Tuesday, May 31, 2016

A SORTE DO TRABALHO

Há cinquenta anos, José Augusto marca o primeiro golo no jogo inaugural do Campeonato do Mundo de Futebol, com a Hungria

De borla. Nos anos 60, os anúncios feitos por futebolistas eram pagos em géneros. José Augusto recebeu uma caixa de 12 latas de salsichas 




"A sorte dá muito trabalho", diz-se.

Tenho muitas dúvidas. Tenho mesmo um montão delas, que cresce de cada vez que topo com casos que demonstram o contrário.
Ao Zé Augusto pagava o anunciante de salsichas com uma caixa delas. E o Zé Augusto trabalhou que se fartou para a selecção.
O Renato Sanches, que ainda não marcou nenhum golo pela selecção, foi transferido para o Bayern por 35 milhões!
O Eder, que é ponta de lança e foi arvorado capitão da nossa equipa "por ser o mais internacionalizado", disse o "mister", marcou até agora dois golitos, por junto. Quanto ganha o Eder, não sei, mas muito mais que uma tonelada de salsichas, certamente. 



Monday, May 30, 2016

ARCO DA CONTEMPORÂNEA


ARCOmadrid abriu este ano uma extensão em Lisboa.
Ontem, último dia na Cordoaria Nacional, observava-se um número apreciável de visitantes, a grande maioria dos quais certamente mais motivados pela curiosidade que os objectos e quadros expostos em feiras de arte contemporânea geralmente suscitam do que interessados em adquirir fosse o que fosse do que estava exposto. 
Apreciável nestas ocasiões é o comportamento dos visitantes ocasionais, compenetrados a mirar e remirar sem comentar, deambulando de galeria em galeria, parece que levados por uma devoção mística.

Não sei se esta experiência da ARCO, atentos os resultados, vai repetir-se.
Se for o caso, e se a Cordoaria Nacional continuar a ser o espaço oferecido pela Câmara, espera-se que, pelo menos, haja o cuidado de mandar limpar as camadas de pó acumuladas nos vãos das janelas. 

A menos que tenhamos tomado por camadas de pó aquilo que na exposição é instalação permanente de arte contemporânea. 



Sunday, May 29, 2016

MANUEL MADEIRA

Soube, esta manhã, por telefonema do Luciano M. que faleceu Manuel Madeira.
Ouvi, e rebobinou-se na minha mente a convivência, temporalmente curta mas suficientemente impressiva para perceber bem que, aquele técnico, de grande craveira que foi meu colega na direcção de uma empresa de um grupo multinacional, possuía uma estatura humanista e uma percepção filosófica de interpretação da vida que só os espíritos superiores conseguem alcançar.
Não voltámos a encontrar-nos durante quase quarenta anos até que, por uma destas coincidências que o tempo quando se alonga por vezes acaba por fazer surgir se a amizade perdura, me associei a homenagem que lhe foi  prestada na Biblioteca de Faro no lançamento de um dos seus últimos livros de poesia.

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Perplexidades

Encosto o meu ouvido rente ao chão que piso
e fecho os olhos.
Pouco me falta para beijar a terra
enquanto escuto o rumor mais fundo
que da fundura chaga até a perder o rumo,
disperso que me encontro na matéria escura
entre os grãos do silêncio confundido com eles.

Sou um naco de acaso envolto na teia
que ignota aranha teceu sem saber o que tecia
nas voltas que deu para me prender
como presa que sou de obscuro predador.

Permaneço atónito no seio da escuridão
onde se forja a luz que chegará ou não.

in Universo aberto com trancas à porta - Novembro 2012

O JOGO DA CABRA CEGA


Segundo o mesmo Obervador, de ontem, a PGR dá e não dá razão ao governo
"Mesmo sem dar a cara em público,o ministro da Educação conseguiu uma vitória: o conselho consultivo da PGR dá razão ao entendimento do Governo nos contratos de associação, e António Costa manteve-se firme e, sem recuar no braço e ferro com os colégios privados, mesmo contra a vontade do Presidente da República" - lê-se na pg.02 do primeiro caderno.

La donna è mobil/Qual piuma al vento ...

