Saturday, January 31, 2009

BUY AMERICAN

As situações de aperto nunca foram boas conselheiras para a mais pacífica distribuição de espaço, e, consequentemente, para a harmonia entre a vizinhança.

Já se sabia que a nova administração norte-americana, confrontada com uma crise que não pode deixar de aumentar o desemprego, iria dar seguimento às promessas de defesa dos postos de trabalho em alguns dos sectores mais ameaçados.
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Aliás, uma das últimas leis da administração Bush já tinha pretendido de algum modo antecipar o preâmbulo de uma confrontação, que pode degenarar em conflitos, que sabemos como começam mas nunca como acabam, ao triplicar os direitos aduaneiros sobre as importações de queijo Roquefort e, sempre pela mesma medida grossa, outros items procedentes da União Europeia, por retaliação à proibição dos europeus à importação de carne criada com hormonas nos EUA.
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Ontem, Obama traçou algumas directivas com as quais a sua adminitração pretende ir de encontro aos interesses e anseios da classe média norte-americana ao atribuir solenemente ao seu vice-presidente a responsabilidade directa de superintender na aplicação de medidas que prossigam aquela política. De entre elas, "Buy American" é mote para uma estratégia que pode fazer recuar os avanços, e os entusiasmos, que caracterizaram as últimas décadas no sentido do comércio livre.
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Uma estratégia legítima? Provavelmente. Mas também perigosa.
Numa situação de aperto, quando o equilíbrio é mais necessário, o risco de derrapagem para o extremo contrário é proporcional à intensidade do aperto. O mundo precisa de "uma nova ordem internacional", uma ideia antiga que volta a estar na ordem do dia. Que, seguramente, não passa pelo isolacionismo do proteccionismo num mundo cada vez mais apertado.

Friday, January 30, 2009

AUTARCAS E AUTOCRATAS

"O orçamento, que ascende a 75,2 milhões de euros, prevê gastos correntes de 35,7 milhões de euros e gastos de investimento de 39,5 milhões de euros (... ), como pode a Câmara gastar em despesa corrente 35,7 milhões de euros se em 2007 arrecadou de receitas apenas 29,7 milhões? E como se atreverá a gastar em investimento os tais 39,5 milhões se arrecadou, em receitas de capital, tão só, 8,9 milhões?"

... Endividada (...) e impedida de contrair dívida junto da banca, outro caminho não tem restado senão protelar o pagamento aos fornecedores de bens e serviços. Por isto, a Câmara da Figueira aparece (...) com um prazo de pagamento médio de 270 dias."
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Lamentavelmente, esta é uma situação comum não só a nível da administração local e regional como da administração central. Há casos piores e casos menos piores. Mas o mal é geral. Muita gente brada mas o problema não se resolve. Porquê?
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Antes de mais não se resolve com artigos no Figueirense, no Progresso de Gondomar, no Diário de Felgueiras, no Público, Diário de Notícias, Correio da Manhã, ou quaisquer outros periódicos locais ou nacionais. Nos blogues também não. O problema ou se resolve em sede própria, na Assembleia da República, e vai ficando muito tarde para se encontrar solução por aí, ou, mais provavelmente, por congestão de dívidas a impor uma dieta forçada.
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Os eleitores não são sensíveis a argumentos orçamentais sobretudo quando os gastos reais, e muito menos os orçamentados, não bolem directamente com os seu bolsos.
Há pelo menos três coisas que poderiam alterar este estado de coisas:

- que as câmaras cobrassem elas próprias os impostos que constituem as suas receitas;

- que todos os encargos assumidos fossem reflectidos nas contas, isto é, que a contabilidade deixasse de ser uma contabilidade de caixa (receitas menos pagamentos) e passasse a registar encargos assumidos (pagos ou a pagar) e proveitos certos (recebidos ou a receber).

- que não lhes fosse consentido ultrapassarem níveis (definidos pelo governo central) de solvabilidade sob pena de sansões claramente desincentivadoras.
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Mas, em vésperas de eleições e no meio do furacão, quem é que vai avançar com medidas moralizadoras que afectariam clientes de todos os lados do xadrez político?
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Ninguém. Só mesmo quando a maré vazar e o lodo mostrar os seus hóspedes é que começará o trabalho de limpeza. Que nos custará a todos e sujará muita gente.
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Originariamente, (wikipedia ) autarquia significava "comandar a si mesmo" pertinente a vários campos, mas sempre lidando com a ideia geral de algo que exerce poder sobre si mesmo".
Estava-lhe, portanto, inerente a independência de acções com recursos próprios.
Entre nós, por razões várias, passou a dispor desgovernadamente de recursos alheios. De autarca promoveu-se a autocrata, utilizando frequentemente a demagogia e a chantagem política.

MODA



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Former lieutenant governor is first African American to lead the GOP and casts his election as a "new moment" for the Republican Party
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Aquele que pode, em certa medida, ser considerado o líder da oposição republicana nos EUA, é a partir de hoje um afro-americano. Moda ou coincidência?

