Friday, May 15, 2009

O QUE DISSE O PROFESSOR

Nada que possa ajudar alguma coisa.
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Discutiam três jornalistas convidados e dois moderadores o anúncio do Governo da revisão em baixa da recessão deste ano: menos 3,4%, para já. Estava também o director do ISEG, professor de macroeconomia.
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Dos jornalistas, um é da opinião que nada mais deve ser feito. A receita já foi aviada e aplicada, agora há que aguardar os resultados do tratamento. Há mais quem pense assim. Outro, é da opinião que os megaprojectos (TGV incluído) devem ser adiados por cinco anos, à espera que os efeitos da crise global passem e a economia portuguesa ganhe fôlego para poder retomá-los. Até lá, melhor seria aplicar os fundos disponíveis em obras de reparação e reconstrução urbana ou de locais de interesse turístico relevante. Deu o exemplo da janela manuelina do Convento de Cristo em Tomar. Com muito menos fundos conseguir-se-ia muito maior nível de emprego.
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O professor de macroeconomia, quando solicitado a pronunciar-se, disse que a crise era global e profunda, não temos alternativa senão esperar que passe. Como se, para além da crise global, e muito mais antiga do que ela, não existisse uma crise estrutural séria própria do nosso aparelho produtivo. Como se não existissem já sérias razões para adoptarmos medidas que invertessem o desequilíbrio crescente da nossa balança comercial, do nosso endividamento externo galopante, da nossa perda crescente de competitividade nos mercados externos, da estagnação da nossa produtividade, do desequilíbrio cada vez mais profundo entre os sectores transaccionáveis e não transaccionáveis, a explicar em grande parte tudo resto.
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Não, senhor professor. O senhor não conhece, pelos vistos, o país em que vive. O senhor, como eu, pertencemos aquela parte do país que ainda não está a sofrer os efeitos da crise. Mas esse país que já sofre duramente os efeiros da crise dupla está alargar-se e, mais tarde ou mais cedo, a crise bater-lhe-á também à porta.
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A menos que façamos alguma coisa para o evitar ou minorar.

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