Palavras cruzadas para entreter a viagem.
"Não há questões filosóficas, há questões de linguagem." - Wittgenstein
"Insanity is doing the same thing over and over again, expecting different results" - Albert Einstein
ou a persistência da subserviência feminina em grande parte da Índia.
Três mulheres a viver em Bombaim:
Prabha (Kani Kusruti), enfermeira-chefe de um grande hospital, recebe em
casa uma panela eléctrica que parece ter sido enviada pelo marido,
emigrado na Alemanha, de quem há muito não tinha notícias; Anu (Divya
Prabha), colega de trabalho e de quarto de Prabha, não aceita a ideia de
um casamento arranjado e está apaixonada por Shiaz (Hridhu Haroon), um
jovem muçulmano, com quem anseia encontrar-se a sós; já Parvaty (Chhaya
Kadam), cozinheira no mesmo hospital, enfrenta a possibilidade de perder
a casa onde vive e decide regressar à pequena cidade onde nasceu.
Através do dia-a-dia de cada uma delas, o espectador assiste à luta
das classes trabalhadoras (especialmente mulheres) na maior cidade da
Índia, onde a vida é difícil e o progresso choca muitas vezes com a
tradição.
Primeiro filme indiano a receber o Grande Prémio em Cannes (e o
primeiro em 30 anos a competir pela pela Palma de Ouro), um drama com
assinatura da indiana Payal Kapadia, que aqui se estreia na realização
em longa-metragem de ficção, depois do documentário “Noite Incerta” –
que, em 2021, lhe valeu o Prémio Oeil d’Or na Quinzena dos Realizadores,
em Cannes, e o de Melhor Filme no Lisbon Film Festival (LEFFEST).
PÚBLICO
Assunto que já comentei várias vezes neste caderno de apontamentos e agora me foi relembrado por este gráfico colocado por EC na "Tertúlia da Trindade", que, ironicamente, comenta "Valentes Lusitanos!"
Vivemos tempos encharcados de informação e desinformação.
Putin, ele mesmo ou em seu nome, não pára de ameaçar o Ocidente Europeu com o uso do potencial nuclear que tem às suas ordens se e quando entender que o deve fazer.
Bluf ou intenção determinada, as opiniões divergem.
Irá mesmo Putin desencadear uma ofensiva contra a União Europeia para mostrar aos russos e ao mundo que o seu esmagador poder nuclear não é apenas suporte de uma declaração de intenções mas uma efectiva arma da vontade de alargar o domínio russo em toda a Europa?
Há quem acredite, que sim, que mais dia menos dia, mais mês menos mês, mais ano menos ano, Putin incendiará a Europa que não se sujeite ao seu diktat contrário à libertinagem que ele, com a bênção de Cirilo I, consideram estar a corroer os valores da civilização europeia.
Há quem não acredite; Putin não é tão tolo a ponto de desencadear uma guerra nuclear na Europa que se alastraria a todo o planeta e exterminaria a espécie humana, incluindo Putin e seus familiares e amigos.
E há quem não queira acreditar, quem nem sequer pensa ou quer pensar no assunto. Pensar para quê, se o pensamento é semente de ansiedade e angústias e as minhas valências valem nada?
Há ainda quem tenha solução para acabar com a guerra, porque sim, há quem esteja em guerra, e não só na Ucrânia e no Médio Oriente.
A solução óbvia é negociar a paz!
Como é que isso se faz? Trump candidato à reeleição, prometeu resolver, logo que tomasse posse, o conundrum numa semana, ou menos. Trump presidente-eleito já admitiu que não será tão rápido alcançar o objectivo que milhares de milhões certamente desejariam ver concretizado.
Putin, esclarece: temos capacidade para atingir e destruir qualquer objectivo sem que nenhum meio de defesa, nuclear ou outro, o possa impedir. Dito de outro modo: não haverá guerra porque não haverá quem nem como possa impedir a nossa marcha intocável e gloriosa de purificação do mundo.
