Saturday, May 30, 2009

TAJINE *

Tajine é, provavelmente, o objecto mais emblemático da população berbere, aquela que maioritariamente habita o deserto e as montanhas de Marrocos. Para além do nome do mais popular apetrecho de cozinha, Tajine é também o nome de uma formação rochosa, com uma silhueta idêntica. Foi o tacho que deu o nome ao monte ou este que sugeriu o nome daquele?

Como em qualquer blog, este conjunto de fotografias e comentários arruma-se por datas. Apesar de datado automaticamente em 30 de Maio, dia em que saímos de Lisboa, a série mais recente corresponde ao dia de ontem, 7 de junho, e assim para atrás. Sugere-se pois, a sua leitura a partir do conjunto redatado a 31 de Maio.

JUNHO, 7


tagine










Manifestação de apoio a um partido concorrente às eleições de bairro em Marraquexe. Os eleitos pelos bairros elegem o "maire" da cidade e os representantes na Câmara de Deputados em Casablanca. Perguntei porque razão os manifestantes eram sobretudo mulheres. Foi-me dito que os manifestantes são pagos pelos candidatos e as mulheres têm mais necessidade de ganhar aquele dinheiro por falta de outras alternativas no mercado de trabalho.
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Ao lado, um corredor do suk.
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Ao lado, acima, cobertura do mercado na praça principal de Marraquexe.
Em baixo vasilhame feito com pneus gastos à venda no suk.



















Babuchas








Couscous
JUNHO, 5
VALE DAS PALMEIRAS



Nas ruas das aldeias nas montanhas, geralmente, não se vêm adolescentes femininas. Admito que tenham instruções para regressar a casa logo que terminem as aulas. Mas já é frequente encontrarem-se rapazes de 11, 12 anos, geralmente em grupos de dois ou três, ao longo das ruas. O índice de natalidade geral em Marrocos é de 3 filhos mas entre a população berbere são ainda frequentes as famílias com 7 ou 8 filhos. Esta elevada proliferação encontra justificação, para além das razões sociológicas, razões económicas perceptíveis num conjunto de comportamentos familiares convergentes: Os pais vêm nos filhos, homens, que emigram para as grandes cidades ou para o estrangeiro uma forma de garantia de rendimento sob a forma de remessas do exterior. Para garantir o vínculo à aldeia os varões são casados com quem as suas mães escolherem e inspeccionarem. As mulheres casadas não acompanham, normalmente, os maridos emigrados.


O vale das palmeiras é um longo oásis de cerca de 1200 quilómetros com largura variável entre cerca de 400 metros e 4 quilómetros.

Detalhe de um tecto numa Kasbah parcialmente em ruinas.































Na Kasbah viviam, para além do paxá e das suas mulheres todos os funcionários e suas famílias.

A poligamia ainda hoje subsiste nas aldeias da montanha, ignorando os chefes das aldeias a lei que a proibe.















Nas montanhas abrem-se frequentemente canyons abertos pelos glaciares que por ali se passearam há milhões de anos. As formações geológicas do deserto e das montanhas da cordilheira do Atlas devem ser delícias para qualquer geólogo. A presença de seixos rolados em pleno deserto é testemunha da presença de grandes correntes de água desaparecidas.

JUNHO, 4

DUNAS
















Quem vai à procura de grandes extensões de dunas fica decepcionado. Deve ir a outro lado.
Mas não deixa de ser um ambiente imenso de grandeza e tranquilidade.



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Ao fundo parece haver um lago, mas é uma miragem que não engana camelos.



JUNHO, 3
VIDA NO DESERTO


































Palmeiras

"acácia espinhosa"














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arganier

Do arganier, que frutifica uma baga semelhante a uma azeitona (segunda fotografia acima a contar de baixo) extraem-se óleos utilizados em produtos cosméticos.

JUNHO, 2



























































O berbere que vive nas montanhas sai de manhã de casa, normalmente uma vez por semana, para se abastecer na cidade mais próxima. Volta a casa com a carga a comprada ainda antes do meio dia. Não se vêm mulheres nestas deslocações.

Nas grandes cidades, como é o caso de Marrakech, com mais de 1 milhão de habitantes, o burro é frequentemente utilizado no transporte de cargas.















JUNHO, 1

BERBERES

Saímos de Marrakech a caminho do deserto, e o guia, que é berbere, irá passar a viagem a encarecer as virtudes do povo a que pertence e não esconderá alguma animosidade, sobretudo quando ela lhe é despertada, contra a maioria árabe a que pertence a élite que domina o país. Aliás, esse sentimento recalcado de submissão levou-o a firmar que, da população marroquina total, 1/3 seria árabe e 2/3 berbere quando, na realidade, dos cerca de 32 milhões de habitantes, cerca de 70% são árabes e 30% berberes, não atingindo as restantes etnias mais que 1%.


Uma grande parte dos berberes vive ainda nas montanhas em casas de pisé, uma amálgama de barro e aparas de palha, e sustenta-se do que cria nos vales cavados percorridos no Verão por fios de água que se avolumam no Inverno. Nas encostas pastoreiam-se caprinos, o animal também mais visto no deserto. Os camelos regalam-se hoje, quando as cargas já chegam a quase toda o lado em viaturas, sobretudo com as funções de atracção turísitica, deixando para os burritos (tal e qual), e também para as mulheres, o transporte de cargas entre distâncias curtas.

