Friday, October 31, 2014

SUBSCREVO E APOIO

"Desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam o país. É esse o nosso problema."

Este texto circula na net*, com autoria atribuida ao General Ramalho Eanes.
Mas Ramalho Eanes não disse isto.
De qualquer modo se Ramalho Eanes estivesse disposto a recandidatar-se à Presidência da República  contaria com o meu voto.
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* Em Mare, um movimento que se diz de apoio ao General Ramalho Eanes, e de que desconheço em absoluto quem o promove, um comentador esclarece quem é o autor do texto.
  
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O CANTO DO COSTA

Não vi a transmissão da discussão inicial do OE na AR, vi apenas as peças transmitidas no jornal  da Sic Notícias. Mas presumo que o que vi é amostra representativa da forma como decorreu o debate. 
O sr. Passos Coelho tinha dado o flanco a propósito da reposição dos cortes à função pública contradizendo na prova oral o que tinha lido na prova escrita. Aí a bancada socialista terá acordado estremunhada. 

O sr. Ferro Rodrigues, líder da bancada parlamentar do PS confirmou o que já foi dito: mostrava-se inseguro, impreparado, constrangido como quem está a cumprir um frete. Ao seu lado, levantava-se Vieira da Silva, mais exaltado do que preciso, não sei se para compensar a tibieza do líder se para tirar alguma pedra do sapato, ou uma coisa e outra. 

Mais tarde, na "Quadratura do Círculo", onde  o sr. António Costa persiste em manter o seu canto, tanto quanto possível calado, o sr. Pacheco Pereira interpelou-o com a pergunta óbvia: Diga lá, António, o que é que afinal o PS fará quando for Governo: repõe ou não repõe os cortes feitos à função pública? O Passos Coelho garante que, com ele como primeiro-ministro,  a reposição se vai fazer à razão de 20% ao ano, de modo que lá para 2019 estarão a ganhar o que ganhavam em 2010. Ora, se o PS não diz agora o que pensa, parece mais encalhado que no tempo do Seguro.

Aí o sr. António Costa esboçou aquele seu meio sorriso, meio compasso de espera, e disse nada: o PS está ainda em fase de transição, as eleições directas serão a 22 de Novembro, por enquanto discute-se o OE na generalidade, depois se verá.

Entretanto, a luta do sr. António Costa é a reposição do horário de trabalho da função pública para as 35 horas semanais. Mas esse ponto não entrou na "Quadratura do Círculo", pelo menos até à altura em que desliguei o aparelho.
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Correl. - (31/10)  aqui : "Depois de António Costa ter vindo esclarecer, na Quadratura do Círculo, que o PS pretende fazer a reposição integral de salários "tão rápida quanto possível", a deputada socialista Ana Catarina Mendes garantiu esta manhã que a reposição será mesmo feita em 2016."

Indícios de que o PS está mesmo em fase de transição. Até quando? Talvez Ana Catarina Mendes saiba responder.
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Aliás, começou
 assim

Monday, October 31,  2005

OBVIAMENTE POLITICAMENTE INCORRECTO

Comentários a "Quadratura do Círculo"

Para mim é óbvio:

1º. Que Durão Barroso aceitou o cargo porque este é mais aliciante e menos problemático do que o que aqui detinha; o interesse de Portugal é, obviamente, secundário. Santer foi uma grande honra para o Luxemburgo? Prodi foi uma grande honra para a Itália? Não foram.

2º. Que o Bloco de Esquerda se bate por eleições antecipadas porque, muito provavelmente, verá crescer o seu número de votantes; poderá aspirar, então, a fazer uma perninha num governo liderado pelo PS;

3º. Que o Partido Comunista também pretende eleições antecipadas porque, deste modo, repescará alguns eleitores que se esqueceram de votar para as europeias;

4º. Que o Partido Socialista diz querer eleições antecipadas, porque não pode dizer outra coisa. Ferro Rodrigues tem nas eleições antecipadas uma ocasião única para se manter na corda bamba, se as ganhar. Mas nem todos no PS estão desse lado. Dizem que estão, mas não estão. Daí as dificuldades experimentadas por José Magalhães aos desafios de Pacheco Pereira; mas o PS (consciente) sabe que a situação económica do País vai continuar apertada e que o problema imediato não é o deficit, mas, muito prosaicamente, a falta de dinheiro. Sim, porque a Durão sorriu o penacho quando continuam a aumentar imparavelmente os credores;

5º. Que o PP/CDS quer que Santana Lopes seja Primeiro-Ministro, porque correria o risco de desaparecer no caso de eleições antecipadas; a beijar as varinas e feirantes, Santana Lopes baterá Paulo Portas folgadamente. Percebe-se o constrangimento de Lobo Xavier: tem (ele o lembrou) responsabilidades partidárias;

