. We have been since we were prehistoric hunters and gatherers. From the souks of the Middle East to the night markets of Asia to the concourses of Tysons Corner, human beings come together to browse, bargain and purchase. Shopping isn't just about the acquisition of goods -- whether the season's hot toy or some sharp tool necessary for surviving the winter -- it's also about how we interact with each other.
For better or worse, the holidays have long been synonymous with shopping. And that has come to mean Black Friday, the start of the shopping sprint between Thanksgiving and Christmas and historically one of the busiest shopping days of the year. Over the past decade, retail marketers have staged events -- 5 a.m. openings with "doorbuster" deals -- designed to drive traffic to their stores, even risking stampedes for the sake of more sales. Particularly for specialty merchants, these five weeks are critical in making their annual bottom line.
This year the stakes are even higher. Many retail chains had a disastrous 2008 and are hoping for a miraculous recovery this season. However, some of them are not going to bounce back, and the results will prove instructive. The current way we measure the health of our economy, from the markets to consumer confidence ratings, depends on our overspending. But, simply put, we cannot continue to be a country where more than 70 percent of our economy is based on consumer spending, especially when that spending is based on credit.

more

.
5 myths on holiday shopping

O QUE É ISTO?

clicar para ampliar Ancient Layered Hills on Mars

2012

Do nosso Amigo Deus Vê recebi um e-mail chamando-me a atenção para um artigo do Daily Telegraph sobre um aviso da Société Générale aos seus clientes para um potencial colapso financeiro global nos próximos dois anos.
Ainda que homem prevenido fique mais assustado se não puder fazer grande coisa para escapar ao Armagedão, aqui fica o registo para memória futura. Se restar.


Explosion of debt: Japan´s public debt could reach as much as 270% o GDP in the next two years. A bullet train is pictured speeding past Mount Fugi in Fugi City, west of Tokyo.
.
Société Générale has advised clients to be ready for a possible "global economic collapse" over the next two years, mapping a strategy of defensive investments to avoid wealth destruction.
By Ambrose Evans

.
In a report entitled "Worst-case debt scenario", the bank's asset team said state rescue packages over the last year have merely transferred private liabilities onto sagging sovereign shoulders, creating a fresh set of problems.
Overall
debt is still far too high in almost all rich economies as a share of GDP (350pc in the US), whether public or private. It must be reduced by the hard slog of "deleveraging", for years.
"As yet, nobody can say with any certainty whether we have in fact escaped the prospect of a global economic collapse," said the 68-page report, headed by asset chief Daniel Fermon. It is an exploration of the dangers, not a forecast.
Under the French bank's "Bear Case" scenario (the gloomiest of three possible outcomes), the dollar would slide further and global equities would retest the March lows. Property prices would tumble again. Oil would fall back to $50 in 2010.
Governments have already shot their fiscal bolts. Even without fresh spending, public debt would explode within two years to 105pc of GDP in the UK, 125pc in the US and the eurozone, and 270pc in Japan. Worldwide state debt would reach $45 trillion, up two-and-a-half times in a decade.
(UK figures look low because debt started from a low base. Mr Ferman said the UK would converge with Europe at 130pc of GDP by 2015 under the bear case).
The underlying debt burden is greater than it was after the Second World War, when nominal levels looked similar. Ageing populations will make it harder to erode debt through growth. "High public debt looks entirely unsustainable in the long run. We have almost reached a point of no return for government debt," it said.
Inflating debt away might be seen by some governments as a lesser of evils.
If so, gold would go "up, and up, and up" as the only safe haven from fiat paper money. Private debt is also crippling. Even if the US savings rate stabilises at 7pc, and all of it is used to pay down debt, it will still take nine years for households to reduce debt/income ratios to the safe levels of the 1980s.
The bank said the current crisis displays "compelling similarities" with Japan during its Lost Decade (or two), with a big difference: Japan was able to stay afloat by exporting into a robust global economy and by letting the yen fall. It is not possible for half the world to pursue this strategy at the same time.
SocGen advises
bears to sell the dollar and to "short" cyclical equities such as technology, auto, and travel to avoid being caught in the "inherent deflationary spiral". Emerging markets would not be spared. Paradoxically, they are more leveraged to the US growth than Wall Street itself. Farm commodities would hold up well, led by sugar.
Mr Fermon said junk bonds would lose 31pc of their value in 2010 alone. However, sovereign bonds would "generate turbo-charged returns" mimicking the secular slide in yields seen in Japan as the slump ground on. At one point Japan's 10-year yield dropped to 0.40pc. The Fed would hold down yields by purchasing more bonds. The European Central Bank would do less, for political reasons.
SocGen's case for buying sovereign bonds is controversial. A number of funds doubt whether the Japan scenario will be repeated, not least because Tokyo itself may be on the cusp of a debt compound crisis.
Mr Fermon said his report had electrified clients on both sides of the Atlantic. "Everybody wants to know what the impact will be. A lot of hedge funds and bankers are worried," he said.