Saturday, May 28, 2016

ON THE WATER FRONT

- "A gente a passar na rua e sempre a ouvir que os estivadores não fazem nada, que são uns brutos. Não sei quem se saiu com essa ideia dos cinco mil euros por mês [refere-se à ideia de que os estivadores ganham salários altíssimos], que é tudo treta. Fico revoltadíssima com isto."aqui

- Ganham mais que os engenheiros da fábrica ...
- E depois? Por que é que só os que têm um canudo têm direito a serem bem pagos? Por que razão não há-se um estivador ganhar tanto ou mais que um engenheiro?
- Os engenheiros não têm acesso à carreira de estivadores. Não é estivador quem quer, é estivador quem o sindicato quiser. Para lá do portão (do cais) manda o sindicato patrão. 

Friday, May 27, 2016

CAÇADORES DE VIAGENS

Os visitantes passeiam-se pela exuberante diversidade tranquila dos jardins admirando a natureza magnífica, Monet ainda deve andar por ali.
Fotografam-se por todo o lado, e o lado preferido é a  ponte japonesa.  
Depois demoram-se o olhar a frente do edifício, detêm-se nos pormenores, e fotografam-se de novo na escada de acesso à moradia para uma posteridade efémera.
Entram-lhe pela casa dentro como se entrassem numa catedral, vagabundos à procura de um mistério que não descortinam onde se esconde.  Giverny é um local de peregrinação. 
No interior da casa, vagueiam a atenção pelos tons das paredes,  pelas gravuras japonesas, que o artista admirava, num ou noutro quadro nunca vendido, mas a curiosidade geral mergulha sobretudo no mobiliário das salas, nas colchas das camas, que, pela aparência, serão de manufactura relativamente recente, pelo trem da cozinha, pelas casas de banho, por uma máquina de costura enclausurada no vão de uma janela. E voltam a fotografar-se insistentemente, agora em todos os recantos da casa.

À saída, compram um souvenir, e levam com ele Monet para casa.

DE QUEM É A TROPA?

A notícia foi, de modo muito bem observado, comentada aqui.
Mas não mobiliza o sentido cívico colectivo dos portugueses que se embasbacam com o persistente obrar de muitos governantes para proveito próprio, pelo menos sobre a forma de votos recolhidos, e dos obradores de obra nova. 




A mim, que um dia, vindo de uma aldeia, há muitos anos já, desembarquei numa Lisboa que me chocou pela degradação urbana, pela extensão das áreas ocupadas por barracas, pelo número de famílias a viver num quarto, continua a perturbar-me a generalizada insensibilidade das pessoas perante situações de desaproveitamento evidente de construções e terrenos pertencentes ao Estado, além da tolerância perante as situações expectantes de propriedades privadas degradadas e abandonadas. 


De todos estes (muitos) casos aberrantes, pela sua extensão e centralidade, destaco todo aquele espaço ladeado de muros pinchados na Conselheiro Fernando de Sousa, Artilharia Um, Marquês de Fronteira e Duarte Pacheco Pereira.
Aquilo, não encontro qualificativo mais apropriado, é um nojo. 
Dizem-me: é da tropa.
E de quem é a tropa?

Ainda a propósito desta incontida vontade obradora dos nossos governantes para eleitor ver:
Quem agora, e não sabemos por quanto tempo, tenha de percorrer em viatura a via central de Lisboa, desde o Marquês até ao Campo Grande, vê-se obrigado a circular entre obras de que não se vislumbra o mérito. Sobretudo não se compreende como se aplicam recursos, certamente escassos, em obras que não resolverão o problema do congestionamento de trânsito na cidade. Porque este só se reduz reduzindo o número de viaturas que nela entram todos dos dias. Mas esta redução só acontecerá se restringirem as entradas, actuando sobre os acessos ferroviários ou, preferivelmente, criando condições de mais habitabilidade na cidade. Onde há ainda bastante espaço disponível e prédios degradados à espera que os reabilitem. É uma questão que exige soluções políticas que, se forem as adequadas, não implicam encargos para o OE. 

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Rectificação:

Disse-me um amigo, hoje, 31 de Maio, que os terrenos a que me refiro neste apontamento "já não são da tropa". Foram vendidos há cerca de 10 anos a um coleccionador de terrenos expectantes. Que compra e deixa ficar à espera que a expectância lhe multiplique convenientemente o investimento. 
- E não assumiu nenhuma obrigação de construir em tempo razoável?
- Pois, parece que não.  Mudaram-se as moscas mas o nojo é o mesmo.
- E ninguém mais dá por ele.

