Monday, January 31, 2011

EU ESTOU CONVENCIDO

 - Silva Lopes, hoje.

AINDA BEM QUE ESTAMOS TESOS

Ninguém ( ) pode deixar de concordar com Passos Coelho quando diz que o Governo tem de nomear as empresas públicas com prejuízos crónicos e alternativas no sector privado, tendo em vista o seu encerramento.
Mas ... porque não nomeia ele ( ) as empresas que devem fechar? As contas são públicas.  O país conhece as empresas com prejuízos crónicos ( )
aqui

Lamentavelmente, há um número significativo de empresas que não têm contas publicadas. Quando se fala em empresas públicas com prejuízos crónicos vem logo o grupo CP à cabeça. E embatuca-se. Porque, evidentemente, a CP não pode ser encerrada. Mas, não podendo ser encerrada, não pode ser nada? Claro que pode. 
E compete, obviamente, ao Governo informar o País acerca do estado das contas das empresas do sector público. E apresentar medidas que possam minorar a factura que todos temos de pagar.

Não é uma questão ideológica que está em causa mas o dinheiro que sai ou irá sair dos bolsos dos portugueses. Trata-se de assunto que tem de ser discutido, mais tarde ou mais cedo, e quanto mais tarde pior.

Podemos divergir, e certamente divergimos, por exemplo, se a RTP deve continuar encostada ao Orçamento de Estado ou deve ser privatizada. Se colocarmos a questão em termos de sim ou não, até admito que a maioria vote sim. Mas se perguntarmos aos portugueses se concordam continuar a pagar (nem sei quanto por ano) para terem várias estações pública (a RTP não é só uma, são várias) talvez o sentido da votação não seja o mesmo.

Há uma anestesia fiscal que impede os contribuintes de verem claramente o que deveria ser transparente, e é ao governo que compete garantir essa transparência. Pouca gente saberá quanto nos custa a cada um o privilégio (para alguns) de haver uma empresa pública de televisão.

E de rádio. Por quê várias estações de rádio públicas?

Quanto custa? Sabe?

A lista é imensa.

Sunday, January 30, 2011

GUERRILHA POLÍTICA E SÍNDROME DE REBANHO

Ouve-se, frequentemente, os políticos invocarem o climax de excitação das campanhas eleitorais como justificação dos excessos de linguagem, os insultos com que se mimoseiam uns aos outros, até mesmo a demagogia das promessas impossíveis de cumprir.

A um político, segundo este código de comportamento virtual, mas não virtuoso, assiste  a faculdade de ofender em público sem que da ofensa resultem em privado quaisquer  sequelas entre ofensor e ofendido, de mentir sem que daí resultem responsabilidades a assumir.

Segundo o código popular de conduta, não é filho de boa gente quem, sendo ofendido, não sente a afronta. 

Resulta deste confronto entre a praxis inerente ao cidadão comum e o desrespeito, aos seus pares e aos cidadãos,   praticado por muitos políticos, que os media vieram ampliar de modo nunca antes possível, uma degradação da imagem da praxis política que, inevitavelmente, corrói os alicerces da democracia.
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As últimas eleições foram pródigas em ataques pessoais preparados para a ocasião.
Terminado o acto, condenam-se os excessos e os ressentimentos, e abrem-se novas frentes de confronto.

O caso do cartão do eleitor é paradigmático desta batalha sem fim feita de simulações de combate para desgaste dos adversários. Já toda a gente sabe o que se passou, o que não devia ter-se passado e o que deve fazer-se no futuro. Para ganhar tempo, o governo decidiu incumbir a Universidade do Minho de apresentar relatório das causas (já sobejamente conhecidas) do imbróglio. Para aproveitamento da situação as oposições reclamam a responsabilização política (demissão) do ministro e nenhuma cuida de dizer o óbvio: o cartão do eleitor não serve para nada, deve ser extinto*. Resultou de uma votação unânimemente acéfala à revelia dos pressupostos que estiveram subjacentes à sua não inclusão no Cartão Único.

Por este andar, provavelmente, ainda persistirá o aborto nas próximas eleições, com alguns cuidados de protecção do mesmo, e do ministro.

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*Na Quinta-Feira passada, à tarde,  perguntei aqui. 
"Quanto ao cartão único, saberá explicar-me por que razão o nº. do BI não pode servir para os cadernos eleitorais, e só esse?"
Á noite, no Quadratura do Círculo, A. Costa explicou claramente o caso de estranha sobrevivência do Cartão de Eleitor.

Saturday, January 29, 2011

QUE ARTE?


Na Gulbenkian está, desde 14 deste mês, uma exposição temática -  Casa Comum - com obras de 31 artistas da colecção do CAM do início do século XX ao século XXI.

As mais salientes, sobretudo pelas propostas de provocação dialética que remete para a confusão de conceitos entre o objecto-arte e a mistificação, são da autoria de dois nomes prestigiados a nível internacional : Julião Sarmento e Cabrita Reis.

Julião Sarmento construiu Amazônia, uma barraca que não se distingue sigificativamente, para além da ausência de telhado, daquelas que, lamentavelmente, ainda formam bairros de lata muito mais próximos dele, e de nós, do que a casa amazónica que impressionou Sarmento.

Cabrita tem duas construções, mas da mais desconstruída, e mais provocadora, não consegui reprodução. É arte povera tardia, artísticamente indigente. Da outra, coloco uma reprodução, em baixo à esquerda.

De Pedro Croft, muito menos celebrado internacionalmente que Sarmento e Reis, uma construção elementar interessante, reproduzida em baixo à direita, que oferece múltiplos planos de leitura.

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Friday, January 28, 2011

CONVERSAS AO ALMOÇO

- O teu candidato portou-se galhardamente na entrevista de ontem à noite da Sic Notícias.
- Também o achei muito solto, muito seguro de si, completamente desinibido. Gostei.
- O vosso problema está na passagem do discurso à acção...
(- É o problema insolúvel da esquerda ortodoxa...Não encontrarem solução alternativa à democracia formal depois da implosão da democracia popular)
- Enganas-te. No caso do nosso partido, o programa aponta o caminho ... 
- E que é...?
- Da produção. Os problemas do país só se resolvem qundo o país produzir mais!
- Resta saber como ...
- (Boa! Mas quem é que está em desacordo com essa parte tão nuclear do vosso programa? Quem é que discorda que a solução passa pelo aumento da produção, ou, melhor dizendo, da produtividade?)
- O Sócrates.  
- ?
(-?)