Foram estes povos berberes, que depois de dominados e convertidos pelos muçulmanos árabes, participaram na conquista e ocupação da Penínusula Ibérica a partir de 711.
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A propósito, escreveu Vasco Botelho de Amaral: «Lembrarei também o facto curioso de se designar com a palavra Mouros ou Moiros os Muçulmanos que estiveram dominando a Península. Propriamente, Mouros refere os naturais da Mauritânia, isto é, os da região do norte africano correspondente ao Marrocos actual na maior parte. Quando se deu a invasão da Península, além de Mouros propriamente ditos, outros invasores se contavam no número dos Muçulmanos, isto é, no número dos que, seguindo a doutrina do alcorão, por ela vinham conquistar o território hispânico. Nestas condições, a exactidão pediria que lhes chamássemos Muçulmanos, e não apenas Mouros.Todavia, a palavra Mouros ou Moiros entrou para sempre na língua com o significado genérico de Muçulmanos.O nosso povo, diante de ruína antiga, diz que “é do tempo dos Mouros”. E dizemos todos — moiras ou mouras encantadas, e não… muçulmanas encantadas, o que seria exacto, porém cómico» (A Bem da Língua Portuguesa, edição da «Revista de Portugal», Lisboa, 1943, p. 81).
MAIO, 31






















O Jardim Majorelle em Marrakech é uma das referências culturais e turísticas mais relevantes da segunda cidade de Marrocos. Criado por Jacques Majorelle, um pintor francês nascido em Nancy em 1886 e falecido em Paris em 1962, foi adquirido e restaurado por Ives Saint Laurent, natural de Oram, e o seu companheiro Pierre Bergé . Actualmente, é propriedade de uma fundação que assegura a sua continuidade.

Mesmo para os menos entendidos na arte, como é o meu caso, é visível que por detrás da riqueza botânica que este jardim contém se encontram elevados graus de competência científica, técnica e estética que fazem do jardim Majorel um ambiente único, que se situa a pouca distância do bulício semi medieval do suq, o maior mercado tradicional de Marrocos, dentro dos muros da medina.
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* Tajine é o nome de um prato tradicional árabe confeccionado num recipiente de barro vermelho vidrado que tem o mesmo nome.

VOLTO JÁ

Vou até ao deserto, por uns dias.
Não estarei em casa a tempo de votar para as europeias. Mas, se estivesse, não votaria.
Pela primeira vez, vou abster-me de votar, e não é o facto de estar ausente que justifica a minha abstenção.
Abstenho-me em protesto contra a unanimidade conseguida em tempo record para a aprovação da nova lei de financiamento dos partidos políticos.
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Uma unanimidade que é uma afronta redobrada em tempos de crise.
Uma unanimidade que é uma indignidade de braço dado com a politiquice rasteira que, por exemplo, faz da Provedoria de Justiça uma bola de trapos.
Uma unanimidade que não se confronta com a urgência da representação portuguesa no parlamento europeu assumir o imprescindível consenso à volta dos principais meios de ultrapassagem dos graves bloqueios estruturais que a situação económica do país defronta.
Uma unanimidade que frequentemente apregoa a necessidade de maior participação do cidadãos na construção europeia mas, quando a oportunidade surge, se entretem com fulanizações e se pavoneia num deserto de ideias.
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Vou ao deserto. Ao outro.

Friday, May 29, 2009

ANIMAL SPIRITS


Prefiro as boas notícias, e não me venham dizer que toda a gente prefere, porque não é verdade.

Se assim fosse, as más notícias não seriam vedetas das primeiras páginas e os maiores criminosos não teriam direito a fotografias de página inteira.

Hoje foram divulgados múltiplo sinais de recuperação da economia mundial mas nenhuma relevância lhes foi dada mesmo nos media mundialmente mais destacados. O Financial Times, por exemplo, dá mais destaque à crise na GM (GM and Magna near deal on Opel), às retribuições dos executivos na Alemanha (Germany gets tough on executive pay ); a GM é também tema prime no Wall Street Journal (GM Deal Improves Opel's Chances); o Economist, dedica a capa ao crescimento do perímetro do governo federal dos EUA e aborda os sintomas de recuperação da economia mundial para recomendar que não se lancem desde já foguetes de excitação (Drowning, not waving? Don't get too excited about some recent brighter economic news).

Por cá, o assunto não foi abordado nos nossos longos telejornais, mais ocupados, por exemplo, com as palmadas que a mãe russa deu à filha retirada à família portuguesa adoptiva. O Jornal de Negócios noticia, sem destaque, "matérias-primas e optimismo em relação à economia animam bolsas dos EUA"; O Diário Económico diz mais ou menos o mesmo.

Sabe-se que os ciclos económicos são como os papagaios de papel: antes de levantarem de vez, têm arranques abortados. Mas esta propensão para privilegiar o lado negativo da realidade e desvalorizar os sinais de retoma não ajuda a colocar a economia global nos eixos, por se desanimarem os "Animal Spirits". Psicologia versus economia ou psicologia versus psicologia?

TÍTULOS DO DIA

Economia mundial dá sinais surpreendentes de recuperação
A produção industrial japonesa registou o maior aumento dos últimos 56 anos. O crescimento da economia Indiana foi melhor do que o esperado. As vendas na Alemanha e os preços das casas no Reino Unido também cresceram. Por outro lado, a estimativa rápida da inflação no mês de Maio aponta para os zero por cento.
PIB norte-americano cai a um ritmo mais lento do que o esperado
Produção industrial no Japão regista a maior subida dos últimos 56 anos
Perspectivas económicas para a China melhoram
Vendas a retalho na Alemanha sobem pela primeira vez em quatro meses
Preço das casas e confiança dos consumidores animam economia do Reino Unido

Thursday, May 28, 2009

QUO VADIS, EUROPA?