Saturday, November 28, 2009

ECONOMIA DISTÓPICA

"Jacques Sapir, um dos economistas de referência dos que recusam a economia distópica. A não perder. "
"Una distopía es una utopía negativa donde la realidad transcurre en términos opuestos a los de una sociedad ideal, es decir, en una sociedad opresiva, totalitaria o indeseable. El término fue acuñado como antónimo de utopía y se usa principalmente para hacer referencia a una sociedad ficticia en donde las tendencias sociales se llevan a extremos apocalípticos."
.
Economia distópica.
Desconhecia o termo e o dicionário também. Segundo o Houassis, distópico: relativo a distopia; que apresenta distopia; distopia: (patologia) localização anómala de um órgão.
Nenhuma referência acerca da aplicação do termo à economia ou a qualquer outra área do conhecimento. Recorri à Internet, e a ajuda chegou-me de Santiago do Chile. Nem tudo é mau na globalização, concluo.
.
Para Jacques Sapir, que recusa a economia distópica, crítico persistente da teoria económica dominante, defende o retorno ao proteccionismo, o reerguer de bandeiras alfandegárias até ao nível que corrija a não repercussão nos salários e benefícios sociais da produtividade relativa observada na China (e em outros países de mão-de-obra barata). Dito de outro modo, se os empresários chineses (públicos ou privados) não remuneram os seus trabalhadores em conformidade com os índices de produtividade por eles alcançados, e na ausência de sindicatos que defendam os direitos do trabalho, devem os países do Ocidente levantar barreiras que barrem a exploração dos trabalhadores observada naqueles países.
.
Tenho alguns amigos que à mesa do almoço, se o tema vem à baila, defendem o mesmo que Jacques Sapir: se não se deixa de dar corda aos chineses, quando um dia dermos por ela estaremos todos ao serviço do Império do Meio. E ninguém os convence do contrário. A eles e a todos quantos para os quais a concorrência não é propriamente uma boa ideia.
.
A África para os negros, a Ásia para os amarelos, o resto para os Brancos, e que cada um se governe é o lema de quem não vê outro meio de se ver livre da ameaça amarela.
Uma teoria utópica ou distópica?
Qual delas?
Se Jacques Sapir fosse chinês e não francês escreveria o mesmo? A economia distópica, afinal, muda consoante a localização do observador? Se assim for, percebo.

