Thursday, January 08, 2009

E DAR DE NOVO

Só está baralhado quem tem pelo menos uma certeza. Eu nem isso.

De modo que o que escrevo a seguir é uma reflexão em voz alta que só ouve quem tiver paciência para lhe prestar atenção. Costumo fazer o mesmo no meu caderno de apontamentos, à espera que alguém tenha a pachorra de me dizer: Caro amigo, isso é uma coisa sem sentido.E, se a bondade for tanta, acrescentar porquê.
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Posta esta ressalva, vamos aos transaccionáveis.
Pode discutir-se ad eternum a pertinência, ou a oportunidade, ou a paridade, da entrada de Portugal no SME. Agora, ou saímos ou aguentamos. Sair, toda a gente diz, é complicado. A participação no SME exigia uma reconversão múltipla que não fomos capazes de realizar a tempo e horas. Resultado: Gastámos, e continuamos a gastar, mais do que devíamos, muito mais do que no tempo da outra senhora moeda. Agora estamos sobre endividados.
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Consumimos mais que produzimos, tivemos de pedir emprestado ao exterior. Ora o endividamento, como as árvores, não cresce até aos céus. O endividamento interno costumava poder, o externo nunca. Ora o que é que nós consumimos mais e não exportámos o suficiente: aquilo que se compra e se vende ao exterior: Bens e serviços transaccionáveis, creio eu.
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De modo que, talvez devido a alguma santa ignorância, que pelos vistos está muito espraiada por aí, eu que pense alguma coisa deverá ser feita para que se obtenham resultados diferentes e a dívida deixe de ser um assombramento sobretudo sobre os menos velhos.
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Que coisa? Pois incentivar as actividades que têm de competir no mercado antes que este dite as suas leis e force a emigração ou o desemprego a incentivar qualquer coisa pior.
Salvo melhor opinião.
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Caro Rui,
Deve ter alguma razão mas não pode ter toda, por uma razão.
Diz que o que aconteceu foi erro de comportamento e que a solução está no "incentivo" público a determinados sectores e nada disso é uma explicação económica. É isso que me baralha. As pessoas responderam ao mercado como deviam responder, seguindo os sinais que ele deu. Não há mal nenhum nisso, antes pelo contrário. Deu em desequilíbrios? Pois bem, que eles sejam corrigidos pelo mercado. Como? Digam o que quiserem mas não será seguramente pelo esforço mental. O Estado pode poupar um pouco mais e isso ajudaria. Mas não vai ser por aí que virá a verdadeira solução. Ou obrigar a poupar um pouco mais, por via do aumento dos impostos, mas isso ninguém seguramente quer. É mesmo de baralhar.

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