NEO-SUICIDAS







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With all due respect Mr. President, that is not true.
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"Notwithstanding reports that all economists are now Keynesians and that we all support a big increase in the burden of government, we the undersigned do not believe that more government spending is a way to improve economic performance. More government spending by Hoover and Roosevelt did not pull the United States economy out of the Great Depression in the 1930s. More government spending did not solve Japan’s “lost decade” in the 1990s. As such, it is a triumph of hope over experience to believe that more government spending will help the U.S. today. To improve the economy, policymakers should focus on reforms that remove impediments to work, saving, investment and production. Lower tax rates and a reduction in the burden of government are the best ways of using fiscal policy to boost growth"
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O "CATO INSTITUTE", clube dos radicais liberais, publicou ontem (publicidade paga, em página inteira ) nos principais jornais norte-americanos a mensagem que atrás transcrevi.
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Do fanatismo dos seus membros, o "cartoon" de Toles diz tudo.

Thursday, January 29, 2009

IT ALL DEPENDS ON


Tim Geitner said today, in response to questions about the prospect of bank nationalization, that the Treasury is considering a range of options with the intent of preserving the private banking system. “We have a financial system that is run by private shareholders, managed by private institutions, and we’d like to do our best to preserve that system,” he told reporters.
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Well, it all depends on what "private" means.

BANQUEIROS E DESEMPREGADOS


SONHOS E RABANADAS - 7

CHEZ VOUS - HOTEL

Palavra que não sei como é que aqui vim parar. Tenho o hábito de não dar muita atenção às amenidades publicitadas nos folhetos ou nos sites dos hotéis. Sou geralmente hóspede em trânsito, chego à noite, saio de manhã, tenho um leque de exigências restrito. E nunca pensei que fosse possível que a evolução da técnica chegasse a estes extremos.
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Imaginem que depois do check-in a recepcionista vos dava para as mãos um GPS em lugar da chave do quarto, com um peso pendurado por causa dos esquecimentos, ou de um cartão chipado. Pois foi o que me aconteceu. Ainda não me tinha vindo à cara todo o espanto da surpresa e já a recepcionista me explicava que no "Chez-vous" não havia quartos numerados nem portas fechadas, "comme chez-vous", rematando com um sorriso imparável. Um "must".
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De modo que, muito logicamente, não havendo números nas portas, o GPS é, "Chez-nous", o guia permanente no labirinto do hotel. "Chez-nous" não é um hotel como os outros. Nada daqueles corredores compridos, perpendiculares, dos grandes hotéis de luxo standardizado. "Chez-nous" é um favo de recantos onde não há duas portas iguais, onde o GPS não é uma extravagância mas um salva-vidas. Sem GPS, as hipóteses de sair do labirinto são de uma em mil, fiquei a saber mais tarde, uma oportunidade tão remota que antes que ela ocorra quem se perde já não se acha. Terrível e excitante. É destes desafios, dizem, que é feita a vida.
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Com GPS podemos deambular por toda a teia de corredores esconsos e desnivelados, sombrios ou atravessados por uma luminosidade intensa que vem reflectida do mar onde encalharam o "Chez-nous". Bem agarrado ao GPS fui até à piscina (nunca costumo ir às piscinas dos hotéis), à sauna (nunca tinha ido), ao SPA (entrei e saí). A vaguear temerariamente naquele embricado fantástico, às tantas estava numa conferência com o portentoso âmbito: "Como sair da crise sem GPS". Pelo sim, pelo não, agarrei-me ainda mais ao aparelhinho vital. Mas a conferência prometia tardar e eu decidi sair dali e voltar depois de jantar para ouvir as conclusões. Para que serve o resto?
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Ia de regresso a "Chez moi" quando encontro num cruzamento desnivelado sabem quem? O ministro das finanças de Portugal. Nem mais nem menos. Eu não teria dado por ele se não tivesse ouvido fungar de baixo para cima. Espreitei por mera curiosidade, e vi o homem lá em baixo a apalpar-se nervosamente como quem procura qualquer coisa nos bolsos que ele não tinha porque estava de tanga e toalha ao ombro, com cara afogueada de quem vinha da sauna.
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Tinha ido à abertura da conferência e pirara-se logo de seguida para as amenidades. E perdera o GPS. Melhor dizendo, o GPS evaporara-se porque ninguém perde o GPS naquele labirinto e continua a avançar, a menos que esteja distraído ou com ataque de sonambulismo. Não sendo estas regalias permitidas a um ministro das finanças, forçoso é concluir que o GPS se evaporara. Talvez se tenha evaoprada na sauna, disse eu para o tranquilizar, mas ele não gostou da piada. Vinha da massagem.
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O que é que um cidadão pode fazer se vê o ministro das finanças da sua terra sem GPS num labirinto fatal? Emprestar-lhe o GPS para ele ir até à recepção pedir um duplicado e voltar aqui a "chez moi" devolver-me o guia emprestado. Foi o que eu, patrótica e impensadamente, fiz.
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Já estou aqui há seis horas à espera do ministro, e ele sem chegar. Ter-se-á evaporado o meu GPS????

DESESTABILIZADOR SOCIAL




French March for Job Security, Pay Raises
Hundreds of thousands of strikers take to streets, challenge President Sarkozy to do more for ordinary workers.
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Tenho alguma dificuldade em perceber como é que, na actual conjuntura, o aumento de desemprego possa ser encarado como um estabilizador automático dos efeitos da crise em Portugal nos termos em que aqui, in fine, parecem ser aceites.

Wednesday, January 28, 2009

LIBERALISMO E SOLIDARIEDADE SOCIAL

Será viável este caminho?

