Saturday, January 24, 2009

TENTAMES - 2

Acabo de ler "Sobre o Socialismo" de Teixeira Ribeiro, e retenho do "modelo de economia socialista de mercado" que ele supõe viável, na comunicação de Maio de 91, a entidade central desse sistema: um Banco (único) Nacional por onde passariam todas as relações financeiras (de gestão de créditos entre todas as insituições e indivíduos).

Ocorrem-me, então, as polémicas que surgiram um pouco por toda a parte acerca das culpas (e das desculpas) do ensino da "teoria económica main stream" nos tombos e rombos que ameaçam fortemente a estabilidade do sistema financeiro em todo o mundo e, por tabela, o crescimento económico, o emprego, a paz social, em última instância a convivência entre as nações apesar dos conflitos locais que actuam como vulcões por onde se escapa a energia profunda das divergências globais.

E dois apontamentos do dia:


Leio estas afirmações, recordo também a entrevista de Joe Berardo, anteontem , onde sugere nacionalizações para assegurar os empregos, e dou comigo a pensar que tanto as declarações do banqueiro ( denunciando a "batota") como as do ministro (confessando-se confundido, sem indicadores, no meio do turbilhão) e do especulador (desanimado e subvertido) resumem bem as indecisões do momento na encruzilhada num deserto sem placas toponímicas.
E releio Teixeira Ribeiro: "Não significa isto que a substituição da economia capitalista tenha de ser feita por via revolucionária. É perfeitamente concebível uma transição pacífica, do género desta: (... o Estado) vai nacionalizando os elementos naturais. De sorte que ao cabo de mais ou menos anos encontrar-se-ão socialmente apropriados todos ou a maior parte dos meios de produção".
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O que Teixeira Ribeiro não supôs foi que o sistema financeiro que suporta a economia de mercado viesse a claudicar por razões endógenas ao próprio sistema. E que no meio do caos em progressão aparecessem a recomendar maior intervenção do estado para estabilização do barco as vozes mais insuspeitas de adesão ao estatismo.
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Sobra-me, depois de tudo isto, sobretudo uma questão nuclear: Se o sistema financeiro em economia de mercado é tão vulnerável a factores exógenos e endógenos de desestabilização exponencial, a ponto de requerer a intervenção dos estados para resgate do próprio sistema e da economia global, resgate cujo preço é pago sobretudo por aqueles que não foram nem culpados nem beneficiários dessa desestabilização, justifica-se a nacionalização do sistema e a prosecução da actividade financeira exclusivamente através de bancos centrais?
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A minha resposta é não. E é não porque não está demonstrado, bem pelo contrário, que a apropriação pelo estado das instituições financeiras possa evitar os efeitos negativos que minaram o sistema e germinaram a actual crise. O monopólio, qualquer que seja o seu detentor, não só desmobiliza a iniciativa, a criatividade, o progresso, como é propiciador da corrupção, do clientelismo, da inércia do "stato quo".
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(continua)

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