Why has the European Union suffered so badly in a crisis that began in the US?
The answer is to be found in four weaknesses:
first, Germany, the EU’s biggest economy, is heavily dependent on foreign spending;
second, several western European economies are suffering from post-bubble collapses in demand; third, parts of central and eastern Europe are also being forced to cut spending; and, fourth, European banks proved vulnerable to both the US crisis and to difficulties nearer home.
Given these realities, recovery is likely to be slow and painful.

According to the latest consensus forecasts, the EU economy is expected to contract by 3.6 per cent this year and the eurozone’s by 3.7 per cent, while the US is forecast to shrink by only 2.9 per cent. Thus the crisis punishes the frugal more than the profligate. It seems so unfair. It is not: the frugal depend on the profligate.
A remark in the European Commission’s
spring forecast gets to the nub of the problem: “As exports are usually the first component to recover in the eurozone business cycle,” it argues, “the export outlook is key.” The eurozone is the world’s second largest economy. Why should it depend for recovery on external demand? The answer lies with Germany. The Commission forecasts that the fall in net exports will account for three-fifths of its 5.4 per cent economic shrinkage this year.
One way of illustrating what is happening is in terms of sectoral balances – the difference between income and expenditure (or savings and investment) in the three principal sectors: government, private and foreign. By definition, these add to zero. Normally, changes in the private sector’s balance drive the economy. When the private sector cuts back on its spending, the current account deficit shrinks and the fiscal balance deteriorates. Which of the two predominates depends on how a particular economy works.


We can derive implicit private sector balances from the Commission’s forecasts. Within the eurozone, the Netherlands and Germany ran huge private surpluses in 2007, at 9.5 per cent and 7.8 per cent of gross domestic product, respectively. These were offset by current account surpluses, at 9.8 per cent and 7.6 per cent of GDP, respectively. Overall, however, the eurozone had almost no private sector and current account surpluses. Thus the German and Dutch surpluses were offset by deficits elsewhere. Spain’s were the most important: its bubble-fuelled private sector deficit was 12.3 per cent of GDP in 2007 and its current account deficit 10.1 per cent. But Greece, Ireland and Portugal also ran large private sector – and current account – deficits.

Between 2007 and 2009, private sector balances of bubble countries are forecast to swing dramatically towards surplus, by 15.8 per cent of GDP in Ireland and by 14 per cent in Spain. In both countries, the principal offset will be a huge deterioration in fiscal positions, but external balances are also expected to improve, by 3.6 per cent and 3.2 per cent of GDP, respectively. The UK’s private balance is also forecast to improve by 8.9 per cent of GDP, offset by the huge deterioration in the fiscal position. In the US, the private balance is forecast to shift from a deficit of 2.4 per cent of GDP to a surplus of 8.6 per cent over the two years, a swing of 11 per cent of GDP.

In essence, in post-bubble economies the private sector is expected to spend much less, relative to income, this year than two years ago. The impact on the surplus countries dependent on exports of manufactures has been devastating. In Germany, the private sector balance is barely expected to change but, as an export-dependent economy, it is badly affected by the declines in spending elsewhere.

The impact of the crisis on central and eastern Europe is also striking. According to the latest World Economic Outlook, capital flows to emerging Europe will fall from 9.5 per cent of GDP in 2007 to -0.7 per cent this year. This swing will force huge declines in external deficits and very big recessions. The figures for the tiny Baltic states are extraordinary: reductions in current account deficits forecast by the Commission of 21 per cent of GDP for Latvia, 17 per cent for Estonia and 13 per cent for Lithuania between 2007 and 2009. In Latvia, the private sector balance is expected to shift by 32 per cent of GDP in two years. No wonder the Commission forecasts that GDP may shrink by 13 per cent in Latvia, 11 per cent in Lithuania and 10 per cent in Estonia in 2009.


Europe’s banking sector is also badly damaged. According to the International Monetary Fund’s most recent Global Financial Stability Report, expected writedowns on bank assets in 2009 and 2010 are $750bn (€536bn, £471bn) in the eurozone and $200bn in the UK, against just $550bn in the US. Moreover, the equity needed to reduce leverage of eurozone banks to 25 to one would be $375bn and of UK banks $125bn, against $275bn for US banks. Western banks are also heavily exposed in central and eastern Europe: as the Commission remarks, “banks from the ‘old’ member states account for about €950bn foreign claims in the ‘new’ member states and the other European emerging markets, altogether around 82 per cent of total foreign claims. In absolute terms the largest exposure is by banks from Austria, Germany, Italy and France.”

The details may seem complex. But the fundamental point is not: the European economy gained an illusion of health from unsustainable spending in peripheral countries in its west, south and east. The asset price bubbles, credit growth and investment booms that characterised this spending have all collapsed, at the same time as an even more significant bubble burst in the US. This timing is not, of course, a coincidence. The collapse has devastated activity in the export-dependent countries, of which Germany is much the most important. Moreover, as a result of poor risk management, many European banks have also been badly damaged.

The question is whether the European economy can hope to return to health via a normal private-sector-led recovery. Unfortunately, in the post-bubble economies such a recovery is unlikely: one would have to hope for the piling of yet more debt on to the already highly indebted.

This leaves two European answers, one likely but undesirable, the second unlikely but desirable. The likely answer is that demand will be driven by unsustainable fiscal expansions in post-bubble economies. The unlikely answer is that private demand will pick up in creditworthy economies, particularly Germany. In the absence of either, Europe will wait for the US to spend itself back into (temporary) vigour. It is a sad picture, whatever the “green shoots” may seem to show.

CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES

Ontem coloquei aqui um Youtube (Controlo da natalidade dá vitória ao islamismo no Ocidente) que, embora transmita uma perspectiva estreita das consequências da imigração maciça de povos islâmicos para a Europa, com especial referência aos turcos, e dos seus maiores índices de reprodução e crescimento relativamente aos europeus cristãos, com taxas de natalidade que não sustentam os níveis populacionais actuais, é motivador de um debate que só não deve ser amplificado porque pode ser perigoso.
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Não é difícil descortinar, por detrás dos números (certos ou exagerados, para o caso pouco importa) que o vídeo divulga, os sentimentos xenófobos mal disfarçados do autor ou autores. Sentimentos esses que são inequivocamente confirmados quando, subitamente, o guião esquece momentâneamente o crescimento do islamismo e refere a imigração de latinos para os EUA, maioritariamente cristãos. Aberta a discussão acerca da conquista pacífica do Ocidente pelo Islão facilmente se pega o rastilho ao confronto generalizado que pode pôr em chamas as sociedades multiétnicas de hoje, algumas das quais se construiram com base na multietnicidade (caso dos EUA * e do Canadá) ou fracturar irremediavelmente a construção europeia.
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Dito isto não se ignora que existem raízes de um conflito latente que Samuel P. Huntington prenuncia em The Clash of Civilizations, identificando-o, sobretudo, como um confronto entre religiões e, nomeadamente, entre as civilizações de raíz judaica-cristã e as obedientes aos versículos corânicos.
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Não creio, contudo, que a invasão e a proliferação islâmica possa vir a impor as regras retrógradas do fundamentalismo corânico nas sociedades de acolhimento ocidentais. Não creio que a uma maior participação dos islâmicos nas sociedades ocidentais conduza a um recuo dos valores que elevaram a cultura ocidental substituindo-os por práticas prosseguidas por fundamentalistas (quaisquer que sejam os credos a que obedecem) que provoquem o retorno a uma outra Idade Média.
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Mas não tenho por garantido que os pregoeiros xenófobos não possam conduzir o mundo a um conflito global sem vencedores.
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MOONSTRUCK


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Wednesday, May 27, 2009

FATALMENTE FINALMENTE

Loureiro renunciou para contrariar ideia de que o Conselho o protegia

PR diz que Dias Loureiro se demitiu do Conselho de Estado para ser ouvido pela Procuradoria
Dias Loureiro, sempre ao lado de Cavaco Silva até agora
Dias Loureiro é o quarto membro a sair do Conselho de Estado desde que Cavaco tomou posse
PSD admite que teria sido melhor se Dias Loureiro tivesse saído há mais tempo
Cronologia dos principais acontecimentos

CHOQUE DE CIVILIZAÇÔES

NÓ CEGO

Conferência no ISEG sobre os cenários pós-crise. Crise global, entenda-se, porque a nossa vai tardar a passar e, para a passar, ninguém sabe bem como. Na assistência, convocada pela Associação dos Antigos Alunos, estava sobretudo gente madura ou muito madura. De idade jovem talvez estivesse um ou outro mas não dei por eles. A crise não parece preocupar as novas gerações de economistas. Ainda bem?