Thursday, May 26, 2016

NOVAS HISTÓRIAS DE UMA MIÚDA COM 81 ANOS

A pintora, sentada n cenário de O Primo Bazílio

"Paula Rego ( ) está sentada num banco que utilizou como cenário para a série inspirada no romance de Eça de Queiroz, O Primo Basílio, com uma boneca atrás. Confundem-se as duas, a boneca de cabelos em cachos dourados e um fato cor de rosa; a pintora de vestido preto com estampados e um colar onde seis ratinhos coloridos de brincadeira lhe ratavam o pescoço. Conforme nos aproximamos, vê-se a pintora imersa no seu próprio mundo, como se estivesse no estúdio londrino, desligada do que lhe está para acontecer: duas dezenas de gravadores e cinco câmaras de televisão. Há quem tente afastar os invasores, mas Paula Rego não se preocupa com a multidão. E começa a percorrer os espaços da exposição e a comentar a sua obra, olhando uns com curiosidade, outros com memórias e todos com um misto de prazer e desejo que os olhos que a acompanham gostem do seu trabalho. Isso deixa-a feliz, nota-se pelo que diz antes de percorrer a nova exposição, intitulada Old meets New: Alguém lhe pergunta se quer ficar sentada...


- Eu não, quero é ir ver os quadros. Há de haver mais se eu não morrer. Já tenho oito novos.

(na sala da série de A Relíquia)

O quadro em que a americana entra, à esquerda
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- Esta menina que está ali é uma senhora que me manda da América muitas roupas em segunda mão, fantásticas para vestir os bonecos e que me visitou porque queria ficar num quadro. Então, disse-lhe para se sentar e pintei-a neste quadro. Ela só não sabe é que esta cena passava-se numa casa de putas.
- Aqui é o sonho que o Teodorico tem quando vai à Terra Santa. Deita-se no chão e adormece quando o diabo vem. Tem à volta chorões que trouxe da casa da minha filha pois ao pé de mim não há.

(na sala da série D. Manuel II)
- Há um quadro muito grande, da série do último rei de Portugal, D. Manuel II, que não está cá porque foi comprado por uns americanos muito ricos e eles não o mandaram. Parece impossível!

(na sala de O Primo Basílio)
- A Luísa está a ler o jornal, onde está a notícia da chegada do Primo Basílio do Brasil, de que ela gosta. Aquela é a criada, a Juliana, que lhe fez a vida negra. Neste, usei muitos fundos de parede como os que se usava naquele tempo....

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c/p de aqui

DIA DE CORPO-AO-SOL

Feriado à quinta é ponte garantida para o Algarve, onde muitos trabalhadores portugueses gozarão de novo umas mais que merecidas férias de primavera. Ainda assim, as praias de Cascais, apesar do tempo incerto, estavam animadas esta manhã e os restaurante e bares movimentados. 
É bom para o turismo, dizem os operadores do sector, e não quebra o PIB, garantem dos actuais lados governamentais. O melhor dos mundos, portanto. 



Menos bom, porventura, para o mundo da Fé já que as obrigações católicas que determinavam que os crentes não faltassem hoje à Santa Missa e não se ausentassem os Bispos da sua diocese. Mas se é indubitável o cumprimento das obrigações dos Bispos em Dia de Corpo de Deus é duvidoso que muitos crentes católicos não tenham neste dia feriado cedido à tentação da exposição solar do próprio corpo.
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Segundo informação recolhida aqui, o Dia de Corpo de Deus é feriado oficial na Áustria, na Bolívia, na Croácia, no Liechtenstein e na  Polónia. É ainda feriado em algumas regiões da Alemanha, da Suíça e da Espanha. 

Tuesday, May 24, 2016

RECEBER PARA NÃO TRABALHAR

A proposta vai ser referendada na Suíça - vd. aqui -, mas, segundo as sondagens, será rejeitada.
Mas a ideia surgiu, e, muito provavelmente, fará o seu caminho até vir a ser aprovada pela maioria dos suíços, num futuro que pode não estar distante.  
Segundo a mesma notícia, o Canadá, a Holanda e a Finlândia estão a ponderar medidas semelhantes.

Por agora, a intenção espanta; num futuro mais ou menos longínquo, que não posso avaliar nem certamente viverei para poder observar, espantará a passagem ao patamar seguinte: 
Pagar para trabalhar. 

