Saturday, September 30, 2023

ARTE SEMI ARTIFICIAL É ARTE?

"A orfandade das obras digitais" é o título de um artigo da autoria do habitual colunista no Público Francisco Teixeira da Mota.

É suficientemente elucidativo da questão que, com muita propriedade, o conhecido advogado de causas polémicas abordou o tema do ponto de vista que suscita o interesse de um jurista.

Procurei na net informação mais detalhada sobre o tema, encontrei um artigo no NYT de que transcrevo endereço e as linhas iniciais para abrir o apetite por coisas destas.

Que cada um, julgue por si.
Eu julgo que, por este andar, a humanidade um dia destes acaba por se procurar e não se encontrar.


An A.I.-Generated Picture Won an Art Prize. Artists Aren’t Happy. - c/p New York Times

“I won, and I didn’t break any rules,” the artwork’s creator says.

This year, the Colorado State Fair’s annual art competition gave out prizes in all the usual categories: painting, quilting, sculpture.

But one entrant, Jason M. Allen of Pueblo West, Colo., didn’t make his entry with a brush or a lump of clay. He created it with Midjourney, an artificial intelligence program that turns lines of text into hyper-realistic graphics.

Mr. Allen’s work, “Théâtre D’opéra Spatial,” took home the blue ribbon in the fair’s contest for emerging digital artists — making it one of the first A.I.-generated pieces to win such a prize, and setting off a fierce backlash from artists who accused him of, essentially, cheating.

Reached by phone on Wednesday, Mr. Allen defended his work. He said that he had made clear that his work — which was submitted under the name “Jason M. Allen via Midjourney” — was created using A.I., and that he hadn’t deceived anyone about its origins ...

Thursday, September 28, 2023

UM NOVO PILAR PARA A SEGURANÇA SOCIAL

A Segurança Social, garantem os pessimistas, tem o futuro ameaçado. 
Tem carência de pilares, garantem os liberais. Falta-lhe a constituição do pilar por conta própria, retirando ao Estado o monopólio da segurança social colectiva. 
E todos parecem ignorar que, com muita evidência pública, milhões de portugueses há largos anos  se encostam ao pilar dos jogos de azar sem receio dos tombos que a sorte dá.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa anda há anos sem conta a fazer com que a sorte acerte em alguns multimilionários à custa de milhões que não sabem fazer contas, convencidos que a sorte um dia acerte neles. 
Segundo as notícias, que só ignora quem quer ignorar, os alvos e as vítimas da raspadinha e de outros jogos de azar são, na esmagadora maioria dos casos, pessoas idosas e fracos, se alguns, rendimentos. 
O vício do jogo que promete fazer de cada jogador um multimilionário, se a tômbola é larga, ou um felizardo por um dia, se for estreita, provoca rupturas sociais que, recentemente, foram abordadas nos meios formais de comunicação social.
Que fazer para que a raspadinha não seja, em muitos casos, um vírus multiplicador de miséria material ou mental?
 
Sabia-se há já muito tempo que o governador da Santa Casa se tinha metido em novas aventuras de azar e perdido, por conta da Casa, uns largos milhões. Saiu o desgovernador e entrou, na expectativa de endireitar o desgoverno, a ex-ministra da Saúde, médica, Ana Jorge.

Ontem soube-se,
A provedora da Santa Casa revelou que a autorização inicial para o investimento no projecto da internacionalização era de apenas cinco milhões de euros e foram gastos 27 milhões."
 
Hoje soube-se,
É mais um jogo a ser lançado, desta vez destinado a um público-alvo mais jovem. O prémio não é imediato e vai resultar em pagamentos mensais, de acordo com o conceito conhecido por Win for Life.

Haverá neste novo jogo o propósito de incentivar os mais novos a começarem desde cedo a construir o seu próprio pilar de segurança social, um maná sem riscos, inesperadamente, caído da Santa Casa?

Sunday, September 24, 2023

UM HOMEM INOFENSIVO


UM HOMEM INOFENSIVO

"Renato acorda a meio da noite e sente a presença de um estranho em casa. O estranho é Rui, um homem que diz ter entrado apenas para sentir o silêncio da casa. Renato procura decifrar os verdadeiros motivos da vinda de Rui a sua casa. Não pode ter aparecido só para conviver com o silêncio, pois o que tem o silêncio de tão especial?"