AFIRMA SAPIR

Jacques Sapir não é um liberal, bem pelo contrário. Da entrevista que concedeu ao Público, a ideia mais subversiva, mas muito longe de ser original, resume-se na sua afirmação de que no mundo actual o comércio livre não é sustentável ( Sérgio Aníbal/Público). E não é sustentável, argumenta Sapir, e muitos liberais dia-sim-dia-não concordarão com ele, porque a China aumenta a produtividade mas não aumenta de modo equivalente os salários e apoios sociais aos trabalhadores.
...
A economia mundial já está a sair da crise?
A crise não acabou. Temos uma retoma limitada ligada aos planos de estímulo lançados pelos governos e aos elevados lucros conseguidos pelo sector bancário nos dois últimos trimestres. No entanto, apesar destes lucros, os bancos ainda estão numa situação extremamente difícil. Na segunda metade deste ano, os lucros já não serão tão gloriosos e certamente que não o serão no início de 2010.
Na Europa ou nos EUA?
Nos dois lados, mas provavelmente de uma forma mais acentuada na Europa.
Mas os indicadores económicos, como o consumo, dão sinais positivos...
O consumo das famílias vai manter-se deprimido durante este Inverno e no resto do próximo ano e a recuperação vai ser muito demorada, mesmo no melhor dos cenários, ou seja, sem uma nova crise. E ela pode acontecer a qualquer momento no próximo ano, seja no mercado de matérias-primas ou no mercado de obrigações norte-americanas. Porque há bolhas nos mercados e, como sabemos, elas normalmente explodem.
Essas bolhas são culpa dos bancos centrais?
Não, as políticas de curto prazo seguidas em resposta à crise pelos bancos centrais foram adequadas. Não se poderia fazer outra coisa. O problema está no que não foi feito. É que os bancos foram salvos pelos governos e pelos bancos centrais, mas não mudaram as suas políticas. Reduziram o crédito concedido e estão a investir o dinheiro dado pelo Estado e emprestado pelos bancos centrais em especulação. Não é culpa dos bancos centrais, é um problema no interior do sistema financeiro.
Mas é possível mudar o comportamento dos bancos?
A única política capaz de resolver isto seria a introdução de um maior controlo do sector bancário pelo Estado. Seja através da nacionalização, seja através da nomeação de uma espécie de supervisor. É um sistema que foi usado nos EUA e também em França durante os anos 30. A propriedade continua privada, mas nomeia-se uma pessoa com poderes efectivos para guiarem a política dos bancos.
Como uma golden-share?
Não é bem, é mais a criação de um ditador. Nos EUA, chama-se "czar" a esta pessoa. Actualmente, já temos nos EUA o czar do sector automóvel, após a falência da General Motors. Era muito importante para garantir que a política no sector bancário muda.
Até agora, a mudança mais falada tem a ver com os sistemas de remuneração. Isso é assim tão importante?Pode ser importante. E não é uma questão de saber se estão a ganhar muito ou pouco dinheiro, é uma questão de incentivos: um banqueiro deve ser prudente. Mas mudar apenas o sistema remuneratório não resolve nada. São necessárias outras mudanças. É preciso regressar à divisão entre bancos de investimento e de crédito. É preciso regular o sistema bancário sombra. E é preciso regular o acesso a determinados mercados. Actualmente, temos muita especulação. No petróleo, vamos de um valor de 35 dólares até 187 dólares por barril, o que está relacionado com a entrada de especuladores financeiros nestes mercados. Os mercados de matérias-primas têm de ser limitados aos operadores que têm efectivamente interesse em comprar ou vender esses produtos.
Tem sido um defensor do proteccionismo, uma ideia que é a oposta da defendida pela maior parte dos responsáveis políticos nos seus discursos...
É verdade. Acho que esse é um enorme erro feito por vários governos. Actualmente, o comércio livre não é sustentável.
Porquê?
Porque é livre mas não é justo. Em vários países, há uma grande disparidade entre a produtividade e o nível dos salários, a proteccção social e as condições ambientais. Nos últimos 15 anos, assistimos a um aumento muito forte da produtividade em vários países asiáticos e na Europa de Leste, mas os salários e a protecção social não subiram da mesma forma. Estou convencido que o proteccionismo vai surgir de uma forma ou de outra. O que é importante saber é como é que isso será feito. Ou o fazemos de uma forma desordenada, em que cada um trata de si próprio, ou conseguimos chegar a um acordo entre países.
O que defende é que os EUA e a Europa limitem a entrada de produtos chineses?
Não a entrada. Não apoio a ideia de introdução de quotas. O que precisamos é de tarifas. A produtividade chinesa está entre 30 e 40 por cento da produtividade da Europa Ocidental, mas os salários são dez vezes mais baixos. E isto é um problema. Se os salários na China subirem, as tarifas podem ser retiradas. Mas até que tal aconteça - e demorará sempre algum tempo - temos de proteger as famílias.
As famílias europeias e norte-americanas?
Sim. E também temos de proteger as europeias das norte-americanas. Como é que podemos ter comércio livre quando um país pode desvalorizar a sua divisa em 20 por cento. Isto é exactamente o que os EUA estão a fazer.
Com políticas proteccionistas não se está a limitar o crescimento nos países emergentes e subdesenvolvidos?
Não. O crescimento à custa do resto do mundo foi uma escolha das autoridades chinesas. Não é uma obrigação. O mercado interno chinês tem o potencial para ser o maior do mundo e o Governo pode fazer muita coisa para garantir isso.
E África?
O problema em África é que o comércio livre diminuiu a sua quota no mercado internacional. É completamente falso dizer-se que os países mais pobres estão a ganhar com o comércio livre. É exactamente o contrário.
Não o preocupa a actual escalada de défices públicos?
Sim, há um problema de dívida, mas de dívida global. As pessoas só falam da dívida pública e não falam da dívida dos particulares e das empresas. A prazo, se queremos tornar o sistema sustentável, tem de se voltar a estabelecer uma ligação entre a produtividade e os salários e contrariar a tendência de aumento da desigualdade. Foi assim que a dívida aumentou, porque as famílias de menor rendimento vêem-se forçadas a endividar-se.
E a curto prazo?
A única forma de estabilizar a dívida global, sem afectar o consumo, é permitir que os bancos centrais financiem, a taxas de juro baixas, os orçamentos dos Estados. E que os Estados absorvam parte da dívida de particulares e empresas.
Não teríamos um incentivo perigoso ao despesismo?
Claro que esse financiamento não podia ser usado em despesa corrente, mas apenas em investimento e nos planos de estímulo económico. Agora os bancos centrais emprestam aos bancos comerciais a taxas de juro próximas de zero, enquanto os governos têm de pedir dinheiro emprestado a taxas superiores a três por cento. Este sistema garante ao sector bancário uma renda fácil, em detrimento do contribuinte. Ou mudamos o sistema ou enfrentamos uma nova crise em resultado da aplicação de medidas orçamentais extremamente restritivas. Provavelmente, uma crise pior do que a que já tivemos.

O JOGO DA CABRA CEGA

O senhor PGR continua a prática de intervenção "às bochechas", para utilizar a fraseologia jurídica do senhor presidente do STJ.
.
O procurador-geral vai reunir-se com os investigadores para discutir a possibilidade de divulgar todos os seus despachos sobre o caso.
Pinto Monteiro aceita que PGR seja indicado pelo Parlamento
Associação Sindical dos Juízes repudia acusações de “espionagem política” no caso Face Oculta

O QUE É ISTO?

clicar para aumentar Annapurna Star Trails

Friday, November 27, 2009

QUEM É QUE FALOU EM APOCALIPSE?