Thursday, January 27, 2011

SEM INVESTIMENTO,

não há crescimento
in FT/Alphaville
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O gráfico produzido pela União Europeia e comentado hoje no ft/alphaville é bastante elucidativo da evolução comparada do investimento/trabalhador num conjunto de países que inclui Portugal (muito destacado pela negativa), os outros países do Sul da Europa, a Irlanda, a França e a Alemanha. 

O horizonte de análise abrange os ultimos 50 anos e é flagrante a divergência observada entre Portugal e os restantes membros do conjunto, incluindo a Grécia, que se tem colado persistentemente nesta comparação a Espanha.

A conclusão parece contrária ao senso comum bebido nas notícias do dia a dia. Afinal não nos endividámos em excesso para investir mais do que podíamos? A resposta está no investidor e no tipo de investimento. O principal investidor foi o Estado e dirigiu-se em muitos casos para infraestruturas de baixa reprodutividade. Investimos pouco e mal, de um  modo geral.

O investimento privado foi escasso e é aí que reside o busílis da questão: por que razão não é Portugal suficientemente atractivo para o investimento reprodutivo? É na resposta a esta questão que entra a qualidade do ensino, a ineficácia da justiça, a legislação laboral, a fiscalidade, a economia paralela, entre outros handicaps que tardam a ser colmatados.

Também por isso, ou sobretudo por isso, estamos onde estamos.  

Wednesday, January 26, 2011

QUEM SE ABSTEM?

Abstenção. Solteiro, jovem, não vai à missa, cidade pequena
Publicado em 15 de Setembro de 2009.

A entrada de 700 mil novos eleitores jovens vai levar à subida da abstenção.
Cai por terra o mito de que as mulheres votam menos do que os homens. Também fragilizada fica a ideia de que a esquerda é mais mobilizável para o voto do que a direita. E surge o retrato-robô do abstencionista-modelo português: tem menos de 30 anos ou mais de 65, é provável que seja solteiro e não religioso, de uma cidade pequena e com pouca escolaridade. Reage pouco às campanhas nacionais contra a abstenção e, dos partidos políticos, não está a receber a atenção necessária, que o leve a votar.

"Há muito a fazer, os partidos agem como se os abstencionistas fossem um bloco homogéneo de pessoas e usam uma mensagem comum, de marketing de massas", explica ao i Jorge de Sá, autor do livro "Quem se abstém?" apresentado hoje em Lisboa. "Não é por anúncios [campanhas nacionais contra a abstenção] que estas pessoas votam mais, mas pelo contacto mais directo dos partidos, que têm de segmentar os abstencionistas e adaptar a mensagem", acrescenta o director técnico de sondagens da empresa Aximage e especialista em marketing político.

O livro - resultado de dez estudos feitos no dia seguinte a todas as eleições e referendos entre 1998 e 2007 - defende que a abstenção voluntária nas eleições legislativas está directamente relacionada com o grau de integração na sociedade. Assim se explica que a entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho tenha acabado com o fosso antigo face aos homens na participação eleitoral (ainda visível nos mais velhos). Ou que as pessoas casadas (ou em união de facto) tenham maior propensão para votar, uma vez que é mais provável que tenham casa própria (a responsabilidade financeira é "factor de integração social pelo consumo"). Ou, ainda, que os jovens - solteiros e mais afastados do mundo do trabalho - sejam os que menos votam (um dado que, tendo em conta a entrada de 700 mil novos eleitores jovens vai levar à subida da abstenção, reconhece Jorge de Sá). As pessoas entre os 40 e os 59 anos são as que mais votam.

Também relacionado com o factor integração social está a prática da religião dominante em Portugal - "a propensão à abstenção [é] significativamente menor entre os auto-definidos católicos praticantes", aponta Jorge de Sá. ("Portugal a Votos", feito em 2002 pelo Instituto de Ciências Sociais, fixava em 13,7% a abstenção de quem ia à missa uma vez ou mais por semana, face a 33,5% dos que nunca iam). Da mesma forma, as pessoas de meios muito pequenos (com laços mais fortes) ou de Lisboa e do Porto (com um grupo alargado de relações) tendem a votar mais.

Quem está fora destes critérios tem maior probabilidade de fazer parte dos abstencionistas selectivos, cerca de 37,5% dos que não votam. Peso idêntico têm os abstencionistas flutuantes (devido a saúde ou motivos profissionais). No fim vêm os crónicos, que nunca votam - 25% dos abstencionistas, 10% do eleitorado total.

mais: aqui 

CRITÉRIOS DE INJUSTIÇA

Ouço na rádio, esta manhã, que o sindicato dos magistrados do Ministério Público reclamam a ilegalidade da redução dos salários restrita à função pública e terão o parecer de catedrático de Direito nesse sentido.

O que é curioso, desde logo, nesta pretensão dos magistrados do MP e do parecer do catedrático é a parcialidade flagrante subjacente a um tal raciocínio: pois se o governo determinasse a redução dos salários no sector privado, na mesma medida em que o faz para a função pública, tal decisão, para conter um mínimo de coerência, deveria ter sido sido precedida da decisão de ter o mesmo governo obrigado os sectores privados a aumentarem os salários nos sectores privados quando, e na mesma medida, determinou os sucessivos aumentos da função pública.

Se o governo (este e os que o precederam) tivesse procedido a um alinhamento da evolução das condições remuneratórias, e outras, da função pública consoante a evolução da criação do rendimento nacional, então perceber-se-ia a reclamação dos senhores magistrados. Assim, apenas se percebe que, neste caso,  o que dá corda ao seu sentido de justiça são os seus interesses exclusivamente pessoais.

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Os senhores magistrados do Ministério Público deveriam ler isto.

Tuesday, January 25, 2011

O JOGO DA CABRA CEGA

Nova sessão do julgamento do caso BPN adiada para 9 de Fevereiro por falta de sala.

Caso dos Submarinos: arguidos vão todos a julgamento mas os quatro arguidos alemães não podem ser, por agora, notificados por falta de dinheiro para pagar as traduções das notificações para alemão. (Antena 1)

O QUE É ISTO?

SALÁRIOS E PRODUTIVIDADE

"É mentira que os salários tenham progredido em Portugal acima dos ganhos de produtividade"
J Rodrigues, ontem no "Prós e Contras"

Que salários?
Todos?
Do sector privado?
Como é que mede J Rodrigues a produtividade da função pública?

Se nos últimos doze anos a riqueza nacional praticamente estagnou em termos reais mas os salários da função pública e, em geral, dos monopólios de facto cresceram, é óbvio que houve um transferência de rendimentos dos sectores privados para os sectores monopolistas, incluindo a função pública.

Na realidade os salários nos sectores privados, em geral, não subiram acima dos ganhos de produtividade.

Mas subiram nos sectores protegidos das leis do mercado.