Um texto que nos confronta com as contradições dos valores morais.
A inveja, é condenável?
E a vingança?
E etc.?

UM HOMEM INOFENSIVO é um espectáculo motivante. 

****


Wednesday, September 20, 2023

ARTE URBANA

Uma petição pública 'online' pede a retirada de esculturas colocadas na Praça do Município de Lisboa e em Belém, por considerar que ofende a imagem da cidade, e defende a criação de um regulamento para obras de arte no espaço público.

Desconhecia as razões desta petição pública, aliás, desconhecia mesmo a existência destas obras de arte (más ou boas, são obras de arte, até prova em contrário), até ler um artigo de Rui Moreira no Público, a propósito da polémica levantada com a remoção ou não remoção da escultura - Amores de Camilo - no   Largo Amores de Perdição, em frente da antiga Cadeia da Relação.

Escreve Rui Moreira no Público - Uma polémica “à Porto” - ---"As câmaras recebem muitas propostas e ofertas e são livres de não as acolher. Veja-se como Moedas foi chacinado ao aceitar a oferta a Lisboa das estátuas dos médicos. Compreendo que haja quem discorde e se mobilize. É legítimo, desde que não se recorra a leituras intolerantes." Não refere Rui Moreira a escultura colocada na Praça do Município - "Pareidolie" - . Porquê? 

Sem discordar destas afirmações, que transcrevi, de Rui Moreira, concordo, no essencial, com a petição enviada à Câmara Municipal de Lisboa.
E concordo porque, se fosse obrigatório o consenso público sobre estas obras, porque se impõem aos que por elas passam, ter-se-ia evitado a colocação de muitos mamarrachos em praças, largos, mas sobretudo rotundas, espetados à toa por quase por todo o país. 
Não é, no entanto, do nosso ponde de vista, o caso das esculturas de homenagem aos médicos que combateram a pandemia. 
Fomos lá vê-las (não vimos ainda a instalada na Praça do Município): têm peso, volume, grandeza e valor estético que escapa à pertinência das críticas de Cristina Guerra e subscritores da petição enviada ao presidente da CMLisboa. 
Ontem, 21/09, estivemos na Praça do Município, não vimos a "Pareidolie". Para onde foi? 

11.02.2023 - Inaugurada escultura de homenagem aos médicos  

"O conjunto escultórico 'Heróis da pandemia' foi inaugurado sexta-feira dia 10 de fevereiro, em Belém, pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas e pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, numa homenagem ao trabalho dos médicos que estiveram na linha da frente na pandemia de Covid-19. ...
 As duas imagens, que agora podem ser vistas no Passeio Carlos do Carmo, junto ao rio, resultam de uma parceria entre a Câmara de Lisboa e a Ordem dos Médicos e são da autoria do Mestre Rogério Abreu." 
 
 
 
"A escultura, havia sido inaugurada na Praça do Louvre, e foi agora doada à cidade de Lisboa. É uma das cinco obras existentes em todo o mundo, do artista plástico francês, de ascendência portuguesa, Alexandre Hopare Monteiro.
Uma “escultura que significa a dignidade dos portugueses”, sublinhou Carlos Moedas, na cerimónia de assinatura do contrato de doação da obra, que teve lugar a 24 de janeiro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Até 31 de janeiro, a Praça do Município é palco de uma exposição do artista Alexandre Monteiro (Hopare)."

CÁ EM CASA TUDO BEM

 
 
 
Cá em casa tudo bem!
 

Tuesday, September 19, 2023

QUEM PAGA A RASPADINHA?

Cerca de 100 mil pessoas em Portugal têm problemas de jogo com as “raspadinhas” 

“Do ponto de vista legislativo, as recomendações seriam que se pudesse ponderar medidas que venham a diminuir ou a tornar mais consciente a acessibilidade a este tipo de jogo, por exemplo, através da obrigatoriedade de um cartão de jogador, em que a pessoa possa auto-excluir-se e em que há maior possibilidade de se identificarem comportamentos desadaptativos e patológicos. Também devíamos ter campanhas informativas que ajudem as pessoas a ter maior literacia acerca deste jogo, porque o que vimos é que há muitas pessoas que gastam muito dinheiro em 'raspadinhas' mas que nos dizem que não jogam jogos de sorte e azar ao longo do ano. Não têm a percepção de que a 'raspadinha' é um jogo de sorte e de azar e que, na esmagadora maioria das situações, é mesmo um jogo de azar”,