Inflação ou deflação, a seguir à inundação?
Ninguém sabe ao certo.
Como quanto às virtudes da vacina da gripe:
quanto mais julga que sabe mais sabe o homem a dimensão da sua ignorância.
.
On Wall Street: Apocalypse how?
.
Confused about what the future holds for the economy? So are financial markets.
Record gold prices and negative US Treasury yields are strange bedfellows, indicating general uneasiness but also conflicting bets on inflation or deflation.
As the great economist Woody Allen once put it: “More than any other time in history, mankind faces a crossroads. One path leads to despair and utter hopelessness, the other to total extinction. Let us pray we have the wisdom to choose correctly.”
Fear that one’s net worth might evaporate is, of course, no laughing matter. In spite of the fact that risk appetite has come roaring back, it is hard to reconcile resurgent optimism with the eventual fiscal and monetary hangover of the financial crisis.
Voices from beyond Wall Street who foresaw the debacle now range from mildly to wildly pessimistic. Nobody captures the confusion better than the satirical economic country and western singer Merle Hazard (geddit?) crooning about whether we face hyperinflation or deflation: “Will we become Zimbabwe or will we be Japan?”
Unprecedented growth in money supply will unleash higher inflation warns Bob Wiedemer, co-author of the recently published Aftershock, and of the prescient 2006 book America’s Bubble Economy.
Agreeing with him is Michael Panzner, who published Financial Armageddon just as the last boom peaked and followed it up with When Giants Fall: An Economic Roadmap for the End of the American Era.
In the opposite corner is well-known economist and pundit A. Gary Shilling, who was also appropriately bearish before the bust and now sees deflation ahead. Money supply growth and yawning deficits alone will not spark price increases before overly leveraged consumers rebuild their balance sheets and excess global production capacity is soaked up, he says. That may take another decade.
It is hard to be pessimistic in the face of a furious market rebound and harder still when the handful of prognosticators who came out of the crisis with their reputations enhanced cannot agree on what constitutes a haven.
Dr Shilling advises long-term government bonds while Messrs Wiedemer and Panzner would eschew them, preferring hard assets such as precious metals.
There are other authors predicting upheaval, some late to the party. The apparently flexible Harry S. Dent Jr’s latest tome, The Great Depression Ahead: How to Prosper in the Crash Following the Greatest Boom in History, released in January, was preceded by The Roaring 2000s: Building The Wealth And Lifestyle You Desire In The Greatest Boom In History, published in 1998. So long Dow 44,000!
Of course it is simpler to be pessimistic as a writer than as an insider. “There’s no upside to being bearish – it’s an occupational hazard both on Wall Street and in Washington,” says Mr Panzner, a stockbroker.
Those who took the risk such as David Rosenberg, Paul Kasriel, Meredith Whitney, Peter Boockvar, Albert Edwards, Jeremy Grantham, Nouriel Roubini and Andrew Smithers remain a pessimistic lot these days but take a less apocalyptic view than purveyors of disaster-lit.
While those already hoarding bullion or cash may not care for the latter, it is worth recalling popular tomes that spooked readers into unnecessary precautions in the past.
Two are 1981’s Survive and Win in the Inflationary Eighties, (recently re-issued) and Surviving the Great Depression of 1990, written after the 1987 stock market crash.
Then again, forewarned is forearmed, and Messrs Wiedemer, Panzner and Shilling are, by no stretch of the imagination, kooks.
“I think people were looking for someone with a long beard and a sign that says: ‘The end is near’ and were surprised to find someone from Wall Street,” says Mr Panzner.
There is no point in being a kneejerk contrarian, says Dr Shilling, who also got his start on Wall Street, but hewing to consensus adds little value. And, while being a pessimist might get one noticed, it is hardly pleasant.
“I’m by nature a very optimistic person,” says Mr Wiedemer. “In a way, I’d rather not be right. I’d support this bubble economy if I didn’t think it’d blow up.”

.
Conflicting bets on inflation or deflation
Global markets hit by fresh Dubai jitters
Fujii warns about ‘one-sided’ currency movements

Thursday, November 26, 2009

NOT YET




TOO BIG TO FAIL?

O destes senhores, accionistas e credores do banco, com as dívidas ao banco garantidas pelas acções que detêm no mesmo.
----------------------
*Seis clientes do Banco Comercial Português (BCP) devem ao grupo financeiro cerca de 3,5 mil milhões de euros, o equivalente a aproximadamente 80 por cento da capitalização bolsista do grupo, que ontem totalizava 4,3 mil milhões de euros.
.
Só a construtora Mota Engil tem responsabilidades assumidas para com o banco da ordem de 1,2 mil milhões de euros, cerca de 28 por cento do seu valor de mercado.“O BCP não comenta relações com potenciais clientes. Em todo o caso, todas as operações respeitam os rácios impostos pelo Banco de Portugal”, disse ao PÚBLICO o porta-voz do banco presidido por Carlos Santos Ferreira.
.
Para além da empresa liderada por Jorge Coelho, ex-governante socialista (ministro de Estado e do Equipamento Social), encontram-se também neste lote de grandes devedores do BCP mais dois grupos ligados ao sector da construção, a Teixeira Duarte (Pedro Teixeira Duarte) e a Soares da Costa (Manuel Fino). No grupo estão ainda a Cimpor, cimenteira detida pela Teixeira Duarte e por Manuel Fino, o investidor Joe Berardo, e o empresário Joaquim Oliveira, dono da Controlinvest, que controla a Lusomundo e os títulos de media Diário de Notícias, Jornal de Notícias, 24Horas e TSF.

SISTEMA DE BONIFICAÇÂO

Isabel quer que o sistema de avaliação
seja mesmo estimulante.
E o Sistema também quer que o sistema de bonificação
seja mesmo estimulante,
para que todos sejam bons,
excepto alguns óptimos.
Havendo coincidência de objectivos,
coincidirão nos meios estimulantes.
E passaremos adiante para dantes.
.
Isabel Alçada quer sistema de avaliação que premeie "esforço e qualidade"
A ministra da Educação afima que o Governo quer que "aquilo que ficar definido seja mesmo estimulante".