6º. Que o PPD/PSD diga querer formar novo governo com Santana Lopes a chefiá-lo,é uma simulação inevitável. Não poderiam, obviamente, dizer outra coisa politicamente correcta porque: - A Santana Lopes convêm as eleições: se as ganha, ninguém mais o segura. Terá um problema gordo, contudo: onde ir buscar fundos para distribuir pelos apoiantes, a começar pelo incontornável A. J. Jardim. Mas fará tudo para se auto nomear candidato a PR e até entregará, oportunamente, a chefia do governo a um vice qualquer para que as eleições presidências sejam “o mais isentas possível”; - Se não ganhar as legislativas, mas perder à tangente (melhor cenário para PSL), Santana Lopes é Presidente do PPD/PSD, pelo menos, até ganhar ou perder as eleições presidenciais; - Se não ganhar as legislativas, mas não perder por maior diferença que a observada nas eleições europeias (seria difícil fazer pior) será Presidente do PSD/PSD e candidato às presidenciais;

7º. Que Pacheco Pereira favoreça a hipótese de eleições antecipadas percebe-se, se atendermos à sua posição neste contexto. Pacheco Pereira é, nestas circunstâncias, o homem que não trouxe a máscara para o baile. E, por isso, destoa.

8º. Que o País está ameaçado por uma santanice aguda, são os receios de muito boa gente. Terapêutica: vacina. Se PSL for chefe de governo até se candidatar às presidenciais (outro primeiro ministro por ele proposto não o alijaria de responsabilidades) ou se espalha (hipótese muito provável) o País sofre, mas o País cura-se; ou se transcende (hipótese muito pouco provável) o País restaura-se. Venha a vacina, portanto.

9º. Que se o PR continuar hesitante, PSL ultrapassa-o pela esquerda e pede, ele próprio, eleições antecipadas;

10º. Tudo o resto são as habituais confusões dos constitucionalistas e outros homens de leis: precisam delas como os médicos da nossa pouca saúde."

ALIÁS

Nove anos.

Thursday, October 30, 2014

PASSOS DOGMÁTICOS



Outra lição do grande educador,

“Passos classificou ontem de "infantil" qualquer debate sobre austeridade e crescimento, durante o discurso de encerramento do seminário "Diálogo Social pela Educação e Formação - estratégias de intervenção e concertação para o desenvolvimento e o emprego" por ocasião do 36º. aniversário da UGT. Nem vale a pena discutir o assunto, referiu o primeiro-ministro quando falou sobre a divisão pública entre austeridade ou crescimento económico. Passos Coelho justifica a sua afirmação porque o país não teve outra hipótese e não tinha forma de investir no crescimento económico. O PM sublinha que qualquer governo deseja o crescimento económico mas a situação do país inviabilizou que assim acontecesse."- vd. aqui

Wednesday, October 29, 2014

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DO AVC


O acidente vascular cerebral é a principal causa de morte em Portugal, e não atinge apenas os mais velhos, dizem as estatísticas. Quais as causas? Eu não sei, não sou médico. Lemos e ouvimos que há factores que potenciam o risco de AVC. Mas AVC podem ocorrer em condições ainda não perfeitamente identificadas. É pela procura de factores suspeitos a aguardar confirmação que existe em Lisboa no Insituto de Medicina Molecular um dos três bancos do mundo de sangue colhido para surpreender o inimigo. 

A investigação científica realizada em Portugal mereceu hoje (dia internacional do AVC) uma reportagem no jornal da 20 horas da SIC que apenas pecou por ser apressada e não ter sido referido sequer o nome de quem se dedica apaixonadamente a uma luta que pode beneficiar a humanidade. 

Espelho de uma sociedade que conhece de cor e salteado os nomes de quem lhe faz vibrar os instintos mas ignora quem trabalha para, eventualmente, lhe salvar a vida.

O POLVO E O ANJO DA GUARDA

Hall da estação central ferroviária de  Zurique

O Google recorda-nos que Niki de Saint Phalle faria hoje 84 anos se fosse viva.

Polvo
autor desconhecido
Mercado da Figueira da Foz

Tuesday, October 28, 2014

BIG BANG NO VATICANO

“Quando lemos sobre a criação na Biblia corremos o risco de imaginar que Deus era um mágico com uma varinha de condão e capaz de fazer tudo. Mas isso não é verdade”, afirmou ontem o Papa Francisco na Academia Pontifícia das Ciências, admitindo que "as teorias científicas da evolução e do Big Bang estão correctas e que não são incompatíveis com a existência de Deus". O impacto destas palavras do Papa no seio da Igreja é incalculável mas é inevitável que com elas se derrubam muitas posições dogmáticas.
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Recorde-se que, pela primeira vez na história da Igreja Católica, e provavelmente das de todos os credos religiosos, a comunidade científica é, por razões das exigências dos métodos em que se suporta, menos complacente na admissão da prova de uma teoria científica que uma comunidade religiosa. Por enquanto a Academia Real das Ciências da Suécia continua a aguardar essa prova necessária para atribuição do Premio Nobel* da Física à teoria que o Papa Francisco ontem já consagrou.
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*"Cientistas do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (EUA) conseguiram detetar pela primeira vez ondas gravitacionais, o que constitui a primeira prova observacional da existência do Big Bang, o evento que deu origem ao Universo há quase 14 mil milhões de anos.

