Wednesday, December 31, 2008

GANSOS (MIDDLEBURGH)

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gansos

THE CRASH : WHAT WENT WRONG - 3

Downgrades and Downfall
Robert O'Harrow Jr. and Brady Dennis

Third of three parts

The contracts were flying out of AIG Financial Products. Hardly anyone outside Wall Street had ever heard of credit-default swaps, but by early 2005, investment banks were snapping them up to insure all kinds of deals in case of default, fueling one of the great financial booms in U.S. history.

During twice-monthly conference calls that originated from the company's headquarters in Wilton, Conn., president Joseph Cassano would listen as marketing executive Alan Frost listed the latest swap transactions for associates in the firm's offices in London, Paris and Tokyo.
Once a small part of the firm's business, the increasingly popular contracts had helped boost the company's profits to record levels. The company's computer models continued to show only a minute chance that the firm would ever pay out a dime on the contracts, and it turned down deals that didn't meet its standards. After their reviews, Cassano and his team would consult with AIG executives, sometimes including chairman and chief executive Maurice "Hank" Greenberg. "We rode pretty tight rein on them," Greenberg recalls.

more: Downgrades And Downfall


Full Report: The Origins of the Financial Crisis
Pearlstein: Universal Pay Cuts May Ease Recession
Economy Watch: In Focus Today: Jobs, Madoff
Ill. Drama From Obama's Past

SONHOS E RABANADAS - 5

Estava o ano novo a nascer em todo o lado com o atraso programado de um segundo, coisa que nem se nota, quando soou o alarme nestas bandas do Atlântico: ao chegar à costa mais ocidental da Europa o novo ano estava a recusar-se a nascer, bloqueando todos os nascimentos a Ocidente, uma chatice inesperada que poderia prolongar ad eternum Bush na Casa Branca.
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Era quase meia noite quando a ministra da saúde informou o Primeiro, que corria no jogging da noite de São Silvestre, da caturrice do novo ano.
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Ora essa, o que é que se passa? perguntou o Primeiro sem abrandar a pedalada.
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O que se passa, explicou a ministra aflita, é que os trabalhos de parto começaram à hora prevista, estava tudo a postos para receber o 2009, mas ele meteu a cabeça de fora, espirrou, e voltou para dentro dizendo que não tinha condições para nascer em tempos de crise tão grave. Agora não sai nem com forceps. Deu a volta e está a fazer finca pé.
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E não há nada a fazer?
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Haver, há, mas sai caro. Podemos, talvez, tirá-lo de cesariana.
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OK, pá. Pois que saia de cesariana.
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Trata-se de uma operação complicada. Não é coisa que possa fazer à custa de braços. Uma cesariana destas, para sacar um ano com os pés para a saída, só com retroescavadoras.
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Quantas?
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Três, talvez cheguem.
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Oh Mário diz aí ao Coelho para avançar urgentemente com três retroescavadoras. Uma adjudicação directa por cada máquina. Assim evitamos o concurso público.
Olha se não tivéssemos tomado aquela decisão ontem, hem! Parava o mundo!
Co´a gente ao leme jamais parará!
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"Jamé!"

MOVIMENTO SIDERAL


Set the sky in motion! sun, moon, and stars, moving clouds, and a wealth of other interesting sky phenomena show up with their daily motion above fascinating landscapes.
playlist

Explanation: Still need to come up with a good new year's resolution? Consider one appropriate for 2009, the International Year of Astronomy; just look up -- experience, learn, and enjoy the changing sky. This 4-minute, time-lapse video is composed from a series of 7,000 images highlighting much of what you could see. Arcing through the sky in a stately reflection of planet Earth's own rotation are Moon, Sun and stars. But the sequence also features satellites and meteors streaking overhead, clouds moving along the horizon changing in a beautiful iridescence, and beaming crepuscular rays.

Tuesday, December 30, 2008

AMERICAN ART MUSEUM


Georgia O´Keeffe
Grey Lines with black, Blue and Yellow
oil on canvas

MAIS ESTADO, PIOR ESTADO


Presidente da República promulgou Orçamento de Estado para 2009
Carga fiscal aumentou no ano passado para o nível mais elevado em 13 anos
Obras públicas até cinco milhões de euros podem ser feitas por ajuste directo
Nos próximos dois anos, as obras públicas cujo valor não exceda os 5,15 milhões de euros podem ser atribuídas a uma empresa ou consórcio de empresas por ajuste directo, aprovou hoje o Conselho de Ministros.
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A crise de que tanto se fala vai ter as costas largas. Com uns desdobramentos tácticos é obrar sem esperar por concursos.
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Se a ordem vai ser gastar, gastar, gastar para não arrefecer, daqui a um ano teremos os motores da economia irremediavelmente gripados. E lá teremos de voltar outra vez com ela a uma reparação dolorosa.
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A grande incógnita do momento vai ser a reacção do PR num ano de crise e de eleições à desfeita do partido do governo, e das oposições, nomeadamente daquela que foi o seu partido, na questão do Estatuto dos Açores. Presumo que, mais isolado que nunca, o PR, desvinculado da cooperação estratégica por denúncia do governo, vai exercer o resto do seu mandato comandado por um grande grau de exigência. E ou o eleitorado adere às suas posições e ele recandidata-se a a um segundo mandato sem aceitação do apoio de qualquer partido ou fica-se, desiludido, por este.
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Nesse caso, PSLopes será candidato. Manuel Alegre, o outro.

HIRSHHORN

Julião Sarmento (1948)
Emma, 5
1990-1
Synthetic polymer and graphite on canvas
Museum Purchase, 1994

THE CRASH : WHAT WENT WRONG - 2


THE CRASH What Went Wrong

By 1998, AIG Financial Products had made hundreds of millions of dollars and had captured Wall Street's attention with its precise, finely balanced system for managing risk. Then it subtly turned in a dangerous direction.
Second of three parts
By Brady Dennis and Robert O´Harrow, Jr.

For months, several executives at AIG Financial Products had pulled apart the data, looking for flaws in the logic. In phone calls and e-mails, at meetings and on their trading floor, they kept asking themselves in early 1998: Could this be right? What are we missing?

Monday, December 29, 2008

FLECHA EM CHAMA



Over lunch, I explained to a group of boys that my father was a prince.
"My grandfather, see, he´s a chief. It´s sort of like the king of the tribe, you know...like de Indians. So that makes my father a prince. He´ll take over when my grandfather dies."
"What about after that?" one of my friends asked as we emptied our trays into the trash bin. "I mean, wiil you go back and be a prince?"
"well ...if I want to, I could. It´s sort of complicated, see, ´cause the tribe is full of warriors. Like Obama...that means ´Burning Spear. ´ The men in our tribe all want to be chief, so my father has to setlle these feuds before I can come."