O JOGO DA CABRA CEGA

Hoje há paella.
Os nomes destas operações são um must nelas.
Vivem deles, elas.
.
"Desmantelada rede de empresas falidas que burlava o Estado e seguradoras
O Estado português terá sido defraudado em mais de cinco milhões de euros desde 2004 num um esquema com várias empresas falidas ou quase inactivas de modo a iludir o fisco...Nesta operação, denominada Paella”, participaram 318 agentes de diversas autoridades, nomeadamente da PJ, da Direcção de Serviços e Investigação da Fraude e Acções Especiais, da Direcção Geral de Finanças do Porto, da Direcção Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros e da ASAE (apreendeu duas toneladas de peixe congelado)."

O JOGO DA CABRA CEGA

Oliveira e Costa acusado de montar esquema ilegal com mais 23 arguidos
O despacho de acusação refere que o ex-banqueiro aceitava conceder dividendos retirados do BPN a quem com ele colaborasse, apesar de isso prejudicar financeiramente o banco.

Wednesday, November 25, 2009

O JOGO DA CABRA CEGA

José Penedos suspenso da presidência da REN
José Penedos foi suspenso de funções como presidente da Rede Electrica Nacional, depois de ter sido indiciado por um crime de corrupção passiva, no âmbito do processo Face Oculta.

EDUCAÇÃO E INCENTIVOS


The Elusive Quest for Growth

Since the end of World War II, economists have tried to figure out how poor countries in the tropics could attain standards of living approaching those of countries in Europe and North America. Attempted remedies have included providing foreign aid, investing in machines, fostering education, controlling population growth, and making aid loans as well as forgiving those loans on condition of reforms. None of these solutions has delivered as promised. The problem is not the failure of economics, William Easterly argues, but the failure to apply economic principles to practical policy work.In this book Easterly shows how these solutions all violate the basic principle of economics, that people—private individuals and businesses, government officials, even aid donors—respond to incentives. Easterly first discusses the importance of growth. He then analyzes the development solutions that have failed. Finally, he suggests alternative approaches to the problem. Written in an accessible, at times irreverent, style, Easterly's book combines modern growth theory with anecdotes from his fieldwork for the World Bank.
.
Relendo William Easterly, em The Elusive Quest for Growth (2001), a propósito da educação como factor de crescimento social e económico:
.
" ... Um economista do Banco Mundial resume o senso comum: "A educação e treino contribui directamente para o crescimento económico através dos seus efeitos sobre a produtividade, os rendimentos, a mobilidade de emprego,as capacidades de empreendimento, e inovação tecnológica. "
.
Á luz destas afirmações de fé na educação, é surpreendente (...) que a resposta do crescimento à dramática expansão da educação nas últimas quatro décadas tenha sido desapontante. A manifesta falta de resposta do crescimento ao empenho dos governos na educação é, também neste caso, devido à ausência de incentivos. Se não existem incentivos para investir no futuro, a expansão da educação valerá pouco. Podem os governos forçar a frequência escolar mas isso não cria, só por si, incentivos para os estudantes investirem no seu futuro. Formar pessoas com elevadas habilitações em países onde a actividade mais rentável são os lobies, (o tráfico de influências, as cunhas), o favorecimento do governo, não é uma fórmula de sucesso de uma sociedade. Criar capacidades onde não existe tecnologia utilizável não terá repercussão no crescimento económico."

O JOGO DA CABRA CEGA

Antigos dirigentes desviaram 9700 milhões do BPN
O antigo presidente do BPN, Oliveira Costa, e três outros ex-administradores são acusados pelo Ministério Público de terem gerado um buraco de 9700 milhões de euros no banco.
Clientes do BPN concentram-se em balcão no Porto
BPN discutido no Parlamento

ACERCA DA EDUCAÇÃO

Portugal abaixo da média em relação à educação
Portugal está abaixo da média da União Europeia no que respeita ao cumprimento dos objectivos da Estratégia de Lisboa para a educação e formação até 2010.
.
Ministério vai eliminar divisão da carreira docente
O Ministério da Educação vai eliminar a divisão da carreira docente, confirmou Dias da Silva, da Federação Nacional da Educação.
Fenprof e FNE insistem no fim da divisão da carreira
Ministra da Educação garante que não fecha processo de avaliação em 30 dias

O JOGO DA CABRA CEGA

Casa Pia: o mais longo julgamento pode durar "bastante mais tempo"
Os réus envelheceram e os queixosos cresceram. O julgamento da Casa Pia começou há cinco anos e ainda se arrasta em tribunal, sem data marcada para a sentença. Para "desespero" de todos.

AFINAL, É FÁCIL

O Plano Shallmar, você conhece?
por Paulo Rabello de Castro
"...
Os Estados Unidos precisam de um novo plano externo. Só que com os objetivos invertidos. O novo Marshall, um plano de desenvolvimento de nações de renda média e baixa, financiado pelos EUA com um vínculo à demanda por produtos e serviços “made in USA”, teria um impacto significativo não só nos países recebedores do financiamento, como principalmente, deflagraria mais demanda por produção americana.
..."
Como é que ninguém ainda se tinha lembrado desta? Grande testa.

