Saturday, December 06, 2008

MAIS BRONCAS À PROCURA DE ABAFADOR

À medida que se vão conhecendo alguns pormenores do escândalo que enfeita o affaire BPN, Dias Loureiro é visto cada vez mais atascado na lama onde instalaram a banca prodigiosa. Hoje, o Público junta mais uma pedra ao saco a que Loureiro se amarrou. Desta vez acompanhado por Jorge Coelho, confirmando-se que no bloco central há vários partnerships. Com tanto peso às costas, alguém irá ao fundo? Duvido.
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Mas o que mais dúvidas me coloca é a repetidamente invocada razão para estes negócios que afundaram o BPN de, através de offshores ou bancos virtuais, terem escapado à supervisão por "serem virtualmente indetectáveis quando são defenidos e executados ao mais elevado nível das administrações". E coloca-me as maiores dúvidas porque i) nenhum administrador, por mais hábil, ágil e polivalente que seja, pode, de forma completamente autosuficiente conceber, desenhar, executar e manter uma operação financeira complexa e em larga escala. No caso da compra das empresas em Porto Rico, sabe-se agora que um quadro superior analisou a operação, e pronunciou-se contra a mesma. ii) Se o BPN financiou operações simuladas e ilícitas, esse financiamento dirigiu-se a sociedades offshore do grupo, que veriam ter merecido o escrutínio mais apertado do BP, quer através da indagação da titularidade das contas beneficiárias quer da apreciação da evolução da solvência dos compromissos das entidadas financiadas. Pelos vistos
não foram apreciados os riscos que estas operações envolviam e as provisões que deveriam ter sido criadas.
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A lassidão da supervisão não justifica os ilícitos cometidos mas explica-os em grande parte.
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Dias Loureiro e Jorge Coelho accionistas de gestora de um fundo financiado por fraude ao IVA
Manuel José Dias Loureiro e Jorge Coelho são accionistas da Valor Alternativo, uma sociedade anónima gestora que administra e representa o Fundo de Investimento Imobiliário Valor Alcântara, que foi constituído com imóveis adquiridos com o produto de reembolsos ilícitos de IVA, no montante de 4,5 milhões de euros. A Valor Alternativo e o Fundo Valor Alcântara têm a mesma sede social, em Miraflores, Algés, e os bens deste último já foram apreendidos à ordem de um inquérito em que a Polícia Judiciária e a administração fiscal investigam uma fraude fiscal superior a cem milhões de euros.
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Quadro superior chumbou compra feita em Porto Rico por Loureiro e Oliveira e Costa
Cristina Ferreira e Vítor Costa
Operação foi considerada de "alto risco" por economista da Sociedade Lusa de Negócios, que agora se diz disponível para prestar declarações nas instâncias competentes
A operação de aquisição de duas sociedades tecnológicas com sede em Porto Rico pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN) em 2001 e 2002, numa transacção ocultada das autoridades portuguesas, foi desaconselhada por escrito pela equipa técnica do grupo que avaliou o projecto por o considerar de elevado risco. O negócio foi liderado por José Oliveira Costa, antigo líder da SLN/BPN, e por Dias Loureiro, que na altura era administrador executivo do grupo. A transacção acabaria por ser concretizada com base num relatório favorável entregue pelas próprias empresas de Porto Rico que tinham como investidor o libanês Abdul Rahman El-Assir, amigo do ex--ministro e que é descrito na imprensa internacional "como traficante de armas" (ver pág. 6 e 7). "Que fique bem claro que o projecto de Porto Rico foi considerado por mim de elevado risco e da minha parte foi desaconselhado por escrito", explicou Jorge Manuel Vieira Jordão, contactado pelo PÚBLICO para esclarecer o seu envolvimento na tomada de posições accionistas nas duas sociedades, a NewTech e a Biometrics Imagineerin. Na altura em que os factos ocorreram, este economista (actualmente na Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo), era quadro superior do grupo de Oliveira e Costa, e trabalhava na SLN Novas Tecnologias. Em 2004 Vieira Jordão já era administrador da SLN, tendo pedido a demissão em Dezembro desse ano. (...)

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