Friday, January 16, 2009

TRANSACCIONÁVEIS

Há dias defendi aqui a adopção de algumas medidas que deveriam, do meu ponto de vista, ser adoptadas para minorar os efeitos da crise. Defesa inconsequente, já se sabe, puro diletantismo, como tudo o que aqui se escreve. Em todo o caso mereceu um apontamento de Pedro Lains, benevolente mas discordante. Ora, como já tenho dito repetidas vezes, é a discordância com aquilo que afirmo que mais aprecio e estimula estes meus exercícios diários. Pedro Lains veio a colocar no seu blog mais dois posts, em certa medida relacionados com a temática daqueles que eu tinha comentado.
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O que me motivou a voltar a comentar:
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Permita-me (....) repescar um comentário meu, que mereceu a sua atenção, que lhe agradeço, e comentar o artigo que escreveu para o Jornal Negócios - Ministro da Europa, ou Falta de Governo Europeu - e onde, se bem interpretei, sugere que o governo português seja mais incisivo na busca de apoios comunitários para solucionar, ou ajudar a solucionar, a problemática saída do beco em que nos metemos.

Precisamos de um Ministro da Europa capaz de convencer os seus pares europeus de que, agora como no passado, precisamos da ajuda inadiável de (alguns deles). Como estamos em maré de crise geral e os governos são chamados a maior intervenção no tecido económico, o "governo europeu" estará disponível para continuar a ajudar quem mais precisa em nome da coesão da Europa.

Foi assim, provavelmente mal, que interpretei o seu artigo.

E digo provavelmente mal porque não consigo conciliar este seu apelo interventivo do governo com o seu comentário ao meu ponto de vista, aparentemente em sentido contrário: "Deu em desequilíbrios (o comportamento das pessoas)? Pois bem, que eles sejam corrigidos pelo mercado".

Ilusão minha no fio da ironia?

De qualquer modo não foi esta a razão que me levou a vir aqui para o teclado fazer-lhe perder tempo.

O que mais me motivou foi o último período do seu post de hoje: "Está portanto para mim na boa altura de escrever um pouco mais sobre as verdadeiras coisas do crescimento como: investimento, inovação, transferências tecnológicas, mudança estrutural, capital humano, vantagens comparativas ou mercado de trabalho".

Porque, admitindo que tínhamos um Ministro da Europa capaz de superar o Alberto João em eficácia peticionária junto de um "governo europeu" que lhe abrisse os braços, que deveria fazer o governo português com esse dinheiro?

Eu penso que deveriam ser apoiados, sobretudo, os sectores produtores de bens e serviços transaccionáveis, pelas razões que no meu comentário anterior referi.

E o Prof. Pedro Lains?
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Caro Rui,
Bola muito bem metida! Mas é que há subtiliezas. Não sei como dizê-las brevemente. Talvez assim: o dinheiro da Europa é um subsídio, é free riding; como gastá-lo? não sei, mas há quem saiba, os burocratas? você diz nos bens transáccionáveis? talvez seja, não sei. Mas porquê o governo? porque não se deixam esses "transáccionáveis" para os particulares e os outros para o governo? Não é simples mas, repito, bola bem metida.

2 comments:

A Chata said...

Par esquecer um bocadinho a crise

http://www.telegraph.co.uk/news/picturegalleries/worldnews/4223984/My-Way-by-George-W-Bush.html

My Way versão G. Bush

Rui Fonseca said...

Obrigado.

Já coloquei no blog para mais fácil acesso.