Maioria dos jogadores de raspadinha tem rendimentos abaixo de 1000 euros. "São os pobres a financiar os mais pobres"

Vício da raspadinha afeta cem mil adultos, 30 mil de forma patológica: são os mais pobres, velhos e com pior saúde mental os que mais jogam 

 


Santa Casa acumula prejuízos num ano sem contas aprovadas

Há 15 anos, escrevi isto sobre os jogos de azar, monopólio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Depois voltei ao assunto várias vezes neste caderno de apontamentos.
Para quê?
Para nada. 
Já o relatório da Universidade do Minho que hoje foi notícia do dia terá força mediática suficiente para pressionar o governo a meter mãos nesta matéria pesada? 
E responsabilizar aqueles que fizeram da Santa Casa da Misericórdia uma fonte de perdas avultadas, prejudicando as funções assistenciais que estatutariamente lhe competem? Ou ficará tudo remediado em família?
 

NATUREZA AUSENTE


Um tribunal decidiu que o artista dinamarquês Jens Haaning tem de devolver o dinheiro pago pelo Museu Kunsten de Aalborg, depois de ter apresentado molduras vazias como obras de arte."
 
Quero acreditar que um bom advogado aconselhará a artista a recorrer da decisão do tribunal, e ganhará a causa.
Quem e como poderá alguém provar que uma moldura vazia não é arte?
Se em vez de uma moldura vazia, a artista apresentasse, como já vi, uma moldura com uma tela em branco, seria arte?
E se, a moldura apresentasse uma serapilheira, suja quanto baste?
 
E se a obra apresentada fosse esta?
 
"Poço em gesso, moldura de porta, tubo de cobre e 10 placas de gesso"

---  correl. - NATUREZA VIVA


Monday, September 18, 2023

PROGRESSOS DA PRODUTIVIDADE FERROVIÁRIA EM PORTUGAL

Pode-se ter saudades dos tempos bons mas não se pode fugir ao presente -  Montaigne.

Não conheço Aníbal de Matos, mas encontrei-me com ele, na blogosfera, quando comentei aqui uma barbaridade política que, entre tantas e tão frequentes, abanou a minha consciência cívica, quando me roubaram o comboio, o túnel, o caminho tantas vezes percorrido na minha primeira juventude. 
Roubado o comboio, encerraram o túnel, logo a seguir à sua renovação, e da via ferroviária, brita nova, branquinha, sulipas novas ainda a suar creosote, carris novos, a Linha da Beira Alta iria ter um fato novo, para já nos primeiros cinquenta quilómetros. 
Roubado o comboio por decisão ministerial, seguiu-se o roubo das sulipas, dos carris, por não sei quem nem para quê também retiraram (ou roubaram?) a brita. 
 
A linha da Beira Alta ficava amputada da ligação Figueira da Foz até à Pampilhosa, para regalo da vegetação que preencheu o vazio, só não entrou pelo túnel adentro porque não gosta de crescer às escuras.
 
Depois, em 2019 foram iniciadas obras de renovação da via desde a Pampilhosa até à Guarda, mas com comboios (poucos) para cima e para baixo, entenderam os que mandam que com tanto movimento nunca mais se renovaria a linha. E a linha foi encerrada em Abril de 2022, já tinha passado o covid, agora é que a Linha da Beira Alta (tamanho reduzido mas bitola larga) iria, depressa, ficar como nova. E quem quisesse ir de Lisboa a Madrid, poderia ir apanhar a ligação a Vigo. Uma volta interessante, só quem não gosta da Galiza poderá dizer o contrário.
 
O actual ministro, que dizem ser meio desastrado mas o que ele tem é azar a mais com as cartas que lhe saem do baralho, anunciou que a meia Linha da Beira Alta iria ficar pronta a 12 de novembro, daqui a menos de dois meses, mas não, parece que não.
Entretanto já foram roubados 30 quilómetros de catenária (cabo de cobre de alta tensão) sem que ninguém desse por isso, salvo quem roubou.