Os astrofísicos dizem que encontraram o sinal deixado pela expansão muito rápida do espaço logo a seguir ao Big Bang, fenómeno conhecido por inflação. Logo a seguir ao Big Bang significa uma fração de tempo de um bilionésimo de segundo (um segundo a dividir por um bilião).

"Detetar este sinal é hoje um dos mais importantes objetivos da cosmologia e há muita gente a trabalhar nesta área", afirma à BBC o investigador John Kovac, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, que lidera a equipa que fez a descoberta.

A BBC admite que, se esta descoberta for replicada por outras equipas de cientistas, estará garantido um Prémio Nobel para esta área de investigação".vd. aqui

SAUDADES DA LISBOA DESAPARECIDA

O Público online publica hoje um artigo sobre quatro quadros de autores desconhecidos comprados no início deste ano por antiquários portugueses, onde e a quem não dizem. Sendo esse artigo de algum modo promotor da venda dos quadros, é indiscutível o interesse na divulgação e a qualidade gráfica da sua apresentação.Um dos quadros retrata o Terreiro do Paço e edifícios circunvizinhos antes do terramoto de 1755, outra, o Rossio, uma terceira, os Jerónimos, a quarta o Convento de Mafra. 

Clique aqui sff.


Gabriel del Barco terá pintado os azulejos que compõem a Grande Panorâmica de Lisboa
(115/2247) em cerca de 1700. Refiro esta obra, exposta no Museu do Azulejo, porque Gabriel del Barco, nascido em Siguenza e falecido em Lisboa antes de 1708, residiu e realizou parte da sua obra em Portugal, não sendo, no entanto, referenciado no artigo.

(pormenor da panorâmica)

Monday, October 27, 2014

O JOGO DA CABRA CEGA

"In dubio pro reo"


"O Tribunal Central de Lisboa absolveu hoje os acusados de prevaricação de titular de cargo político, no âmbito do processo Bragaparques ...   O processo remonta a 2005, quando a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou por maioria a permuta dos terrenos do Parque Mayer - então detidos pela empresa Bragaparques - com parte dos terrenos municipais da antiga Feira Popular, em Entrecampos. O negócio envolveu, ainda, a venda em hasta pública do lote restante da Feira Popular à Bragaparques, depois de a empresa ter exercido o direito de preferência, passando a deter a totalidade do espaço". - vd. aqui.

Aconteceu há nove anos. Desde então, o espaço da antiga feira popular, ocupando uma área enorme numa das zonas de maior prestígio da cidade, continua entaipado sem utilização alguma. Poderia ser utilizado, enquanto espera por melhor destino, como parque de estacionamento automóvel. Mas nem isso. Na outra ponta da grande diagonal lisboeta, no antigo Parque Mayer o projecto de requalificação de Frank Gehry, que custou 2,9 milhões de euros (600 dólares/hora), nunca passou do papel e - vd. aqui - foi dado como enterrado, e bem enterrado, no local pelo sr. António Costa em 2007. 

António Costa é presidente da Câmara Municipal de Lisboa há sete anos. Num lado e noutro ainda não desenterrou nada. 


Sunday, October 26, 2014

PATETICAMENTE EDUCADOR

O sr. Passos Coelho, no encerramento das jornadas parlamentares dos partidos que suportam o seu governo, acusou, vd.aqui, com incontida irritação jornalistas e comentadores de serem preguiçosos e orgulhosos, e de patético o que se ouve nas televisões e se lê nos jornais, por não verem ou desvirtuarem as virtudes evidentes do OE para 2015. Todos os jornalistas e todos os comentadores? Não há excepções convenientes? Já se passaram todos para a concorrência?

Admitamos que a crítica negativa compensa, que a apologia do governo não vende jornais nem sustenta as audiências televisivas, e que o governo do sr. Passos Coelho é vítima de uma orquestrada campanha para o derrubar. E que, resumidamente, o OE 2015 é uma peça de excepcional governação que só por preguiça e por orgulho (ou por gorgulho?) os media pateticamente treslêm. E, então? Pretende o sr. Passos Coelho ser o grande educador da classe media?

Se pretende, a lição tem de ser outra. 
Há relativamente pouco tempo trouxeram de novo, com novos dados, os jornais à baila um caso em que o sr. Passos Coelho é, porventura mal, suspeito de irregularidades em tempos idos  envolvendo dinheiros públicos. A acusação é grave, e não prescreve politicamente, considerando as suas actuais funções. Assim sendo, está a perder o sr. Passos Coelho uma oportunidade soberana para dar uma lição aos plumitivos que se atreveram a escrever o que, talvez por preguiça na recolha e confirmação de informações, não poderão provar.

Se, assim fosse, se as notícias não passam de atoardas, deveriam ser sacadas as cartas profissionais aos caluniadores e pesadamente multados os jornais veículos das calúnias. Se não, faltam ao sr. Passos Coelho razões morais para ainda estar a apresentar o OE 2015.