HIRSHHORN

Frank Stella (1936)
Darabjerd III
1967

ABSURDO E INDIGNO


Cavaco Silva promulgou Estatuto dos Açores mas denuncia abertura de "precedente muito grave"
O Presidente da República, Cavaco Silva, anunciou esta noite numa declaração ao país que promulgou hoje o Estatuto Político-Administrativo dos Açores, documento que tinha vetado, apesar de considerar que este abre um “precedente muito grave”, “abala o equilíbrio de poderes e afecta o normal funcionamento das instituições da República”.
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É completamente absurda a coacção constitucional que obriga o Presidente da República a promulgar uma lei que ele considera anticonstitucional.
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Encheram-se de indignidade os invertebrados que votaram favoravelmente ou se abstiveram de votar a lei depois de publicamente terem repudiado as disposições contestadas pelo Presidente da República.
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Consequências
[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]
Não me lembro de nenhuma declaração presidencial tão dura em trinta anos de democracia, como
esta sobre o Estatuto regional dos Açores. Se ela traduz o estado de espírito de Cavaco Silva -- e não há nenhuma razão para pensar o contrário --, então só a ingenuidade pode admitir que este episódio não terá consequências funestas no futuro para a relação entre Belém e São Bento.
Como, aliás, os mais avisados tinham advertido...

THE CRASH : WHAT WENT WRONG

The Beautiful Machine:
First of three parts
By Robert O'Harrow Jr. and Brady Dennis
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Greed on Wall Street and blindness in Washington certainly helped cause the financial system's crash. But a deeper explanation begins 20 years ago with a bold experiment to master the variable that has defeated so many visionaries: Risk.

Howard Sosin and Randy Rackson conceived their financial revolution as they walked along the Manhattan waterfront during lunchtime outings. They refined their ideas at late-night dinners and during breaks in their busy days as traders at the junk-bond firm of Drexel Burnham Lambert.

Sosin, a 35-year-old reserved finance scholar who had honed his theories at the famed Bell Labs, projected an aura of brilliance and fierce determination. Rackson, a 30-year-old soft-spoken computer wizard and art lover, arrived on
Wall Street with a Wharton School pedigree and a desire to create something memorable.
They combined forces with Barry Goldman, a Drexel colleague with a PhD in economics and a genius for constructing complex financial transactions. "Imagine what we could do," Sosin would tell Rackson and Goldman as they brainstormed in the spring of 1986.
The three men had earned plenty of money through short-term deals known as interest-rate swaps, a clever transaction designed to protect banks, corporations and other clients from swings in interest rates that threw uncertainty into the cost of borrowing the money necessary for their business operations.
They believed their revolution could never happen if they stayed at Drexel. Swaps in those days typically lasted no longer than two or three years. The trio envisioned deals lasting decades that would lock in profits and manage risks with unprecedented precision. But the junk-bond firm's inferior credit rating sharply raised its borrowing costs, making it a dubious and risky partner for such long-term deals.
Sosin and his team needed the backing of a company with deep pockets, a burnished reputation and the very top credit rating, a Triple A institution as unlikely to default as the
U.S. Treasury itself. One name topped their wish list that fall: American International Group, or AIG, the global insurance conglomerate considered one of the world's safest bets.
They would find a partner for their venture. They would create an elegant and powerful system that earned billions of dollars, operating in the seams and gaps of the market and federal regulation. They and their firm would alter the way Wall Street did business, particularly in the use of derivatives, and eventually test Washington's growing belief that capitalism could safely thrive with little oversight.
Then, they would watch in disbelief as their creation -- by then in the hands of others -- led to the most costly rescue of a private company in U.S. history, triggering a federal investigation into AIG's near-collapse and making AIG synonymous not with safety and security, but with risk and ruin.
Over the past two decades, their enterprise, AIG Financial Products, evolved into an indispensable aid to such investment banks as
Goldman Sachs and Merrill Lynch, as well as governments, municipalities and corporations around the world. The firm developed innovative solutions for its clients, including new methods to free up cash, get rid of debt and guard against rising interest rates or currency fluctuations.
Financial Products unleashed techniques that others on Wall Street rushed to emulate, creating vast, interlocking deals that bound together financial institutions in ways that no one fully understood and contributed to the demise of its parent company as a private enterprise. In the panic of mid-September's crash, the Bush administration said that AIG had grown too intertwined with the global economy to fail and made the extraordinary decision to take over the reeling giant. The bailout stands at $152 billion and counting -- almost 10 times as large as the rescue for the American auto industry.
Many of the most compelling aspects of the economic cataclysm can be seen through the story of AIG and its Financial Products unit: the failure of credit-rating firms, the absence of meaningful federal regulation, the mistaken belief that private contracts did not pose systemic risk, the veneration of computer models and quantitative analysis.