AINDA ACERCA DA ABSTENÇÃO

"... a abstenção é premeditada e não ocasional, logo, os eleitores que, premeditadamente, não foram votar, se fossem para, premeditadamente castigar, não votariam seguindo o padrão. Concorda comigo?" (aqui)

Não concordo. E não concordo, desde logo porque parte do princípio que a abstenção é toda ela premeditada. E não é. Há quem não vote muito simplesmente porque não sabe ou não quer dar-se ao trabalho de escolher, há quem não vote por comodismo, há quem não vote porque não pode, há quem não vote porque consta do cadernos eleitorais e já morreu, há quem não vote porque "pretende castigar os políticos", para usar as suas palavras.

Esqueçamos os outros, e vamos a estes últimos.

Os políticos em quem se pode votar são os que se apresentam a sufrágio. Neste caso, eram seis.

Se eu não votei, mas se, por lei, fosse obrigado a votar teria de votar num daqueles seis. Eu não poderia dizer: voto, mas arranjem-me um sétimo. E por aí fora.

De modo que, se tivesse que votar, eu e os outros abstencionistas, seguramente votaríamos segundo o padrão. É da lei do comportamento dos grandes números, das distribuições normais.

Repare que eu não afirmo que a abstenção não possa ter efeitos no comportamento futuro dos políticos. O que digo é que ela não influencia os resultados finais em cada acto eleitoral. Pode, isso sim, influenciar resultados futuros.

Já agora: a abstenção pode também ser vista do lado positivo, como uma forma mais salutar de democracia.

Pense em duas hipóteses: Num caso, o eleitorado não é pressionado a votar, não há candidatos a oferecer electrodomésticos nem sequer bandeirinhas e esferográficas com os nomes dos candidatos, as pessoas menos informadas não são persuadidas a votar, só vota quem muito decididamente sabe em quem votar e vota. A abstenção é de 50%.

Noutro caso, condena-se abstenção como um acto menos cívico, levam-se pessoas ao colo a votar, faz-se da abstenção um papão, vota mesmo quem não sabe o que está a votar, quem desconhece por completo em quem vota, vota porque o induziram a votar neste ou naquele candidato ou partido. A abstenção é de 5%.

Onde é que há menos democracia?

Se bem percebo, a sua hipóteses é esta: Há dois candidatos (quem diz dois, diz dez). A abstenção foi de 50%, o candidato A teve 60% dos votos expressos, o candidato B 40%.

O voto passa a ser obrigatório: A abstenção é nula.

Nesse caso, dos 50% que não votariam se o voto fosse livre, para contrariar o padrão (não se percebe muito bem porquê nem como, porque nunca se poderia saber quem tinham sido os "forçados") 60% votariam no candidato B e 40% no candidato A. Ficariam empatados os candidatos. Quem é que daria pelo protesto?
Quando o voto é obrigatório, a abstenção só tem significado se alguém arriscar a penalização correspondente.

Monday, January 24, 2011

ACERCA DA ABSTENÇÃO

Os comentários que  leio acerca da abstenção são geralmente destituídos

O direito de não votar é exactamente igual ao direito de votar no nosso regime constitucional. O voto é facultativo.
Daí que o não voto não seja menos cívico que o voto.

Por outro lado, ninguém quantifica as razões da abstenção. Assim como o voto é secreto a abstenção também.

Não pode, portanto, ninguém que não tenha votado reclamar legitimamente que o seu não voto foi maioritário porque a abstenção excedeu os 50%. Ou que uma abstenção superior a 50% significa menos democracia. É um disparate que as mais evidentes notícias confirmam: a democracia norte-americana é das mais antigas e o grau de participação nos actos eleitorais é geralmente inferior a 50%. Mas em algumas Repúblicas das Bananas votam mais de 90% dos eleitores inscritos.

Refira-se, a este propósito, que nos EUA as eleições presidenciais são, desde sempre, sempre à terça-feira, e as pessoas podem não ser dispensadas para ir votar durante o horário de trabalho. Vai votar quem decididamente pretende votar.

Acresce a tudo isto que basta um cálculo simples para perceber que os que se abstêm não influenciariam o resultado da votação se fossem convencidos a votar. Se as sondagens com cerca de 4000 inquiridos num universo de 6 milhões dão resultados com um grau de confiança de cerca de 95%, é bom de ver que uma sondagem de 3 milhões é mais que suficiente para avaliar com muita precisão o querer de um universo de 6 milhões.

Aliás, vários estudos feitos nesse sentido, confirmam que os que se abstêm seguiriam o padrão votante se votassem.

XEQUE AO REI - 18

Ou uma bala chamada Silva
Silva´s bullet

...
A coalition would be much easier on the right, with hints of a potential alliance between the PSD and the small conservative Popular Party already in the air. Portugal’s bond yields are already close to levels that the government concedes are unsustainable. If the markets force Mr Sócrates to reach out for international help, the first decisive act of Mr Cavaco Silva's new mandate could be to call another election, which would almost certainly give the centre-right its long-desired goal of "a president, a government and a solid majority"

more

Divirjo em parte desta perspectiva do Economist, que talvez seja a posição não evidente por enquanto dos líderes do PS e do CDS.
Continuo a pensar que se a situação financeira se continuar a deteriorar, se as convulsões sociais dipararem, e o xerife tiver que sacar da arma atómica, e daí resultar uma (provável, ma non troppo) maioria absoluta PSD/CDS no parlamento, poderemos continuar a assistir à mesma tragédia com outros artistas. Liberto das responsabilidades de governo, o PS passará um testemunho que não poderá deixar de queimar os novos estafetas.

O semi-presidencialismo, caracterizadamente parlamentarista quando os governos dispõem de maioria sólida no parlamento, assume um pendor presidencialista quando esse suporte parlamentar não existe. Na actual situação, o PR deveria assumir a presidência efectiva de um governo de iniciativa presidencial que contasse com a participação do PS (para que não fosse dispensado de assumir as suas responsabilidades) e do PSD e CDS, para assegurar uma maioria sólida que a recuperação económica e financeira do país exige.

E se os partidos convocados não aceitassem?

O PR deveria dissolver a AR e explicar bastante bem aos portugueses as diligências que tinha feito e as reacções dos diferentes partidos a essas diligências, devolvendo aos eleitores o poder de os julgar.

PÊERRES

Os erros e os méritos dos presidentes de Eanes a Cavaco
(aqui)

A perspectiva de um constitucionalista, juiz em causa própria.

