Monday, March 31, 2008

A BELA AFEGÃ


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Em 1984, Steve McCurry fotografou para a National Geographic num campo de refugiados afegãos no Paquistão o rosto de uma jovem de olhos verde-mar que foi capa da revista e se tornou um dos seus registos mais emblemáticos. Dezassete anos depois, o mesmo fotógrafo descobriu a rapariga afegã mas, deste vez, o seu rosto denunciava as tormentas do tempo por onde passara:
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"O tempo e as dificuldades esfumaram a sua juventude. A sua pele parece cabedal. As curvas do queixo desapareceram. Mas os seus olhos ainda ardem..." (National Geographic - Grandes Marcos do Último Século)
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Ao reparar na surpreendente fotografia de inocência e beleza desta outra jovem afegã, publicada no site do New York Times, é inevitável a recordação da rapariga dos olhos verde-mar.
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Flores espantosas que brotam espantadas de solos ruins, cada vez mais minados por guerras intermináveis.

O FANTASMA VOLTA A APARECER

Caro Tavares Moreira,
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No ponto em que as coisas estão, dizia o outro, é preciso muito caco e muita imaginação!
Se o que aí vem vai ser tão mau como a maioria o pinta, a pintura é um quadro de estagflação. Os efeitos contraditórios do quadro na vertente financeira, segundo julgo perceber, resultam de excesso de liquidez, que esteve na origem da crise e da actual incapacidade de alguns bancos, supostamente solventes, conseguirem resolver os seus problemas de liquidez no interbancário. A euribor continua a crescer mas os bancos centrais (leia-se FED e BI), lia-se há dias no Financial Times, estão a ponderar a hipótese de encaixar crédito mal parado para safar o sistema.
Trichet parece renitente.
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Isento de impostos por este palpite, também me parece que Trichet vai manter porque não parece que baixar anime a economia e se subisse seria apontado responsável pelo desastre anunciado. Mesmo que não fosse.
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Financial crises and rising inflation: the role of monetary policy
Ester Faia Mar 29, 2008 http://www.rgemonitor.com/euro-monitor

While the global financial crisis is spreading fast, policy makers (supervisors, regulators, central bankers, finance ministers) are desperately trying to cope with a situation in many ways unprecedented. After years of strong and steady economic and credit expansion, all of a sudden financial markets virtually ceased to function. As if this wasn’t enough, policymakers are now facing a new type of danger: inflation. In the 1920s the policy authorities faced the strongest financial crises ever and eventually the Great Depression; in the 1970s they had to deal with the Great Inflation. With bad luck, today we may end up having both! We are not quite there yet, but few doubt that we are facing a very delicate situation, in which monetary policy strategies need to be careful designed to avoid disaster. Lets’ examine the situation in more detail by tracing a picture that can be used as background to evaluate the future monetary policy conduct. Specifically let’s try to compare the combination of economic signals and monetary policy strategies nowadays with the one faced in those two important episodes of the past.
In the 1920s monetary policies where constrained by the Gold Standard and supervisory policies were still rudimentary and looser than they are today. The result: the bank system took on too much risk in financing mostly business in the rising industrial sectors and monetary policy reacted to bank panics by adopting a restrictive stance. By refusing liquidity even to banks with sound collaterals the monetary policy had fuelled bank panics. After the crises two cures were indicated: better banking supervision and reserve requirements.
In the 1970s the Great Inflation was the result of three interrelated factors. Cost push shocks, due to rising oil prices, the vast use of indexed contracts which prevented downward wage flexibility and the lack of sound and credible monetary policy frameworks. The cure indicated at the time was a mixture of containing indexations and appointing credible and accountable central bankers. Nowadays monetary policy strategies (inflation targeting or price stability) are indeed the heritage of that period: the message was monetary policy should be credible enough to target future inflation expectations.
Where do we stand nowadays? Let’s start by examining possible causes and consequences of the financial crises. The crisis has been ignited by excessive risk taking in the real estate business, fuelled by overly expansionary monetary policy and compounded by a dangerous mix of mortgage lending and securitisation. The ‘’originate to distribute’’ model induced banks to weaken their traditional screening and monitoring function, thereby artificially inflating house price expectations. As the Fed pointed out, the market has become less transparent hence creating room for inefficiencies. Some see the cure in a more stringent regulatory system, preventing banks from engaging in excessive lending without paying a fair price for their mistakes. However, regardless of the degree of regulatory sophistication it is hard to believe that bank awash with liquidity for so many years would not have been able, eventually, one way or another, to assume the (excessive) volume of risk they wanted. For this reason, it seems reasonable to attribute the present financial crises to an excess of global liquidity.
The recent rise in inflation is perhaps even more surprising, considering that inflation targeting strategies recently adopted by all central banks were widely acclaimed by academics and practitioners as the best recipe for durable price stability. Wage pressures were not among the early causes of rising inflation: core inflation has been rather stable so far, and due to fierce competition by workers from emerging markets the global level labour costs has generally been kept low. The energy price increase also played a minor role, as many empirical analyses showed. We are left with excess liquidity: targeting inflation expectations at short-medium horizons, did not prevent over-expansionary monetary policies that fuelled demand in the recent years.
Both phenomena we are looking at, financial crises and raising in inflation, can be seen as long term implications of expansionary monetary policies and, in particular, of the lack of a well defined nominal anchor in the policy strategies conducted by most central banks.
How about the future orientation of monetary policies? Apart from the ECB, which is rightly keeping nominal interest rate stable, The Fed and the Bank of England attempt to contain the financial crises by providing credit to illiquid banks, and to this aim have expanded the range of collateral they are willing to accept. The classic theory of ‘’lender of last resort’’ tells us that monetary authorities should lend to illiquid banks to avoid panics, but against sound collateral. To avoid moral hazard, lending should be given to illiquid banks not to insolvent ones. Now, shall we consider a security containing dubious asset-backed components as sound collaterals? And, how can a bank in a world with so much liquidity be unable to obtain credit in the interbank market, unless the market judges it to be an insolvent bank?Overall recent interventions by the Fed and the Bank of England might amplify moral hazard problems. Most of all those same interventions are harming central bank credibility which is the main pillar of inflation targeting/price stability strategies.