Saturday, October 25, 2014

I´M LATE




 na Gulbenkian

"A exposição do centenário do nascimento de António Dacosta (Angra do Heroísmo, 1914 – Paris, 1990) acompanha a publicação do catálogo raisonné digital do artista – primeiro catálogo digital produzido sobre um artista português e iniciativa pioneira na área da investigação artística e das novas plataformas digitais. Visitar : aqui"


Friday, October 24, 2014

ÍCARO COSTA

O senhor António Costa não concorda com a venda da TAP. Por várias razões incluindo a leitura dos resultados das privatizações deste governo: o Estado alienou toda a capacidade de intervenção em áreas estratégicas, de domínios monopolistas, com relevante interesse nacional, prescindiu dos dividendos mas a malvada dívida pública continua a galopar. Muito bem senhor António Costa, o que fazer então com a TAP?

Reconhece Costa que estando a TAP descapitalizada, com uma dívida que não lhe permite ser rentável, e não consentindo a UE que o Estado lhe entregue mais fundos para aumento de capital, a melhor solução, segundo ele, é fazer um aumento de capital em bolsa. Mas como, se a empresa é deficitária e os "investidores" o que pretendem é cobrar rendas? O sr. António Costa confia que estando a empresa convenientemente capitalizada a rentabilidade esperada será aliciante para pequenos e grandes investidores mesmo que o Estado detenha a maioria do capital social e defina uma estratégia consentânea com os interesses nacionais que passam pela presença da TAP em rotas menos rentáveis.

Fácil, portanto. Faça-se um aumento de capital em bolsa, mantendo-se o Estado em maioria, e a TAP continuará a ser excelente companhia aérea que sempre foi, mas a distribuir dividendos aliciantes, tudo bom, portanto.
Como é que ninguém se tinha lembrado desta até agora?

Consolidou-se na gíria financeira a confusão entre aplicações financeiras que têm como objectivo obter um juro ou dividendo, e outras com objectivo meramente especulativo,  com aplicações em investimentos traduzidos em acréscimos de capital, corpóreo ou incorpóreo, em actividades produtivas. Só estas últimas são investimentos, e quem os realiza e assume o risco dos seus resultados, realmente investidores. A proposta de António Costa não procura investidores mas emprestadores, e quem empresta quer receber um juro ou um dividendo equivalente. No fim de contas a TAP trocaria, na melhor das hipóteses, uns credores por outros.

António Costa não sabe isto? Claro que sabe. Mas não sabe o que fazer à TAP.

Thursday, October 23, 2014

ESTE PRODUTO PODE ARRUINÁ-LO

"Pagos por um serviço que atraiçoou alguns depositantes desprevenidos e os contribuintes portugueses em geral, que responsabilidades lhe cabem na participação de construção destes logros? Nenhumas. " - Os banqueiros e as máscaras

O Presidenta da República e o Primeiro-Ministro são considerados culpados de terem com os seus discursos induzido investidores a participarem no último aumento de capital do BES. Pinto da Costa foi peremptório: "Senti-me vigarizado" por Passos Coelho e Cavaco Silva no caso BES" (vd. aqui). Muitos, sem a notoriedade pública do patrão do FCP, prometem unir esforços para serem ressarcidos das perdas resultantes de uma trapaça em que foram apanhados. Nunca, que me recorde, algum discurso político obrigou a qualquer ressarcimento não político, o ajuste de contas com os políticos é contado em votos dos eleitores.

Ontem, soube-se que a actual administração da PT SGPS pretende informações do Banco de Portugal para sustentar a imputação de responsabilidades ao assessor financeiro e, eventualmente, reclamar o pagamento da dívida da Rioforte junto do Novo Banco. Neste caso, há uma responsabilidade objectiva de quem assessorou, e, assessorando, ludibriou porque escamoteou o conhecimento que tinha, ou era obrigado a ter, da situação financeira do tomador do empréstimo.

Acerca do tema de hoje - a inimputabilidade daqueles que pela sua condição de ídolos de grande parte da opinião pública induzem os seus fans a tomarem opções que mais tarde lhe causam prejuízos graves - já anotei alguns apontamentos neste caderno. Curiosamente, quase todos os bancos portugueses que, de um modo ou outro, estiveram, ou ainda estão, envolvidos em escândalos financeiros, recorreram a ídolos do futebol, do espectáculo, da cultura até, para venderem os seus produtos mais ou menos tóxicos.

- O Montepio, ao Gato Fedorento, que depois se  transferiu para a PT, com o resultado final que agora se conhece.
- O BPN, a Figo e  Catarina Furtado
- O BCP, a Mourinho, e a Joe Berardo, nos tempos em que ainda eram todos bons amigos.
- A CGD a Filipe Scolari e Catarina Furtado
- O BPP, a Manuel Alegre, Pacheco Pereira, e vários outros
- O BES, a Cristiano Ronaldo.


