Monday, September 18, 2023

PROGRESSOS DA PRODUTIVIDADE FERROVIÁRIA EM PORTUGAL

Pode-se ter saudades dos tempos bons mas não se pode fugir ao presente -  Montaigne.

Não conheço Aníbal de Matos, mas encontrei-me com ele, na blogosfera, quando comentei aqui uma barbaridade política que, entre tantas e tão frequentes, abanou a minha consciência cívica, quando me roubaram o comboio, o túnel, o caminho tantas vezes percorrido na minha primeira juventude. 
Roubado o comboio, encerraram o túnel, logo a seguir à sua renovação, e da via ferroviária, brita nova, branquinha, sulipas novas ainda a suar creosote, carris novos, a Linha da Beira Alta iria ter um fato novo, para já nos primeiros cinquenta quilómetros. 
Roubado o comboio por decisão ministerial, seguiu-se o roubo das sulipas, dos carris, por não sei quem nem para quê também retiraram (ou roubaram?) a brita. 
 
A linha da Beira Alta ficava amputada da ligação Figueira da Foz até à Pampilhosa, para regalo da vegetação que preencheu o vazio, só não entrou pelo túnel adentro porque não gosta de crescer às escuras.
 
Depois, em 2019 foram iniciadas obras de renovação da via desde a Pampilhosa até à Guarda, mas com comboios (poucos) para cima e para baixo, entenderam os que mandam que com tanto movimento nunca mais se renovaria a linha. E a linha foi encerrada em Abril de 2022, já tinha passado o covid, agora é que a Linha da Beira Alta (tamanho reduzido mas bitola larga) iria, depressa, ficar como nova. E quem quisesse ir de Lisboa a Madrid, poderia ir apanhar a ligação a Vigo. Uma volta interessante, só quem não gosta da Galiza poderá dizer o contrário.
 
O actual ministro, que dizem ser meio desastrado mas o que ele tem é azar a mais com as cartas que lhe saem do baralho, anunciou que a meia Linha da Beira Alta iria ficar pronta a 12 de novembro, daqui a menos de dois meses, mas não, parece que não.
Entretanto já foram roubados 30 quilómetros de catenária (cabo de cobre de alta tensão) sem que ninguém desse por isso, salvo quem roubou.

" ...Foi com homens robustos, outros menos robustos e até com mão-de-obra infantil que, nos finais do séc. XIX, se construiu em 46 meses a Linha da Beira Alta entre a Figueira da Foz e Vilar Formoso (252 quilómetros). Actualmente, a modernização desta linha entre Pampilhosa e Vilar Formoso (202 quilómetros), apesar de toda a tecnologia do século XXI (que substitui exércitos de homens que trabalhavam com pá e picareta), já dura há 50 meses e não se sabe quando termina pois, pela terceira vez, a IP falhou o prazo anunciado para a sua reabertura e com o qual o próprio ministro João Galamba se comprometeu. A data de 12 de Novembro não vai ser cumprida".- 
Continue a ler aqui
 
E assim nos entretemos, discorrendo sobre os progressos da produtividade em Portugal.

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Portugal é o terceiro país europeu que perdeu mais ferrovia: perdemos 460 quilómetros


2 comments:

Pinho Cardão said...

Claro, nada a admirar. Não conseguimos investir os fundos europeus e a produtividade vai diminuindo.
Se em 2013 éramos o 18º país da UE, somos agora o 23º. Atrás de nós só a Hungria, Eslováquia, Grécia e Bulgária. Fica explicada a razão pela qual Portugal vai sucessivamente caindo na cauda da Europa.
Abraço

Rui Fonseca said...


António,

Nos finais do século XIX não havia fundos europeus, mas a linha da Beira Alta, com 252 quilómetros, mais 50 que os 202 de agora, foi construída, incluindo o túnel, que não pode ter sido pera doce, em 46 semanas!
Tem de haver outras razões. Os fundos europeus (ou a falta deles) não podem ter, assim, as costas tão largas.
Abraço