A capacidade humana de consumir é limitada pelo tempo; a capacidade de produção só defronta limites na exaustão dos recursos materiais. 
Num mundo economicamente globalizado, a competitividade acelera a produtividade e esta significa a redução de efectivos necessários à produção consumível. O emprego contrai-se e o trabalho será um bem cada vez mais raro.

E o que é raro, paga-se.

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Correl . - Job security is living the millennial dream

Monday, May 23, 2016

PERSPECTIVAS DE DESAFECTOS

O sr. Arménio Horácio Alves Carlos voltou a reafirmar que não admite que o Governo não reponha o horário de 35 horas para todos os trabalhadores, sem quaisquer excepções, a partir de 1 de Julho, sem mais delongas. Até lá, a CGTP estará mobilizada para todas as manifestações e greves que sejam necessárias para evidenciar que os trabalhadores não cederão a quaisquer restrições ou dificuldades que possam vir a ser eventualmente invocadas pelo executivo.
Segundo o que se deduz das notícias mais recentes o PM estará decidido a desautorizar o seu ministro das Finanças e ceder ao ultimato do sr. Carlos, quaisquer que sejam os efeitos no crescimento do défice e da dívida.

Quem, inesperadamente, parece não concordar com a imposição do sr. Carlos é, vd. aqui, o sr. Presidente da República, que pode recusar-se, transitoriamente, a não homologar a proposta de lei que o Governo lhe apresente a mando do máximo líder.
Apesar da vulnerabilidade do veto presidencial, que pode ser derrubado à segunda investida, o confronto entre a extrema-esquerda assumida na Intersindical e o Presidente da República, por cima do maquievelismo do PM, promete ser o primeiro de uma série de desafectos entre PR e PM.

Por ser quem é, o professor Marcelo Rebelo de Sousa, se não der meia volta e deixar seguir a imposição do sr. Carlos, antes de vetar explicará, publicamente, circunstanciada e repetidamente, as razões pelas quais discorda do impositor.
Dirá, além do mais, que a reposição do horário de trabalho seria um tiro nos pés da competitividade da economia portuguesa, que, com baixos níveis de produtividade, tem de compensar com mais trabalho a sua insuficiência de trabalho qualificado e altamente qualificado.
Que há, realmente, um aparente paradoxo entre a necessidade de uns trabalharem mais e muitos outros não terem trabalho, uma contradição que só pode ser superada pelo crescimento económico que, no entanto, não se atinge trabalhando menos mas trabalhando operacionalmente melhor ou de modo produtivamente mais valorizado.

Que há, hoje, um mercado de trabalho global e que, na China, onde o direito à greve não é consentido, há milhares de milhões de trabalhadores submissos a um partido comunista irmão do Partido de que o sr. Carlos é membro altamente classificado mas que ele parece querer ignorar para continuar a venerar. É de lá que, em grande parte, concorrem as empresas que pressionam os trabalhadores portugueses a trabalhar mais enquanto não souberem trabalhar melhor.
O sr. Carlos repetirá, em resposta, que em Portugal a desigualdade é grande e os patrões sovinas. O que, admitamos, possa ser, em muitos casos, verdade.

Deveria o sr. Carlos tomar nota que os patrões chineses e o estado chinês já compraram o filet-mignon dos sectores de serviços e utilities em Portugal e, por vistos gold, molhos de propriedades urbanas. Mas Portugal é pequeno e os bilionários chineses muitos e grandessissimamente abonados.
Compram em Paris, Londres, Nova Iorque, Sidney, Vancouver, em toda a parte onde haja construção à venda, salvo se for construção industrial onde tenham que defrontar o sr. Carlos ou outros Carlos deste mundo.

Condeno a lei da greve? De modo algum!
Condeno a visão antolhada do sr. Arménio Carlos e dos seus pares, que fazem vista grossa às condições a que são submetidos os trabalhadores chineses pelos guardiões de uma ditadura que suporta um capitalismo sem rédeas.

Sunday, May 22, 2016

OS DEVORADORES DE MILHÕES

O Governo, decidiu recapitalizar a CGD injectando-lhe mais quatro mil milhões de euros, que irão juntar-se aos três mil e seiscentos milhões dados há quatro anos, dos quais dois mil e setecentos milhões para recapitalização e novecentos milhões a título de empréstimo, ainda por reembolsar na totalidade. Outro qualquer devedor teria caído falido.
A decisão do Governo terá sido, segundo o Expresso deste fim-de-semana, imposta pelo sr. António Domingues, que a Assembleia Geral de accionistas (uma designação insólita para a presença de um único efectivo representante do accionista) vai eleger esta semana.