OUTRO

Ignorância e covardia
...
A falta de previsibilidade é má conselheira. Pior: revela a miopia dos responsáveis políticos, reféns de interesses particulares e de instâncias internacionais. Tudo o que podia ter sido feito há anos (coligação de governo, aliança parlamentar, plano nacional, programa de emergência, recurso financeiro internacional, etc.) foi adiado de modo incompreensível, por causa da incompetência, da ignorância, da covardia e da cupidez dos agentes políticos. Tudo terá de ser feito em piores condições e em mais terríveis circunstâncias. Há três ou quatro décadas que a história do nosso país é uma frustre sucessão de adiamentos. O fim da guerra, a democracia, a liquidação das "conquistas" de 1975, a abertura da economia, a revisão da Constituição, a reforma da Administração Pública e da justiça: eis, por defeito, uma breve lista do que fizemos tarde e mal, quando podíamos ter feito cedo e bem.
...
mais

Sunday, January 23, 2011

XEQUE AO REI - 17

No momento em que ouço o discurso de C Silva, recordo o que esperava de C Silva no primeiro mandato, e que espero, agora, seja cumprido neste segundo: a de diligenciar por todo os meios que dispõe para a constituição de um governo maioritário pluripartidário, tão abrangente quanto possível, para poder enfrentar as dificuldades que a situação extremamente crítica impõe. 

A eleição directa pelo povo impõe ao PR que vá para além de garante do funcionamento regular das instituições e promova o funcionamento eficiente das instituições que o momento exige.

C Silva foi extremamente duro para com os seus adversários e convidou a imprensa a publicar os nomes daqueles que deram origem às acusações de que foi alvo. Presumo que comprou esta noite uma guerra de que dificilmente sairá vencedor. Mas oxalá me engane.

POR ACASO, ACERTEI

Arrisco uma previsão: CSilva será eleito à primeira volta com 52,8%.

Alegre - 24,5%; Nobre - 8,5%; Lopes - 8,5%; Coelho - 1,8%; Moura - 3,9%.
(aqui)

Resultados finais - C Silva 52,9%;
Alegre - 19,8%; Nobre - 14,5%; Lopes - 7,1%; Coelho - 4,5%; Moura - 1,6%

Saturday, January 22, 2011

SONHOS E RABANADAS - PARTE 12

- César! César! César!... (Por onde é que ele anda?) César!

(trrrrimmmmm)
(noque, noque, noque)
- ...
- Diz a César que se apresente!
- ...
- Posso?
- Já cá devias estar! Lê isto, aqui ! ... 
- Portugueses a um passo de inventar telemóveis de papel ...Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa inventou as primeiras baterias de papel do mundo, que podem alimentar telemóveis e outros dispositivos eletrónicos...Nas baterias de papel tudo começa com um vulgar papel de escrita ...
- E, então?
- Parece-me uma grande conquista do Portugal Alegre, sem dúvida ...
- Só isso? Não te ocorre mais nada?
- Passam a ser ainda mais leves, os telemóveis..., por exemplo ...
- E que mais?
- Não só os telemóveis...vamos assistir, segundo tudo leva a crer a uma revolução total na electrónica. Os pacemaker, por exemplo, passarão a ser alimentados pela humidade quente da pele.  
- Isso também me pode interessar. E que mais? 
- Não me ocorre ...
- Ai César, César, o Continente bloqueou-te a imaginação. Pois não vês, César, que temos resolvidos de vez os nossos problemas da dívida ...  
- Sinceramente, não estou a ver como ...
- Explico-te. Explico-te, mas a minha paciência esgota-se, toma nota. Pois tu não vês que, não produzindo nós papel para as notas, produziremos papel para as baterias dos telemóveis ...
- E daí ...?
- Daí que passamos a ser autosuficientes na emissão monetária virtual. Acabaram-se as notas, nasceram os pagamentos por telemóvel... Temos pilhas de papel para a troca do resto, enquanto não produzirmos o resto. Brilhante, não?
- Quase ...
- Qual quase? 
- Os cientistas portugueses estão a trabalhar com uma papeleira brasileira...
- Não me digas! Quem são os traidores ...?
Não serão os desertores, que te parece?

O JOGO DA CABRA CEGA


O Sistema de Indemnização aos Investidores (SII) vai ressarcir os antigos clientes do Banco Privado Português (BPP).

Num comunicado enviado há pouco, a comissão directiva do SII confirma que, depois de a banca ter perdido a batalha judicial que tinha travado para impedir o ressarcimento aos clientes, estes vão ser indemnizados.

Pagam os outros. Eu, tu, ele, nós, para eles.

O JOGO DA CABRA CEGA

Greve da PJ paralisa investigações a BPN e BPP

Processos ligados ao crime económico estão paralisados. Mandados de busca expiram e têm de ser renovados.

Uma equipa de inspectores da Unidade Nacional Contra a Corrupção (UNCC) dirigiu-se, na quarta-feira, a um acampamento de ciganos para fazer uma busca. Além de provas, os investigadores procuravam um suspeito de contrabando, para ser constituído arguido. Mas como os inspectores apenas trabalham a partir das 09.00, quando chegaram ao local o suspeito já não se encontrava.

Um dia chegarão à conclusão que o direito à greve na função pública deverá ser fortemente condicionado ou até mesmo eliminado. Até lá,  brinca-se à cabra cega.

Na Alemanha, embora cerca de 60% dos trabalhadores da função pública estejam sindicalizados, os aumentos no sector público têm-se ficado aquém dos aumentos no sector privado. Aos  funcionários públicos, que usufruem de um regime especial de pensões e de segurança de emprego (como em muitos países, incluindo Portugal) não lhes é concedido o direito à greve. A ideia de recorrer à greve por razões políticas, aliás, é impensável entre os trabalhadores de todo o sector público. (aqui)

Friday, January 21, 2011

A LOCOMOTIVA

O indice de confiança dos negócios na Alemanha nunca esteve tão alto nos últimos 20 anos. 
Alguns dirão que isso é reflexo das vantagens que a União Europeia e, particularmente, o euro, proporcionaram à economia alemã.  

Outros, e nomeadamente muitos alemães, dirão que, apesar da crise e das turbulências da União Europeia e do euro, a economia alemã consegue colocar-se na vanguarda do crescimento económico nas economias ocidentais. 

Seja qual for o entendimento há uma conclusão irrefutável: a competitividade real e sustentável das economias não pode recorrer à competitividade monetária que, aliás, não é
competitividade mas uma forma disfarçada de concorrer no mercado recorrendo a políticas de salários baixos.

A China de hoje é o exemplo mais acabado, nos tempos que correm, desta competitividade sustentada nos salários (e neste caso ditatorialmente  imposta) que durará enquanto durar a ditadura.