Vítor Bento, o primeiro dos convidados a indicar o caminho foi claro e conciso. Apresentou a perspectiva que já conhecíamos da leitura de "Perceber a crise para encontrar o caminho" e que já, entre outros locais, comentei aqui , aqui e aqui.
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Resumidamente: Os caminhos descobrem-se conhecendo bem o ponto de partida. E o ponto de partida da economia portuguesa para o pós-crise global continuará complicado. 1- Na última década a procura agregada tem excedido sistemática e crescentemente a oferta. Donde a solução está do lado da oferta e nunca do lado da procura como frequentemente se quer frazer crer. 2 - Portugal tem investido muito acima da média europeia mas a eficiência do capital investido tem sido baixa, situando-se em penúltimo lugar. 3 - Deste modo o potencial de crescimento situa-se abaixo da média europeia. 4 - Enfrentamos a maior dívida externa de sempre, relativamente ao PIB. 5 - A estabilidade do rácio dívida externa/PIB exigiria um crescimento de 6%/ano. 6 - Tudo isto porque gerimos mal a convivência com uma moeda forte e a indisponibilidade para gerir uma política cambial própria. Antes da adesão ao SME a inflação flexibilizava os salários. A um choque monetário expansionista respondeu, erradamente, o governo de então com um choque fiscal expansionista. Esta situação privilegiou o sector não transaccionável, que não tem de competir com o estrangeiro, e prejudicou o sector transaccionável, geralmente price taker. O investimento, naturalmente, preferiu o sector não transaccionável, até porque lhe eram (e continuam a ser) concedidas condições de fiananciamento mais favoráveis (da ordem dos 5% na última década) 7 - O deflactor relevante para o sector transaccionável é o nível dos preços que pode praticar e que fica, quase sistematicamente, aquém do nível do IGP. 8 - Por tudo isto o défice externo subiu, e continua subir, para níveis incomportáveis no futuro próximo.
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Félix Ribeiro, o segundo orador convidado, preferiu abandonar o guião que havia preparado e teceu algumas considerações avulsas: 1 - A "redescoberta da terra" como fonte de renda (alusão à especulação imobiliária). 2 - A privatização dos monopólios de facto, onde a iniciativa privada desfrutou as vantagens do sector não transaccionável, emergentes da adesão ao SME. 3 - A globalização e a adesão ao euro como factores mortais do sector transaccionável que, aliás, veio sempre do exterior, das multinacionais, e, após a adesão ao euro, nomeadamente da Alemanha, que agora, após a adesão do países de leste se virou para aqueles lados. 4 - O turismo como sector importante mas não como motor de uma economia de cerca de 10 milhões de habitantes.
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João Ferreira do Amaral, que refutou a ideia de ser um economista contra a corrente mas contra o desvario que se seguiu à adesão ao euro, sublinhou alguns pontos referidos por V Bento, nomedamente a subida, quase estagnação, de 0,5% do rendimento nacional na última década, a escalada da dívida externa que já atingiu os 100% do PIB e que não é crível possa atingir os 180% no fim da próxima década, a manter-se a evolução observada do défice externo nos últimos 10 anos.
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Propõe: 1 - A negociação de condições extraordinárias com a UE que permitam reequilibrar a balança comercial. 2 - Nomeadamente, a possibilidade de discriminar positivamente o sector transaccionável e negativamente o não transaccionável, actuando com políticas fiscais adequadas.
3 - Reduzir a despesa com a importação de petróleo, por substituição de outras fontes, e melhorar a eficiência dos consumos energéticos. 4 - Direccionar os investimentos públicos para as infaestruturas que facilitem as exportações, nomeadamente em portos e vias de comunicação com as unidades produtoras. 5 - Privilegiar os investimentos de aproveitamento dos recursos marítimos e florestais. 6 - Qualificar a formação profissional.
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Se a comunicação de V Bento não surpreendeu, porque as suas posições são sobejamente conhecidas por quem o queira ler o ouvir, Félix Ribeiro desiludiu porque se esperava dele uma participação menos constrangida. Prometeu enviar-nos o guião que tinha preparado. J F Amaral evitou, e ainda bem, lamentar a adesão ao euro, e avançou com propostas. Destas, a mais decisiva, a negociação de condições extraordinárias de reequilíbrio coma UE, parece, se funcionar, a que apresenta maior viabilidade tendo em conta o nó cego (expressão de VBento) em que se encontra a economia portuguesa. Aliás, eu próprio, ao comentar no blog da Sedes alguns post dedicados ao livro de Vitor Bento, referi essa saída, que VBento considerou impraticável por contrariar as regras da UE e do SME. Aparentemente, a definição dessas regras esqueceu a possibilidade de um estado membro vir a enveredar por um caminho sem saída.
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À lista de JFAmaral deveria ser acrescentada uma lista imensa de gastos públicos e privados que deveriam ser cortados ou penalizados que fosse ajudado o reequilíbrio da balança comercial também do lado das importações. Aludi a este conjunto de acções e intervenções em várias ocasiões e, nomeadamente, aqui , aqui e aqui .
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Há muita despesa pública que pode e deveria ser cortada rente. Há muita outra que deveria ser desbastada. Sem que o funcionamento dos serviços e os interesses dos cidadãos fossem beliscados. Salvo dos que vivem parasitariamente à custa de todos os outros.

Tuesday, May 26, 2009

CLIMATE CHANGE DENIAL


A NORMALIDADE ANORMAL

Ontem, no Prós e Contras, que acabou, como é costume, muito para além da meia-noite, o tema convocava, mais uma vez, a discussão da justiça, da educação e da saúde em Portugal. E, como vem sendo hábito, a justiça, pelo menos até ao fim da segunda parte, tinha sido a questão mais debatida. Do que ouvi, retive duas afirmações, que considero muito relevantes, de Laborinho Lúcio:
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1 - A independência das estruturas orgânicas dos conselhos superiores dos magistrados e juízes, e a independência funcional, que não a deontológica e da independência de julgamento, dos juízes devem ser reequacionadas.
2 - Há uma ideia errada junto da opinião pública de que a justiça é sempre muito morosa. Ora, dizia LL, apenas 5% dos processos são julgados em mais de 5 anos.
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É relevante, pela positiva, a primeira opinião porque ela sugere o debate de uma normalidade que é, provavelmente, a causa mais decisiva do estado de desprestígio sem culpados atingido pela Justiça em Portugal.
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É relevante, pela negativa, a segunda porque para o ex-ministro da Justiça cinco anos parece um prazo razoável para julgar um crime ou um conflito. Não sendo LL o porta-voz de ninguém, é, no entanto, muito provável que este sentimento de anormal normalidade seja generalizado a todas as classes de agentes da justiça, desde os juízes aos funcionários. Quem é que se dispõe a investir em Portugal se tiver de se confrontar com um sistema judicial que se arrasta normalmente muito para além daquilo que permite a celeridade dos negócios nos dias de hoje?
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Sintomático deste sentimento de normal anormalidade foi transmitido pelo próprio LL ao contar um diálogo que teve com a sua colega alemã (era ele ministro, na altura) no âmbito dos encontros dos titulares da pasta da justiça dos países da UE. Argumentava LL que os processos se arrastam muitas vezes porque os réus faltam a julgamento. Mas faltam, por quê?, interpelou-o a alemã. Porque apresentam atestados alegando doença, por exemplo. Na Alemanha, como é? Na Alemanha nenhum réu falta a julgamento por razões dessas.
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João Lobo Antunes, que tem em diversas ocasiões criticado, e com toda a razão, o estado da justiça em Portugal, comparando-o desfavoravelmente com o que se passa na área da saúde, não reagiu. E foi pena. Há muitos culpados por julgar pelo desprestígio da Justiça em Portugal.