"When the world's biggest economy (USA) and the world's biggest emerging economy (China) look for lessons in the same place at the same time, you know something is up," said Kenneth Rogoff, a professor at Harvard University and former chief economist of the International Monetary Fund, who is one of the 2,500 participants in Davos this year. "We are seeing a paradigm shift towards a more European, a more social state." in International Herald Tribune

Eu creio que a pergunta tem de ser diferente. Do meu ponto de vista, já não se trata de perguntar se "este caminho é viável?" mas, antes "como podemos viabilizar este caminho?".

O mundo está cada vez mais pequeno, e as relações progressivamente mais apertadas de vizinhança impõem mais solidariedade e menos egoísmo. Por razões morais mas também por razões de segurança individual e global.

Não creio que o liberalismo económico venha a ser posto em causa pelo furacão que continua a avançar e a aumentar de intensidade, porque as sociedades, sobretudo as mais complexas, e todas caminham para uma maior complexidade se não enveredarem por místicas de regresso às origens, só subsistem se a criatividade e a iniciativa individual puderem manifestar-se, sem que um colete de forças lhe atrofie os movimentos.

Mas liberalismo económico e solidariedade social não são incompatíveis. E se outras razões económicas ou morais não se impusessem, a crescente complexidade e interdependência social implicam a indispensabilidade de ambos.

Assim sendo, a questão que deve colocar-se é, do meu ponto de vista, "como financiar e gerir um sistema de segurança social universal que promova a dignidade humana e despromova os conflitos que as desigualdades sociais inevitavelmente incendeiam?"

O financiamento não pode senão ser assegurado por um compromisso intergeracional, de outro modo a solidariedade não existe, quanto muito existirá, mais ou menos alargado, um sistema de prevenção individual de segurança económica. Quem deve gerir o sistema? Não vejo razão porque não possa ser exclusivamente o estado ou entidades privadas, em qualquer dos casos subordinados a regras claras de limitação dos riscos dos activos consignados às responsabilidades actuais e futuras.

Perguntar-se-á então: E há e haverá dinheiro para tudo? O dinheiro não é (não deverá ser) senão uma tradução da riqueza disponível em cada momento. De modo que a pergunta implica outra: Deverá existir uma redisbuição administrativa da riqueza? E a minha resposta é "sim, inevitavelmente sim", pelas razões que referi atrás.

DO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS


Autoridades inglesas consideram Sócrates suspeito e querem ver contas bancárias do primeiro-ministro

As autoridades inglesas consideram o primeiro-ministro José Sócrates suspeito no caso Freeport, de acordo com a próxima edição da revista "Visão" que sairá para as bancas amanhã. Por seu lado, a revista "Sábado" afirma que "os investigadores ingleses querem ver as contas bancárias do primeiro-ministro". A Procuradoria-Geral da República informou que amanhã emitirá um comunicado sobre a situação.
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A Justiça, se funcionasse como deveria, não deveria consentir que que a dúvida se instalasse, incubando sentenças nos tribunais de rua. A Justiça, porém, parou no tempo em que as notícias (e os boatos) andavam de diligência. Fixaram-se na tradição do nome e ainda não entenderam que as diligências de outros tempos são instantâneas agora.
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Se fosse comigo mostrava imediatamente as contas e exigia a prisão imediata dos caluniadores.

POLLOCK




Nasceu há 97 anos.

TOXICIDADE INTERPLANETÁRIA


TÍTULOS DO DIA


Quarenta milhões podem perder emprego este ano no mundo
FMI agrava queda das principais economias que são clientes de Portugal
BPP: investigadores da PJ e da CMVM depararam-se com pastas sem documentos
Constâncio: investigação ao BPP não inviabiliza plano de salvação do banco
CMVM defende tratamento igual aos depósitos para contratos de capital garantido do BPP
CMVM pediu buscas ao Banco Privado Português
Ahmadinejad quer que EUA peçam perdão pelos seus “crimes”
Obama pretende endurecer as sanções ao regime de Mugabe
Irão espera "mudança concreta" por parte da política americana
Obama estende a mão aos muçulmanos na primeira entrevista depois da tomada de posse
Bento XVI tenta ultrapassar nova polémica com comunidade judaica
Freeport: não há suspeitos mas processo é "urgente" por haver políticos associados
Perto de dois milhões de franceses foram vítimas de incesto
Israel volta a bombardear túneis na fronteira entre Gaza e o Egipto
Carlos Tavares apela a modelo (à sueca ) adequado para salvar os bancos
O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, defende que é indiscutível que se devem salvar os bancos.

