Saturday, May 23, 2009

VOLKSWAGEN

A Wolkswagen deslocaliza para a Índia e China. Entretanto, os trabalhadores da Autoeuropa fazem finca pé na flexibilização dos horários de trabalho e, nomeadamente, na retribuição do trabalho aos Sábados, parecendo ignorar o que se passa à sua volta.
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É com estes que vamos competir?
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Boa pergunta.
É com estes que vamos competir.
Mais, precisamente, é com estes que estamos a competir.
Podemos escolher o campeonato em que queremos competir?
Podemos. Se quisermos, podemos competir nos campeonatos dos mais fracos. Mas os troféus serão de pechisbeque. Melhores troféus exigem a participação em campeonatos mais exigentes.
Poderemos exigir a proibição da entrada no nosso campeonato de concorrentes menos exigentes?
Não podemos. Poderiam, talvez, os alemães, mas mesmo esses não parecem capazes, ou interessados, em isolar os países em desenvolvimento da competição internacional. Se o fizessem o mundo tornar-se-ia ainda mais perigoso com o fomento de um apocalíptico confronto entre blocos geoestratégicos.
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Mas, para além, de potenciar um conflito sem ganhadores, o retrocesso na liberalização do comércio teria consequências extremamente negativas para os negócios das empresas ocidentais, e, neste caso, para a Wolkswagen.
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Os mercados ocidentais tendem para a saturação. Uma família de quatro membros (e as famílias europeias tendem a ser mais reduzidas ainda) terá, no máximo, quatro viaturas à porta ou na garagem. Poderá renovar com frequência, mas há limites impostos pelas leis da física quando a racionalidade económica e ecológica não se impõe. O potencial de maior crescimento não está na Europa nem nos EUA, deslocou-se para a Ásia. Portugal é um país periférico e pequeno. O mercado interno é muito reduzido, apesar da apetência dos portugueses por automóveis. Poderão os trabalhadores da Autoeuropa sustentar uma disputa que, à partida, têm muito poucas possibilidades, se é que têm algumas, de vencer? Receio que não.
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Que consequências poderá ter o encerramento das operações da Wolkswagen em Portugal para os outros portugueses, para aqueles que não trabalham na Autoeuropa?
Respondo com uma pergunta: Poderemos sustentar-nos como um grande centro comercial que não paga aos fornecedores? Não podemos. Alguma coisa temos de produzir para a troca.
Mas é curioso que (ainda) há pouca gente a dar (ou querer dar) por isso.
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Largest investment by German company to date in Indian growth market – maximum annual production capacity of 110,000 vehicles.
The Governor of Maharashtra State in Western India, Shri. S. C. Jamir, and Prof. Dr. Jochem Heizmann, Member of the Board of Management of Volkswagen Aktiengesellschaft with responsibility for ‘Group Production’, officially opened the new Volkswagen Group’s plant in India on Tuesday in the presence of some 500 international guests. For Volkswagen, the new production facility in Pune is a major stepping stone towards achieving its ambitious growth targets on the Indian subcontinent....
Pune.html
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Beijing, 2009-02-26
Volkswagen Group China Launches “Strategy 2018
”With 30 years of development and partnership, Volkswagen Group China is driving China’s sustainable future through innovation, performance and responsibility....The launch of Strategy 2018 has set up in a new milestone in the history of Volkswagen Group in China.Did you know, that:- Over the past 25 years, three of Volkswagen Group’s most significant brands—Volkswagen, Audi and Skoda — have set up production facilities in China. - Volkswagen Group China has trained a vast number of highly skilled automobile technical personnel.- In 1988, Volkswagen Group China worked with local suppliers to establish the Santana Localization Community, laying a foundation for state-of-the-art auto parts manufacturing in China. - Volkswagen Group China has already put 7.3 million vehicles on the road in China.- Today, Volkswagen leads 14 joint ventures and solely owned enterprises in China, covering the manufacturing, sales and service of the cars, auto parts, engines and transmissions, as well as financial services. - Over the past 25 years, Volkswagen Group China made an accumulative investment of 6.8 Billion Euros, which is 20 percent of all investment in China’s automobile industry. - From one model on the market in 1984 to 44 models on showroom floors in 2008, Volkswagen Group China has driven with China to a future no one imagined three decades back. And by the way, of those current 44 models over half, 26 of them, are manufactured in China.
volkswagen_group_china.html

4 comments:

A Chata said...