A ÁGUA E O CAPOTE

Caro Amigo

Marinho Pinto é mesmo assim: Dá umas no cravo e outras na ferradura, quando não faz ao contrário.
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Ninguém pode discordar dele quando afirma que há dois pesos e duas medidas no julgamento de crimes em Portugal. Segundo ele, e eu acredito, 97% dos presos são pessoas pobres; os crimes de colarinho branco regra geral ficam impunes. Também não se pode deixar de concordar com ele quando afirma que os offshores são muitas vezes criados para cometer crimes e o segredo bancário para os camuflar.
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Já é menos consistente quando pergunta, afirmando, "pelos vistos, nenhum banco pode ir à falência". E ainda menos quando compara os bancos com as restantes actividades económicas não financeiras. É evidente que os bancos também podem ir à falência. O problema são as consequências, os chamados efeitos sistémicos, sobre o resto do sistema e da economia em geral.
A questão que deve colocar-se é outra: Se os bancos não podem ir à falência que requisitos deve a sociedade impor aos bancos para lhes assegurar a solvabilidade e a liquidez perenes.
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A questão dos offshores é complicada porque a sua extinção não depende apenas da decisão tomada por um país ou por um restrito número deles, ainda que o conjunto dos maiores mercados financeiros pudesse, se quisesse, impor regras radicais na matéria.
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Enquanto tal não acontece, poderia avançar-se para meio caminho: Impor a separação dos bancos entre os que utilizassem offshores e os que decidissem colocar-se fora da rede. Tal como na lei do tabaco: espaços para fumadores e não fumadores.
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Mas há um ponto onde a minha discordância com MP, e todos os que pensam como ele, é total, e que se refere à incapacidade congénita da Justiça para punir os prevaricadores. Diz MP que a solução não está no sistema judiciário mas no sistema político. O que é preciso é uma discussão acerca destes assuntos, diz ele.
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Tudo conversa fiada, porque é sobejamente conhecida a arteriosclerose de que a justiça está atacada. O que é preciso, urgentemente, para salvar a democracia é operar a justiça removendo-lhe os tecidos lesados.
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Se esta crise teve múltiplas causas, o crime generalizado de abuso de confiança potenciou-lhe os efeitos. O problema que MP detecta, mas não sabe de onde lhe cai, ao que parece, é outro: enquanto o mundo tecnológico e da informação avançou exponencialmente nas últimas décadas o aparelho judiciário quase parou no tempo. Assim sendo, só prende os pequenos infractores, aqueles que não dispõem de meios que lhes permitam escapar-se em lanchas voadoras.
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As caricatas situações a que a justiça se presta, e que são frequentes em Portugal, demonstram à saciedade que os seus agentes estão impreparados para fazerem o que devem numa sociedade cada vez mais complexa.
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Os cidadãos que esperam que a justiça se faça não podem, não devem, aceitar as escusas de MPinto ou de outro MP qualquer em realizar aquilo para que existem, e são pagos.

Sunday, December 28, 2008

HIRSHHORN

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Louise Bourgeois (1911)
Crouching Spider
2003
Bronze and stainless steel

OS MALEFÍCIOS DO NEO LIBERALISMO

O resultado da vitória neoliberal foi a arrogância que o dinheiro ganha quando está concentrado, o aumento das desigualdades, a corrupção e a captura do Estado pelas elites económicas e a instabilidade associada ao predomínio das forças do mercado global. Estas forças corroem tudo, incluindo as fundações morais que sustentam qualquer sistema económico viável.
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A discussão à volta dos malefícios do neo liberalismo envolvendo o posicionamento relativo do binómio Keynes - Hayek, ou dos respectivos neos, pode ser intelectualmente estimulante mas não abrirá nunca qualquer outra janela por onde se possa vislumbrar uma oportunidade de recrear a herança de qualquer deles escalpelizando a semântica das suas palavras ou a filosofia subjacente às suas convicções. Será muito interessante do ponto de vista da história das ideias mas é muito provável que não se descortinarão outros contributos para a ultrapassagem dos muitos dilemas que continuam a colocar-se aos promotores de políticas económicas. Se a história se repete, a história económica repete-se mas as mesmas terapêuticas não conduzem a idênticos resultados. Se o Washington Consensus agudizou desastres, o keynesianismo já tinha falhado noutras situações. Mais do que discutir Keynes, ou Hayek, hoje, o que vale a pena é pensar as medidas, globais e específicas, que a ultrapassagem desta crise requer e adoptar os antídotos que possam prevenir as causas que a provocaram. Se estamos condenados a cometer erros, que eles sejam novos, a estrear.
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Era esperável, desta vez, que os neo liberais viessem em defesa da sua dama quando esta tivesse resvalado e que os neo marxistas retemperassem forças e viessem reclamar outra vez as razões do patrono. A dialética entre os extremos neste rodeo cinge-se à expectativa das partes no derrube da parte contrária.
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Esta crise, para além da crise de confiança que sempre paira sobre todas as crises económicas foi, senão originada, muito potenciada pelos abusos de confiança, de vária ordem e grandeza, de muitos agentes fianceiros. Mas é muito claro que não podem assacar-se ao neo liberalismo o exclusivo dos malefícios que lhe registam no cartório. São por demais evidentes as ocorrências dos mesmos factos perversos em ambientes de inspiração oposta. Por outro lado, o alargamento do perímetro do Estado não garante, bem pelo contrário, a redução daqueles abusos, e temos entre nós muitos exemplos que lamentavelmente o confirmam de forma ineludível.
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Não há nada a fazer? Há muito a fazer.
Desde logo a adopção de medidas e sanções que fortemente desmotivem a repetição dos actos que potenciaram esta crise. Crise que é, sobretudo, uma crise de democracia no sentido de que os cidadãos estão afastados da supervisão dos seus interesses. Para dar um exemplo: Os fundos de pensões, criados para garantir a subsistência dos cidadãos após a vida activa, não deveriam conter, sob razão alguma, activos não garantidos e os participantes, ou seus delegados, deveriam escrutinar de forma permanente a evolução dos portfólios respectivos.
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No rescaldo da Grande Depressão foi instituído nos EUA o The Glass-Steagall Act de forma a prevenir a utilização da banca de depósitos em operações especulativas. O sistema funcionou bem, protegendo a economia de crises financeiras, até à década de 80, quando a emergência de bancos de poupança e empréstimos para habitação provocou a falência de um deles e uma enorme factura de cerca de 5% do GDP teve de ser paga pelos contribuintes norte-americanos.
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Há, realmente, muita coisa a fazer. Repor o espírito do The Glass-Steagall Act é uma delas.
O outro será a extinção de offshores. Mas se esta for uma acção impossível, deveriam os bancos também distinguir-se entre os que operassem com offshores e os que não o fizessem.
Afinal se há proibição de fumar em recintos públicos, proibição que aconteceu em ambiente neo liberal, porque não obrigar os bancos a optarem por alinhar dentro ou fora de áreas de confiança conhecidas?