INSANITY IS

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A imagem que transcrevo do Washington Post de hoje procura dar uma ideia das enormes reduções dos valores de capitalização dos principais bancos norte-americanos, europeus e japoneses entre meados de 2007 e ontem, e ilustra um artigo - Treasury Moves to Restrict Lobbyists From Influencing Bailout Program - acerca da questão do momento: Que medidas (e como, e em que quantidade) podem parar a espiral para o abismo em que o sistema financeiro embarcou?
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E, naturalmente, agora mais que nunca, as pressões junto dos decisores governamentais por parte daqueles, ou dos seus representados, que perderam o controlo da situação por culpas próprias, é enorme. Até onde poderão ir as cedências aos infractores sem que essas cedências sejam pagas pelos contribuintes em geral, que estão isentos de culpas? É esse o nó górdio que não se pode desatar sem riscos gerais.
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"American taxpayers deserve to know that their money is spent in the most effective way to stabilize the financial system," Geithner said in a statement yesterday. "Today's actions reaffirm our commitment toward that goal."
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A procura do melhor caminho passa sempre pelo contributo dos contribuintes. Se passa, e não parece haver outra via, não deveria o sistema mudar de mãos? Porque não?
Anteontem, foi notícia que os accionistas do Barklays recusaram a nacionalização e as cotações subiram num só dia 70%. Há alguma razão para considerar a valorização de uma empresa cotada, financeira ou não financeira, a partir da cotação de um dia? Alguém acredita que uma intervenção massiva na bolsa em substituição dos bailouts deixaria as cotações sem reacção fortemente positiva? Até agora, os bailouts têm-se afundado em poços sem fundo.
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"Insanity is doing the same thing over and over again, expecting different results" - Albert Einstein.
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Provadamente, este caminho não leva a lado nenhum. Escolham outro.

CADA QUAL DIZ O QUE SABE

... ou o que lhe mandam dizer.
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Governador do Banco de Portugal afasta cenário de deflação na Zona Euro

Tuesday, January 27, 2009

PREOCUPANTE

Global Financial Crisis Fells Iceland Government:
Protests in Reykjavik, Other Capitals Grow as Savings and jobs Vanish.
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Até há bem pouco tempo eram tidos como beneficiários da crise os incumbentes e desvalorizados os opositores. A lógica era esta: Apanhados no redemoínho as populações preferem agarrar-se a uma bóia á vista do que perder tempo a procurar outra.
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Parece que já não é bem assim. Um após outro os governos começam a ser contestados de forma que não se via há muitos anos. E, de um dia para o outro, já não se procuram bóias salvadoras mas milagres. E salvadores..



LAYOFFS EM TEMPO DE BAILOUTS

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Layoffs Cut Deeper Into Economy: As Recession Hits Most Industries, Corporate GiantsEconomy Watch: Caterpillar CEO Made $17M in 2007

TÍTULOS DO DIA

Processo aberto no TIC suscita buscas no Banco Privado Português
Buscas no BPP: funcionários proibidos de falar para fora do banco
CMVM pediu buscas ao Banco Privado Português
PJ faz buscas no Banco Privado Português por suspeitas de branqueamento de capitais
Auditorias à Privado Holding detectam falhas na contabilidade
Empresa que controla Banco Privado está falida com prejuízos acima dos 247 milhões
Presidente diz que só melhor legislação permitirá melhor justiça
Pinto Monteiro garante que "todos são iguais" perante a investigação criminal
Bastonário reafirma críticas a buscas realizadas a escritórios de advogados
Carlos Anjos: “Palavras de bastonário da Ordem dos Advogados é que são actos de terrorismo”
Discurso do Presidente da República na abertura do ano judicial
Abdool Vakil foi pressionado a revelar relação entre BPN e Banco Insular
Banco de Portugal não podia impedir nova administração do BPN liderada por Cadilhe
Crise financeira tornou inviável plano de recuperação de Miguel Cadilhe
Caso Esmeralda: Adelina Lagarto condenada a dois anos de prisão com pena suspensa
Estatuto da Carreira Docente: sindicatos e tutela começam amanhã nova batalha
Bancos credores de Berardo indicam presidente da AG da Associação Colecção Berardo
O advogado João Vieira de Almeida é o nome indicado pelos bancos credores de Joe Berardo para presidir à Assembleia Geral da Associação Colecção Berardo, uma parceria celebrada entre o investidor e o Estado português, para gerir o acervo museológico de Arte Moderna e Contemporânea que está exposto no Centro Cultural de Belém.

MINSKY, A RAZÃO ANTES DE TEMPO



Synopsis
In his seminal work, Minsky presents his groundbreaking financial theory of investment, one that is startlingly relevant today. He explains why the American economy has experienced periods of debilitating inflation, rising unemployment, and marked slowdowns-and why the economy is now undergoing a credit crisis that he foresaw. Stabilizing an Unstable Economy covers:
The natural inclination of complex, capitalist economies toward instability
Booms and busts as unavoidable results of high-risk lending practices
“Speculative finance” and its effect on investment and asset prices
Government's role in bolstering consumption during times of high unemployment
The need to increase Federal Reserve oversight of banks