" ...Foi com homens robustos, outros menos robustos e até com mão-de-obra infantil que, nos finais do séc. XIX, se construiu em 46 meses a Linha da Beira Alta entre a Figueira da Foz e Vilar Formoso (252 quilómetros). Actualmente, a modernização desta linha entre Pampilhosa e Vilar Formoso (202 quilómetros), apesar de toda a tecnologia do século XXI (que substitui exércitos de homens que trabalhavam com pá e picareta), já dura há 50 meses e não se sabe quando termina pois, pela terceira vez, a IP falhou o prazo anunciado para a sua reabertura e com o qual o próprio ministro João Galamba se comprometeu. A data de 12 de Novembro não vai ser cumprida".- 
Continue a ler aqui
 
E assim nos entretemos, discorrendo sobre os progressos da produtividade em Portugal.

---

Portugal é o terceiro país europeu que perdeu mais ferrovia: perdemos 460 quilómetros


Friday, September 15, 2023

A ESTUPIDEZ HUMANA É INFINITA

Acerca da infinitude do Universo, aguardam-se melhores provas.
 
 


Terça-feira - O Presidente da Câmara Municipal do Porto ordena a remoção da Estátua de Francisco Simões - Amores de Camilo - a instâncias de abaixo-assinado de 37 ilustres. O presidente Moreira também concordava que a obra era feia e que, por essa razão, devia ser removida.

Quarta-feira - Rui Moreira reverte decisão de remoção da estátua de Camilo.  


Já agora, que está com a mão na massa, por que não manda o Presidente Moreira remover o Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, na Rotunda da Boavista, que coloca no cimo de um pedestal mais alto que a Torre dos Clérigos um leão (britânico) a derrotar uma águia (francesa), sem nenhuma alusão ao povo portuense?

Hum!, dizem-me os portistas a quem coloco a questão: - Aquilo não é um leão britânico nem uma águia francesa mas uma das raras vitórias do Sporting sobre o Benfica ...
- E o F C do Porto, o Dragão, por onde anda?
- Pois é, precisamente, por isso que aquela coisa já devia ter ido abaixo há muito tempo.


Thursday, September 14, 2023

TURISMO : MOTOR FROUXO DA ECONOMIA

O turismo é a prostituição da economia?

A pergunta é minha mas a afirmação citei-a aqui: ",,,, na ressaca do Verão de 1975, o Prof. Pereira de Moura afirmava, com nítido exagero, que o turismo é a prostituição da economia".
Exagero, sim, mas não tanto assim. 
Exagero, sim, é considerar que o turismo pode ser o motor fiável do crescimento de uma economia, seja ela qual for. Temos turistas a mais e turismo a menos. 
Temos um tecido empresarial de pequenas unidades económicas a mais e de grandes empresas a menos

Entre a Figueira da Foz, Aveiro, Coimbra e Leiria, as distâncias são curtas. Já foram maiores e sobretudo mais demoradas quando não havia autoestradas a os percursos tinham aparecido pelo meio dos pinhais consoante circunstâncias várias. Em meados do século passado, a Figueira era "a Rainha das praias de Portugal". 
 
Cantava a sereia: ... "São Pedro de Moel, beleza bem amada/ é bela a da Rocha, perfumada/ Espinho é trigueiro/ a Póvoa, maneirinha/mas Figueira da Foz é a rainha!"
Em Julho, Agosto e e Setembro, enchia-se a praia da Figueira de portugueses de todo o lado. Chegavam também muitos casais de espanhóis, sobretudo de Salamanca e Cidade Rodrigo,  com os filhos ao cuidado das suas amas a chilrearem no jardim, ao lado do mercado. 
Em Outubro, chegavam os "banhistas de alforge", depois de terminadas as colheitas, para meter os pés na água e descansar de um ano de trabalho, sem férias nem fins de semana.
A Figueira era, nessa época, uma vedeta jovem, atrevida, aliciante. O Figueirense tinha,  pensava ter, uma mina de ouro na sua praia.
 
Quem é que, fora de portas, conhecia Aveiro ou Leiria? 
Coimbra continuava a ser o que sempre fora:  a cidade da Velha Universidade, de estudantes, na sua grande maioria filhos de famílias abastadas. Coimbra vivia bastante desse abastecimento. 

Vinte anos depois, o turista português e o estrangeiro tinham descoberto que as águas das praias algarvias eram mais ensolaradas, os ventos, quando os havia, mais amáveis, e a Figueira, como, aliás, a generalidade das praias do Norte foram preteridas pelas praias ao Sul. 
 
