Produtividade, produtividade, produtividade ...
Não
faltam comentadores, há mais comentadores profissionais que moscas neste
país, a clamar que o país está no charco porque a produtividade é
fraquinha.
E é. Porquê?
Sector público e sector privado colhem, cada um, grosso modo, metade do PIB.
Qual é a produtividade do sector público em Portugal?
É
difícil responder. A resposta mais simples seria o quociente entre o
VAB do sector público e o número de empregos no sector, mas ficamos na
mesma.
Aliás, se no VAB o pagamento de remunerações apanha a
maior fatia, o aumento das remunerações no sector público sem
correspondente aumento da produtividade no sector equivale a uma
transferência de VAB do sector privado para o sector público.
Parece,
portanto, que uma análise da produtividade do sector público só pode
realizar-se por via indirecta. Se comparamos produtividade em Portugal
com, p.e., a produtividade no pelotão que corre na UE, forçosamente se
torna necessário segmentar a comparação.
Como comparamos a
produtividade da Justiça em Portugal com a produtividade dos outros
corredores no pelotão? A produtividade na Justiça é fulcral para o
aumento da produtividade do país. Espero não estar a dizer nada de novo,
que esteja a dizer o que é óbvio. Ou não?
O mesmo
na Educação. Proclamamos que temos hoje a juventude mais bem preparada
de sempre. Admitamos que é verdade. Estamos a correr no pelotão, ainda
não descolámos, mas estamos cada vez mais para trás. Porquê? Comparem-se
os indicadores críticos. Segundo o relatório anual do PNUD, estamos
persistentemente a cair no ranking mundial. Desde 2000, descemos do
28º. lugar para o 38º em 2019., posição, neste caso, do IDHAD, índice de
desenvolvimento humano ajustado pela desigualdade. E porque caímos
persistentemente? Sobretudo pelo critério de avaliação da educação.
Que fazer? Comparar e tirar conclusões.
Na
estrutura do tecido empresarial. Ouve-se mil uma vezes repetido que os
nossos pequenos empresários não têm formação, que os trabalhadores têm
mais formação que os pequenos empresários, que a economia portuguesa
vive de pequenas e médias empresas, como se tal facto fosse, por si,
uma vantagem. Não é. Temos pequenas e médias empresas a mais e grandes
empresas a menos. Como fazer crescer as PME sem diabolizar as grandes
empresas? Comparem e tirem conclusões.
Destaca-se,
frequentemente, a importância do turismo. Mas pode uma economia que se
quer produtiva e crescente sustentar-se em grande medida no turismo?
Não pode.
Há
muitos anos, na ressaca do Verão de 1975, o Prof. Pereira de Moura
afirmava, com nítido exagero, que o turismo é a prostituição da
economia. Não é, mas vive muito da vida fácil, de empregos de baixa ou
mediana qualificação. Do turismo vivem os restaurantes, de emprego não
geralmente muito qualificado. O que também lhes vale é os portugueses
adorarem comer em restaurantes por se terem esquecido de cozinhar em
casa.
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