Ninguém, que eu saiba, até hoje levantou a questão da responsabilidade civil destes prescritores de receitas falsas. E sei que, dizendo isto, corro risco de ser considerado lunático. Nunca ninguém se lembrará alguma vez de acusar e exigir ser ressarcido por Cristiano Ronaldo mesmo que tenha envolvido todas as suas poupanças na compra de obrigações do GES por cego seguimento da sugestão do seu ídolo. Que cobrou, e vai continuar a cobrar, agora pelo Novo Banco, uma maquia que muitos pequenos investidores não conseguirão poupar durante uma vida inteira de trabalho. Nem deixará de lhe bater palmas pelas suas habilidades a pontapear ou cabecear a bola.

 
Cristiano Ronaldo não sabia, nem era suposto que soubesse, o que vendia quando se dispôs a dar cara pelo BES e pelos seus produtos. Num mundo globalizado pelos media, os ídolos são inimputáveis. Aliás, os funcionários bancários do BES, agora no Novo Banco, não sabiam, - vd. aqui, a generalidade dos bancários, portugueses ou estrangeiros, não sabe, ou finge que não sabe, de que componentes são formados os produtos financeiros que vendem. Resumindo: Ninguém sabia, ninguém sabe, a ninguém podem ser imputadas responsabilidades por venderem produtos financeiros vulgarmente designados tóxicos, que podem levar famílias à falência. Deveria competir às entidades supervisoras, neste caso ao Banco de Portugal, a análise e certificação de que os produtos à venda não são tóxicos e proibir a venda de todos os outros.

- Mas não há produtos financeiros que não sejam tóxicos ..., dizem-me
- Não há mesmo?
- Não., garantem-me
- Nesse caso, que seja obrigatória a indicação em letras garrafais, como nos maços de tabaco, independentemente da marca e do fabricante: "Este produto pode levá-lo à ruína".
- E por que não?

Wednesday, October 22, 2014

ESTE PAÍS É UM COLOSSO*

V. aqui,
O gato fedorento fecha pela primeira vez abaixo e 1 euro e já vale menos que a dívida da Rioforte.
V. aqui
A Universidade da Beira Interior atribui doutoramento honoris causa ao esfolador do gato.



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* Este país é um colosso

Tuesday, October 21, 2014

O GATO FEDORENTO

Continuou hoje a cair, vd. aqui, mais de 8% em Lisboa,  enquanto que a actual dona do gato caiu mais 4% em S. Paulo. Como quanto mais cai a dona mais cai o gato, e quanto mais cai o gato mais cai a dona, se a dona não larga o gato, o gato e a dona vão irremediavelmente acabar por estatelar-se no chão. Parece, portanto, do mais elementar bom senso que a dona largue rapidamente o gato e o gato que se aguente.

Entretanto, soube-se hoje, vd. aqui, que  "no âmbito dos procedimentos que tem vindo a adoptar para obter integral ressarcimento dos danos que lhe foram provocados pelo seu intermediário financeiro, o BES, o gato fedorento requereu ao Banco de Portugal a prestação de diversas informações que considera essenciais ao apuramento de todos os responsáveis pela comercialização de instrumentos de dívida emitidos por entidades pertencentes ao Grupo Espírito Santo, nos quais se inclui a Rio Forte Investments, S.A". 

Alega o gato fedorento "que o Banco de Portugal, até ao momento, tem recusado facultar qualquer informação sobre a situação "invocando segredo profissional", sendo essencial apurar os fundamentos de tal proibição do regulador, o que não se confunde com qualquer dado de que tenha tomado conhecimento exclusivamente em virtude das suas funções de supervisão prudencial".

Resumindo, alega o gato que emprestou ao GES por recomendação do BES, enquanto seu intermediário financeiro. Como o BES não podia ignorar a situação financeira do GES, o gato pretende ser ressarcido das perdas resultantes de uma assessoria que lhe falta provar ter sido falsa.

O que não impede que o gato fedorento e a dona do gato não continuem alegremente a cair amanhã.



Monday, October 20, 2014

INCOMPETÊNCIA E BURLA INTERCONTINENTAL

Hoje, as acções da PT perderam mais 10% na Bolsa de Lisboa, depois das quedas a pique dos últimos dias, e de terem estado cair a meio do dia quase 30%.
Em S. Paulo aa acções da Oi cairam 9%. 
Porque, disseram os analistas, a Rioforte foi considerada falida e a possibilidade da PT recuperar os cerca de 900 milhões que tinha emprestado ao GES reduzida a quase nada.
Já depois da Bolsa ter encerrado soube-se que a CMVM vai proibir a partir de amanhã o "short selling" das acções da PT de modo a evitar a sua queda livre. 
Entretanto soube-se - vd. aqui - que "a Morgan Stanley, que é acionista da PT e assessora da Altice, que quer comprar a PT, publicou um relatório que arrastou as ações para a sua maior queda de sempre. Pode piorar? Pode: até aos 36 cêntimos, diz... a Morgan Stanley."