Segundo a mesma notícia, as instituições europeias poderão aprovar aquela operação mediante a apresentação de um plano que garanta que a injecção destes mais quatro milhões de euros na Caixa vai permitir obter um rendimento bastante do capital investido para retirar-lhe o carácter de mais um apoio dos contribuintes a fundo perdido. O sr. Jerónimo de Sousa está de acordo e nem discute a consistência das garantias do plano Domingues, aliàs ainda não conhecidas. Se é público pode perder quanto queira ...

Ainda segundo o mesmo semanário ficámos a saber o que já, muito fundadamente, suspeitávamos: a banca recusa-se a assumir as responsabilidades no Fundo de Resolução, que o governo anterior colocou do lado dos contribuintes, garantindo aos seus crédulos exactamente o contrário.
Por outro lado, o PM reafirmou a sua fé nas virtudes de um "banco mau" para resolução da acumulação de crédito dito mal parado que a banca alegremente acumulou, e continua a acumular, por conta dos pagantes do costume

Um dia destes cairá o burro-em-pé.

ANEDOTA DO DIA

Por notícia que é acusada de ter provocado a fuga massiva de depósitos do Banif, o regulador da comunicação social multou a TVI em 459 euros.

Hoje pela TVI, amanhã por qualquer um dos outros, a corporação regula-se por interesses próprios dos agremiados.

Wednesday, May 18, 2016

ISTO ESTÁ A DESCOMPOR-SE

Além do mais, por fora, à sra. Hillary Clinton, com a nomeação quase garantida pelo lado democrata, falta-lhe o quase e, até lá, o seu partido desune-se em confrontos verbais que favorecem Trump, que tem a nomeação já garantida, e agora suaviza o discurso misógino e racista para atrair os eleitores apavorados com as barbaridades que caracterizaram as intervenções com que afastou os outros concorrentes à nomeação republicana. Nesta altura, a vitória democrata, Clinton ou Sanders, em 8 de Novembro está cada vez mais longe de serem favas contadas.

Dentro de pouco mais de quatro semanas, os britânicos vão dizer sim ou não à União Europeia. 

Num artigo publicado no FT deste fim-de-semana - Rival historians trade blows over Brexit -  recolhe a opinião de historiadores de diferentes escolas que, diametralmente opõem razões a favor da permanência ou na saída do Reino Unido na União Europeia. Opiniões que eles escavam nos sedimentos históricos para refutar ou apoiar o "Brexit" porque as razões económicas e financeiras já não parecem decisivas para decidir o confronto. 
Ganhe quem ganhar, o pior resultado será uma vitória escassa do não ao "Brexit". 
Pior para os britânicos porque, independentemente das consequências económicas, o orgulho identitário britânico vai continuar a reclamar da União Europeia mais e mais destacadas situações de excepção.
Pior para a União Europeia porque nada mais prejudicial para um clube do que um membro que teima em manter-se à porta.

Por dentro, além do que mais adiante se verá, quando forem conhecidos os indicadores do emprego, do défice, da dívida, do saldo da balança comercial, no fim do segundo trimestre - os do primeiro trimestre publicados pelo INE não são animadores mas também não são concludentes,

"A Comissão Europeia quer que Portugal tome mais medidas para corrigir o desequilíbrio das contas públicas. Dá dois meses para ver resultados. Em relação à consolidação realizada no passado, Bruxelas dá nota positiva. Meta deste ano é realizável. Evitar sanções está agora unicamente nas mãos de António Costa."- aqui

Tuesday, May 17, 2016

UM FATO PARA UM MARRECO

- É uma abdicação.
- Discordo. É o reconhecimento da imbecilidade deste ministro da Educação. Concordo totalmente com a decisão do ministro da Defesa. O ministro da Educação é uma marioneta do Nogueira, é, portanto, muito natural que rejeite a intromissão do Nogueira nos colégios que dele dependem.
- Não creio que a rejeição seja do ministro da Defesa ...
- Nem eu. Quem rejeita é a tropa, visualmente é o ministro da Defesa.
- Insisto: dando por adquirido que este ministro da Educação faz o que lhe manda fazer o Nogueira, a aceitação do governo é uma abdicação.
- Talvez. Mas, reconheça-se, este governo não tinha alternativa.
- Então a abdicação, neste caso, não seria evitável com a demissão do ministro.
- Ah, pois não! Se o ministro da Educação não é imbecil está a fazer o papel que aceitou desempenhar.  A partir do momento em que o actual primeiro-ministro aceitou as regras impostas, neste caso, pelo Nogueira, aquando da assinatura dos acordos que lhe permitiram ser primeiro-ministro, o ministro da Educação faz o que manda o Nogueira, salvo se a tropa ou a igreja dizem que não.
Nestes casos, até o Nogueira baixa a garupa.
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Correl. - 24/05/2016
Fenprof vai processar JSD por ter comparado Nogueira a Estaline