Em Portugal esquece-se frequentemente que a competitividade perdida nos últimos quinze anos pelos sectores de baixa tecnologia não foi, ou não foi sobretudo, perdida com a entrada no euro mas com a globalização que deu entrada a países com níveis salariais muito mais baixos do  que aqueles que em Portugal se praticavam naqueles sectores. 

A coabitação com o euro não foi preparada de modo a evitar a maior parte dos efeitos perversos que, se deixada a economia ao sabor das novas circunstâncias como foi deixada, acabariam por potenciar os efeitos de esmagamento de uma parte importante da economia portuguesa. 

Como é que vai a nossa economia dar a volta num contexto claramente difícil, é uma questão quem tem de ter uma multiplicidade de respostas. Nenhuma passa, no entanto, do meu ponto de vista, pelo recuo para uma moeda desvalorizável e, consequentemente, para uma política de baixos salários.
Mas também não pode afirmar-se que, sem desvalorização não se recupera parte da competitividade perdida, a menos que, claramente se assuma, que sem salários baixos não há competitividade possível.
Há. Mas requere medidas que continuamos a adiar.

De qualquer modo, quando a locomotiva está animada, até o vagão J é arrastado. 


A INFLAÇÃO COMEÇA A ANDAR POR AÍ

What is behind rising inflation?

AS THE world economy has recovered, fast-growing emerging economies such as China and India have struggled to keep a lid on consumer prices, while stagnating developed countries have faced low inflation rates. Recently, however, rich-country inflation has also started creeping up: in December Britain’s consumer-price index hit 3.7%, while euro-zone inflation also rose above the ECB's target. Much of the blame has been put on the increase in commodity prices. But the impact on consumers differs widely between countries. A larger share of income is spent on food in poorer countries such as China (33%) and India (46%), so the rise in global food prices is the main driver of inflation there. By contrast, pricier energy is a bigger factor in the rich world, although it forms a relatively small component of consumer spending.

SONDAGENS SÓ PARA ALGUNS GOSTOS

Sondagem da Eurosondagem para o Expresso, SIC e Rádio Renascença mostra que apesar da descida, Cavaco Silva está bem lançado para ser reeleito.
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Cavaco Silva 59%, Manuel Alegre 22%, Fernando Nobre 10%, Francisco Lopes 6%, José Manuel Coelho 2% e Defensor Moura 1%, são os resultados da sondagem da Universidade Católica.
Dados do estudo da Universidade Católica dizem que o actual Presidente da República será reeleito com uma percentagem superior às obtidas por Eanes e Sampaio nos segundos mandatos.
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Quadro final

aqui

Thursday, January 20, 2011

O ABSURDO EM CADA ESQUINA

PS e PSD de acordo: Lisboa passará a ter 24 minicâmaras em vez de 53 freguesias.

Se os partidos cedem facilmente ao populismo com o objectivo de garantir votos, lamentavelmente as coligações não reduzem necessariamente a  apetência pela demagogia, e podem até potenciá-la.

Muita gente dos quadrantes políticos responsáveis, isto é, daqueles que se propõem assumir responsabilidades de governo, concorda que o número de freguesias deve ser drasticamente reduzida. Do meu ponto de vista, tenho-o anotado neste caderno várias vezes, deveriam ser todas extintas.

Segundo notícias divulgadas hoje, em Lisboa haverá já um acordo que permite transformar as actuais 53 juntas de freguesia em 24 minicâmaras.

Se isso acontecer é criado um precedente que abrirá caminho a uma institucionalização da pulverização do municipalismo que será ainda mais abusurda, do ponto de vista da racionalidade dos governos  locais, que a multiplicidade incompreensível de freguesias que hoje existem. 

SONDAGENS

A três dias das Presidenciais, Cavaco Silva mantém-se à frente nas intenções de voto, mas a margem para vencer à primeira volta está cada vez mais reduzida.

Na sondagem da Intercampus para a TVI, Cavaco tem 54,6 por cento das intenções de voto e desce 5 pontos e meio percentuais desde o último dia 7, enquanto Alegre desce 2,5 pontos para 22,8 por cento. Fernando Nobre é o candidato que apresenta a maior subida, estando agora nos 9,1. Francisco Lopes atinge os 8,2, enquanto José Manuel Coelho atinge os 2,7 e Defensor Moura 2,6.

aqui

Arrisco uma previsão: CSilva será eleito à primeira volta com 52,8%.
Alegre - 24,5%; Nobre - 8,5%; Lopes - 8,5%; Coelho - 1,8%; Moura - 3,9%.

Wednesday, January 19, 2011

REPETE, REPETE, REPETE

Também me repito.

No mesmo dia em que o Secretário de Estado do Tesouro considera a emissão de dívida pública a um ano outro sucesso (4,029%), e que o governo se encontra no rumo certo, a Moody´s ameça voltar a cortar o rating de Portugal.

O Governo congratula-se com o cumprimento do objectivo de redução défice em 2010 (7,3%) mas tal facto parece não sensibilizar minimamente as agências de rating que continuam a não acreditar que Portugal possa safar-se pelos seus próprios meios uma vez que a evolução da economia previsto não permitirirá a inversão do crescimento imparável do endividamento externo. Em resumo: Apesar das medidas de austeridade já adoptadas, a Moody´s considera que, sem outras intervenções, Portugal não se safa. 

Percebo a ameça da Moody´s, e tenho-o dito aqui repetidamente: As taxas de juro que Portugal tem estado a aceitar conduzem à asfixia completa um dia destes. A manta não pode continuar a enrolar-se indefinidamente. De sucesso em sucesso na emissão da dívida (chamam-lhe venda de dívida, curiosa venda que tem de ser paga pelo vendedor) a dívida não pára de subir, sobrecarregando insuportavelmente o futuro já a médio prazo.

Ontem houve confrontos entre a polícia e activistas sindicais.
O único meio de ultrapassar estes confrontos passa pela constitucionalização dos limites da dívida pública e dos aumentos do funcionalismo público. Já o referi aqui neste caderno de apontamentos várias vezes. Mais tarde ou mais cedo, a convulsão social que a actual situação propicia, obrigará ao reconhecimento daquilo que é, há muito tempo, transparente.

Acerca disto, os candidatos à presidência da República, têm dito nada.

CÉZANNE

Mont Sainte-Victoire and the Viaduct of the Arc River Valley
Paul Cézanne nasceu, a 19 de Agosto, há 172 anos, relembra-nos, hoje, o Google .
 "Mont Sainte-Victoire and the Viaduct of the Arc River Valley" foi considerada, recentemente,  uma das dez melhores obras -primas produzidas no Ocidente  num artigo que referi aqui.
 "Joueurs des Cartes" foi "o primeiro Cézanne" que vi. Na exposição "Um Século de Pintura Francesa (1850-1950) da Gulbenkian, em 1965, realizada nas antigas instalações da Feira das Indústrias de Lisboa, na Junqueira. "Joueurs de Cartes" foi, aliás, escolhido  para a capa do catálogo da exposição.
É muito discutível se esta ou aquela obra é a melhor ou uma das dez melhores. Mas é indiscutível que Cézanne é um dos grandes artistas de sempre.