Para que fosse possível que a Figueira tivesse a entrada num porto, que permitisse o movimento de embarcações da pesca sem risco de vida dos pescadores  e de navios de meio calado para escoar a produção para portos no Norte da Europa, construiram-se pontões de retenção das areias da praia e as sereias emudeceram.

Muitas vezes me perguntei, depois, por que razão se tinham desenvolvido Aveiro a Norte e Leiria a Sul, ambas  tão próximas da Figueira, economicamente definhada, incapaz de oferecer ou suscitar oportunidades à maioria dos seus naturais, repelindo-os para a capital ou para o estrangeiro? Que tinha a Figueira, que tinha Coimbra, que as tornava incapazes de ombrearem com Aveiro e Leiria?
 
Só encontrava, e só encontro ainda, uma explicação: a Figueira tinha uma praia, e logo para desdita sua, cantava-lhe a sereia, que essa praia era a "rainha das praias de Portugal". Coimbra, não tem praia. Aí o canto da sereia foi sempre outro, o das serenatas dos seus estudantes, das praxes, das capas e batinas,  de quem chegou, cantou, andou até sair doutor. 
Tiques que outras academias imitam embalando um sonho que muitos poucos saberão como concretizar.

... correl.

Sunday, September 10, 2023

UMA NO CRAVO OUTRA NO DESAGRAVO


Juntos pelos capitães de Abril, Costa deu a Marcelo um cravo e recebeu um desagravo.

"Mas já é possível fazer uma história imparcial, se tal existe, do 25 de Abril?" - aqui

É muito interessante ver como tem evoluído a historiografia sobre o 25 de Abril e tentámos plasmar isso na coleção de livros que estamos a publicar. É muito curioso que os primeiros a olhar com enorme interesse e a perceber a especificidade do caso português foram estrangeiros. Depois temos um segundo tempo, dos historiadores participantes que foi quando se fundaram as três correntes interpretativas que ainda hoje são as fundamentais. A primeira, inaugurada por José Medeiros Ferreira, que coloca o grande protagonismo nos militares, dizendo que o pensamento estratégico da revolução foi do MFA. Temos uma segunda, inaugurada por António Reis, tal como Medeiros Ferreira ativo militante do PS e deputado à Constituinte, que coloca o cerne da questão nas primeiras eleições para a Constituinte e nos partidos políticos como quem decide o rumo da revolução e a instituição da democracia. Temos uma terceira corrente, inaugurada por autores estrangeiros e que agora é a de maior sucesso, que diz que foi o povo nas ruas, nas fábricas e nos campos que fez a revolução".

---

Ou ainda não? Não chega?

Friday, September 08, 2023

SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ

Senhor Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz,

Há no centro de (AB) ruínas de um antigo solar, a Casa da Renda, que  sempre me apoquentaram. De ruínas de casas abandonadas está o país cheio, mas com aquelas confronta-se a minha consciência cívica quando por ali passo.

Nasci (em A.), tenho casa (em A.), que foi de meus pais, e nela preservo, amo e recordo os dias felizes da minha infância e juventude.

Pergunto aos muito poucos que ainda conheço na aldeia, que já teve vida de vila e agora é quase só dormitório, se sabem por que razões o casarão continua a desmoronar-se, como um fantasma que só não assusta quem passa porque sempre conviveu com ele.

Dizem-me que o Presidente da Câmara está a tratar do assunto, mas ninguém, nem o Presidente, tem ideias para saber o que fazer, ou se desfazer, daquilo. 

Não quero acreditar no que me dizem, que o Presidente não tem ideias.  Quando muito o que o Presidente tem é mais que fazer do que pensar na Casa da Renda.

Aquilo vale pouco, se é que vale alguma coisa, mas é um sintoma da ausência do sentido colectivo cívico que há muito o deveria ter demolido.

E semeado ou plantado no terreno desocupado e estrumado um jardim de espécies silvestres locais a recordar os habitantes que foram deslocados dali há mais de três séculos para nele os frades crúzios construirem o palacete onde recebiam as rendas dos que trabalhavam nas suas terras usurpadas pela Ordem dos crúzios.

Não lhe faço perder mais tempo, Senhor Presidente.

Se não puder fazer para o povo de (A.) o jardim que, certamente, o alegraria, pelo menos não faça ali mais obra de ferro e cimento armado, tão inútil quanto os que (A) já tem sem préstimo.