UMA PARA A CAIXA

.
A economia portuguesa está certamente a atravessar uma das suas fases mais difíceis dos últimos sessenta anos.
Não se trata aqui de dramatizar mas de apelar ao realismo.
A componente mais nítida desta dificuldade é a não sustentabilidade do caminho que seguimos nos últimos doze anos, cujo desenlace pode bem ocorrer num prazo não muito longo. Efectivamente, uma das poucas coisas de que poderemos ter a certeza é que os próximos doze anos (e provavelmente os próximos seis) não poderão ser iguais aos passados. Isto por uma razão óbvia: é que simplesmente não haverá financiamento externo para sustentar sequer o magro crescimento da última década, porque ninguém emprestará a bancos ou empresas de um país com 150% ou 200% do PIB de dívida externa. Se e quando este financiamento se evaporar a economia e sociedade portuguesas entrarão numa situação de que mais vale não falar, mas que fará da crise de 1983-84 uma brincadeira de crianças.
A situação é pois de emergência. Conseguiu-se - e bem - através da política orçamental conter o colapso, a curto prazo, da economia através da sustentação da procura interna. Agora a prioridade absoluta terá de ser dada às exportações e à redução das importações. A prioridade tem de ser absoluta porque o contexto internacional continua a ser muito desfavorável. A Espanha - o nosso maior cliente - permanece numa profunda crise, de que não se vê saída rápida, o valor do euro continua muito alto em relação ao dólar devido às inqualificáveis instituições monetárias da zona euro (que o Tratado Reformador teve todo o cuidado em manter intocáveis para destruir ainda mais a competitividade europeia) e o próprio comércio mundial, embora de novo em crescimento, continua anémico.
Num contexto destes as medidas têm de ser de excepção: apoio claro ao sector exportador, através de discriminação positiva em termos fiscais e de crédito, reforço do seguro de crédito à exportação, melhoria de funcionamento dos portos com redução dos custos para os utilizadores (o que pode implicar uma nova intervenção dos Estado no sector), prosseguimento sem quebra de ritmo do desenvolvimento das energias renováveis, medidas de excepção de conservação energética no que respeita ao consumo de combustíveis fósseis (se necessário condicionando o uso privado do automóvel) e muitas outras que são possíveis de imaginar.
Não sei se medidas deste tipo serão suficientes. Mas na ausência do instrumento cambial - único verdadeiramente eficaz nestas situações - é o que se pode fazer. Talvez ajudasse se o Governo à semelhança do Plano Tecnológico (que a meu ver foi um sucesso) lançasse também um Plano de Exportações.
Mesmo se acontecer o pior o país saberá encontrar novos rumos. Mas se conseguirmos evitar esse cenário, pouparemos certamente muito sofrimento aos portugueses.

Tuesday, November 24, 2009

MÃOS LARGAS EM TEMPO DE CRISE


Que razões terão estado na origem de tanta genorosidade dos contribuintes portugueses em geral para com aqueles que compram um pópó novo?

.
From The Economist print edition
As the world economy tumbled into recession, most rich countries’ governments tried to prop up ailing carmakers by dishing out cash to drivers who scrapped an old vehicle to buy a new one. According to the OECD, America’s programme was the most generous on a purchasing-power basis, offering car-buyers an average of $4,000 in cash for their aged “clunkers”. Canadians received less than an eighth of this amount for agreeing to “retire their rides”. Germany’s programme was second only to America’s in its generosity. At 0.2% of GDP, it cost more, relative to the size of the economy, than that of any other country. Subsidies were much lower in France, Italy and Scandinavia.