HOMENAGEM

Non quero bágoas nin frores
Só quero a pedra de abalar dos meus amores
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La Blogger más anciana del mundo

ASSINO POR BAIXO

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Portugal, se quer ser mais europeu tem de se integrar mais com Espanha. Em integração, não há pontes (excepto em ilhas, quando as há) e os países mais próximos são precisamente aqueles que têm as economias mais próximas, mais integradas, por assim dizer. Como é que Rangel disse uma coisa daquelas, ainda por cima desnecessária, havendo tanto por onde pegar? Faltou-lhe consultoria económica, deve ser a resposta. Há gente no PSD que percebe de economia, claro, mas ou está a ganhar dinheiro algures ou perdeu a paciência com o partido. Também há dois ou três na prateleira. Mas estes lapsos vêm também de um velho equívoco que é pensar que qualquer mediano empresário, gestar ou perito em finanças percebe de economia, o que nem sempre é o caso, claro. Desde Cavaco Silva que não se vê pelas bandas do PSD um bom economista em acção (passe-se o pequeno exagero).
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Monday, May 25, 2009

VOLKSWAGEN - 3


“Numa altura em que há falta de emprego, as pessoas ainda têm uma exigência estranha. Quando há tanta gente a querer qualquer emprego, as pessoas não querem trabalhar ao sábado*, não aceitam o princípio de número de horas anual e depois não há como decidir este tipo de questões em Portugal, porque se administração da Volkswagen decidir fechar, fecha amanhã”.

Belmiro de Azevedo

*Os trabalhadores da Autoeuropa não negam o trabalho aos sábados. Exigem apenas a compensação justa por esse trabalho extraordinário.

Há quem retire das palavras de Belmiro de Azevedo "a conclusão de que a «liberdade» irrestrita de circulação de capitais são um poderoso mecanismo disciplinar que muito agrada a patrões".
Mas não apresentam alternativas. A menos que as procurem no baú das velharias rejeitadas.
As palavras de Belmiro até poderão ser uma afronta, mas é com vitupérios que se contradiz o que ele afirma?

O post de Daniel Oliveira mereceu até agora 68 comentários. Vale a pena analisar o teor dos tons dos mesmos para melhor se perceber que quase que ninguém quer perceber o que está em causa na Autoeuropa e em Portugal. A começar pelo conhecido Daniel, comentador de profissão.

Sunday, May 24, 2009

VOLKSWAGEN - 2

E se a Volkswagen fosse portuguesa? Faz sentido esta pergunta, a propósito do confronto entre a administração da empresa e os sindicatos sobre a remuneração do trabalho aos Sábados?
A pergunta pode subentender várias questões e, nomeadamente, a posição que os partidos políticos assumiriam se a empresa pertencesse maioritariamente a empresários portugueses. Mas esse é, do meu ponto de vista, o aspecto menos relevante que a pergunta pode conter.
Só se deslocalizam, ou ameaçam deslocalizar-se, as empresas produtoras de bens exportáveis que encontram alternativas mais competitivas para localizar as suas operações.
Nunca se deslocalizarão a PT, a EDP, a Vodafone, a Optimus, a Petrogal, o BCP, a CGD, o BES, o BPI, e todas quantas sustentam as suas actividades junto dos clientes portugueses.*
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É muito evidente que se, por mera hipótese teórica, os capitais próprios da Volkswagen fossem detidos maioritariamente por portugueses a pressão dos sindicatos seria redobrada, o aproveitamento político partidário mais demagógico, as alternativas de deslocalização mais desvalorizadas, a opinião pública mais motivada para a censura dos culpados. Mas não se alterariam os pressupostos que estão na origem de uma eventual deslocalização das operações da fábrica de Palmela para outra parte do mundo. Dito de outro modo, se existissem imposições políticas que amarrassem as operações a Palmela e impedissem a sua deslocalização, o mais provável seria o encerramento das suas operações a prazo. Partindo do princípio que ninguém deslocaliza pelo mórbido interesse de deslocalizar.
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Um aspecto mais relevante da questão prende-se, do meu ponto de vista, com o debate à volta do interesse nacional dos centros de decisão de empresas operando em Portugal. Mas, também neste caso, há uma diferença capital entre empresas que suportam as suas actividades, total ou maioritariamente junto dos clientes portugueses, daquelas que aqui operam porque os factores de produção convêm às suas operações. No primeiro caso, os centros de decisão nacionais privilegiarão o emprego de competências nacionais e, nesse sentido, são preferíveis, do ponto de vista do interesse dos portugueses. No segundo caso, é irrelevante porque, por razões óbvias, o emprego que essas empresas podem oferecer é aquele que encontre competências locais que o satisfaçam ou esperam poder satisfazer. De outro modo não se teriam deslocalizado para cá.
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Se Detroit perde para Shangai que possibilidades tem Palmela de se manter no campeonato?
Poucas. E quanto mais esquecer isto pior.
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Há um terceiro grupo de empresas: a das que não se deslocalizam (ou se localizam) porque utilizam as matérias-primas do território. Foi assim no passado com a indústria mineira; é hoje, por exemplo, com a indústria de celulose e papel. Como dependem do mercado, prosperam ou sustentam-se enquanto forem competitivas e encerram quando deixam de o ser, deslocalizando-se as opções de investimento para outras paragens atractivas. Nestes casos, os centros de decisão, nacionais ou estrangeiros, tendem a empregar as competências locais disponíveis não sendo crítica para os interesses dos portugueses a localização dos centros de decisão.
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Ouvi esta manhã (25/5) na rádio que a cabeça de cartaz do PCP vai estar hoje na Autoeuropa. A presença desta candidata a eurodeputado, ou de qualquer outro, não ajudará em nada ao encontro de compromissos entre as partes directamente interessadas e só pode prejudicá-lo.
Há dias, num arroubo serôdio e requentado, clamava um militante que, contra a globalização e as deslocalizações, "trabalhadores de todo o mundo uni-vos uns aos outros". Não esclareceu, contudo se, no mundo dele, cabem a China e a Índia, por exemplo.
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* Este não é senão um efeito das causas que privilegiam os sectores não transaccionáveis e penalizam os transaccionáveis. A Autoeuropa, por pertencer aos segundos, é um exemplo paradigmático da insustentável continuidade do caminho que a economia portuguesa anda a trilhar desde há alguns anos.