Saturday, December 27, 2008

CRISE DE CONFIANÇA POR ABUSO DELA

Por sobre qualquer crise económica paira sempre uma nuvem de desconfiança que a provoca ou precipita, e que pode impedir o seu desanuviamento. É a quebra dos elos de confiança entre os agentes económicos que provoca a ruptura no tecido, e que em alguns casos se recompõe através de medidas adequadas e noutros não. A confiança é um estado de alma de construção lenta que liga os indivíduos, os grupos, as sociedades, as nações, entre si, que pode ser destruída de um momento para o outro. Toda a gente sabe isso por experiência própria. A recomposição da confiança perdida é tanto mais difícil de conseguir-se quanto mais frouxa for a consistência anterior dos elos quebrados.
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É esta diferença de solidez de confiança que explica porque é que resultaram as acções de retoma tomadas em períodos de crise nos EUA, no Reino Unido, na Austrália e não vingaram na Argentina, no México, no Brasil ou na Tailândia, por exemplo. Não sendo mensurável a reacção que cada corpo social experimenta quando sujeito às mesmas medidas, porque a resultante do nível de confiança ou de progressão da desconfiança dos indivíduos envolvidos não pode ser calculada previamente, não são modelizáveis os comportamentos colectivos em ambiente de crise e é nesta impossibilidade que residem em grande parte as frustrações dos macroeconomistas. Eles conseguem algum consenso acerca das causas e as consequências das crises quando os estragos são conhecidos, mas discordam frequentemente entre si acerca da terapêutica adequada a cada caso.
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Em todo o caso, convém distinguir três abordagens das crises económicas: as suas causas, as suas consequências e as lições que delas devem ser retiradas para prevenir a sua ocorrência ou minimizar as suas consequências. Ainda recentemente, muitos julgavam a ocorrência de crises em economias desenvolvidas uma praga do passado. Os macroeconomistas julgavam ter atingido um patamar de confiança nos instrumentos adequados a prevenir novos abalos e eis que se abate
sobre a economia global outra vez o fantasma que eles julgavam exterminado.
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Há nesta crise que se descortina cada vez mais demolidora no ano que está prestes a começar, uma causa, que se não foi primordial no desencadear da crise (que, eventualmente, poderia sempre ocorrer) foi (está a ser), inquestionavelmente, potenciadora de quaisquer outras causas: o abuso de confiança que, em diversos graus, foi cometido por muitos agentes financeiros. Ainda que esta prática de abuso de confiança não seja original, tendo promovido outras crises sobretudo em economias emergentes, atingiu desta vez uma dimensão nunca antes atingida.
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É, portanto, muito claro que foi esta generalizada prática de abuso de confiança, que já desencadeou algumas prisões e promete mais, que sapou os alicerces do edifício que os macroeconomistas julgavam ter construído com alguma solidez. E não cabem a venalidade ou a desonestidade dos homens em modelos econométricos? Cabem, certamente. Mas não será razoável integrá-los na construção de modelos macroeconómicos. Quando do que estamos a falar é de crimes (de abuso de confiança, neste caso) o problema que se enfrenta não será de natureza económica mas policial.
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Se há uma lição a retirar desta crise é a de que a prevenção de crises futuras exige a adopção de leis e sanções desmotivadoras de crimes de abusos de confiança, o que implica uma alteração radical do funcionamento consentido actualmente ao sistema financeiro. Trata-se, essencialmente, de permitir que a justiça funcione. Se a falta de confiança que se instala em tempos de crise já é matéria frequentemente indomável pelos macroeconomistas, o abuso de confiança extravasa claramente as suas capacidades.

Friday, December 26, 2008

DIA DAS TROCAS

Há dias de muita coisa.
Hoje foi o dia das trocas. Aqui tudo é trocável, desde que seja comprado, entenda-se.
O que prova que as pessoas oferecem umas às outras sobretudo aquilo que não agrada, não serve, ou não tem utilidade para quem recebe.
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Resultado: no dia de hoje houve uma corrida às lojas para troca daquilo que receberam por outra coisa qualquer que se aproxime mais daquilo que gostam ou podem vir a precisar.
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É o consumismo à força. Mesmo assim receia-se que a crise se avolume e prolongue por falta de consumo. Um dia, as economias não entrarão em crise por falta de encomendas mas por congestão do sistema. Até lá, poucos se lembrarão que isso possa acontecer.

OS SALVADORES



«Foi por isso que criámos as condições para que baixassem os juros com a habitação, generalizámos o complemento solidário para idosos, protegemos as poupanças, aumentámos o salário mínimo e actualizámos os salários da função pública acima da inflação», disse, ainda em referência a medidas tomadas pelo Governo.
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DOMINÓ DA CRISE


Queda mensal sem precedentes de 8,1 por cento da produção industrial japonesa
A produção industrial do Japão caiu 8,1 por cento em Novembro relativamente a Outubro, a maior queda jamais registada, ilustrando a regressão das exportações nipónicas devido à crise económica mundial, anunciou hoje o governo.

OS VOOS DA MASSA


Investors Flee Stock Funds
Oct. Withdrawals Hit Record High

The bubble pops. Stock markets tumble. Investors flee.
It is the narrative of nearly every economic boom and bust, as investors scramble to find other places -- besides underneath mattresses -- to park their money.
Investors pulled $10.5 billion out of stock funds in the week ended Dec. 10, up from $3.3 billion the previous week, according to the
Investment Company Institute, a trade group for mutual fund managers. A record $72 billion flowed out of stock funds in October, according to the ICI's most recent monthly data.
"We've seen major redemptions out of equity mutual funds," said Alec Young, an equity strategist with Standard & Poor's.
The hits are largely across the board, according to a report from Morningstar: "The heavy redemptions are likely due to the widespread losses that haven't been isolated to a few asset classes but have spread to more conservative asset classes and funds."
Investors also took money out of bond funds, to the tune of $4.2 billion in the week ended Dec. 10 and $2.8 billion in the week ended Dec. 3.
From the start of September through the middle of this month, about 3 percent of the assets in stock and bond funds had been yanked by mutual fund investors, according to the ICI. That's roughly comparable to investor behavior in other bear markets, according to Brian Reid, the chief economist for the group.
Who is moving all this money out of stocks and stock funds? The everyday investor, according to analysts and financial advisers. "The money moving in and out is the general public," Young said. "It's the regular investors or an adviser selling funds. But the general public is making the direction to move money out."
Bernie McGinn of McGinn Investment Management in Alexandria said investor angst really picked up in late November, particularly the week of Nov. 20, when U.S. stock markets suffered heavy losses. "People who I hadn't heard from that much called me to say: 'I can't take it anymore. I want out. I don't care where it goes, but get it out.' "
Where all the money went -- what was left of it, at least -- is hard to say, but assets of retail money-market mutual funds have risen in four of the past five weeks, according to the ICI. The biggest spike came in mid-November, when $8.4 billion flowed into money-market funds in a single week, bringing total retail money-market mutual fund assets to $1.27 trillion. As of Dec. 17, the total had climbed above $1.28 trillion.
U.S. Treasurys have also been a popular parking place.
But that doesn't account for all the money coming out of funds. Analysts at
TrimTabs Investment Research estimate that retail investors pulled $86 billion out of long-term mutual funds in November. But the increase in the amount of money that went into savings, certificates of deposit and money markets from October to November was only $5.7 billion, according to Federal Reserve statistics.
Conrad Gann, the president of TrimTabs, thinks a lot of the money actually went to pay down bills, mostly mortgages. "Sadly, we are in code red on the economy right now," Gann said.
So much money is coming out that stock funds long closed to the public are reopening. Morningstar says dozens of funds have reopened this year.
But some mutual fund industry officials and financial advisers say they had expected to see more people flee the markets. Reid notes that in October 1987, investors pulled back 3.14 percent of their stock fund assets when the market collapsed. He said that in 1987 many stockholders were relative newcomers who got into the market during a good run in the mid-1980s -- and were the first out the door when stocks crashed.
Now more people have 401(k) plans through their employers. Currently about 54.5 million, or 47 percent of U.S. households, participate in the market through stock or bond ownership, according to a poll conducted earlier this year by ICI and the
Securities Industry and Financial Markets Association. That's up from 39 percent in 1989, the first year for which comparable data are available.
These investors seem reluctant to move the goal posts when it comes to their long-term investment strategy, said Stuart Ritter, a financial planner with
T. Rowe Price in Baltimore.
"There certainly are individuals who have done it, and I'm sure lots of people may have considered it, but when it comes to the actions people are talking, it's safe to say you're not seeing people take out everything they have in the stock market," he said. "While what we're going through is uncomfortable and frustrating, it doesn't mean it's time for a wholesale change in approach."