Depois da incrível história que nos contaram - ninguém, salvo o senhor Granadeiro, sabia do empréstimo dos 900 milhões da PT à Rioforte, que vinham a rolar desde o começo do século - contam-nos agora outra que não é incrível porque é o epílogo pretendido de uma burla global, agora  já sem disfarce nem penumbras.  
E só agora, quando os dados estão lançados, que a CMVM acorda para proibir o "short selling".
Uma burla, qualquer burla, conta sempre com a incompetência ou a ingenuidade de alguém. Neste caso, como não podemos considerar os reguladores ingénuos teremos de os classificar como incompetentes. Ou, objectivamente, coniventes, se preferirem.

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A Segurança Social perde 44 milhões e os investidores portugueses 673 milhões com as acções da PT (Antena 1, noticiário das 8,00) 
"Nunca a PT valeu tão pouco em bolsa . Chegou a ter uma capitalização doze vezes superior à de hoje"

Sunday, October 19, 2014

EUROPA SÓRDIDA

                                                                                -
O El País publicava ontem aqui um artigo sobre o tráfico de pessoas na Europa, uma realidade abjecta que cresceu 28% entre 2010-2012 relativamente ao triénio anterior. Portugal, ou porque as contas estão erradas ou porque, afinal, não somos piores em tudo, não fica muito mal no retrato. Ocupam o pódio da sordidez humana, a Holanda, com o assustador número de 7,9 vítimas por cada 100 000 habitantes, a Bulgária, 7,9, e a Roménia, 5,4. 

Em Portugal, os observadores contaram o valor mais baixo do conjunto, 0,1 por cada 100000.
Espera-se que tenham observado bem.




Saturday, October 18, 2014

SOLUÇÕES PARA A DÍVIDA PÚBLICA


A Europa é a mais rica do mundo.
A Europa é a mais endividada do mundo. 
A concentração da riqueza é imparável enquanto a taxa de remuneração do capital exceder o taxa de crescimento económico. A crescente desigualdade daí resultante é causa do decréscimo do crescimento económico, potenciando mais desigualdade.

Só há três, e não mais que três, soluções para a inversão da tendência de crescimento da dívida pública e a sua recolocação a níveis sustentáveis pelo crescimento económico:

- ou se repudia, com consequências negativas incomportáveis; a reestruturação, sendo uma forma negociada e suave que depende do acordo dos credores, terá sempre consequências negativas embora menos dramáticas que o repúdio; e, em qualquer dos casos, não se trava o efeito perverso do crescimento da desigualdade.
- ou se dissolve num quadro inflacionista que pode não ser contido e é gerador de mais desigualdade;
- ou se paga através de um imposto sobre a riqueza, dependendo o valor da taxa e o período de amortização da dívida do rácio dívida pública/riqueza acumulada.

Um imposto sobre a riqueza não é apenas a solução para a dívida pública dos estados europeus endividados mas para a sustentabilidade do próprio sistema capitalista a longo prazo. É o que, além do mais, diz Piketty. Vale a pena lê-lo e discuti-lo. A edição portuguesa acaba de chegar às livrarias. 

Para quem quiser ler alguns comentários que o livro já suscitou tem aqui uma boa selecção.

Friday, October 17, 2014

UMA QUESTÃO MILENAR

O Ébola está a dar a volta à política interna norte-americana.
Como?
A explicação é dada neste artigo - Ébola is turning US politics upside down - publicado no Financial Times de hoje, e resume-se assim:

O Presidente Obama conseguiu que, pela primeira vez nos EUA, houvesse um sistema de saúde que garantisse assistência médica à generalidade da população norte-americana. Antes, cerca de 10% dos residentes nos EUA não dispunham de qualquer garantia de assistência na doença. Mas muitos norte-americanos discordam da medida invocando que ela fere a liberdade de escolha que eles tanto prezam. Naturalmente, a maior parte daqueles que se opõem ao programa "Obamacare" são votantes do Partido Republicano, que detem a maioria na Câmara dos Representes mas está em minoria no Senado. No próximo mês há eleições para o Congresso, e os Republicanos contam manter-se em maioria na Câmara de Representantes e alcançar a maioria no Senado. Uma das mais decisivas batalhas trava-se no campo do "Obamacare".



Mas eis que o Ébola se infiltra nos EUA e não escolhe partidos. Resultado: Arrepiam-se de medo os Republicanos pelo menos tanto quanto os Democratas e rapidamente chegam à inteligente conclusão que é melhor que ninguém fique de fora da supervisão e dos cuidados de saúde não vá o diabo tecê-las e andarem por aí uns quantos desgraçados à solta a espalhar gratuitamente o Ébola.

UM BICHO DE OBRA



c/p aqui

Thursday, October 16, 2014

ANDAM DRONES POR AÍ

Hoje, de manhã cedo, anunciava-se aqui,  que a Bolsa de Lisboa tinha regressado aos ganhos, com 13 cotadas em alta,  e acompanhava a tendência positiva das restantes praças europeias. Os títulos da banca subiam mais de 1% e ajudavam o PSI-20 a recuperar de mínimos de dois anos.
Fui ver as cotações e não batia a cota com a perdigota: estava tudo em queda livre. Queda que se mantém às duas da tarde com o índice PSI 20 a cair 4,30%, o IBEX 35, 3,81%, o DAX, 1,85%, e o Dow Jones 1,06%. E os juros das dívidas soberanas dos periféricos voltaram a subir. O que é que aconteceu?

