JORGE PINHEIRO

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No seu regresso à figuração, Pinheiro parte de uma atitude de evidente comentário político e social (as séries dos Bispos, 1981-1982, ou a tela O Guarda o Pão e o Camponês, 1982), embora garantido sempre por uma intensa metaforização de formas e conteúdos e solidamente apoiado por um forte sistema de referências eruditas à história da pintura e da cultura ocidentais. É entre essas duas polaridades que o seu trabalho se desenvolve, como o demonstram dois casos recentes e paradigmáticos. A saber: Fábula de La Fontaine (2001), em que, sustentando-se num título multissignificante, articula referências à ruptura modernista, que Duchamp simboliza (a partir do seu urinol), à cultura popular (através de uma representação de Marlène) e à história da pintura (através de um Cristo citado da Pietá d’Avignon) e O Sacrifício de Isaac (2002), onde história bíblica e contemporânea, citação literária, pictórica e recurso à documentação fotojornalística exemplarmente se cruzam.

JOÃO PINHARANDA

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Exposição na Fernando Santos, Porto