Thursday, December 25, 2008

A CRISE, SEGUNDO KRUGMAN



Most economists, to the extent that they think about the subject at all, regard the Great Depression of 1930´s as a gratuitous, unnecessary tragedy. If only Herbert Hoover hadn´t tried to balance the budget in the face of an economic slump; if only the Federal Reserve hadn´t defended the gold standard at the expense of the domestic economy; if only officials had rushed cash to threatened banks, and thus calmed the bank panic that developed in 1930-31; then the stock market crash of 1929 would have led only to a garden variety recession, soon forgotten. And since economists and policymakers have learned their lesson ... nothing like the Great Depression can ever happen again.
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Or can it?

PRODUTOS FINANCEIROS

Chamam-lhe produtos mas nada os aproxima de qualquer dos seus homónimos: não têm indicação das matérias-primas utilizadas, não têm peso, não têm embalagem, e, muito particularmente, não podem ser devolvidos por falta de qualidade ou extinção do prazo de validade. Há já algum tempo, soube-se que o mercado tinha sido inundado de muitos deles com elevada taxa de toxicidade. Quem os conseguiu devolver a tempo teve de aceitar uma desvalorização considerável; os mais distraídos ficaram com eles em casa sem destino a dar-lhes.
Como são produzidos em sítios escondidos e muito longe dos olhares do público consumidor, ninguém sabe a forma como são cozinhados nem o estado de conservação dos ingredientes utilizados. A sua compra é uma questão de fé ou de permeabilidade às tentações publicitárias que os promovem.
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Há alguns anos atrás, ainda no tempo da outra senhora moeda, o gerente do balcão onde eu tinha conta notou que o meu saldo andava acima dos meus recursos normais e telefonou-me a propor-me "uma aplicação". Disse-lhe que o dinheiro não era meu, destinava-se a pagar o IRS logo que me chegasse a casa o aviso das finanças. Apareceu-me, poucos dias depois, na linha o "consultor financeiro", colega do anterior, sugerindo-me uma aplicação a três meses, seria uma pena ter aquele valor todo parado. Fui na conversa do "consultor" (consultor é sempre um perigo, se for financeiro é uma ameaça a detonar mais tarde ou mais cedo) e aceitei a proposta na condição de que não poderia correr nenhum risco de ver aquela verba diminuída na data em que tinha de pagar o imposto. Passados dois meses, estava a perder duzentos contos.
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Telefonei ao "consultor" dizendo-lhe que o produto não condizia com as especificações que lhe tinha transmitido e, consequentemente, queria devolver a encomenda. O "consultor", que nunca deveria ter ouvido na vida uma exigência semelhante, gaguejou e disse que não podia, aliás ainda faltava um mês para o prazo de vencimento, até lá as coisas compor-se-iam. Qual compõem, qual carapuça, quero o meu dinheiro na conta e já! Passados dois dias, estava o dinheirinho inteirinho na conta. Por portas travessas eu conseguira saber que o tinham aplicado em obrigações da República da Argentina e confrontara o "consultor" com o meu acidental conhecimento da aplicação do dinheiro destinado às finanças.
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Não foi a única vez que consegui devolver um produto financeiro, mas tenho de reconhecer que a devolução destes produtos ou é impraticável ou custa muito dinheiro a quem devolve.
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A ASAE deveria tomar conta do assunto.

Wednesday, December 24, 2008

OUTRA VEZ, OS CINCO.

Partiram "os cinco" do princípio que a crise germinou e explodiu em consequência de umas teorias malévolas que ensinaram aos banqueiros na escola, e que eles, coitados deles, inocentemente fiados no catecismo do mal aplicaram com todo o rigor, porque lhes enchia os bolsos, e, deste modo espatifaram o sistema.
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Tretas, meus amigos.
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Não há nenhuma teoria económica conhecida que proponha o roubo. Ladrão não precisa de frequentar as escolas de gestão e munir-se de um MBA para roubar. Criou o neo liberalismo as ocasiões que fizeram os ladrões? Temos de confrontar essa hipótese com a contrária. E confrontando-a, sabe-se há muito que não há sistema imune ao roubo quando as leis são frouxas ou os juízes venais.
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A União Soviética implodiu porquê? Por várias razões mas sobretudo porque a nomenclatura se apoderou do poder sem limitações e das mordomias reservadas à clique que manobrava a seu belo prazer.
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Não quero ser tão ingénuo que não reconheça a permeabilidade do liberalismo (o neo ou outro) às tentações dos instintos primários.Mas não penso que o sistema contrário se lhe oponha com mais garantias.
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Mas, sobretudo, recuso-me a aceitar que os desaforos cometidos possam ser atribuídos a uma teoria, (se for má não é teoria, é um flop) ilibando os verdadeiros culpados.
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Não meus amigos, não tragam, por este motivo, Stuart Mill ou Adam Smith, Keynes ou Friedman, Mises ou Hayek, a depor.
Porque se o fizerem estão a fazer esquecer o que deve ser feito: Levar os burlões à barra, encarcerá-los e obrigá-los a devolver o que espoliaram.
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Surpreendentemente, ou não, voltaram a aparecer os pequenos cartazes, toscos, que oferecem a intermediação para o financiamento ou refinanciamento de habitações, na hora. "Bad credit ok".
Sintomático que a subprime continua à venda na rua.
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BOAS FESTAS