Sunday, May 15, 2016

O JOGO DA CABRA CEGA

Já passaram três anos sobre a exposição pública das moscambilhas perpetradas pelo sr. Zeinal Bava às ordens do sr. Ricardo Salgado, que acabariam atirar a PT para as mãos dos comparsas brasileiros da Oi, e destes para os franceses da Altice em parceria com um emigrante português bem sucedido em França. Do mal o menos, foram esmagados os interessess dos accionionistas menores, mas sobreviveu a empresa.

Três anos depois, continua a desenrolar-se o rol de manobras, agora descortinadas nos "Panama Papers", que desta vez dão conta da transferência de 18, 5 milhões de euros de uma conta offshore da Espírito Santo Enterprises que, segundo Bava, se destinavam a adquir acções da PT e que, recentemente, foram devolvidos com juros à "massa falida" da Espírito Santo Luxemburgo

A erupção Espírito Santo ocorreu há três anos, mas a do BPN ribombou há oito. Ainda não hà notícias que a justiça tenha julgado as fraudes cometidas. Só sabemos que as facturas apresentadas aos contribuintes se medem já em vários milhares de milhões de euros. Entretanto, rebentou o Banif, para proveito do Santander, sempre às costas dos contribuintes.

Há dias dizia o presidente do Supremo Tribunal de Justiça que "justiça célere não é justiça".
O que é justiça, Meretíssimo?

Tuesday, May 10, 2016

A NOTÍCIA DO DIA



Mas a notícia do dia é outra.

"Renato Sanches, que assinou esta terça-feira pelo Bayern de Munique a troco de 35 milhões de euros - poderá valer ainda mais 45 milhões de euros por objectivos - protagonizou a transferência mais cara de sempre de um portugês para o estrangeiro"



VENDIDA A ETERNA PRIMAVERA



Por 20,4 milhões de dólares pela Sotheby´s de Nova Iorque.
L´Éternel Printemps, uma obra de Rodin, de 1902, é uma variante de "Le Baiser" de 1889.

O Catálogo das obras neste leilão de Primavera da Sotheby´s é impressionante. Pode ser visto aqui.

Sunday, May 08, 2016

A CULPA DOS OUTROS

" ...há um seriíssimo problema de gestão relacionado com as acções executivas, ou seja, a cobrança das dívidas. E este não é um problema da justiça, mas da economia. Salvo situações patológicas ningém é devedor porque quer - mas porque não pode pagar" 
Como se resolve isso? 
"Melhorando a economia, é o contrário: é a economia e a sua situação desfavorável que causa tensões brutais sobre a justiça" 
No Programa Nacional de Reformas do Governo a questão é colocada ao contrário: a justiça surge ao "serviço da competitividade" 
"(...) Estou à espera que as pessoas que fizeram essa afirmação me a expliquem."
Como é que uma empresa investe em Portugal se sabe que vai demorar anos a derimir um conflito em tribunal?
"Quem disse que demora anos? Nalguns casos, se não houver expedientes dilatórios, talvez até se resolva mais depressa num tribunal que através de meios arbitrais (extra-judiciais) ...."
A verdade é que, tanto à esquerda como à direita, todos falam na "crise da justiça", e na sua falta de celeridade.
" (...) Uma justiça célere não é justiça ..."
Numa escala de 1 a 10, como classifica  a justiça portuguesa, sendo 10 o ideal? 
"Numa escala de 1 a 10, e aplicando os critérios do relatório da União Europeia Justice Scoreboard, eu daria 6 ou 6,5"  

Algumas respostas do Presidente do  Supremo Tribunal de Justiça, e, por inerência, do Conselho Superior de Magistratura, quarto lugar da hierarquia do Estado. 


