Friday, November 15, 2019

IN VINO DA VINCI

Old wine in new bottles Leonardo da Vinci’s personal vineyard has been re-created

And the wine is ready to drink

Nov 14th 2019

LEONARDO DA VINCI is remembered as many things—artist, inventor, scientist. “Boozer”, however, is rarely included on the archetypal polymath’s astonishing CV. That might change now that scientists have resurrected da Vinci’s own vineyard.
Da Vinci was a great lover of wine, “the divine liquor of the grape”, as he called it. So much so that Ludivoco Sforza, the Duke of Milan, offered him a vineyard as payment for “The Last Supper”, which he painted for the refectory of the Convent of Santa Maria delle Grazie in Milan in 1498. It survived for centuries after his death, until it was destroyed by a fire started by Allied bombs in 1943. With it was lost any hope of seeking inspiration from the same liquid source that once fuelled the painter of “Mona Lisa” and the inventor of the helicopter.

That is, until 2007, when Luca Maroni, an oenologist, decided to excavate the site in the hope that some vine-roots had survived the fire. He recruited Attilio Scienza, an expert on viniculture, and Serena Imazio, a geneticist, and they began to dig. Finding some roots intact, the team subjected them to extensive genetic testing at the Università degli Studi in Milan. In 2009 they identified da Vinci’s grapes as Malvasia di Candia Aromatica, a variety that is still grown in Italy today.
That discovery set off a painstaking recreation of da Vinci’s vineyard. Dr Imazio scoured Italy to find grapes similar to the DNA profile of the roots, bringing them back to Milan and copying the original layout of the vineyard as exactly as possible. Located in the gardens of the Casa degli Atellani, just two minutes’ walk from “The Last Supper”, it has been open to visitors since 2015.
The vineyard produced its first harvest in September 2018. Now, after a long wait, da Vinci’s wine is ready to drink. A first 330 bottles, based on a design found in da Vinci’s Codex Windsor, will be auctioned later this year. For those not lucky enough to grab a bottle, the vineyards of the nearby Castello di Luzzano, also thought to have been the property of the Duke of Milan, produce a wine made from the same type of grape and inspired by da Vinci. You can enjoy a glass after a pleasant stroll through his vineyard. Light and floral, you can almost taste in it a hint of Leonardo’s renaissance.

This article appeared in the Europe section of the print edition under the headline "Old wine in new bottles"

c/p Economist

Wednesday, November 06, 2019

O JOGO DA CABRA CEGA


Leio no Público de 30/10, aqui.
"...
...  ... Na semana passada, o SMMP (Sindicato dos Magistrados do Ministério Público) divulgou um comunicado com seis páginas, intitulado “Restabelecer a legalidade no Ministério Público”, onde se insurge contra práticas “ilegais” que se instituíram nesta magistratura, por vezes de forma informal, à margem do Código Processo Penal. E pede a Lucília Gago e ao Conselho Superior do Ministério Público para proibirem e punirem o que chama de “práticas ilegais”. “O superior hierárquico não pode dar ordens ao magistrado do Ministério Público titular de um inquérito para este acusar ou arquivar um processo contra determinada pessoa”, lê-se no comunicado. E acrescenta-se: “O superior hierárquico não pode igualmente ter interferência nas diligências de produção de prova, isto é, não pode determinar ou impedir a realização de buscas ou intercepções telefónicas, a constituição de arguidos ou inquirição de testemunhas, tal como também não pode determinar o teor de perguntas, sugerir que se façam outras ou se suprimam algumas que entenda não serem adequadas.”
Mas o que aconteceu em Tancos não é a única situação a alarmar o sindicato, que condena outro tipo de “instruções” para que os procuradores não deduzam acusações sem antes as submeterem à apreciação do seu superior hierárquico. “Esta prática ilegal liquida por completo a autonomia interna dos magistrados, transformando-os em ‘meninos de escola’ que mostram os seus trabalhos de casa ao ‘professor’ para que este os aprecie e lhe anote os erros”, afirma o SMMP, que condena igualmente orientações para que os procuradores não peçam absolvições no final dos julgamentos, mesmo que considerem que não foi feita prova dos crimes.
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Percebo a posição defendida pelo Sindicato: aos magistrados do MP assiste a obrigação de investigarem com independência de qualquer nível hierárquico. De outro modo seriam transformados em "meninos de escola" que mostram os seus trabalhos de casa ao professor.
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Não entendo, no entanto, que o SMMP não conteste que as investigações e conclusões muito complexas e muito demoradas, que conduziram à dedução de acusação, no caso da "Operação Marquês", por exemplo, sejam submetidas à apreciação de um Juiz de Instrução a quem é dado o poder de recusar provas e conclusões tornando em "meninos de escola" os muitos magistrados envolvidos no mega-processo que ameaça abalar de vez o prestígio do MP.
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Poderá argumentar-se que das decisões do Juiz de Instrução pode o MP recorrer para a Relação. Mas
esta faculdade não retira ao magistrados do MP a contingência de serem tratados como "meninos de escola".
Neste caso, na primeira fila da fotografia do grupo.

Tuesday, November 05, 2019

JUVENTUDE NEURÓTICA





O autor, austríaco, desta peça de teatro em cena no Teatro AbertoFerdinand Bruckner ( Sófia 1891 - Berlim 1958 ) situou este seu trabalho sugerido pela instabilidade psicológica da juventude vienense percepcionada pelo autor nos anos 20 do século passado. A peça foi publicada em 1929, a acção decorre em 1923, e encena uma epidemia moral que atingia a juventude burguesa daquele tempo em Viena e se alastrava pela Europa no pós-primeira guerra mundial.
Resumidamente, há um grupo de estudantes de medicina, três rapazes, três raparigas e uma jovem e inocente empregada do grupo. Um dos estudantes é dominador e regozija-se a destruir as relações entre eles: corrompe a inocente empregada, anima as tendências suicidas da bissexual aristocrática, e acaba por  voltar-se para quem antes repudiou ostensivamente.
É nesta amostra de neurose colectiva da juventude que Bruckner sugere a emergência do fascismo, e nova guerra, duas décadas depois.

Sugere a reposição desta peça publicada há noventa anos a recidiva de uma situação patológica moral com sintomas semelhantes nos dias de hoje, augurando idênticas consequências? É essa a implícita  explicação desta e de outras reposições recentes da peça.

Relativamente ao trabalho em cena no Teatro Aberto, considero, mais uma vez a propósito das mais recentes representações do TA, que a projecção de vídeos desvaloriza a arte do teatro, o cenário, de tão exagerado em dimensões e iluminações, desvia a atenção dos espectadores da expressividade dos actores. E o guarda roupa é um excesso: em gosto, porque Tenente é um bom estilista, em quantidade porque uma peça de teatro não é um desfile de moda. Ainda que um desfile de moda tenha o seu lado teatral.