Sunday, November 22, 2009

INTENÇÃO INTELIGENTE

Lê-se no Expresso/Economia desta semana que o governo holandês planeia substituir, até 2012, todas as taxas, impostos e portagens , por um sistema associado à utilização efectiva dos veículos. Um equipamento GPS instalado em cada viatura registará a distância e o tempo de cada viagem. Cada automobilista só terá de pagar em função da cuirculação efectiva do seu veículo. As autoridades holandesas esperam uma redução de 15% na circulação automóvel, redução de congestionamentos, 10% de redução na emissões de CO2, redução de 7% de vítimas mortais em acidentes, aumento de 6% na utilização de transportes públicos. Com a abolição do imposto automóvel, o preço dos veículos deverá descer 25%.

Calculam os holandeses que o custo médio será de cerca de três cêntimos por quilómetro percorrido, estando previstos aumentos de preços em determinados horários ou percursos mais disputados. O novo modelo de tributação prevê ainda um agravamento faseado dos custos ao longo dos próximos anos. Em 2018, o preço médio do quilómetro será de 6,7 cêntimos. O ministro dos Transportes holandês garante que o objectivo não é arrecadar receita mas antes gerir a utilização das estradas e a protecção do ambiente de forma mais eficiente.

Em Portugal o Governo disse que iria avançar com 'chip' nas matrículas mas as oposições, em maioria na AR, opõem-se. Como era previsível, desde o momento em que deixou de existir uma maioria na AR a suportar o Governo e o PM entendeu nada fazer para, realmente, dispor dessa maioria, nenhuma reforma estrutural avança e as que tinham chegado a meio do caminho recuam.

Ninguém sabe, ou ninguém se entende, acerca das políticas que poderão safar Portugal da situação de crise endémica em que caiu há mais de uma década. Políticas que nunca poderão ser populares porque se o pudessem ser há muito que estariam em vigor. Políticas com pontos de apoio diversos, porque nunca existirá só uma que, só por si, possa mobilizar os portugueses de modo que não se atrasem ainda mais no pelotão europeu, onde nos integrámos há 23 anos pouco conscientes das exigências da corrida.

Ouve-se e lê-se frequentemente que Portugal só sai desta crise prolongada se aumentar a sua produtividade, condição sine qua non para aumentar a sua competitividade e reequilibrar as suas contas. A produtividade, por sua vez, contudo, pressupõe que se conjuguem vários factores propícios. Um deles, inquestionavelmente, é a criatividade. Temos de ser diferentes em muitas coisas para superar os nossos handicaps naturais. Mas a diferença implica, por sua vez, capacidade de adaptação à mudança. Quem segue o rebanho não pode deixar de borrar os pés.

Os holandeses, que não têm, nem de longe nem de perto, os problemas com que, colectivamente, nos confrontamos demonstram que, mesmo os seguem à frente, não descuram a necessidade de mudanças. Até nas suas bicicletas, uma coisa que em Portugal já quase só é vista numa esfarrapada Volta Portugal.

Holanda Aprovada taxa por quilómetro percorrido

4 comments:

António said...

"Ouve-se e lê-se frequentemente que Portugal só sai desta crise prolongada se aumentar a sua produtividade, condição sine qua non para aumentar a sua competitividade e reequilibrar as suas contas."

Por favor explique-me como é que se consegue aumentar a produtividade.
a)Não vale baixar salários, aumentar o numero de horas de trabalho, nem reduzir postos de trabalho.
b)Mas já pode valer fazer novas fábricas de qualquer coisa e suprimir metade dos que vivem à custa de quem trabalha.
Assim, tipo desfuncionários publicos e outros inuteis.
Gastar metade com o sistema prisional e os rendimentos minimos e médios, etc....
Vale tudo menos a)
Ande lá!

Rui Fonseca said...

"Vale tudo menos a)"

Quem prende a água que corre
É por si próprio enganado;
O ribeirinho não morre,
Vai correr por outro lado.

António Aleixo

António said...

Pois, pois.
É mais fácil fazer o que está em a) e subir impostos.
Fácil.

João Vaz said...

Concordo plenamente com o Rui Fonseca.
A produtividade aumenta-se com rigor na aplicação das leis, a começar pela Lei das Finanças Locais.