Thursday, November 12, 2009

OS DEVERES DOS OUTROS - 2


Caro FB,
A fúria que para aqui vai contra os empresários portugueses!!!

Transcrevo do teu comentário a parte final

"qual é o elemento diferenciador para a maior produtividade das empresas de capita estrangeiro? Só pode ser a qualidade da gestão do empresário-ele próprio armado em patrão, capitalista e empresário ou o tipo de contratação de gestão que faz. Esta é que é a resposta à razãoda baixa produtividade."
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Antes de mais convinha esclarecer se estamos a falar de todos os empresários portugueses ou só de alguns. E, neste caso, de quais.Quanto aos empresários estrangeiros, a quem nos referimos?
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A produtividade, meu Caro, é, como bem sabes, um conceito que tem os seus truques.
Vamos por partes:
Quanto aos empresários nacionais: Temos bons, temos razoáveis e temos maus, mas destes últimos só não desaparecem os que se alimentam do Estado.
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Ainda há dias foi inaugurada oficialmente em Setúbal a maior máquina de produção de papel de escritório do mundo. Com uma capacidade de 500 mil toneladas anuais, eleva para 1,3 mil milhões de toneladas a capacidadede produção do grupo empresarial naquele produto tornando-o líder na Europa e o terceiro no mundo. Os capitais são portugueses, as matérias-primas também, aliás, o processo de produção de pasta de eucalipto pelo sistema kraft (que depois foi e continua a ser adoptado em todo o mundo) foi originariamente desenvolvido em Portugal há 60 anos. Compete em todo o mundo, a produtividade (produção, qualidade) é elevada ao ponto de justificar este investimento, durante a crise, de mais de 600 milhões de euros.
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Uma andorinha não faz a Primavera, pois não. Mas há muitos outros bons exemplos.
Deixemos os razoáveis e vamos aos maus, aqueles que, aparentemente, constituem o saco onde vos vejo metê-los todos.
Já referi num comentário que alinhavei esta manhã, que os maus empresários nem sempre são maus de todo, ou, pelo menos, não são tão maus como os pintam. Um "empresário" (coloquemos aspas para distinguir estes dos outros) do sector das confecções ascendeu aquela condição muitas vezes a partir da condição de operário por contra de outrem com perfil idêntico. Conhecedor minimamente dos canais comerciais que lhe escoassem a produção, comprou máquinas e recrutou pessoal no tempo em que os custos do pessoal eram competitivos com os de outras paragens. Ganhou dinheiro até ao dia em que teve que concorrer com os chineses e outros confeccionadores de baixo custo. A partir desse dia, começou a perder, até ao dia em que foi obrigado a fechar.
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Que podia ter feito para escapar à concorrência de preços? Digamos em coro: "ascendendo na cadeia de valor, na evolução da produção para fases dos processos produtivos mais exigentes e geradoras de maior valor acrescentado".
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O homem ouve o coro e não sabe o que é isso. Vamos crucificá-lo? Que fizemos nós para lhe dar sermões? A eles e aos empregados, coitados, que fizeram aquilo durante uma vida e não sabem fazer outra coisa?
Quantos de nós arriscaram a carreira num empreendimento de "maior valor acrescentado"?
É por lhe ditarmos deveres que mudaremos alguma coisa? Obviamente, não.
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Vamos aos estrangeiros de sucesso radicados em Portugal. Quem são eles? Em que sectores de actividade são bem sucedidos? Porque não foram bem sucedidos os estrangeiros da Delphy? E de todos os outros que aqui acamparam por uns anos e ultimamente têm levantado as tendas?
Temos grupos empresariais de grande sucesso em Portugal, pois temos. Alguns, contudo, já tiveram mais que agora. Desde logo os bancos. Houve um tempo em que era um sem fim de fogo-de-artifício de lucros numa terra em que a maior parte das actividades produtivas estiolava.Um dia disse a um banqueiro, que de tanto leite ordenharem um dia ficariam debaixo das vacas mortas. Respondeu-me que, acontecesse o que acontecesse, os bancos nunca iriam à falência. Acertou, por agora. Têm produtividade elevada?
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Também é muito produtiva a EDP, a PT, e todos os quase monopólios,nacionais ou estrangeiros, porque (descoberta recente!) não andam pelos rings dos transaccionáveis. Como a produtividade é, estatisticamente, medida pelo quociente do valor acrescentado pelo efectivo empregado, se os preços são os que eles ditam e não os que os mercado determina, a produtividade desta gente não pára de crescer.Também em parte, á custa do mau "empresário" que lhes paga, sem poder negociar,as facturas da electricidade, dos telefones, etc.,e, não nos esqueçamos das facturas do Estado. No Estado, a produtividade aumenta com os aumentos salariais dos funcionários públicos. Assim é fácil,não é?
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Tarde demais, estamos a chegar à conclusão que também temos de exportar ou produzir alguma coisa que compita com as importações. E a ordem é: Aumentem a produtividade!
A quem se dirigem? Como é que isso se faz? Bem sei : "ascendendo na cadeia de valor ...". Isso é o que diz o coro.
Que, não sabendo, ensina.

1 comment:

Brasil Empreende said...

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