The National Christmas Tree was lit on December 4, 2008 in President's Park. This living Colorado blue spruce tree is located on the Ellipse, just south of the White House.
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Que a celebração da maternidade e da vida inspire os homens a percorrerem os caminhos da paz, da convivência e da tolerância, na diversidade de cores e de credos.
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Que 2009 seja afinal um ano de retrocesso dos caminhos errados que têm sido percorridos.
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Boas Festas, Ano Bom! A todos os de boa vontade.
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E, muito particularmente, aos que têm a boa vontade de visitar o Aliás.
À A., ao António, ao Francisco, um abraço de agradecimento pelo permanente incentivo dos seus comentários e, muito sobretudo, das suas discordâncias. O Aliás, como sabem, aprecia sobretudo as opiniões contrárias.
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Para o meu Amigo Artur, a quem tocou a contrariedade de ter de passar esta noite de Natal em Santa Marta, um grande abraço e os mais intensos votos de que se restabeleça rapidamente do susto e volte já para casa!

HÁ 48 ANOS



Explanation: Forty years ago, in December of 1968, the Apollo 8 crew flew from the Earth to the Moon and back again. Frank Borman, James Lovell, and William Anders were launched atop a Saturn V rocket on December 21, circled the Moon ten times in their command module, and returned to Earth on December 27. The Apollo 8 mission's impressive list of firsts includes: the first humans to journey to the Earth's Moon, the first to fly using the Saturn V rocket, and the first to photograph the Earth from deep space. As the Apollo 8 command module rounded the farside of the Moon, the crew could look toward the lunar horizon and see the Earth appear to rise, due to their spacecraft's orbital motion. Their famous picture of a distant blue Earth above the Moon's limb was a marvelous gift to the world.

Tuesday, December 23, 2008

CONTO DE NATAL

Conheço o Andrade há muitos anos, tantos que nem digo quantos para não pensarem que ele deve estar velho. Não está, ainda que há bem pouco tempo o tenha chamado à realidade uma jovem a quem ele lançara um casual piropo.
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Telefonou-me há pouco, eufórico, porque lhe tinham aumentado a esperança de vida. Fiquei perplexo, mas ele explicou.
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Sempre se soube que o Andrade, quando jovem, era um sovina. Amealhava o mais que podia, contava todos os tostões, a mulher tinha de lhe dar contas e recibos de todas as despesas feitas. Pegava nos papéis e contabilizava tudo. Em casa dele trabalhava-se subordinado a um orçamento rigoroso que prevenia sempre um superávite dimensionado à partida: gastava-se o que sobrasse da poupança, não se poupava o que sobrasse dos gastos, porque, dizia ele, quem parte dos gastos para a a poupança nunca poupará nada. Fez uma pequena fortuna, ou, como diria o outro, não era rico mas vivia bem. No poupar é que está o ganho mas o Andrade também sempre ganhara bem e cuidara melhor das economias.
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Estivemos sem nos ver durante muito tempo até que um dia voltámos a encontrar-nos. O Andrade tinha-se reformado, tinha-se divorciado, tinha um filho mas não tinha netos, tinha alterado completamente a sua política financeira: Se até certo momento vivia em função do superávite, de repente aconteceu-lhe um click no hemisfério direito e passou a viver em função da esperança de vida: Recorreu às tábuas actuariais e dividiu os activos consolidados e os rendimentos seguros pelo número de meses de esperança de vida que as tábuas lhe prognosticavam. O quociente dava-lhe o rendimento disponível mensal e decidiu-se consumi-lo inteirinho sem olhar para trás. Não parou mais.
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Quando nos encontrámos já tinha estado em toda a parte do mundo, geralmente acompanhado por quem não lhe chamasse velho cara a cara, agora andava a repetir a volta com outros vagares e mais sabores. Tinha engordado bastante mas sentia-se bem dentro da pele esticada pela felicidade.
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Tempos mais tarde telefonou-me para cancelar o almoço porque tinha entrado nos cálculos com as notícias que davam redução na esperança de vida por excesso de colesterol e hipertensão arterial, tornando o quociente do rendimento mensal mais elevado e, em consequência disso, via-se obrigado a cancelar todos os compromissos em terra porque tinha marcado viagem para mais uma volta ao mundo, desta vez em camarote de luxo. Lá foi.
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Telefonou-me, como disse, há pouco. Tão eufórico que pensei que lhe tivessem encurtado drasticamente a esperança de vida e ele estaria para embarcar para a lua. Depois de tanto correr e ver, da última vez andava a pensar numa viagem orbital à terra.
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Qual quê, menino, qual quê, aumentaram, aumentaram e de que maneira!

Fiquei confuso. Mas assim, oh Andrade, o teu rendimento baixa e terás que te contentar agora com umas voltas ao quarteirão, não?

Exactamente, meu velho. E sabes com quem? Com o meu neto que vai nascer amanhã. Soube agora. Mesmo agora. Já cancelei a viagem à lua. Tinha-te falado nisso não tinha? Pois cancelei. Mas não perco a massa. Já vendi a viagem a outro com lucro. Tenho de poupar, menino, agora tenho de poupar!

KEYNES RESSUSCITADO E O HELI BEN


O QUE DIZ MARTIN WOLF
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Keynes offers us the best way to think about the financial crisis
Sixty-two years after Keynes’ death, in another era of financial crisis, it is easier for us to understand what remains relevant in his teaching, writes
Martin Wolf

...The shorter-term challenge is to sustain aggregate demand, as Keynes would have recommended. Also important will be direct central-bank finance of borrowers. It is evident that much of the load will fall on the US, largely because the Europeans, Japanese and even the Chinese are too inert, too complacent, or too weak. Given the correction of household spending under way in the deficit countries, this period of high government spending is, alas, likely to last for years. At the same time, a big effort must be made to purge the balance sheets of households and the financial system. A debt-for-equity swap is surely going to be necessary.
The longer-term challenge is to force a rebalancing of global demand. Deficit countries cannot be expected to spend their way into bankruptcy, while surplus countries condemn as profligacy the spending from which their exporters benefit so much. In the necessary attempt to reconstruct the global economic order, on which the new administration must focus, this will be a central issue. It is one Keynes himself had in mind when he put forward his ideas for the postwar monetary system at the Bretton Woods conference in 1944.
No less pragmatic must be the attempt to construct a new system of global financial regulation and an approach to monetary policy that curbs credit booms and asset bubbles. As Minsky * made clear, no permanent answer exists. But recognition of the systemic frailty of a complex financial system would be a good start."