A minha dúvida é, será realista querermos competir com países com mão-de-obra em excesso e que trabalha, em muitos casos, em regime de escravatura.

A China está a voltar-se para o mercado interno e com uma população de 2 biliões, (praticamente 1/3 da população mundial) e pode vir a ter muitos consumidores.

Talvez, se, em vez de tentar salvar o que já perdemos, procurassemos novos caminhos.

O que vai ter procura no futuro?


Água potável
Alimentação.
Energias não poluentes.
Sitios de lazer adaptados aos novos potenciais clientes asiáticos.

Ao contrário da Rússia e do Brasil, a Europa não pode oferecer contractos de fornecimento de petroleo, gas por 10 ou 20 anos em troca de empréstimos e investimentos por parte da China.

A única coisa que a China 'pediu' na reunião com a UE em Praga, no meio de muitas promessas de estreitamento de cooperação (e bla bla bla de amizade), foi o levantamento, por parte da UE, do embargo de venda de armas e das restrições de exportação de tecnologia.

China, EU vow to jointly deal with crisis, climate
08:25, May 21, 2009
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Wen said the development of the China-EU relations embodies the mutually beneficial cooperation between the biggest developing country and the biggest bloc of developed countries, and the friendly exchanges between the two major ancient civilizations.

He expressed hope that the EU would recognize China's market economy status and lift the arms embargo against China at an early date, which he said is in the interest of both the EU and China-EU ties.
...
The two sides agreed to oppose trade and investment protectionism in whatever forms, and the Chinese side said it will shortly send another buying mission to the EU in order to increase imports from Europe.

The Chinese side expressed the hope that the EU would relax its export restrictions of high tech products to China so that bilateral trade and investment could continue to increase.
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http://english.peopledaily.com.cn/90001/90776/90883/6662306.html

Rui Fonseca said...

"será realista querermos competir com países com mão-de-obra em excesso e que trabalha, em muitos casos, em regime de escravatura."

Temos alternativa?

Água potável?
Sem dúvida. Mas duvido que tenhamos grandes hipóteses para a exportar. Pelo menos nas décadas mais próximas. Se formos capazes de garantir a nossa autosuficiência já será bom.

Alimentação?
Sem dúvida. Mas para já somos fortemente dependentes. Temos de fazer alguma coisa (muita coisa) para suprir essa dependência. Neste caso, mais do que exportar (que também poderíamos) deveríamos evitar tanta importação. Mas até neste aspecto são os chineses que estão a começar a dar cartas chegando à Europa com produções suas.

Energias não poluentes?
Todas as energias são poluentes. Até as eólicas, na medida em que a produção dos equipamentos produz poluição. Mas é importante, também neste caso, reduzir a factura que pagamos ao exterior. Mas daí até passarmos a er saldo positivo vai uma enorme distância.

Sítios de lazer?
Sem dúvida. Mas se queremos que os asiáticos venham cá passar férias não podemos cortar relações comerciais com eles.

O turismo pode (e já é) uma grande fonte de exportações. Mas viver só do turismo não chega.

A Chata said...

Pois é Rui, está a chegar à mesma conclusão que eu - estamos feitos!


" não podemos cortar relações comerciais com eles."

Nem com eles, nem com ninguém.
Beggars can not be choosers...

Rui Fonseca said...

"Beggars can not be choosers..."

Nem tanto ao mar...