CHINDIA´S TURN





America's auto titans are dismantling their global empires. But across the Pacific, it's as if the global economic forces that have pummeled Detroit never struck. Chinese auto sales are up, and this year China is projected to displace Japan as the world's largest car producer.
Now, the auto world is buzzing that China's auto industry may try to pick up the pieces of Detroit -- at a bargain.
Chinese companies have tried to dampen speculation, issuing regulatory filings that deny bids to buy Ford's Volvo or General Motor's Saab. But there's little doubt among analysts that Chinese automakers are interested in the United States and that Detroit's automakers are interested in them.
Buying up iconic brands such as Hummer or Saturn could supply Chinese automakers with the technological expertise to help them leapfrog past long-established competitors, said Kelly Sims Gallagher, a lecturer at Harvard University's Kennedy School of Government, who wrote a book on Chinese automakers.
"That's where Chinese firms are weakest," she said. "They have world-class business and manufacturing capabilities now. What they still lack is technological know-how, systems integration, being able to design new vehicles from scratch and get them to a manufacturing line."
China still suffers from its reputation of being a copycat manufacturer
. An acquisition could lend clout to some of the nation's 100 car companies that are largely unknown outside their home country.
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and more

HUBBLE



The STS-125 crew aboard space shuttle Atlantis captured this still image of the Hubble Space Telescope as the two spacecraft begin their relative separation on May 19, 2009, after having been linked t...
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MUITO GOSTO

Saturday, May 23, 2009

MUDAR O NINHO DE CUCOS

Há muita gente que admira a pertinência e a precisão das análises Martin Wolf. A maior parte deles, contudo, não sei como reagirão à heterodoxa abordagem desta quarta-feira de um dos mais prestigiados colunistas, de sempre, do Financial Times. Até agora, tanto quanto me foi dado aperceber, cá em casa ninguém saiu a dizer o que costuma.
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E, no entanto, esta é provavelmente a mais incisiva posição de Martin Wolf sobre os caminhos da crise. Muitos não gostarão dela por interesses próprios. Difícil é que consigam juntar alguns argumentos consistentes e isentos que a rebatam.
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The UK has a strategic nightmare: it has a strong comparative advantage in the world’s most irresponsible industry. So now, in the wake of the biggest financial crisis since the 1930s, the UK must ask itself a painful question: how should the country manage the cuckoo sitting in its nest?
The question is inescapable. London is one of the world’s two most important centres of global finance. Its regulators have, as a result, an influence on the world economy out of proportion to the country’s size. In the years leading up to the crisis, that influence was surely malign: the “light touch” approach led the way in a regulatory race to the bottom.
The fiscal costs of this crisis will be comparable to those of a big war. Thursday’s threatened downgrade by Standard & Poor’s is a reminder of those costs. Loss of jobs and incomes will also scar the lives of hundreds of millions of people around the world.
All this occurred, in part, because institutions replete with highly qualified and highly rewarded people were unable or unwilling to manage risk responsibly. The UK, as a country, the City of London and the broader financial industry bear much responsibility for this calamity. This is a time for self-examination.

A recent report on
the future of UK international financial services, produced by a group co-chaired by Sir Win Bischoff, former chairman of Citigroup, and Alistair Darling, chancellor of the exchequer, fails to provide such self-examination. This is partly because the committee consisted of the industry’s “great and good”. It is far more because Mr Darling had already decided that “financial services are critical to the UK’s future”. Thus, the report’s remit was “to examine the competitiveness of financial services globally and to develop a framework on which to base policy and initiatives to keep UK financial services competitive”.
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If you ask the wrong question, you will get the wrong answer. The right question is, instead, this: what framework is needed to ensure that the operation of the financial sector is compatible with the long-run health of the UK and world economies?
Quite simply, the sector imposes massive negative externalities (or costs) on bystanders. Thus, the recommendation “that the financial sector be allowed to recalibrate its activities according to the sentiments and demands of the market” is wrong. A market works well if, and only if, decision-makers confront the consequences of their decisions. This is not – and probably cannot be – the case in finance: certainly, people now sit on fortunes earned in activities that have led to unprecedented rescues and the worst recession since the 1930s. Given this, the industry has become too big. If implicit and explicit guarantees and externalities, including volatility, were fully charged, the sector would surely shrink.
So how should one manage a sector that produces such “bads”? The answer is: in the same way as any polluting activity. One taxes it. At this point, the authors of the report will surely ask: “How can you suggest taxing a sector so vital to the UK economy?” The answer is: easily. Financial services generate only 8 per cent of gross domestic product. They are more important for taxation and the balance of payments. But this tax revenue turns out to be perilously volatile. True, in 2007, the last year before the crisis, the UK ran a trade surplus of £37bn in financial services, partially offsetting an £89bn deficit in goods. But smaller net earnings from financial services would have generated a lower real exchange rate and more earnings elsewhere. Given the costs imposed by the financial sector, a more diversified economy would have been healthier. Such sacrilegious ideas are, of course, not to be found in the Bischoff report.
How then should the UK approach policy towards the sector? I would suggest the following guiding ideas.
First, the UK needs to make global regulation work. It should discourage regulatory arbitrage even if it expects to gain in the short run.
Second, it must, in particular, help ensure that owners and managers of financial institutions internalise most of the costs of their actions
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Third, it must reject egregious special pleading from the industry.
The sector argues that moving derivatives trading on to exchangesmight damage innovation. So what? Maximising innovation is a crazy objective. As in pharmaceuticals, a trade-off exists between innovation and safety. If institutions threaten to take trading activities offshore, banking licences should be revoked.
Fourth, while trying to create a stable and favourable environment for business activities, the UK should try to diversify the economy away from finance, not reinforce its overly strong comparative advantage within it.
Fifth, UK authorities need to ensure that the risks run by institutions they guarantee fall within the financial and regulatory capacity of the British state. They should not let the country be exposed to the risks created by inadequately supported and under-regulated foreign institutions. At the very least, they should not undermine other governments’ efforts to regulate their own institutions.
The “old normal” was simply unsustainable. The “new normal” must be very different. It is far from clear that the industry and government recognise this grim truth.