Saturday, May 07, 2016

EXPLICAÇÃO DO MAU TEMPO

4 de Abril de 1949

"Hoje vamos aprender que devemos sempre, sempre, cumprir o que prometemos. Se não cumprimos o que prometemos poderemos ter de pagar pelas nossas faltas. 
Abram "O Livro de Capa Verde" na página 31.
Começa a ler o Raul"



Clicar para ampliar



TRUMP E A DÍVIDA

Quem é que pretende renegociar a dívida pública?
Trump.
Esse mesmo, Mr. Donald Trump, o já candidato único à nomeação pelos republicanos às eleições  de 8 de Novembro para a presidência dos EUA. 
A notícia vem comentada, aqui, no Financial Times online de hoje.
É verdade que ele afirmou que não quer renegociar a dívida mas resgatar as obrigações em curso a taxas elevadas, e emitir novas obrigações a taxas mais baixas. A ideia é tão básica como aliciante. Mas como é que isso se faz com vantagem para o Tesouro norte-americano, Trump não disse. 


O Presidente Obama tinha alertado que "a presidência não é um reality show" e salientado a necessidade de sujeitar as propostas do muito provável candidato republicano a um escrutínio sério. 
"Penso que as pessoas que historicamente se preocupam com a consistência dos orçamentos e aqueles que têm a responsabilidade de acompanhar a evolução das finanças do Estado devem indagar se as propostas de orçamento do sr. Trump são exequíveis. Estas são questões que os votantes republicanos mais do que o políticos republicanos devem considerar.

É o mundo às avessas, com Trump a ultrapassar Hillary Clinton pela esquerda?
Trump é um populista, e um populista está em todo o lado onde possa caçar votos.

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Correl . - Trump´s latest policy idea

Friday, May 06, 2016

O JOGO DA CABRA CEGA



Barão da droga e o seu braço direito fugiram de Portugal em Abril.

Foram libertados da cadeia de alta segurança em Monsanto por ter sido excedido o prazo de prisão preventiva de três anos e quatro meses.
Entretanto ficou pendente na Relação de Lisboa um pedido de extradição formulado pelos Estados Unidos.
Os dois narcotraficantes são agora procurados pela Interpol".

Trata-se de uma história, contada aqui, que vale uma leitura inteira.
Incrível? Vulgar em Portugal.
Não há jogos grátis. Quem paga, sabemos nós. Quem recebe, só eles.


Thursday, May 05, 2016

DESACORDO INÚTIL

Leio aqui que hoje é dia de comemoração da língua portuguesa e da cultura em todos os Estados membros da CPLP. Quantos portugueses terão conhecimento de que existe um dia em que se comemora a língua materna comum e que esse dia é hoje? E quantos brasileiros, angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos, guineenses, são-tomenses, timorenses, terão?  (A Guiné- Equatorial é uma excrescência que,  neste caso, mais se revela burlesca) 

Enredados em múltiplos problemas que os afligem de forma imediata, a comemoração da língua e cultura comuns será um devaneio intelectual porque não é certamente assunto que minimamente se embrenhe, mesmo por breves instantes, nas atenções dos cidadãos em geral. Este alheamento não significa, obviamente, que a língua não seja um património de valor incalculável e que os objectivos da CPLP não se prolonguem para além dos interesses culturais conjuntos. 



Mas se a língua é o factor unificador do conjunto e a sua defesa uma obrigação inalienável, a repescagem da discussão sobre o Acordo Ortográfico proposta pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa seria perturbadora e inconsequente.

Perturbadora, porque as gerações mais novas estão a ser ensinadas em conformidade com o acordo subscrito em nome de Portugal. 
Inconsequente, porque, a longo prazo, o português, como qualquer outra língua, desdobrar-se-á em variantes que não se conformarão com novos acordos ortográficos. Dito de outro modo, talvez este "Acordo Ortográfico" não seja bom, mas será o último. Porque mesmo que fosse consensual no momento presente, e não é,  não resistiria à inevitável obsolescência determinada pelo decorrer do tempo, que tudo transforma e a que a linguagem não escapa. 

Dito isto, continuarei a escrever segundo a norma anterior. 
Se, uma vez por outra, não for alternando as normas. 

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Correl. - A reversão mais valiosa para o futuro : acabar com o Acordo Ortográfico
Marcelo Rebelo de Sousa (11/05/2016) - O Acordo Ortográfico é uma não-questão

Wednesday, May 04, 2016

ULRICO

O presidente executivo do BPI disse ontem aos socialistas, de portas abertas ao sector bancário para conversas, que "a consolidação da banca é a única saída para a crise" . 