A CRISE, A EDUCAÇÃO E A CRISE DA EDUCAÇÃO

Escrevi aqui que a educação não é um factor crítico para a superação da crise de crescimento com que Portugal se debate há mais de uma década, e que foi exacerbada pela crise global rompendo o frágil reequilíbrio das contas públicas e atirando o endividamento externo para patamares insustentáveis a médio prazo. O meu Amigo Francisco C. colocou aqui a sua discordância quanto ao papel que atribuí à educação na recuperação da economia. Por toda a consideração que essa discordância me merece, volto ao assunto.
.
A letargia que se apoderou da economia portuguesa há já muito tempo, e não apenas desde a crise global, tem raízes no crescimento de sectores de baixa tecnologia que fundaram o seu sucesso temporário na disponibilidade de mão-de-obra indiferenciada, que transitou de um sector primário decadente, e que claudicaram, ou está em vias disso, a partir do momento em que de outras regiões do mundo, onde a mão-de-obra é ainda mais barata, apareceram produções concorrentes a preços muito mais baixos.
.
Cumulativamente, a entrada de Portugal no euro veio tornar mais apetecíveis ao investimento os sectores não transaccionáveis e menos evidente as consequências do crescimento do endividamento externo. Em consequência, os sectores tradicionais (têxteis e calçado) recuaram e as importações aumentaram, a balança comercial desequilibrou-se como nunca e o endividamento externo atingiu níveis que ameaçam sufocar toda a economia.
.
Não sendo esperável que a saída esteja no abandono do euro (nem que sejamos expulsos dele) pelas razões que referi aqui, não temos outra alternativa que não seja a reestruração da economia, progredindo em sectores de média e alta tecnologia, mas essa progressão será sempre inevitavelmente lenta. A curto e médio prazos, o peso dos sectores de baixa tecnologia é ainda, inevitavelmente, muito determinante no relançamento das exportações, ou da substituição de importações. Mas a sua recuperação não passa, lamentavelmente, de modo crítico pela educação e pelo treino. E digo lamentavelmente porque se fosse esse o obstáculo seguramente que já teria sido ultrapassado.
.
Diz-se, frequentemente, que o problema da nossa economia é a falta de competitividade, e que esta falta de competitividade, além do mais, decorre da falta de produtividade. A produtividade, porém, é um conceito que tem as suas subtilezas. Esqueçamos, por agora, essas subtilezas e consideremos o conceito na sua expressão mais simples: a produção realizada por cada trabalhador em cada dia (hora, mês, ano). São os trabalhadores portugueses menos habilitados e, portanto, menos produtivos que os seus concorrentes chineses ou do Leste da Europa, por exemplo. Não são. A deslocalização das fábricas que aqui se instalaram há três décadas deve-se essencialmente às remunerações pagas aqui e lá. Em que é que pode ajudar, neste caso, mais ou melhor educação? Alguma coisa ajudará mas não decisivamente.
.
É então apenas uma questão de salários que, fundamentalmente, está em causa? No caso dos sectores tradicionais, de baixa tecnologia, é.
.
E nos outros?
Temos empresas que são competitivas nos mercados externos, temos várias outras que são muito lucrativas abrigadas da concorrência no mercado interno. Mas não chegam para preencher o espaço ocupado ainda por muitas empresas que vão tombando derrubadas por uma concorrência que joga com outras armas. Porquê? Por falta de educação?
.
Creio que não. O nosso sistema educativo sofre de muitas debilidades (exaustivamente identificadas mas não capazmente enfrentadas) mas não é, certamente, por falta de capacidades disponíveis que a economia não ganha velocidade e o desemprego aumenta. Há muitos licenciados desempregados, outros em funções que não exigem essa qualificação, outros que emigram. O ensino profissional foi retomado. Há algum projecto emperrado por falta de gente habilitada? Não creio que haja nem vejo que a falta de meios humanos seja geralmente indicada como factor de repulsão ou não atracção de investimentos.
.
Só mais dois apontamentos: O aumento da produtividade depende mais da organização do trabalho que da formação de base do trabalhador. Um operário mexicano analfabeto atinge os níveis de produtividade mais elevados quando enquadrado em equipas a trabalhar nos EUA na construção civil, por exemplo.
.
A educação em Portugal só atingirá níveis de maior qualidade quando os empregadores (Estado e privados, mas também as Universidades quando seleccionam os candidatos à admissão) forem exigentes desses níveis de qualidade. As pessoas reagem a incentivos. Se as exigências são baixas as respostas são-lhe proporcionais. Para que serve uma boa formação em matemática se uma boa cunha concorre?

O JOGO DA CABRA CEGA

É demais!
Como não bastasse a desorientação que arguidos e quejandos provocam à justiça, os media entram na roda com factos inventados. E não há maneira de os penalizar em conformidade? Porque não os constitui como arguidos o MP? Como é que o Conselho Superior de Magistratura se convoca para uma reunião com o objectivo de discutir notícias falsas? Por que é que o juiz de Aveiro só agora desmente uma notícia que já tem dias e muitos noticiários? Por que é que o Diário de Notícias, que publicou o boato, se limita a dar a notícia (Juiz de Aveiro nunca foi contra destruição das escutas) sem dar explicações e ninguém lhe pede contas?
.
Anybody at home? Não. Está tudo fora.
.
Juiz de Aveiro desmente notícia sobre recusa de destruição de escutas
O juiz de instrução de Aveiro, António Gomes, informou o Conselho Superior da Magistratura ser "falsa" a notícia sobre a recusa em cumprir a decisão do presidente do Supremo Tribunal de Justiça.

O JOGO DA CABRA CEGA

Monday, November 23, 2009

PLANO INCLINADO




Não é por falta de exposição mediática das dificuldades que muitos portugueses enfrentam e que não irão parar de crescer nos próximos anos, segundo todas as previsões, que essas dificuldades irão desaparecer. Não é por repetidamente se chamar coxo a um coxo que o coxo deixa de coxear. O que o coxo agradeceria era de uma operação que lhe corrigisse a perna coxa.
.
Medina Carreira repete em Plano Inclinado incessantemente aquilo que toda a gente, que esteja com um mínimo de atenção, já percebeu: entre outras desgraças, a economia portuguesa está praticamente estagnada há mais de dez anos, os portugueses consomem muito mais do que produzem, o endividamento das famílias, do Estado, das empresas, da banca, não pára de crescer, Portugal caminha alegremente para um empobrecimento contínuo.
.
Os dois outros convidados do programa pouco têm intervindo. Medina Carreira salta imediatamente em cima de qualquer mas que eles se arrisquem a sibilar. No última sessão, Medina propõs (a ideia está longe de ser original, já foi abordada várias vezes neste caderno de apontamentos) a redução dos salários como forma de recuperar a competitividade perdida nos últimos anos e, deste modo, estancar o crescimento, agora imparável, do endividamento externo. João Duque considerou a proposta totalmente inviável, Nuno Crato interveio para propor a reforma da educação. Medina, sem cerimónia, considerou a educação (e bem, pelas razões que também já referi no Aliás, a propósito da mitificação da educação como factor de produtividade), neste caso, um paliativo inconsequente.
.
No próximo programa sai João Duque para entrar outro convidado que discuta com Medina e Crato a educação como ressuscitador da nossa economia. Aposto que Medina os meterá num bolso. Porque a educação é importante, sim senhor, mas nas actuais circunstâncias ajuda pouco à economia o que se possa fazer pela educação.
.
O que é lamentável é a não comparência nestes programas, em que Medina Carreira canta o nosso fado, de alguém que contraponha de forma consistente ao discurso de Medina propostas de ultrapassagem de uma crise que se instalou e que só pode ser ultrapassada com um conjunto de medidas inovadoras apoiadas maioritariamente na AR.
---
Já depois de ter composto este apontamento leio que o governador do Banco de Portugal quer aumentos (dos salários) de 1 a 1,5% em 2010 e defende que será preciso aumentar impostos para controlar défice. Receitas velhas que só podem continuar a estafar a grande maioria dos portugeses. E digo, a grande maioria, porque há quem a quem a crise não bateu à porta nem, provavelmente, vai bater.
Entretanto, chega a notícia (que não é notícia) que as centrais sindicais criticam Constâncio pela "persistência" no apelo à moderação salarial " que consideram uma vergonha" . Os sindicatos continuam sem querer perceber o que se passa com a economia portuguesa.

