Sunday, January 12, 2025

O QUE FALTA NA EUROPA?

Europeus. 
Na Europa, e nomeadamente na União Europeia, há alemães, italianos, suecos, austríacos, espanhois, franceses, portugueses ... mas europeus, não há. 

O sentimento de pertença a um grupo com interesses comuns de defesa e representação externa não existe entre os europeus.
Nem nunca os caminhos prosseguidos apontaram para a evolução da União Europeia para uma federação dos estados membros e a constituição dos  Estados Unidos da Europa. Os nacionalismos nunca abdicaram dos vínculos mais representativos das soberanias de cada estado membro: a defesa e a representação externa.
 
Em Julho de 2011, anotei aqui,

"Nunca tanto se falou de federação europeia, nunca tantos comentadores políticos se afirmaram federalistas como nos dias de hoje, perante o aperto da dívida a que estão sujeitos os europeus dos geralmente designados países periféricos. É, natural, portanto, que o federalismo seja muito mais invocado a Sul que a Norte.
Os federalistas assumem que só uma integração política europeia mais profunda poderá solucionar radicalmente os problemas que a adopção de uma moeda única veio colocar num contexto caracterizado por uma diversidade muito significativa dos níveis de desenvolvimento económico entre os seus membros ..." 
 
A crise das dívidas soberanas foi solucionada por outros meios, e o federalismo foi esquecido.
Há dias, o almirante Gouveia e Melo, ouvido num podcast transmitido na Sic sobre a questão da segurança foi muito claro, reafirmando o que, sobre a mesma questão, a mesma posição assumida numa entrevista de Vítor Gonçalves em setembro do ano passado, que comentei aqui.

Hoje, perante as mais recentes declarações de Trump, a Europa pode estilhaçar-se para gáudio dos inimigos da democracia liberal e o triunfalismo em expansão do totalitarismo num remake da situação observada há oito décadas com a enorme diferença de naquela altura os Estados Unidos da América se terem colocado ao lado dos europeus. 
 
Haverá, agora, quando os europeus estão perante a ameaça da sua soberania global, entre os diversos prováveis (ou putativos) candidatos à presidência, um, só um que seja, capaz de afirmar uma posição clara perante os portugueses qual a sua política de defesa implicando o reforço da despesa com a defesa e, inevitavelmente, a redução da despesa que sustenta o estado social?  
E a integração, temporária, de milhares de jovens portuguesas e portugueses nas fileiras?

Em setembro de 2011, anotei isto: SAIA UMA FEDERAÇÃO À PRESSÃO.
 
Nunca mais ouvi falar no assunto.
Alguém ouviu?
Há alternativa?
Há. A abdicação.
Ou não?

 

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