Antes, tinha ouvido na rádio que o governo grego deseja sair do segundo plano de resgate nos próximos meses e deixar a tutela do FMI. A ajuda da Zona Euro termina este ano com mais 1,8 mil milhões de euros mas o auxílio do FMI prolonga-se até 2016. Entretanto, mais ou menos ao mesmo tempo que as bolsas se entornavam, Herren Merkel avisava urbi et orbi, mas os principais destinatários parecem ser Paris, Roma e Lisboa, que "todos os países devem respeitar as regras do Tratado Orçamental", porque "apesar de a Europa ter tomado as opções correctas para enfrentar a crise, "ainda estamos longe do objectivo". Tomou?

OK, Herren Merkel, dirão os seus súbditos.
Oxalá que um dia destes o jogo não continue como batalha campal. 

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Correl.- Por que está a Grécia a provocar fortes quedas nas acções
17/10 - Bolsa valoriza mais de 2,5% e encerra com maior subida desde Julho
A PT perde mais 9,06% e continua a descida até onde só alguns sabem.
A Oi, por exemplo.
Ou a CMVM.

Wednesday, October 15, 2014

E AGORA, ANTÓNIO?

O Governo apresenta, v. aqui, o Orçamento do Estado hoje, às seis horas da tarde. Só depois se saberão os pormenores. Para já sabe-se que o senhor primeiro-ministro, diz ele, não quer ser fundamentalista e, por isso, o défice não será de 2,5% do PIB, como exige Bruxelas, mas 2,7%. Quanto à dívida, ao efeito BES sobre a dívida, que não se medirá, certamente, em uns peanuts percentuais, pelo menos já admitiu que os contribuintes possam vir a ser penalizados uma vez que a Caixa é parte, e a parte maior, do fundo de resolução. Inconcebivelmente, o senhor PR entende que não é nada assim, que a Caixa não é o Estado e, portanto, é errado considerar que o que se passa com o que afecta os resultados da Caixa se repercutem nos bolsos dos contribuintes. Ignora o PR que a Caixa foi há relativamente pouco tempo recapitalizada e aumentado o seu capital social, através do OE, evidentemente, porque tinha acumulado perdas consideráveis em consequência de negócios ruinosos? Se, em consequência, da revelação de mais perdas, a Caixa nem paga impostos nem dividendos ao accionista, mas exige mais capital para lhe repor os rácios, são os Getas que pagam as favas?

Entretanto, do lado do PS, que ouvimos?
Que discorda da promessa de crédito fiscal em 2016 se, em 2015, do combate à evasão fiscal (no IRS e IVA, segundo notícias recentes) resultar, e na medida em que resultar, um crescimento das receitas. E discorda porque, argumentam, não faz sentido que um governo prometa aquilo que outro tenha de vir a executar. Não tem o PS outros reparos a fazer? Daquilo que já é conhecido da política orçamental para o próximo ano o PS destaca e agarra-se ansiosamente a uma eventualidade menor?

Ora, num momento em que o astral ilumina o candidato ao lugar, é fundamental saber-se o que ele pensa mais do que aquilo que pensa o incumbente. Pensa apenas que a proposta de eventual crédito fiscal é obtusa e que isso é suficiente para justificar o voto contra este OE e a sua ascensão a São Bento? Temos de aceditar que não será assim. Porque se for, adeus António.

Tuesday, October 14, 2014

FAÇAM O FAVOR DE DESCONFIAR

O tema do programa - O terramoto no grupo Espírito Santo - prometia mas ficou muito aquem daquilo que muitos esperariam. Murteira Nabo não comentou os empréstimos da PT ao BES, ficou-se pelo conto da história conhecida, Pedro Lains, como ele próprio acabou por dar conta, pairou sobre o campo das más teorias para subliminarmente recomendar que não se volte a votar em Passo Coelho, Soromenho Marques foi o mais incisivo mas não culpou ninguém. As duas Marias João disseram o que já disseram no livro que escreveram. O debate acabou por ser animado a partir da plateia com as intervenções do treinador Carlos Queiroz - treinador no Irão, enganado numa filial do BES no Dubai - e pelo repesentante dos trabalhadores do BES que confessou aquilo que toda a gente deveria saber: os bancários são incentivados a vender "produtos" que nem eles próprios conhecem a composição e o risco, tendo muitos deles comprado acções do BES e obrigações do GES porque acreditavam no patrão...e que o Novo Banco está diariamente a perder clientes por incumprimento do reembolso dos investimentos em papel da Rioforte. 