NEM OITO NEM OITENTA


NEVA

Ficamos em casa

DUAS ENTRADAS PARA O INFERNO E UMA SAÍDA PARA O CÉU DAS MOSCAS

Vítor Bento volta, em artigo colocado no blog da Sedes, a alertar para o beco sem saída onde se meteu a economia portuguesa e a lamentar-se, qual Galileo Galilei no meio da indiferença geral, que esteja a pregar para penedos. Depois de repetir as evidências, Vítor Bento conclui que, agora, só temos "três saídas: 1) redução concertada dos salários e/ou aumento do horário de trabalho (o sucedâneo de uma desvalorização que não podemos fazer), reganhando competitividade e reduzindo a despesa interna; 2) um massivo desemprego, à medida que as actividades não competitivas vão fechando (e obtendo com isso a redução da despesa interna, embora eventualmente para além do que seria necessário) e até que o aparelho produtivo se reestruture ou parte da população emigre; e 3) um milagre."
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Em recomentário, Vítor Bento acrescenta: "Nas actuais circunstâncias, em que há mais dúvidas que certezas e em que, como diz o MF, nos temos que guiar pelas estrelas e por vezes o céu está nublado, o que eu gostaria de ver era uma convergência da principais forças políticas para, em conjunto com as principais forças sociais, se empenharem na elaboração de um Consenso Político-Social que, dentro de todas as restrições e se perder de vista o médio prazo, permitisse responder à(s) crise(s), minimizando os impactos negativos e os custos sociais.Em lugar desta gritaria de todos contra todos."
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Os textos de Vítor Bento são de uma clareza extrema, e a sua disponibilidade para o contraditório notável. Vale a pena ler, e pensar, os textos, e os comentários, e reler aqueles que publicou em Julho do ano passado, e que comentei aqui , aqui e aqui .
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Contrariamente, porém, ao que lamenta Vítor Bento não penso que seja na oposição endémica entre o optimismo reinante e o pessimismo responsável que reside o bloqueamento do consenso suficiente necessário à adopção das medidas que a situação impõe, ainda que concorde inteiramente com o diagnóstico e lamente também que o consenso para a ultrapassagem do imbróglio não se sobreponha ao berreiro.
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Porque, convenhamos, independentemente da apreciação da inevitabilidade das saídas (ou das entradas forçadas) que Vítor Bento afinal resume a uma (reduções salariais) já que quem se fia em milagres o mais certo é levar um tombo, e o desemprego não é uma saída mas uma calamidade que dispensa consenso, se é imperioso consensualizar uma medida tão drástica (reduções salariais) é também fundamental que esse consenso se prossiga com o consenso de outras medidas (outras saídas) sem as quais ficaremos na mesma difícil posição mas num patamar mais baixo. Dito de outro modo, uma operação de desvalorização dos salários, sendo equivalente a uma operação de desvalorização da moeda sem anestesia, se não for acompanhada de outras intervenções conduz o doente, muito rapidamente, a uma situação de recaída.
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Ora tem sido a falta de discussão de propostas alternativas claras que tem conduzido a política em Portugal para um diálogo de surdos entre o governo e a oposição, num jogo táctico que nos tem conduzido a este empate pirrónico para a queda.
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Para além do governo e da oposição temos a "sociedade civil" (temos a Sedes), temos o PR.
Do PR esperava mais. Nos tempos que correm precisa-se do PR uma intervenção mais incisiva e mobilizadora traduzida em indicações concretas. Da "sociedade civil" uma participação mais comprometida e mais afirmativa pela positiva. Estar contra o TGV e outras megalomanias não chega, até porque quem não tem dinheiro não tem megalomanias. É preciso, sobretudo, dizer às pessoas o que podem esperar depois de lhe serem reduzidos os salários. O que elas menos esperam, obviamente, é que lhes digam que vão ter menos ordenado mas irão chegar ao Porto em menos meia hora ou a Madrid em três.
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Como a carga é enorme a sua remoção impõe a intervenção de alavancas em múltiplos pontos de apoio. Arquimedes disse um dia que se lhe dessem um ponto de apoio e uma alavanca deslocaria o mundo. Não deslocou.
E, provadamente, para mudá-lo só um ponto de apoio não chega.

EURO PESSIMISMO


When Europe starts to melt at the edges

By Gideon Rachman
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I once knew a senior European Union official – an Austrian – who argued to me that Greece had no place in the European Union. “Greece is not really culturally European, it’s part of the Middle East,” he insisted. “Just listen to their music.”
To this the Greeks might legitimately reply: “Plato, Aristotle and (on the musical issue), Demis Roussos.” But my Austrian friend’s views, while eccentric, touched on a real and sensitive issue within the Union: the fear that it is economically and politically divided between a northern hard core and a flaky southern fringe.
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RELATIVIZANDO


Explanation: Have you ever seen the band of our Milky Way Galaxy? In a clear sky from a dark location at the right time, a faint band of light becomes visible across the sky. Soon after your eyes become dark adapted, you might spot the band for the first time. It may then become obvious. Then spectacular. One reason for a growing astonishment might be the realization that this fuzzy swath contains billions of stars and is the disk of our very own spiral galaxy. Since we are inside this disk, the band appears to encircle the Earth. Visible in the above image, high above in the night sky, the band of the Milky Way Galaxy arcs. The bright spot just below the band is the planet Jupiter. In the foreground lies the moonlit caldera of the volcano Haleakala, located on the island of Maui in Hawaii, USA. A close look near the horizon will reveal light clouds and the dark but enormous Mauna Kea volcano on the Big Island of Hawaii. If you have never seen the Milky Way band or recognized the planet Jupiter, this year may be your chance. Because 2009 is the International Year of Astronomy, an opportunity to look through a window that peers deep into the universe may be coming to a location near you.

VER-NOS-EMOS GREGOS - 2



O artigo do New York Times que transcrevi no post anterior era acompanhado da fotografia ao lado e da legenda
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"In Greece, another of the euro zone nations in trouble, stores like this one in Athens are offering deep discounts to stay open. "
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Por estrabismo do articulista ou excesso de zelo de quem o compôs, esqueceram-se de referir que o que se passa na Grécia em matéria de descontos arrasantes para não fecharem as portas é vulgar em muitos outros lados, incluindo os EUA e, nomedamente, em Nova Iorque.