 

Joueurs de Cartes

Tuesday, January 18, 2011

UIQUILIQUES E OFECHORES

Julian Assange, o criador da WikiLeaks  promete revelar segredos fiscais de dois mil privilegiados com a ajuda de Rudolf Elmer, o ex-director bancário suíço que sabe demais.
(aqui) e (aqui).

Não faço a mínima ideia se a divulgação prometida vai abalar o sistema financeiro subterrâneo por onde circulam em todas as direcções os chorudos proveitos de crimes da natureza tão diferente como a evasão fiscal, o tráfico de droga e de pessoas, de armamento, de terrorismo, e  que os offshores sustentam.

Mantidos abertos os canais da evasão fiscal, toda a escumalha humana de grande dimensão aproveita alegremente os mesmos caminhos.

Tenho as maiores dúvidas sobre a bondade das intenções de Julian Assange e seus amigos na divulgação de dossiers que são segredos de estado e assim se deverem manter sob pena de serem traídas as defesas dos regimes democráticos.

Mas a denúncia de quem escapa, porque tem dimensão para poder escapar, às contribuições que os menos privilegiados cumprem, é um serviço de utilidade pública global e como tal deve ser aplaudida.

Monday, January 17, 2011

PORQUÊ O FMI

Depois de mês e meio sem televisão, temos no programa desta noite da RTP 2 a questão já estafada: "Portugal vai escapar ao FMI" .
Não vai.
Uma vez por todas seria bom que os responsáveis políticos deste país, governo e oposições, fizessem as contas que, elementarmente, só conduzem a uma conclusão: Portugal não tem a mínima hipótese de pagar o que já deve se continuar a assumir endividamento às taxas de juro actuais. O FMI não pode deixar de concluir o mesmo.

E, porque incontornavelmente assim é, o FMI pode ajudar-nos a sair deste beco sem saída. Como? Desde logo a convencer os governos alemães e franceses daquilo que, também eles, sabem muito bem que assim é.

Mas esse convencimento não pode atingir-se sem a assumpção de compromissos que alterem substancialmente o relaxe que caracteriza geralmente o governo dos países em dificuldade. 

Há já algum tempo escrevia Martin Wolf num artigo que transcrevi neste caderno que não pode Merkel pretender que uma parte da Europa adopte à força um comportamento alemão. Não pode. Mas também não pode pedir-se aos alemães, como também referia um dos intervenientes no programa de hoje, paguem as dívidas de povos como os gregos (o exemplo é dado pelo treinador da selecção grega de futebol, Fernando Santos, a partir de Atenas) onde, por exemplo, a economia paralela atinge 50% e em dois dias da semana não trabalham da parte da tarde. E os  funcionários públicos gregos são um milhão e meio deles.

Portugal não é a Grécia. Mas também temos os nossos (maus) costumes para os quais os alemães franzem o sobrolho. E com razão.
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act.
Os juros da dívida pública a 10 anos voltam a ultrapassar a barreira dos 7% no mercado secundário. (hoje, 18)
Quando é que o governo consegue perceber que não pode o país continuar suspenso do que poderá vir a acontecer em cada próximo leilão?

Sunday, January 16, 2011

SONHOS E RABANADAS - PARTE 11

- O quê? Acabou-se o papel?!!! Como é que deixaram acabar o papel? Como?!!! O papel, a corda que lança a bóia à economia deste país sitiado? Quem?!!! Expropriem-se imediatamente a favor do Estado e por razões de sobreviência nacional todos os stocks de papel nos armazéns do país!!!
- Manel, ...
- Há papel!, há papel!, tem de haver papel a pontapés por aí! 
- Manel, ...
- Há papel! Como é que não há papel?!!!
- Manel, posso falar?
- Fala! Mas não me digas que não há papel!
- Há papel ...
- Claro que há! Procurem-no!
- O papel para a rotativa é especial, já uma vez te disse isso ...
- E, depois?
- Depois, temos o crédito cortado e os fornecedores recusam-se a expedir novas remessas ...
- Quem são eles?
- Todos.
- Estamos, portanto, perante um bloqueio idêntico ao que colocou Fidel de Castro à prova. Terão a resposta que merecem!...
- ...
- Tenho uma ideia! Tenho uma ideia! Tenho uma ideia! ...
- ...
- Acaba-se com o papel moeda neste país!
- ...
- Mandámos o euro às malvas, agora vamos mandar a rotativa para o museu! E também as caixas multibanco, esse confessionário do capitalismo em cada esquina! Sabes como?
- Não estou a atingir, confesso ...
- Pois é fácil. Aliás, a ideia não é nova. Por onde é que tens andado? Não lês os jornais?
Plástico, menino! Plástico! O futuro está no dinheiro de plástico. E, melhor ainda, no virtual. É uma roda já inventada, menino.  Mas nós vamos pôr a roda a rodar, fazer o que ninguém ousou fazer até agora. E ninguém ousou porque o papel moeda, para além dos trocos, é o meio de tráfico de negócios escuros que não deixam rastros. Acabaremos com eles! Com uma cajadada matamos todas as ratazanas que infestam a economia deste país. Não mais haverá corrupção sem vestígios, economia paralela, tráfico de droga, de armamento, de tudo o que engorda os ratos à custa do povo. E, sabes como?
- Continuo a não atingir...
- Te - le - mó - vel ! Telemóvel, menino. Através de um telemóvel podemos pagar, e portanto receber, tudo o que se quiser. É um cartão de débito sem cartão. Nunca ouviste falar?
- Tenho alguma ideia que sim...
- Pois é. Vamos ao trabalho e livremo-nos desses miseráveis papeleiros!
- Mas, Manel, ...
- Não há papel, já sei. Mas já não é preciso!
- Precisamos de telemóveis ...
- Toda a gente tem telemóvel ...
- Não sei se dão ...
- E porque não? Arrangem-nos!
- Há um pequeno detalhe, Manel ...
- Se é pequeno ...
- Mas é decisivo.
- E qual é, pode saber-se?
- Os fornecedores de papel são amigos dos fornecedores de telemóveis.
- Mas, afinal, o que é que se produz neste país?
- Papel, Manel. E do bom, segundo parece. Não dá é para notas.