O JOGO DA CABRA CEGA

António Paulo Costa da Petrogal ouvido hoje no caso Face Oculta
António Paulo Costa, alto quadro da Petrogal, alegado colaborador de Manuel José Godinho, é ouvido hoje pelo juiz de instrução do processo Face Oculta, no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro.

O JOGO DA CABRA CEGA

BPN: Juiz mantém Oliveira e Costa em prisão
O banqueiro José Oliveira Costa viu hoje prorrogada a prisão domiciliária a que está sujeito no âmbito do primeiro dos dez inquéritos relacionados com a bancarrota da instituição de que foi fundador.
.
Cadê os outros?

O JOGO DA CABRA CEGA

O julgamento do processo da Casa Pia prossegue hoje no Campus da Justiça de Lisboa, poucos dias antes de completar cinco anos, em que decorreram cerca de 450 sessões.
Crimes sexuais contra crianças aumentaram durante julgamento do caso Casa Pia e só desceram em 2008

EARTHSTRUCK


clicar para aumentar

Sunday, November 22, 2009

O JOGO DA CABRA CEGA

O JOGO DA CABRA CEGA

Documentos deitados para o lixo nas traseiras do Palácio da Justiça
Há documentos de tribunais que vão para o lixo sem que sejam cumprida a lei nesta matéria, que obriga a que exista um “auto de eliminação” dos documentos do Estado.

INTENÇÃO INTELIGENTE

Lê-se no Expresso/Economia desta semana que o governo holandês planeia substituir, até 2012, todas as taxas, impostos e portagens , por um sistema associado à utilização efectiva dos veículos. Um equipamento GPS instalado em cada viatura registará a distância e o tempo de cada viagem. Cada automobilista só terá de pagar em função da cuirculação efectiva do seu veículo. As autoridades holandesas esperam uma redução de 15% na circulação automóvel, redução de congestionamentos, 10% de redução na emissões de CO2, redução de 7% de vítimas mortais em acidentes, aumento de 6% na utilização de transportes públicos. Com a abolição do imposto automóvel, o preço dos veículos deverá descer 25%.

Calculam os holandeses que o custo médio será de cerca de três cêntimos por quilómetro percorrido, estando previstos aumentos de preços em determinados horários ou percursos mais disputados. O novo modelo de tributação prevê ainda um agravamento faseado dos custos ao longo dos próximos anos. Em 2018, o preço médio do quilómetro será de 6,7 cêntimos. O ministro dos Transportes holandês garante que o objectivo não é arrecadar receita mas antes gerir a utilização das estradas e a protecção do ambiente de forma mais eficiente.

Em Portugal o Governo disse que iria avançar com 'chip' nas matrículas mas as oposições, em maioria na AR, opõem-se. Como era previsível, desde o momento em que deixou de existir uma maioria na AR a suportar o Governo e o PM entendeu nada fazer para, realmente, dispor dessa maioria, nenhuma reforma estrutural avança e as que tinham chegado a meio do caminho recuam.

Ninguém sabe, ou ninguém se entende, acerca das políticas que poderão safar Portugal da situação de crise endémica em que caiu há mais de uma década. Políticas que nunca poderão ser populares porque se o pudessem ser há muito que estariam em vigor. Políticas com pontos de apoio diversos, porque nunca existirá só uma que, só por si, possa mobilizar os portugueses de modo que não se atrasem ainda mais no pelotão europeu, onde nos integrámos há 23 anos pouco conscientes das exigências da corrida.

Ouve-se e lê-se frequentemente que Portugal só sai desta crise prolongada se aumentar a sua produtividade, condição sine qua non para aumentar a sua competitividade e reequilibrar as suas contas. A produtividade, por sua vez, contudo, pressupõe que se conjuguem vários factores propícios. Um deles, inquestionavelmente, é a criatividade. Temos de ser diferentes em muitas coisas para superar os nossos handicaps naturais. Mas a diferença implica, por sua vez, capacidade de adaptação à mudança. Quem segue o rebanho não pode deixar de borrar os pés.

Os holandeses, que não têm, nem de longe nem de perto, os problemas com que, colectivamente, nos confrontamos demonstram que, mesmo os seguem à frente, não descuram a necessidade de mudanças. Até nas suas bicicletas, uma coisa que em Portugal já quase só é vista numa esfarrapada Volta Portugal.

Holanda Aprovada taxa por quilómetro percorrido