VER-NOS-EMOS GREGOS


O New York Times publicou ontem uma entrevista a um armador grego, destacando o desencanto do magnata que, muito provavelmente a olhar o flute de um Grand Siècle, lamentava a forma como os seus compatriotas se embriagaram com o euro, e vaticinava que a bebedeira lhes imporá agora uma dolorosa ressaca.
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Por cá, aconteceu-nos o mesmo, mas como sempre acontece aos ébrios relapsos, continuaremos por mais algum tempo a garantir a pés juntos que estamos sóbrios.

“The Italians, the Spaniards, the Greeks, we all have been living in happy land, spending what we did not have,” said George Economou, a Greek shipping magnate, contemplating his country’s economic troubles and others’ from his spacious boardroom. “It was a fantasy world.”
For some of the countries on the periphery of the 16-member euro currency zone — Greece, Ireland, Italy, Portugal and Spain — this debt-fired dream of endless consumption has turned into the rudest of nightmares, raising the risk that a euro country may be forced to declare bankruptcy or abandon the currency.The prospect, however unlikely, is a humbling one. The adoption of
the euro just a decade ago was meant to pull Europe together economically and politically, ending the sometimes furious battles over who could devalue their currency the fastest and beggar their neighbor."
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Monday, January 26, 2009

A TUA VEZ, OBAMA


TÍTULOS DO DIA

Barclays dispara mais de 70% depois de rejeitar nacionalização
Os títulos do Barclays dispararam mais de 70% na sessão de hoje depois dos responsáveis do banco terem anunciado que não vão aceitar dinheiro do governo inglês e que foram efectuadas amortizações de 8,5 mil milhões de euros. O desempenho de hoje surge num dia em que o sector da banca também regista uma forte valorização.
Richard S. Fuld

Antigo presidente da Lehman vende casa à mulher por 10 dólares

O antigo presidente do Lehman Brothers, Richard S. Fuld Jr., vendeu a sua mansão na Florida à mulher por 10 dólares, quando esta tinha sido adquirida por 13 milhões de dólares há cinco anos.
Petróleo regressa às perdas em dia de elevada volatilidade
Empresas mundiais anunciam mais de 70 mil cortes de postos de trabalho num dia
Grandes empregadoras europeias, incluindo as holandesas Philips e o grupo financeiro ING, anunciaram hoje o despedimento de milhares de funcionários. No total, as notícias avançadas apontam para uma redução de 70,5 mil postos de trabalho, como uma forma de reduzir custos numa altura em que a economia mundial continua a deteriorar-se.
General Motors elimina dois mil postos de trabalho e reduz produção
Empresas vão entregar maior parte dos lucros aos accionistas
Ano negro impõe corte recorde na remuneração
Crise provoca queda de 44% nos lucros das cotadas em 2008
Dê a sua opinião sobre o caso Freeport

Magnum Capital conclui aquisição da Generis por 200 milhões de euros
Cimpor e PT impulsionam bolsa nacional na primeira sessão da semana (act.)
Analistas assinalam melhoria nos rácios de capital do BPI
Plano de investimento da Petrobrás até 2013 "positivo" para a Galp Comissão Europeia reforça fiscalização das bolsas, da banca e dos seguros
Bancos terão de prestar mais informações aos clientes sobre o crédito à habitação
Euro avança mais de 1% a recuperar de quatro quedas semanais consecutivas
Há vida para além da crise
Em entrevista que é publicada nesta edição do "Jornal de Negócios", Kenneth Rogoff afirma que Portugal terá problemas quando as taxas de juro começarem a subir. Parece extemporâneo, como faz o antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, estar a antecipar os problemas que poderão surgir quando o pior da actual crise tiver passado, numa altura em que os problemas ainda estão a adensar-se e em que também se sabe que a conjuntura vai ficar mais negra antes de se vislumbrar alguma luz no fundo do túnel. Parece, mas não é.
Telecomunicações: o futuro do vídeo digital
"Can you"?
A equação económica de Obama é de uma tremenda complexidade. Se as suas promessas eleitorais, reiteradas no discurso de posse, forem para cumprir, a administração norte-americana terá de levar por diante um pacote de medidas económicas de largo espectro e efeitos incertos, cujas implicações orçamentais provocarão seguramente enxaquecas agudas aos economistas da Casa Branca.


O OVO DA SERPENTE


O maior perigo que ameaça a Europa não é esta crise, que será transitória, e esperamos que seja de uma transitoriedade curta, mas o racismo e a xenofobia.
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Se a Europa não conseguir evoluir naturalmente para uma sociedade multicultural e multiétnica implodirá uma vez mais numa guerra que, desta vez, a deixará em destroços irrecuperáveis.
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Para evitar que o ovo da serpente ecluda de novo são precisos dirigentes políticos com capacidade para travar a vaga que os energúmenos não deixarão de tentar promover.
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Num ano em que os EUA elegeram como seu presidente o filho de um estrangeiro, seria catastrófico que os europeus não repensassem uma vez por todas que os instintos xenófobos que habitam no corpo de alguns podem destruir irremediavelmente a alma europeia.
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Escrevo isto depois de ler o comentário que colocou aqui a nossa Amiga A., referindo e transcrevendo um artigo publicado no Telegraph :
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Começam os imigrantes a pagar por aquilo que não fizeram. Era de esperar.É muito mais fácil bater 'para baixo' que 'para cima', basta um pequeno incentivo.Mas, parece-me que, desta vez, não vai resultar.