OS NEGÓCIOS DA GUERRA

É frequente ouvir-se o interesse dos lobbies ligados aos fornecimentos de armamentos, entre outros, no fomento das guerras em que os EUA têm intervido.
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O artigo publicado no Washington Post - Myths about defense spending - é, de uma forma sintética, esclarecedor.
Ou pretende ser.

A PARTIR DE NADA

Pode alguma coisa ser criada a partir de nada?
Pode. O dinheiro.
Quanto ao Universo, subsistem as dúvidas.

Saturday, January 15, 2011

HOW BIG IS USA?


Which countries match the GDP and population of America's states?

IT HAS long been true that California on its own would rank as one of the biggest economies of the world. These days, it would rank eighth, falling between Italy and Brazil on a nominal exchange-rate basis. But how do other American states compare with other countries? Taking the nearest equivalent country from 2009 data reveals some surprises. Who would have thought that, despite years of auto-industry hardship, the economy of Michigan is still the same size as Taiwan's?

ASSALTOS

Casa de Manuel Alegre em Águeda foi assaltada e vandalizada.

A nossa foi assaltada. Vandalizada, parece que não.

Se a vandalização da casa de Alegre teve motivações políticas, e tudo leva  a crer que sim, porque o assaltante motivado apenas pelo roubo não perde tempo com a vandalização inútil da propriedade, o crime só pode ter efeitos contrários: o da vitimização de Manuel Alegre aos olhos da opinião pública.

Mário Soares, vítima na Marinha Grande da brutalidade de uns quantos fanáticos estalinistas, passou à segunda volta com Freitas do Amaral, e venceu as eleições.

Quem foi o imbecil ou o oportunista que se lembrou desta acção inqualificável?*

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Uma explicação aqui. Haverá tantas quantas os explicadores enquanto os criminosos não forem apanhados. Se alguma vez o forem.

SONHOS E RABANADAS - PARTE 10

(noque, noque, noque)

- Entra! Há fogo?
- Não Manel, só indícios...
- Explica-te!, e deixa-te de rodriguinhos... Por falar em rodriguinhos, estava aqui a compor uns alexandrinos. Começo assim:

Portugal, minha pátria sitiada
por reles reitingues que o capital pariu,

Que te parece?
- Um assombro. Parece Ary em todo o seu esplendor.
- Ary? Também tu, César, me desconsideras?
- De modo algum, Manel, de modo algum. A tua verve só tem paralelo no nosso grande épico. Referia-me aos reitingues, uma coisa que felizmente para aqueles tempos ainda não tinham sido paridos. O Ary não diria melhor...
- Adiante. O que é que se passa, então?
- Temos o FMI à porta.
- O FMI? Chamaste-os?
- Nem pensar. Estão de passagem e vêm apresentar cumprimentos.
- Se não os chamaste, manda-os de volta. Diz-lhes que esta é a minha hora poética. Diz-lhes mais: Que estou a compor para os descompor.
- Já tentei, mas eles insistem ...
- Essa é boa! Desde quando é que as regras da diplomacia consentem uma insistência tão impertinente?
- Desde sempre, julgo eu. Os diplomatas são uns chatos. E os tipos do FMI nem diplomatas são. 
- Mas, afinal, o que é que os gajos querem? Para além dos cumprimentos, é claro. Será que eles não sabem ainda que não precisamos deles, literalmente, para nada? Que mandámos o euro à fava e agora não nos faltam coroas? Com uma moeda que flutua  nunca um país se afunda!, uma regra básica cuja ignorância nos ia custando a independência. E a paz social. Lembras-te, Carlos, do tempo AA, quando havia milhares e milhares de acções nos tribunais contra os iníquos cortes salariais?* decretados pelo desgoverno do Zé? Pois é. Se não fosse a nossa rotativa andaria o pagode por aí engalfinhado. Se, pela mesma razão, os magistrados do MP e os juízes também tinham recorrido, como é que poderiam indeferir o recurso aos outros*? Com a rotativa a trabalhar, paga-se o que toda a gente quer ganhar. Uma ideia simples, mas já se sabe, todas as ideias sublimes são simples. Ou será o contrário? O difícil é dar por elas. Em conclusão: Despacha os tipos e dá-lhes uma coroas para irem comprar ali ao lado uns pastéis de Belém.
- Mas, Manel ...
- Não há papel?
- Pois não. Esgotou-se.
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* (aqui)
* (aqui)

SUBSCREVI

Petição pela criminalização do enriquecimento ilícito: (aqui )

"O titular de cargo político ou equiparado que, durante o período de exercício das suas funções ou nos três anos seguintes à respectiva cessação, adquirir, por si ou por interposta pessoa, quaisquer bens cujo valor esteja em manifesta desproporção com o seu rendimento declarado para efeitos de liquidação do imposto sobre o rendimento de pessoas singulares e com os bens e seu rendimento constantes da declaração, aditamentos e renovações, apresentados no Tribunal Constitucional, nos termos e prazos legalmente estabelecidos, é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos. O agente político ou equiparado não será punido se for feita prova da proveniência lícita do meio de aquisição dos bens e de que a omissão da sua comunicação ao Tribunal Constitucional se deveu a negligência."

Por razões que desconheço esta petição dirige-se apenas aos crimes praticados por titulares de cargos políticos ou equiparados e não, como poderia parecer mais razoável, a todos quantos exercem funções de serviço público ou em empresas maioritariamente detidas pelo Estado.

Por outro lado, parece-me que, mais do que a pena de prisão, seria fundamental o ressarcimento com juros e outras penalizações das perdas observadas pelo Estado.

Subscrevi, no entanto, como forma de apoio à intenção da iniciativa: a tipificação na lei do crime por enriquecimento ilícito.

Friday, January 14, 2011

O JOGO DA CABRA CEGA

O Maestro Graça Moura é acusado de peculato pelo MP de se ter apropriado de 720 mil euros de dinheiros públicos, quando estava à frente da Orquestra Metropolitana de Lisboa, de que  foi presidente de 1992 a 2003, utilizando-os na compra de artigos de lingerie masculina e feminina, em compras em supermercado, vinhos, charutos, joias, viagens e obras de arte.

Os factos ocorreram, portanto, há mais de sete anos. 
Logo na altura da demissão (foi substituído naquelas funções pela actual ministra da Cultura), se soube publicamente que Graça Moura se tinha apropriado de dinheiros públicos. Só agora, volvidos sete anos sobre a demissão, o MP consegue reunir provas para acusar o presumível delinquente.
Daqui a quantos anos terá sido julgado?

Se considerarmos a natureza da acusação, de confirmação documental relativamente fácil, já que a Orquestra Metropolitana de Lisboa não terá  uma estrutura administrativa complexa, e a compararmos com os intrincados processos do BPN e mesmo do BPP, só poderemos concluir aquilo que muita gente dá por garantido desde a primeira hora: prescreverão todos. A justiça, além de cega, é manca.