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Keynes’s difficult idea (Paul Krugman)
Great piece by Martin Wolf today. I particularly liked this:
Keynes’s genius – a very English one – was to insist we should approach an economic system not as a morality play but as a technical challenge.
That’s the point of my favorite Keynes quote, where he
declared of the Great Depression, “we have magneto trouble.”
What’s been striking me lately is how many people who talk and write about macroeconomics just don’t get Keynes’s essential point — the fact that economies can suffer from insufficient aggregate demand because people want to acquire liquid assets rather than real goods. Not to single out any one commentator, but this morning I read
this:
Government spending doesn’t increase aggregate demand. All it does is transfer spending power from one party to another by borrowing from or taxing the public.
That’s exactly the infamous “
Treasury view” from the 1920s, against which Keynes had to struggle. And it’s still out there.
Anyway, good for Martin; we’re going to need every possible voice to counter the niggling nabobs of negativism.

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*Hyman Minsky (September 23, 1919, Chicago, Illinois – October 24, 1996), was an American economist and professor of economics at Washington University in St. Louis. His research attempted to provide an understanding and explanation of the characteristics of financial crises. Minsky was sometimes described as a radical Keynesian because he supported some government intervention in financial markets and opposed some of the popular deregulation policies in the 1980s, and argued against the accumulation of debt. His research, nevertheless, endeared him to Wall Street. [1].

Nouriel Roubini perguntava a 30 de Julho de 2007: "Are We at the Peak of a Minsky Credit Cycle?" - Transcrito aqui no Aliás.

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‘Helicopter Ben’ confronts the challenge of a lifetime
Central banks may resort to their most powerful weapons against deflation: the printing press and the ‘helicopter drop’ of money. Will this work? Yes. But returning to normality will prove far more elusive, writes
Martin Wolf


"...Ironically, we are where we are partly because the Fed was so terrified of deflation six years ago. Now, a credit bubble later, Mr Bernanke has to cope with what he then feared, largely because of the Fed’s heroic attempts at prevention. Similar dangers now arise with the drastic measures that look ever more likely. This time, I suspect, the result will ultimately not be deflation but unexpectedly high inflation, though probably many years hence."


ORÁCULO

O que diz Roubini?

- 2009 será um ano de estagflação e recessão para a maior parte da economia global;
- a persistência desta situação durante 2010 depende das políticas que vierem a ser adoptadas e dos resultados atingidos pelas mesmas: políticas fiscais e monetárias e de recapitalização do sistema financeiro;
- O Banco Central Europeu deverá reduzir ainda mais as taxas de juro, seguindo o exemplo da FED;
- Nos EUA é preciso um plano de redução do esforço das dívidas que pesam sobre as famílias;
De qualquer modo, as medidas necessárias terão de ser pagas pelos contribuintes.
A FED, os reguladores, a gula e arrogância de Wall Street, as agências de rating, são os grandes responsáveis pela alimentação da bolha que globalmente está a causar esta crise,
O sistema financeiro já mudou radicalmente; foram-se os tempos da auto-regulação. Colocar-se-á sempre a questão de quem regulará os reguladores. Uma parte significativa dos recursos fiscais terão de pagar uma regulação mais apropriada, o sistema necessita de mais reguladores e de mais auditores. Isto não significa o fim do capitalismo ou o fim das economias de mercado, mas tem de existir um papel adequado para o governo garantir que o sistema financeiro e a economia real estão a trabalhar no sentido correcto;
- É provável que o sistema financeiro venha a experimentar um stress ainda maior: "Cerca de um milhar, ou mais" de hedge funds podem vir a rebentar ao mesmo tempo. O que significa que a venda de activos desvalorizados continuará. Uma outra fonte de stress para o sistema são as economias emergentes: há cerca de uma dúzia delas á beira de uma potencial crise financeira: Letónia, Estónia, Lituânia, Hungria, Bulgária, Roménia, Turquia, Ucrânia, Paquistão, Indonésia, Coreia, Equador, Argentina e Venezuela. Outros esqueletos poderão cair da opacidade do sistema financeiro, idênticos ao escândalo de Bernard Madoff.
- A médio prazo, o dólar enfraquecerá ainda mais;
- As bolsas, tanto nos EUA como no resto do mundo deverão resvalar mais 15 a 20% nos próximos meses. Os preços das matérias primas cairão também cerca de 15 a 20%.
- Dinheiro em caixa e outras aplicações igualmente líquidas e seguras como as obrigações soberanas são a forma mais segura de aplicações nos próximos meses.

Monday, December 22, 2008

GORDON E OS BANQUEIROS

Gordon Brown diz que está "zangado" com os executivos dos bancos


O primeiro ministro inglês, Gordon Brown, afirmou que se encontra “zangado” com os executivos dos bancos pelo papel que estes tiveram no despoletar da crise financeira. O responsável divulgou também algumas medidas que vão ser adoptadas para o próximo ano para estimular a economia.“Eu estou zangado, zangado por termos um sistema bancário onde as pessoas não sabem os riscos que estão a tomar ou onde não são abertos o suficiente quanto aos problemas que têm”, referiu Brown numa entrevista ao “Daily Mirror” citada pela Bloomberg.O primeiro ministro inglês referiu ainda que “se não tivesses agido há umas semanas os bancos teriam simplesmente entrado em colapso.”Para o próximo ano Gordon Brown anunciou alguns planos dos que vão ser divulgados em Janeiro como medidas para estimular a economia. Entre eles está a construção de novas escolas, a reconstrução das que se encontram em pior estado e ainda o objectivo de reforçar a rede de Internet de alta velocidade britânica. A crise de crédito está a levar o Reino Unido para a primeira recessão desde 1991, aumentando o número de desempregados e levando a uma redução das despesas dos consumidores. Em Novembro o número de britânicos a pedir subsídios de desemprego foi o mais elevado dos últimos 17 anos.

33,87 USD - EM NOVA IORQUE


CRISE E COMÉRCIO LIVRE

Trade Barriers Toughen With Global Slump: Despite Free-Market Pledge, Many Nations Adopt Restrictive Policies.
Anthony Faiola and Glenn Kessler

Only a few weeks after world leaders vowed at a Washington summit to reject trade protectionism and adhere to free-market principles as they combat the global financial crisis, a host of nations are already breaking that promise.