Athens erupts in violence after acid attack on immigrant
Police in Greece clashed with gangs of youths throwing petrol bombs and stones on Thursday night, a month on from the country's worst civil unrest in decades
By Nick Squires / 23 Jan 2009

Police officers in central Athens fired tear gas to dispel the rioters, who peeled off from a protest which had been organised in solidarity with a Bulgarian migrant worker who was attacked with acid last month.Kostadinka Kuneva, 44, a Bulgarian cleaning lady and a union official, is in hospital in a serious condition after the Dec 22 attack by two unidentified men who ambushed her outside her home and threw acid in her face....Thousands of protesters, many of them school pupils and students, took to the streets to protest against police brutality, poor job prospects, low wages and government corruption.Meanwhile thousands of farmers blocked border crossings and main roads on Friday in a fifth day of protests to demand compensation for a drop in agricultural prices.Farmers used tractors to shut border crossings into Bulgaria, Macedonia and Turkey, a day after rejecting a 500-million-euro package from the government.
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O pior, é que a solução do 'inimigo comum' pode escalar e, aí, a História repete-se com muito mais gente envolvida e com armas muito mais sofisticadas.

MALTHUS REVISITADO

Afirma João Miguel Vaz, em comentário a propósito do artigo Japan Works Hard to Help Immigrants Find Jobs, publicado no Washington Post, que citei aqui :
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Discordo em absoluto da noção: a falta de crescimento demográfico é um problema.
O planeta tem gente a mais, especialmente o Norte Ocidental e o Sudoeste Asiático. A pressão sobre os recursos torna-se sim um problema dramático. A procura do crescimento pelo crescimento, mais e mais bens materiais, até ficarmos inanimados por uma obesidade mórbida, e aborrecidos de morte tal é a abundância de tudo e mais alguma coisa. Já no Sul a escassez de recursos conduz à existência de má nutrição de grande parte da população.O problema das nossas sociedades (e do Japão) também é que deixamos de saber viver sem "crescimento económico" i.e. sem estarmos obcecados com "o ter".
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As the world population continues to grow geometrically, great pressure is being placed on arable land, water, energy, and biological resources to provide an adequate supply of food while maintaining the integrity of our ecosystem. According to the World Bank and the United Nations, from 1 to 2 billion humans are now malnourished, indicating a combination of insufficient food, low incomes, and inadequate distribution of food. This is the largest number of hungry humans ever recorded in history. In China about 80 million are now malnourished and hungry. Based on current rates of increase, the world population is projected to double from roughly 6 billion to more than 12 billion in less than 50 years (Pimentel et al., 1994). As the world population expands, the food problem will become increasingly severe, conceivably with the numbers of malnourished reaching 3 billion.

Sunday, January 25, 2009

REVOLTANTE




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The United States is initiating a closed-door negotiation that could open up new areas to whale hunting for the first time in decades, part of an attempt to end a long-standing impasse over whaling limits with Japan, the world's most avid whaling nation.
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ESPERADO

Obama Presents New Challenge for Al-Qaeda
Terrorist group struggles to mount propaganda war against the U.S. president who, in marked contrast to Bush, is well-liked in the Muslim world.
Joby Warrick

A ORDEM DO DIA


Are UK banks too big to rescue?
By Martin Wolf
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Is the British government on the right path with its recent package of measures to help the banking sector or, as Mervyn King, governor of the Bank of England,
put it this week, “to protect the economy from the banks”? The question, in truth, is not only whether the measures will work, but whether the UK can afford them.
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BANCOS & BATOTAS


TENTAMES - 3

Com as notícias que diariamente dão conta de buracos negros nos bancos que parecem centrifugar e queimar todos os créditos que os governos lhes concedem, a ideia da estatização da banca ganha todos os dias novos aderentes.
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Conceptualmente, a gestão programada de um banco não coloca os problemas bicudos, de complexidade intransponível que Hayek apontou para a gestão de um sistema de económico socialista. Os processos bancários consistem quase só na análise e gestão de informação e, com a tendência crescente para a desmaterialização total da moeda, um dia destes, quando toda a população for minimamente info-incluída, a quase totalidade das relações entre a banca e os seus clientes resumir-se-á a um diálogo entre meios informáticos. Nessa altura, o emprego bancário terá quase desaparecido.
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Subsistirá ainda, então, qualquer razão para que um sector tão crítico para a sustentação da economia, e tão vulnerável e dependente do estado em caso de ruptura generalizada da confiança que garante o bonding com que se forma o tecido financeiro, seja de gestão privada?
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Se é na base da confiança que os banqueiros estabelecem o negócio e dela extraem os rendimentos de dimensões escandalosas, quando eles arruinam a confiança e essa ruína, que pode destruir todo o sistema económico, impõe a intervenção do estado e o contributo dos cidadãos em geral para o resgate dos bancos insolventes, é ainda justificável por critérios de eficiência económica que lhes seja consentido continuarem a ser banqueiros?
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Aqueles, penso que não. Aqueles que não souberam gerir o risco do crédito concedido (a função primordial do banqueiro) ou abusaram da confiança daqueles que lhes confiaram as suas economias, devem ser excluídos, sem apelo, da actividade bancária. Mas a intervenção do estado deve resumir-se à estipulação de regras que garantam a perenidade do sistema e as sanções suficientemente inibidoras para os transgressores. Se por razões de emergência se impõe a intervenção do estado através da nacionalização parcial ou total, essa intervenção deverá ser tão reduzida no tempo quanto o recomendarem as circunstâncias económicas ou jurídicas.
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A monopolização estatal da banca não é condição suficiente para evitar a insolvência do sistema financeiro porque o erro e o abuso não se extinguem pelo facto de a banca ser detida pelo estado. E não sendo suficiente não é necessária.
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Para além de não ser necessária, seria contraproducente, não apenas por razões de eficiência económica, que é inerente ao ambiente de concorrência, mas sobretudo pelas razões políticas que garantam ao cidadão igualdade de oportunidades. Os monopólios de estado, como todos os monopólios, sustentam-se de abusos e discricionaridades que geram clientelismo e os jogos de poder.
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Contudo, a banca será o sector económico, que pela natureza das suas funções e responsabilidades perante a sociedade, deverá ter o escrutínio mais apertado por parte do estado. Razão mais que suficiente para que as regras onde lhe é consentido movimentar-se deverão ser completamente reformuladas.
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A economia de mercado, sendo em grande medida guiada pela mão invisível, não pode dispensar, porque a tal mão nem sempre guia ou a deixam guiar como deve, regras que lhe corrijam a trajectória quando ela desliza para onde não deve. São os deslizes que impõem as regras que os previnem em todos os campos da actividade humana.
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Agora e sempre, uma questão de tentames. Que nem sempre resultam como esperam os que tentam, reconheça-se.

