Thursday, May 07, 2009

BASKET & BLUFF

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Sem querer contestar as afirmações transcritas, que são incontestáveis, sou movido a colocar-lhe duas notas:

1 - Uma parte significativa do endividamento externo é bancário (55%, em 2007, VBento, Perceber a crise para encontrar o caminho, pg.82) mas grande parte desse crédito externo foi colocado em empréstimos para compra de habitação. O marketing bancário, neste caso, chegou a extremos promocionais (e, diga-se de passagem, de habilidades condenáveis) que induziram uma vaga especulativa de que não deveriam ser irresponsabilizados.

De modo que, quando se refere "entrou-se", é fundamental apontar quem entrou ou forçou a entrada.

Para além das muitas causas da crise (da nossa, privativa) uma é, raramente, referida: a falta de sancionamento dos responsáveis. Entre nós a culpa morre sempre solteira, a menos que sejam os mais pequenos os culpados.

2 - "o definhar do sector transaccionável parece-me ocorrer por culpa própria, pela incapacidade de dar o salto para a inovação..."

Este é tipicamente um problema de "pescadinha de rabo na boca". E não é recente. Pelo contrário, tem raízes profundas na burocratização do país e no abrigo do chapéu do Estado.

Há empresas portuguesas nos sectores de transaccionáveis com índices de produtividade e níveis de competitividade externa elevados. Mas são, relativamente, poucas.

O tecido produtivo português caracteriza-se por uma miríade de pequenas e médias empresas, frequentemente fundadas e lideradas por quem não teve oportunidade para frequentar o ensino médio sequer. Aqueles que tiveram a oportunidade de frequentar o ensino superior optaram, geralmente, pela carreira mais bem remunerada e prestigiada da função pública ou aparentada. Aliás, longe de se desvanecer essa tendência que vem de muito longe, persistem as vantagens de quem opta pela via mais cómoda, porque geralmente melhor remunerada e de permanência garantida.
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É muito sintomático, aliás, que o ensino médio seja em Portugal uma resignação, e é portanto muito natural que falte, geralmente, vocação aos senhores doutores e engenheiros para se lançarem em projectos próprios inovadores.
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Enquanto as condições prevalecentes favorecerem a segurança e o rédito quem é que é tolo para arriscar no risco e no desprestígio? Há sempre alguns, mas serão sempre, relativamente, poucos.
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Em conclusão, se me permite, não se culpem os jogadores por não chegarem com a bola ao cesto se a equipa é formada pelos mais baixos da turma enquanto os mais altos, comodamente instalados, praticam o "bluff", e acusam os baixotes de serem canhestros a encestarem.

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