 Com os meus melhores cumprimentos

( assinado)


Wednesday, September 06, 2023

NÃO PERCA AGORA, POR APENAS TAEG 22,4%!!! AMANHÃ SERÁ MAIS ALTA!

 

                 

TAEG 22,4%*
Comece setembro com rotinas ainda mais saudáveis no seu dia a dia.
Aproveite os descontos até 50% ao usar o seu cartão de crédito no WiZink Extra.
Não perca, só até 30.09.2023!

~-----------

O que é a TAEG? O Banco de Portugal explica, aqui. 

--------------

É assim que se endividam as famílias ...

Ninguém é obrigado endividar-se! As pessoas são maiores, sabem o que fazem.

Também os consumidores de droga.

É diferente.

Talvez seja, mas, no fim, dará no mesmo: a ruína das famílias 

---- Correlacionado

FÉRIAS MAIS LEVES EM JULHO DE 2010 



Tuesday, September 05, 2023

A CONSPIRAÇÃO DO CAIRO

                              Boy from Heaven - A Conspiração do Cairo

Um filme que vale muito a pena ver.

No NIMAS, um cinema que vale a pena frequentar,


Friday, September 01, 2023

POR UMA QUESTÃO DE MÁ CONSCIÊNCIA COLECTIVA?

O casal chegou às 23:30 ao aeroporto de Lisboa vindo dos EUA.
Cá fora, entrou no táxi que lhe coube em sorte determinada pelo agente de serviço.
 
- Bom dia!
 (nenhuma resposta)
- Leve-nos, se faz favor, a (morada indicada em Sintra)
 
O táxi movimentou-se no sentido do IC19, ali chegado o taxista começou uma corrida desenfreada, pressionando, com os faróis nos máximos, quem circulava à sua frente, movendo-se irrequieto, o volante a desandar-lhe nas mãos como se estivesse num autódromo a tentar ganhar o circuito.

- Pode, por favor, conduzir com menos velocidade? Não estamos com pressa ...
(nenhuma resposta)
 
Nenhuma alteração no comportamento daquele potencial homicida à solta na estrada.

- O senhor faz favor de conduzir com mais cuidado?
- O táxi é meu, quem sabe como devo conduzir sou eu! Ora esta ...
 
A corrida continuou imparável sem respeito pelos pedidos dos passageiros, nem pelos limites de velocidade, nem pelas regras de ultrapassagem, pressionando sempre, com os faróis nos máximos e o cláxon grosso a insistir sem tréguas, aqueles que encontrava à frente.

- O senhor encoste!
- Quê?
- Encoste logo que puder! Queremos sair!
- Quer o quê?
- Queremos sair! Sim, queremos sair,  e já!, ali na estação de serviço! Está a ver? 
- Está fechada a esta hora....
- Pois está mas entre! entre e pare já!
 
Parou. Recebeu e pôs-se a andar.
Ligou o casal para a Uber. Andava próximo dali um motorista aderente da plataforma. Levou o casal a destino, a respirar de alívio.

---

Situações como esta não são raras. São mesmo muito frequentes são as práticas agressivas de muitos condutores na estrada, sobretudo em vias geralmente congestionadas com o é o caso do IC19. Procedem como querem (não só automobilistas mas também os motars e motociclistas), assumindo-se senhores da estrada, ziguezagueando ao sabor do seu depósito de adrenalina.

- E não é possível denunciá-los à polícia.
 
- Aqui a denúncia destes e de outros casos semelhantes, reprime-se pela de má consciência colectiva, do tempo em que a denúncia de judeus (ou não) levava dezenas, centenas, ... a serem queimados nas fogueiras da Inquisição, para gáudio da populaça; depois, no tempo da ditadura, em que, pela denúncia (geralmente anónima) de pensamentos, actos e palavras contrários ao regime, eram os desobedientes da prepotência do regime presos e incomunicáveis. Talvez por persistência dessa má consciência colectiva são raras as denúncias por agressões domésticas, muitas das quais terminam no homicídio de (sobretudo) muitas mulheres. E, na estrada, não podendo a polícia estar em toda a parte e os radares interceptarem alguns excessos de velocidade, os crimes por gincanas de automobilistas, motars e motociclistas, são impunes. Podiam estas situações de alto risco serem denunciadas à polícia por quem conduza com civismo? Podiam, mas não está a consciência cívica colectiva para aí voltada. E ninguém faz nada.