"O filme, com uma intimidade preciosa e frágil numa sociedade opressiva, foi proibido no Irão e as autoridades confiscaram os passaportes dos realizadores, que também estão impedidos de filmar " . Jornal Medeia Nimas
A continuidade do Aliás depende do seu merecimento, avaliado por comentários, críticas, sugestões, correcções, de quem o lê.
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Há dezoito anos, em 4 de Janeiro de 2006, coloquei neste caderno de apontamentos - O MUNDO EMBUCHADO - alguns comentários a propósito do consumo de energia em Portugal, tendo como ponto de partida o delírio das iluminações natalícias em Lisboa e as discretas luzes de Natal que observava em Washington DC, onde me encontrava nessa altura.
Nem sempre as manifestações dos movimentos ambientalistas favorecem os seus propósitos.
Muitos actos de protesto, geralmente aqueles que são objecto de notícia global, contra a quase indiferença generalizada dos governantes do mundo perante a destruição da vida do planeta, em consequência de comportamentos humanos, têm efeitos contrários junto da generalidade da opinião pública e são, portanto, estúpidos.
Não é o caso da notícia do Público que relata uma iniciativa pacífica sobre um assunto muito sério e, por isso mesmo, inteligente.
Pena é que, sendo inteligente, terá pouco impacto.
Provavelmente, não terá nenhum.
Provavelmente, não chega a ser notícia.
Provavelmente, o mundo não se guia por actos inteligentes.
Ainda a propósito do meu apontamento, há dezoito anos: Mudou-se alguma coisa neste mundo neste lapso de tempo?
Provavelmente, a única mudança permitida é aquela sugerida pelo príncipe de Falconeri: "tudo deve mudar para que tudo fique como está".
Há menos de dois meses, comentei aqui " A Vegetariana", o livro mais divulgado de Han Kang, Prémio Nobel da Literatura de 2024.
Para melhor entender o mérito da escritora sul-coreana, estou a ler "Atos Humanos", o livro que dias depois vi à venda.
Estive, por razões profissionais, na Coreia do Sul em 1990, e nem o ambiente social (atravessámos, por ignorância do perigo que corríamos, um dos bairros mais turbulentos de Seul) nem o vigor da economia daquele país, uma economia pujante, me denunciavam resquícios das convulsões políticas ocorridas naquele país dez a anos antes.
Aliás, desde então, a Coreia do Sul evoluiu tanto economicamente como do ponto de vista do desenvolvimento humano avaliado pelo Programa das Nações Unidas, colocando-se no 19º. lugar do ranking em 2022, enquanto Portugal descia do 28º lugar em 1998 para o 42º. também em 2022.
Contribuiu para este sucesso o apoio dos EUA após a Segunda Guerra Mundial? Sem dúvida. Mas, só por si, esse apoio nunca justificou o admirável desenvolvimento sul-coreano.
Pelo que referi, surpreenderam-me, desde logo as considerações iniciais feitas na Introdução de "Atos Humanos" pela tradutora da edição inglesa: "No princípio de 1980, a Coreia do Sul era um barril de pólvora. Uns meses antes, Park Chung-hee, o militar que a tinha governado com mão de ferro desde o golpe de Estado que encabeçara, fora assassinado pelo chefe dos seus próprios serviços de segurança. Por ter presidido ao chamado "Milagre do Rio Han" - a rápida transformação da Coreia do Sul de país pobre e dizimado pela guerra em motor de desenvolvimento económico e industrial -, Park conquistara o apoio de vários sectores, mas as suas inúmeras violações dos direitos humanos fizeram com que nunca fosse verdadeiramente popular ..."
O "Atos Humanos"é um relato comovente dos acontecimentos dramáticos desencadeados pela imposição da lei marcial imposta em 1979.
Ao cair desta tarde leio aqui: "A democracia sul-coreana recusou a lei marcial do Presidente Yoon.
O partido do chefe de Estado conservador, a oposição e milhares de sul-coreanos protestaram contra decisão dramática. Militares chegaram a entrar e bloquear a Assembleia, mas o “caos” durou pouco."