VOLKSWAGEN

A Wolkswagen deslocaliza para a Índia e China. Entretanto, os trabalhadores da Autoeuropa fazem finca pé na flexibilização dos horários de trabalho e, nomeadamente, na retribuição do trabalho aos Sábados, parecendo ignorar o que se passa à sua volta.
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É com estes que vamos competir?
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Boa pergunta.
É com estes que vamos competir.
Mais, precisamente, é com estes que estamos a competir.
Podemos escolher o campeonato em que queremos competir?
Podemos. Se quisermos, podemos competir nos campeonatos dos mais fracos. Mas os troféus serão de pechisbeque. Melhores troféus exigem a participação em campeonatos mais exigentes.
Poderemos exigir a proibição da entrada no nosso campeonato de concorrentes menos exigentes?
Não podemos. Poderiam, talvez, os alemães, mas mesmo esses não parecem capazes, ou interessados, em isolar os países em desenvolvimento da competição internacional. Se o fizessem o mundo tornar-se-ia ainda mais perigoso com o fomento de um apocalíptico confronto entre blocos geoestratégicos.
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Mas, para além, de potenciar um conflito sem ganhadores, o retrocesso na liberalização do comércio teria consequências extremamente negativas para os negócios das empresas ocidentais, e, neste caso, para a Wolkswagen.
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Os mercados ocidentais tendem para a saturação. Uma família de quatro membros (e as famílias europeias tendem a ser mais reduzidas ainda) terá, no máximo, quatro viaturas à porta ou na garagem. Poderá renovar com frequência, mas há limites impostos pelas leis da física quando a racionalidade económica e ecológica não se impõe. O potencial de maior crescimento não está na Europa nem nos EUA, deslocou-se para a Ásia. Portugal é um país periférico e pequeno. O mercado interno é muito reduzido, apesar da apetência dos portugueses por automóveis. Poderão os trabalhadores da Autoeuropa sustentar uma disputa que, à partida, têm muito poucas possibilidades, se é que têm algumas, de vencer? Receio que não.
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Que consequências poderá ter o encerramento das operações da Wolkswagen em Portugal para os outros portugueses, para aqueles que não trabalham na Autoeuropa?
Respondo com uma pergunta: Poderemos sustentar-nos como um grande centro comercial que não paga aos fornecedores? Não podemos. Alguma coisa temos de produzir para a troca.
Mas é curioso que (ainda) há pouca gente a dar (ou querer dar) por isso.
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Largest investment by German company to date in Indian growth market – maximum annual production capacity of 110,000 vehicles.
The Governor of Maharashtra State in Western India, Shri. S. C. Jamir, and Prof. Dr. Jochem Heizmann, Member of the Board of Management of Volkswagen Aktiengesellschaft with responsibility for ‘Group Production’, officially opened the new Volkswagen Group’s plant in India on Tuesday in the presence of some 500 international guests. For Volkswagen, the new production facility in Pune is a major stepping stone towards achieving its ambitious growth targets on the Indian subcontinent....
Pune.html
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Beijing, 2009-02-26
Volkswagen Group China Launches “Strategy 2018
”With 30 years of development and partnership, Volkswagen Group China is driving China’s sustainable future through innovation, performance and responsibility....The launch of Strategy 2018 has set up in a new milestone in the history of Volkswagen Group in China.Did you know, that:- Over the past 25 years, three of Volkswagen Group’s most significant brands—Volkswagen, Audi and Skoda — have set up production facilities in China. - Volkswagen Group China has trained a vast number of highly skilled automobile technical personnel.- In 1988, Volkswagen Group China worked with local suppliers to establish the Santana Localization Community, laying a foundation for state-of-the-art auto parts manufacturing in China. - Volkswagen Group China has already put 7.3 million vehicles on the road in China.- Today, Volkswagen leads 14 joint ventures and solely owned enterprises in China, covering the manufacturing, sales and service of the cars, auto parts, engines and transmissions, as well as financial services. - Over the past 25 years, Volkswagen Group China made an accumulative investment of 6.8 Billion Euros, which is 20 percent of all investment in China’s automobile industry. - From one model on the market in 1984 to 44 models on showroom floors in 2008, Volkswagen Group China has driven with China to a future no one imagined three decades back. And by the way, of those current 44 models over half, 26 of them, are manufactured in China.
volkswagen_group_china.html