Moving to shield battered domestic manufacturers from foreign imports, Indonesia is slapping restrictions on at least 500 products this month, demanding special licenses and new fees on imports. Russia is hiking tariffs on imported cars, poultry and pork. France is launching a state fund to protect French companies from foreign takeovers. Officials in Argentina and Brazil are seeking to raise tariffs on products from imported wine and textiles to leather goods and peaches, according to the World Trade Organization.

The list of countries making access to their markets harder potentially includes the United States, where critics are calling the White House's $17.4 billion bailout of the U.S. auto industry an unfair government subsidy that would put foreign competitors at a disadvantage.

Though still relatively narrow in scope, the moves, observers warn, in the coming months may grow into a broader wave of protectionism. That could worsen the global financial crisis by further choking world trade, which is already facing its first decline since 1982 as the world economy sharply slows and demand dries up.


In hard times, analysts say, nations are more inclined to take steps that inhibit trade, often with dire consequences. Trade restrictions imposed by countries trying to protect domestic industries in the 1930s, for instance, escalated into a global trade war that deepened and prolonged the Great Depression.

"Exporting firms tend to be innovative, dynamic and capable of generating good job growth," said Eswar S. Prasad, a professor of trade policy at Cornell University and senior fellow at the Brookings Institution in Washington. "If trade restrictions caused by trade wars shut them down, their suppliers shut down, job losses get worse, and you can quickly have a spiraling downward effect on the entire economy."

To be sure, most of the measures taken to date appear to be within the limits of current international trade treaties, which grant countries some room to raise tariffs and contain loopholes that can be exploited to protect domestic industries.

But the general trend toward protectionism could undermine what has been the steady march of free trade during the era of globalization, with export-dependent countries such as China standing to lose the most.

Seeking to avoid such a reversal, leaders from 20 major and emerging economies gathered in Washington on Nov. 15 for a global economic summit, issuing a pledge to refrain from protectionist measures for at least 12 months. They also vowed to reach a breakthrough this year on a stalled global trade deal that would bring down tariffs on a wide variety of exports, injecting as much as $100 billion into the global economy.

But nations have failed to comply with both of those promises, with many not waiting for the ink to dry on the summit agreement before reversing course.

For example, on Nov. 18 -- just three days after the summit -- India levied a new 20 percent duty on imports of some soybean oils to protect domestic farmers as international prices have dropped during the global economic slump. Experts in India think the government may soon raise taxes on other types of foreign-made cooking oils.

Increasingly, nations are rolling out support for battered domestic industries that critics are decrying as trade-distorting government subsidies. The United States, under fire for bailing out General Motors and Chrysler, on Friday announced that it was taking legal action against China at the WTO for allegedly offering unfair support of its export industry -- including the award of cash grants, rebates and preferential loans to exporters.

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COM O RABO DE FORA

Quando Constâncio aceitou (mas mal) a incumbência de rectificar o orçamento que transitava do governo de S Lopes não se esqueceu (e bem) de lhe carregar com as dívidas a fornecedores não relevadas nas contas. Essa foi uma das razões pelas quais o défice previsto subiu até aos badalados 6,2%.
No ano seguinte, S. Lopes chegou a desafiar o governo a incumbir Constâncio para exercício idêntico mas não passou daí.
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Entretanto, a crise abalou mais as tesourarias (ainda que grande parte das dívidas esteja concentrada no SNE e, nomeadamente, às farmácias), e o PSD ( Eduardo Catroga, inicialmente) propôs a redução dos prazos de pagamento a fornecedores, proposta que o governo assumiu mais tarde como iniciativa sua mas, pelos vistos, ainda não concretizou segundo se depreende da renovação da mesma proposta feita esta semana por MFLeite.
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É muito claro, portanto, que o governo partiu de uma situação com débitos do Estado não relevados nas contas mas continua com a mesma pendência. A tímida revelação do TC (tímida porque diz não poder garantir quando deveria chumbar) é, portanto, a constatação de uma realidade sobejamente conhecida. A "contabilidade de caixa" ainda praticada na administração pública consente uma elasticidade que impossibilita qualquer avaliação precisa da despesa pública e do défice, e da sua evolução.
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Que promete continuar.
Enquanto não houver regras claras e imperativas continua a jogar-se ao faz de conta com as contas do Estado em Portugal.
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BANCOS VIRTUAIS

Só agora o BP terá chegado à conclusão que a administração do BCP andou a imitar a administração do BPN, ou vice-versa uma vez que no BCP começaram mais cedo, criando bancos virtuais, dos tais que escapavam à supervisão do BP, dos auditores externos, dos auditores internos, dos revisores oficiais de contas, autênticos buracos negros a sugar perdas e a gerar lucros, parindo grossos proveitos ilícitos para administradores e alguns accionistas coniventes. Nada que já não se soubesse, o tempo de espera apenas permitiu dimensionar com precisão os raios das manobras mas a reposição dos valores subtraídos vai demorar, se é que alguma vez se concretizará. É difícil entender como é que valores tão elevados escaparam durante tanto tempo aos múltiplos crivos a que as contas estavam (ou deveriam estar) sujeitas. Mais difícil de entender ainda, reconhecida a existência dos actos dolosos e a sua gravidade, é o prolongamento por tempo indefenido da auditoria às contas com a discussão dos trocos para entretenimento dos culpados.
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Entretanto, a cabra-cega deste tipo de jogos consegue fisgar um ou outro brincalhão de vez em quando, mas geralmente deixa-os escapar ao menor esticão que eles ensaiem. E assim se entretem num jogo que só pode incentivar e premiar reincidências.
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Do outro lado, a CMVM assobia para o ar consentindo que as cotações sejam manobradas, os resultados falsificados, os prémios ilícitos distribuidos sem retorno à caixa violada.
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Uma cegada tripla.
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(...) O Banco de Portugal (BdP) concluiu que o BCP promoveu a criação de um grupo de sociedades em centros ‘offshore’, que manteve sob o seu exclusivo domínio e com a gestão efectiva delas, com o estrito objectivo de estas procederem à aquisição de valores mobiliários relativos ao BCP e a outras instituições do grupo” refere o documento da acusação do Banco de Portugal ao BCP e ex-administradores, a que o Diário Económico teve acesso. A instituição liderada por Vítor Constâncio conclui que o banco terá ocultado, deliberamente, ao BdP a existência de dezassete dessas sociedades (as quais só seriam conhecidas pela equipa de Vitor Constâncio no decurso das averiguações agora concluídas), e nunca tendo reflectido na sua contabilidade a relação de controlo que sempre manteve com aquelas entidades.