A democracia sul-coreana recusou a lei marcial do Presidente Yoon"
O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, surpreendeu tudo e todos quando, no final da noite desta terça-feira (hora local), tomou a decisão dramática e sem aviso prévio de declarar a imposição da lei marcial em todo o território. Seguiram-se horas de “caos” e tensão na Assembleia Nacional, em Seul, com o destacamento de soldados, a publicação de um decreto militar a proibir “toda a actividade política” e milhares de manifestantes em protesto nas ruas."...
"A democracia sul-coreana recusou a lei marcial do Presidente Yoon Tudo começou quando Yoon fez um comunicado ao país a acusar o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, de “actividades anti-estatais”, de “conspiração para uma rebelião” e de simpatizar com a Coreia do Norte."
E, no mesmo artigo do "Público" : "A última vez que a lei marcial tinha sido declarada na Coreia do Sul foi em 1979, depois do assassinato do ditador Park Chung Hee. Pouco depois, o general Chun Doo-Hwan liderou um golpe militar e assumiu o poder, tendo governado o país com mão de ferro, antes de permitira transição para a democracia"
Agora, se bem entendo a notícia, o presidente da Coreia do Sul impôs a lei marcial, mas depois recuou, acusando o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, de
“actividades anti-estatais”, de “conspiração para uma rebelião” e de
simpatizar com a Coreia do Norte.".
Perceberam tudo até aqui?
Ainda bem. Percebi que, a partir daqui,
Trump é amigo de Putin, que é amigo Kim Jong-un, do qual é amigo o partido maioritário da Coreia do Sul.
"Se não podes vencer o inimigo, junta-te a ele", recomenda o provérbio antigo, certamente inspirado na estratégia de Hércules para liquidar o "Leão de Nemeia" .
Pode a União Europeia, desprovida de capacidade bélica relevante, sem um comando unificado que lhe dê suficiente consistência táctica e estratégica, vencer Putin e os seus amigos ou simpatizantes, alguns dos quais são membros da UE, a partir de 20 de Janeiro quando Trump e a sua trupe abandonarem os seus aliados desarmados europeus?
Hoje, penso que não pode, e a primeira vítima, vergonhosamente traída é a Ucrânia, o primeiro resistente a cair, o mais traído de todos, Zelensky.
A Federação Russa, que ocupa, de longe, o maior território do planeta, tem cerca de 144 milhões de habitantes; a União Europeia, cerca de 450 milhões, mas esta não será uma guerra que possa ser disputada corpo a corpo; mais que a força e a determinação seria, pela primeira vez na história da humanidade, a auto destruição da espécie humana o resultado mais provável de uma guerra global, mais uma vez, e, definitivamente, iniciada na Europa.
Alguém terá de ceder, alguém terá de assumir a ignominiosa posição de primeiro cobarde para declarar a rendição da Europa Livre. Não faltarão candidatos, Viktor Órban, indubitavelmente o mais credenciado, actualmente na presidência rotativa da União Europeia, aceitará orgulhosamente a incumbência de desempenhar o papel protagonizado por Pétain há 84 anos.
Falta saber quem será Hércules no segundo acto desta tragédia maior.
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act. - Ucrânia realiza primeiro ataque na Rússia com mísseis britânicos
As forças ucranianas levaram a cabo um primeiro ataque contra alvos
militares em território russo recorrendo a armamento britânico, avança a Bloomberg.Trata-se do primeiro ataque da Ucrânia contra a Rússia envolvendo o uso de mísseis Storm Shadow. A utilização destes mísseis na Rússia foi autorizada pelo Reino Unido
em retaliação pelo destacamento de tropas norte-coreanas para a
Ucrânia, onde se encontram a dar apoio às forças russas. Este episódio representa mais um passo na escalada da guerra, que
atingiu esta semana o milésimo dia desde que Putin ordenou a invasão da
Ucrânia em fevereiro de 2022. A semana tem sido particularmente tensa na região, depois de os EUA
terem autorizado também o uso de mísseis norte-americanos na Rússia.Em resposta, o Kremlin alterou a doutrina nuclear para alargar o
leque de possibilidades em que pode recorrer ao seu vasto arsenal
nuclear. c/p - aqui
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Alex Maxia
In Gothenburg, Sweden
On
Monday, millions of Swedes will start receiving copies of a pamphlet
advising the population how to prepare and cope in the event of war or
another unexpected crisis.