Da banca, supõe-se, porque a banca engendrou a crise, importando crédito que a economia nunca teria capacidade de reembolsar, embolsando os banqueiros prémios por resultados contrafeitos, expandindo-se em balcões em cada esquina, não raras vezes de um do outro lado da rua, tolerando-se mutuamente em todas as manobras dos membros da corporação, faz lá tu as tuas moscambilhas e deixa-me a mim fazer as minhas. O que é que eles discutiam e combinavam na associação corporativa, não sabemos, o que sabemos é que andaram largos a fazer de conta que a economia não tem leis. Mas tem, e a vaca tísica acabou por lhes cair em cima. Nada que não fosse previsível, nada que até neste caderno, desde as primeiras notas, há dez anos, não tivesse sido apontado.

Agora, só agora, o sr. Ulrich, conclui aquilo que há tanto tempo era evidente: havia banca a mais para o tamanho da mesa. O que pensam os outros?  É neste ponto que a porca torce o rabo.

A Caixa não pensa. A publicar prejuízos há cinco anos a fio, precisa que o governo lhe entregue mais dinheiro dos contribuintes depois de há, apenas, três anos ter recebido fundos para recapitalização sob a forma de aumento de capital e de um empréstimo reembolsável de que ainda não reembolsou um cêntimo. O novo presidente condicionou a aceitação da incumbência na condição de lhe ser permitido aumentar as retribuições, e o governo aceitou sem que se conheça qualquer reciprocidade de compromissos de objectivos. A Caixa absorveu há anos o Banco Nacional Ultramarino mas só cresceu em tamanho. Demonstradamente, não tem tradição nem competência para ser o La Caixa português.
Há quem proponha a nacionalização do Novo Banco - "já que o dinheiro já lá está, o melhor é ficar com ele" - mas da fusão com a Caixa só resultariam ganhos de produtividade se fosse drasticamente reduzido o quadro conjunto de pessoal, uma hipótese inviável para um governo suportado pela asa esquerda do parlamento.

O Santander estará alegremente de acordo na expectativa de lhe calhar na rifa mais um brinde tipo Banif.

O BPI do sr. Ulrich será, tudo aponta nesse sentido, a médio prazo, se não mesmo imediato, uma filial, de facto, do La Caixa. E o sr. Ulrich o seu representante em Portugal por mais algum tempo. Estará o sr. Ulrich a considerar uma eventual integração do Novo Banco no grupo La Caixa como um negócio de consolidação da banca portuguesa? Só por ironia.

O presidente do BCP diz que sim, que quer o Novo Banco. Se não há duas sem três, o BCP tem boas hipóteses de ser contemplado depois dos salvados do BPN terem sido vendidos por nada ao BIC e os do Banif por quase nada ao Santander. Num e noutro caso, a sucata ficou a preço de ouro do lado dos contribuintes

Resumindo: Aquilo a que o sr. Ulrich chama consolidação só resultará em ganhos de sinergia com redução de custos em meios, sobretudo meios humanos. Terá o PS entendido a mensagem?

É complicado, sobretudo para um governo todo à esquerda.

Tuesday, May 03, 2016

O JOGO DA CABRA CEGA

A PJ não deve ter mãos a medir nem o Ministério Público espaço para tantos processos. 
O futebol, um negócio, muitas vezes obscuro, que excita multidões em todo o mundo, é, certamente, um dos seus alvos mais dissimulados. Ainda assim, o julgamento e detenção de um ex-presidente do Benfica subsiste como caso raro de sucesso da justiça portuguesa contra a corrupção e crimes afins.
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Hoje, vd. aqui, soube-se que foram constituídos arguidos seis indivíduos apanhados em buscas a sociedades do futebol de Braga, Sporting e Benfica, suspeitos de envolvimento em práticas de crimes de branqueamento de capitais, falsificação de documentos, associação criminosa, o rol do costume. 
Um dos arguidos, presidente da sociedade de futebol de Leiria, onde começa o enredo da moscambilha, é um russo.

O União de Leiria é agora um clube da terceira divisão mas dispõe de um dos estádios construídos para o Euro 2004, no âmbito de uma decisão megalómana do governo de António Guterres. Foi, aliás, o único estádio construído de raiz.
Agora, no União de Leiria manda o russo, o estádio é o seu covil.