ANEL DE FOGO



Explanation: Tomorrow, a few lucky people may see a "ring of fire." That's a name for the central view of an annular eclipse of the Sun by the Moon. At the peak of this eclipse, the middle of the Sun will appear to be missing and the dark Moon will appear to be surrounded by the bright Sun. This will only be visible, however, from a path that crosses the southern Indian Ocean. From more populated locations, southern Africa and parts of Australia, most of the Moon will only appear to take a bite out the Sun. Remember to never look directly at the Sun even during an eclipse. An annular eclipse occurs instead of a total eclipse when the Moon is on the far part of its elliptical orbit around the Earth. The next annular eclipse of the Sun will take place in 2010 January, although a total solar eclipse will occur this July. Pictured above, a spectacular annular eclipse was photographed behind palm trees on 1992 January.

Saturday, January 24, 2009

TENTAMES - 2

Acabo de ler "Sobre o Socialismo" de Teixeira Ribeiro, e retenho do "modelo de economia socialista de mercado" que ele supõe viável, na comunicação de Maio de 91, a entidade central desse sistema: um Banco (único) Nacional por onde passariam todas as relações financeiras (de gestão de créditos entre todas as insituições e indivíduos).

Ocorrem-me, então, as polémicas que surgiram um pouco por toda a parte acerca das culpas (e das desculpas) do ensino da "teoria económica main stream" nos tombos e rombos que ameaçam fortemente a estabilidade do sistema financeiro em todo o mundo e, por tabela, o crescimento económico, o emprego, a paz social, em última instância a convivência entre as nações apesar dos conflitos locais que actuam como vulcões por onde se escapa a energia profunda das divergências globais.

E dois apontamentos do dia:


Leio estas afirmações, recordo também a entrevista de Joe Berardo, anteontem , onde sugere nacionalizações para assegurar os empregos, e dou comigo a pensar que tanto as declarações do banqueiro ( denunciando a "batota") como as do ministro (confessando-se confundido, sem indicadores, no meio do turbilhão) e do especulador (desanimado e subvertido) resumem bem as indecisões do momento na encruzilhada num deserto sem placas toponímicas.
E releio Teixeira Ribeiro: "Não significa isto que a substituição da economia capitalista tenha de ser feita por via revolucionária. É perfeitamente concebível uma transição pacífica, do género desta: (... o Estado) vai nacionalizando os elementos naturais. De sorte que ao cabo de mais ou menos anos encontrar-se-ão socialmente apropriados todos ou a maior parte dos meios de produção".
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O que Teixeira Ribeiro não supôs foi que o sistema financeiro que suporta a economia de mercado viesse a claudicar por razões endógenas ao próprio sistema. E que no meio do caos em progressão aparecessem a recomendar maior intervenção do estado para estabilização do barco as vozes mais insuspeitas de adesão ao estatismo.
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Sobra-me, depois de tudo isto, sobretudo uma questão nuclear: Se o sistema financeiro em economia de mercado é tão vulnerável a factores exógenos e endógenos de desestabilização exponencial, a ponto de requerer a intervenção dos estados para resgate do próprio sistema e da economia global, resgate cujo preço é pago sobretudo por aqueles que não foram nem culpados nem beneficiários dessa desestabilização, justifica-se a nacionalização do sistema e a prosecução da actividade financeira exclusivamente através de bancos centrais?
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A minha resposta é não. E é não porque não está demonstrado, bem pelo contrário, que a apropriação pelo estado das instituições financeiras possa evitar os efeitos negativos que minaram o sistema e germinaram a actual crise. O monopólio, qualquer que seja o seu detentor, não só desmobiliza a iniciativa, a criatividade, o progresso, como é propiciador da corrupção, do clientelismo, da inércia do "stato quo".
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(continua)