During the summer, Denmark's emergency management agency
said it was emailing Danish adults details on the water, food and
medicine they would need to get through a crisis for three days.
In a detailed section on military conflict, the Finnish digital brochure
explains how the government and president would respond in the event of
an armed attack, stressing that Finland’s authorities are “well
prepared for self defence”.
Sweden
joined Nato only this year, deciding like Finland to apply after Moscow
expanded its war in 2022. Norway was a founder member of the Western
defensive alliance.
Unlike Sweden and
Norway, the Helsinki government has decided not to print a copy for
every home as it “would cost millions” and a digital version could be
updated more easily.
“We have sent
out 2.2 million paper copies, one for each household in Norway,” said
Tore Kamfjord, who is responsible for the campaign of self-preparedness
at the Norwegian Directorate for Civil Protection (DSB)
Included
in the lists of items to be kept at home are long-life foods such as
tins of beans, energy bars and pasta, and medicines including iodine
tablets in case of a nuclear accident.
Oslo
sent out an earlier version in 2018, but Kamfjord said climate change
and more extreme weather events such as floods and landslides had
brought increased risks.
For Swedes,
the idea of a civil emergency booklet is nothing new. The first edition
of “If War Comes” was produced during World War Two and it was updated
during the Cold War.
But one message
has been moved up from the middle of the booklet: “If Sweden is attacked
by another country, we will never give up. All information to the
effect that resistance is to cease is false.”
It
was not long ago that Finland and Sweden were still neutral states,
although their infrastructure and “total defence system” date back to
the Cold War.
Earlier
this year he warned that “there could be war in Sweden”, although that
was seen as a wake-up call because he felt that moves towards rebuilding
that “total defence” were progressing too slowly.
Because
of its long border with Russia and its experience of war with the
Soviet Union in World War Two, Finland has always maintained a high
level of defence. Sweden, however, scaled down its infrastructure and
only in recent years started gearing up again.
“From
the Finnish perspective, this is a bit strange,” according to Ilmari
Kaihko, associate professor of war studies at the Swedish Defence
University. “[Finland] never forgot that war is a possibility, whereas
in Sweden, people had to be shaken up a bit to understand that this can
actually happen," says Kaihko, who's from Finland.
Melissa
Eve Ajosmaki, 24, who is originally from Finland but studies in
Gothenburg, says she felt more worried when the war broke out in
Ukraine. “Now I feel less worried but I still have the thought at the
back of my head on what I should do if there was a war. Especially as I
have my family back in Finland."
The
guides include instructions on what to do in case of several scenarios
and ask citizens to make sure they can fend for themselves, at least
initially, in case of a crisis situation.
Finns are asked how they would cope without power for days on end with winter temperatures as low as -20C.
Their checklist also includes iodine tablets, as well as easy-to-cook food, pet food and a backup power supply.
The
Swedish checklist recommends potatoes, cabbage, carrots and eggs along
with tins of bolognese sauce and prepared blueberry and rosehip soup.
Swedish
Economist Ingemar Gustafsson, 67, recalls receiving previous versions
of the pamphlet: “I'm not that worried about the whole thing so I take
it pretty calmly. It's good that we get information about how we should
act and how we should prepare, but it's not like I have all those
preparations at home”.
One of the most important recommendations is to keep enough food and drinking water for 72 hours.
But Ilmari Kaihko wonders whether that is practical for everyone.
“Where do you stash it if you have a big family living in a small apartment?”