Culpados?
Carlos Queiroz apontou o dedo ao Governo e aos reguladores, nomeadamente ao governador Carlos Costa que "deveria ir-se embora". Foi a propósito desta acusação ao senhor Carlos Costa que, do painel, se ouviu o professor Avelino de Jesus afirmar que o sistema financeiro é de tal modo intrincado que não há supervisão alguma que seja capaz de travar as maroscas dos senhores banqueiros. Não há, resumiu ele, esse governador que se procura. E que, portanto, as pessoas devem desconfiar. Perante o sistema financeiro a única atitude inteligente é o da desconfiança sistemática. Tem umas economias? Não as ponha todas no mesmo cesto. Diversifique. Mas como, professor Jesus, se cada banco cada buraco?

A teoria do professor Avelino Jesus é, temos de reconhecê-lo, revolucionária. Mas subtil. Tão subtil que nenhum dos outros participantes contestou ou sorriu sequer. Até agora dizia-se que a confiança era a base que sustentava o sistema financeiro. Sem confiança não há bancos, sem bancos não há sistema financeiro. Ou há? Parece que sim. Baseado na desconfiança, segundo AJ. 
Num sistema baseado na desconfiança ninguém é culpado, salvo o lesado. 
Num sistema baseado na confiança, também.
E é, certamente, neste passe que passa a subtileza da teoria aveliana.

À atenção da Academia Real Sueca das Ciências.
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Correl. - 565 trabalhadores do BES têm 5,3 milhões de acções do banco

Monday, October 13, 2014

O TEU AMIGO CRATO

- Então, que me dizes sobre a incompetência do teu amigo Crato?
- Amigo? Nunca falei com ele, e ele nem sabe que existo.
- Estás sempe a defendê-lo ...
- Estás equivocado. Nem defendo nem ataco, observo e comento para entreter a viagem.
- Hum! Não é isso que tenho lido no Aliás ...
- Tens de ler melhor. Eu ajudo com três transcrições aí em baixo. Se descobrires alguma outra que seja de sentido oposto darei a mão à palmatória.

"Não gostei da intervenção do Prof. Nuno Crato. É um matemático prestigiado, e não só em Portugal, é uma personalidade afável, um pedagogo de excelência. Mas a sua sinceridade, ao reconhecer que a Universidade pública admite candidatos altamente impreparados porque é remunerada em função do número de alunos que a frequenta, é chocante.**
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Se não há exigência por parte de clientes, de utilizadores, de empregadores, neste caso, não há qualidade nem evolução positiva. Os professores universitários são os grandes responsáveis por aquilo de que se queixam. Porque é a eles que compete propor e fazer aprovar as medidas que ponham cobro ao descalabro que todos os dias invectivam.- O Plano Inquinado / Dez 2009"

"Soube-se hoje que o Ministro da Educação pretende discutir brevemente com os parceiros sociais, sindicatos e instituições do ensino superior,  um diploma que obrigará -vd. aqui -  os candidatos a professores do básico a fazer exames de Português e Matemática.
Afirma, a propósito,  Nuno Crato: "
“É possível, neste momento, que um professor do ensino básico faça o seu percurso [escolar] mesmo tendo reprovado a Matemática no 9.º ano de escolaridade, tenha passado o secundário sem ter a disciplina. E depois tire uma licenciatura em Educação e comece a ensinar Português e Matemática aos alunos do 2.º ciclo”, "esta é uma situação que não se pode manter”. “Vamos tornar obrigatória, para o acesso à licenciatura em Educação Básica, a realização de provas de ingresso nas áreas de Português e de Matemática. Queremos que os futuros professores, ao entrarem para um curso superior, mostrem que sabem de Português e de Matemática”.“Se queremos bons alunos, precisamos de bons professores”. 
Quem é que pode discordar?
Os sindicatos, as associações de professores, e a generalidade dos professores, como é da praxe. A sopa e os professores/ Outubro 2013"

"A ministra da Justiça e o ministro da Educação pediram desculpas por terem tropeçado, mas de quem tropeça ri-se a populaça. E, nestes casos, os seus adversários políticos, internos e externos. 
Quando o prof. Nuno Crato aceitou a incumbência de governar o maior triturador de ministros deveria ter, à partida, alterado as regras do jogo. Deveria ter-se interrogado por que razão nenhum ministro da Educação, desde Abril de 74,  saiu do governo com nota positiva. E preparado o terreno para não se juntar à lista dos triturados. 

Não o fez. O governo da Educação, Ciência e etc., está tanto ou mais centralizado do que quando o actual ministro tomou posse. Um governo centralizado (que comentei há três anos aqui), do qual  dependem, de facto, directamente centenas de milhares de professores e outros profissionais da educação, que se propõe enfrentar a sistemática oposição reivindicatica dos sindicatos condena o seu líder a cair cedo ou a sair lesionado no seu prestígio. 

Resultado: Qualquer Nogueira acaba por derrotar facilmente qualquer Crato enquanto o ministério da Educação mantiver uma estrura centralizada e o ministro for de facto responsável por todos os actos de gestão do pessoal (nomeações, colocações, avaliações, etc.), além da elaboração das provas de exames nacionais, por exemplo.- Armadilhas para dois ministros/ Setembro 2014"
Abç.