Monday, November 09, 2009

20 ANOS DEPOIS








Estivemos em Berlim em 1986. Berlim "Ocidental" não era Ocidental porque era uma ilha rodeada por todos os lados pela Alemanha Oriental, a RDA - República Democrática Alemã.
Dentro do muro, na ilha, os residentes mostravam uma alegria que não podia constrastar mais com o ar macambúzio da gente que vivia fora do muro.
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Passava-se o checkpoint Charlie e entrava-se num mundo estranho mesmo aos olhos de quem tinha vivido até então a maior parte da sua vida numa sociedade dominada por uma ditadura.
Berlim "Oriental" tinha sido mais poupado aos bombardeamentos dos Aliados e era daquele lado que se mantinha de pé parte da monumentalidade e grandeza que faziam de Berlim, antes da guerra, uma das mais cosmopolitas capitais da Europa. Impressionaram-nos os seus museus. O resto, visto de raspão porque os programas das excursões "ao outro lado" não permitiam demoras noutros locais, só podia decepcionar quem antes tivesse vivido, durante poucas horas que fosse, o ambiente de felicidade visível nos rostos dos ilhéus berlinenses sitiados.
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Voltámos no Verão de 1990, a tempo ainda de fotografar uma parte do muro propositadamente não derrubado e oferecido como uma enorme tela à criatividade dos artistos plásticos. Nas ruas e avenidas cruzavam-se os Trabant de leste com Mercedes, Audi, BMW, Volkswagen. À noite, cada qual estacionava do seu lado. Os Trabant há muito que passaram à história. Hoje, apesar de persistirem algumas diferenças de níveis médios de vida entre o leste e o oeste, os alemães de leste já não esperam vários anos para aceder a um automóvel. Angela Merkel , a actual Chanceler veio do leste.
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Helmut Kohl, um dos maiores construtores da União Europeia, teve a visão, a ousadia e a pertinácia bastantes para derrubar todos quantos, dentro e fora da Alemanha, se opunham à reunificação do seu país. Pelo que representa para a Alemanha e para a Europa, Kohl será recordado na História como um dos políticos mais notáveis do Séc. XX.

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