E seria uma iniquidade relativa se Graça Moura fosse condenado a devolver aquilo de que ilicitamente se terá apropriado. Comparado com Oliveira e Costa & Cª e João Rendeiro & Cª., Miguel Graça Moura é um menino de coro.
Que, como Rendeiro, até escreveu um livro de memórias, editado em 2009.

BOAS NOTÍCIAS


Há males que vêm por bem.
Para já poupam-se custos de funcionamento.
Esperando-se que a reparação esteja abrangida pela garantia.
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Diz a notícia que as placas de revestimento não aguentam o Atlântico.
Terão encomendado um submarino para submergir em água doce para pescar caranguejo?
Por que não se devolve? Sempre dava para amortizar uma quarta parte do buraco do BPN.
Com um pouco de sorte, talvez o segundo também tenha os cascos moles. Devolvam-se os dois e fica metade do BPN aviada.
Têm é que ser devolvidos imediatamente porque o buraco do BPN cresce fulgurantemente em cada momento que passa.
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Se nada for feito nem os submarinos submergem nem nos livramos do estafermo a que os idiotas ainda chamam banco.

COZIDO, NA CASA BRANCA

SUCESSO, MAS POUCO


...
But Portugal paid dearly for its success: the yield on the June 2020 bond was a whopping 6.7%. Granted, that was lower than the 7% at which ten-year bonds had traded earlier in the week (see chart 1), before reports of heavy purchases by the European Central Bank (ECB) pushed the yield down. But it is unsustainable for a country whose public debt is high and rising. Unless its borrowing costs plummet, Portugal will eventually have to seek rescue funds from its euro-zone partners and the IMF, as Greece and Ireland have already been obliged to do.
...
Modest achievements are talked up. José Sócrates, the prime minister, said this week that Portugal’s 2010 budget deficit would fall “clearly below” the government’s target of 7.3% of GDP. Portugal was one of the few EU countries to cut its deficit by more than two percentage points in 2010, he said. Yet revenues booked from the transfer of Portugal Telecom’s pension funds to the state explain much of the improvement. The dilatory pace of fiscal consolidation is unlikely to assuage investors for long. The auction’s success may offer only temporary respite. Investors in the euro zone’s bond markets have seen the film before.

more


Thursday, January 13, 2011

ÀS ARMAS!




Part of Palin's political success owes to her knack for frontier imagery and provocative sound bites, as in the health-care debate when she tweeted after the bill had passed Congress, "Don't Retreat, Instead - RELOAD!" But Palin is on the defensive at this moment because of her decision to make Giffords, who remains in critical condition after being shot in the head, one of 20 Democrats marked for defeat in the 2010 midterm elections.

Palin set up a Web site called "Take Back the 20," which included a map of the United States with cross hairs on congressional districts of Democratic candidates she had singled out for defeat.
The map drew immediate criticism. Among those who voiced disapproval was Giffords.
"We're on Sarah Palin's targeted list, but the thing is that the way she has it depicted has the cross hairs of a gun sight over our district," Giffords told MSNBC at the time. "When people do that, they've got to realize there's consequences to that action."



Sarah Palin's statement Wednesday in response to the Tucson shootings, in which she has found herself at the center of a debate over civility in political discourse, was crafted as both a defense of her own actions and a strike against her critics - but reaction to the statement was dominated by a fresh controversy over her use of the phrase "blood libel."

AINDA A PROPÓSITO

de procura elevada e juros altos, aqui.

- Não lhe parece estranho que tendo a procura excedido 3,2 vezes a oferta os juros se mantenham tão altos?
- Não lhe parece estranho que este excesso, que também se tem observado em leilões passados, é artificial e construído a pedido?
- Não lhe parece estranho que ninguém aborde este fenómeno e, pelo contrário, pela ausência de comentários se possa deduzir que o considerem muito normal?

12 de Janeiro de 2011 19:20

- Num leilão de títulos da dívida a procura ser superior à oferta significa que há quem estivesse disposto a comprar, mas a taxa de juro superior à taxa em que se parou de vender.

12 de Janeiro de 2011 22:17

- Obrigado, mas não me convence.
" há quem estivesse disposto a comprar, mas a taxa de juro superior à taxa em que se parou de vender."
Então, sendo assim, trata-se de uma procura manipulada. É sempre possível aumentar a procura (exagerando) até ao infinito.
Mas é uma procura sem significado legítimo.
Se na lota do peixe aparecem muitos compradores e pouco peixe, o preço do leilão sobe. A menos que muitos desses compradores apenas sejam mirones, estejam lá para ver o espectáculo e apenas dois ou três estejam interessados no peixe. Neste caso, o preço, provavelmente desce, porque a procura real é baixa para o pouco peixe oferecido.

Só é legítimo falar-se de um excesso de procura sobre a oferta se, por exemplo no caso de uma OPV, a subscrição é feita a um dado preço. Neste caso o número de interessados em a adquirir aquele preço pode exceder várias vezes o número de acções em venda. E tem de se proceder a um rateio.

Pelo menos era assim no século passado ...

OUTRO



Portugal's successful bond auction comes at a price

PORTUGAL reached its target of selling a total of €1.25 billion ($1.6 billion) of bonds maturing in 2014 and 2020 on January 12th and both offerings were over-subscribed. But Portugal paid a heavy price to make them so appealing; the yield on the June 2020 bond was a whopping 6.7%. That was lower than the 7% yield that ten-year bonds had traded at earlier in the week, before reports of heavy purchases by the European Central Bank (ECB) pushed it lower. But it is unsustainably high for a country with such so much public debt relative to its GDP. If Portugal is to remain solvent, its borrowing costs will have to fall much further. It is hard to imagine what might push its bond yields down other than concerted buying by the ECB, a de facto bail-out. It therefore seems likely that Portugal will eventually have to seek rescue funds from its euro-zone partners and the IMF, as Greece and Ireland have had to.

O QUE DIZ O AMIGO PAUL

Paul Krugman

I’m with Calculated Risk here: it says something about the sheer desperation of the European situation that Portugal’s ability to sell 10-year bonds at an interest rate of “only” 6.7 percent is considered a success. If you think about the debt dynamics here — the burden of growing interest payments on an economy that is likely to face years of grinding debt deflation — an interest rate that high is little short of ruinous. But it is, indeed, not as bad as people were expecting last week; hence, success.

A few more successes and the European periphery will be destroyed.

O amigo Paul bem poderia ter começado o seu artigo desta forma: "I´m with Aliás here"...
Compadrios, é o que é.
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