Sunday, March 30, 2008

SALÁRIO MÍNIMO E SUBSÍDIO DE EMPREGO

Luís Aguiar-Conraria assina no caderno de Economia do Público de sexta-feira, 28/3, um artigo em que analisa sucintamente o problema e dá o seu contributo:
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(...) "Economistas de diversas ideologias (desde o liberal Milton Friedman ao social democrata Edmund Phelps) propõem uma alternativa mais eficiente (ao salário mínimo). Que não haja um salário mínimo, mas que os trabalhadores com salários mais baixos vejam os seus rendimentos complemetados com um subsídio. Este subsídio pode tomar diversas formas, desde abono de família a taxas de imposto negativas para os escalões mais baixos do IRS. Do ponto de vista do trabalhador é equivalente à existência de um salário mínimo, mas esta política de redistribuição de rendimento é paga por todos nós e não por cada empresa individualmente (...) O defeito desta proposta é que corre o risco de se subsidiar empresas especializadas em mão-de-obra barata. Uma solução equilibrada passaria pela existência de um salário mínimo bastante moderado contrabalançando com um subsídio aos salários mais baixos, minimizando-se os efeitos preversos associados a cada uma das soluções.(...)"
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O tema já foi abordado algumas vezes pelo autor de A destreza das dúvidas no blog de que agora é co-autor e é inegável o interesse que a discussão do assunto merece.
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Portugal, pela desigualdade social que lamentavelmente nos posiciona em lugar nada honroso no contexto dos grupos em que nos inserimos (UE, OCDE), e que radica sobretudo na falta de qualificações e de incapacidade de reconversão de uma grande parte da sua população, enfrenta um dilema que talvez só o tempo venha a resolver: o crescimento da economia depende do crescimento da produtividade nas suas empresas mas uma parte ainda importante das mais pequenas, que por dificuldades de reconversão não se libertam da concorrência que não se subordina nem a salários nem a quaisquer garantias sociais mínimas, quando forçada a pagar salários mínimos, encerra as portas aumentando o desemprego.
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O argumento, segundo o qual, empresa que não pode garantir o pagamento de salários mínimos não tem justificação para existir, é cego relativamente à realidade que ainda cobre uma parte significativa do tecido empresarial português.
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Parece, portanto, pertinente e sensata a proposta de Luís Aguiar-Conraria: Entre o subsídio ao desemprego e o subsídio ao emprego este último é, inquestionavelmente, economicamente e socialmente mais aconselhável.
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Assim sendo, pergunta o cidadão comum, frequentemente: Paga o Estado milhões em subsídios de desemprego e, se queremos alguém que trabalhe, não temos. E os que vamos tendo são emigrantes. Muitos portugueses, supostamente desempregados, habituaram-se ao subsídio e não procuram nem aceitam emprego. Ainda há relativamente pouco tempo se queixavam os fruticultores do Oeste de não terem gente para a apanha de fruta. Poucos dias depois noticiava a rádio que milhares de portugueses, a trabalhar na Galiza, iriam reentrar em Portugal em consequência da crise na construção civil e solicitar aqui subsídio de desemprego. Por todo lado se vêm campos abandonados e meios suburbanos degradados. Trabalho, aparentemente, é coisa que não devia faltar.
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Seria melhor aceite pelos contribuintes que grande parte do subsídio de desemprego que apoia centenas de milhares de desempregados fosse transferido para o subsídio ao emprego, controlando-se alguns riscos de consequências preversas que tal transferência também pode provocar.
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Mas este é um assunto que não parece motivar nem os sindicatos nem os governos.

Friday, March 28, 2008

ATÉ AO TUTANO

Queixam-se muitas pessoas da falta de qualidade dos media e, sobretudo, dos programas televisivos em Portugal.
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É inquestionável, contudo, que maioria dos telespectadores tem uma opinião diferente. Se assim não fosse, certamente que os responsáveis pelas emissões e pelos resultados em termos de audiências, com reflexos nos resultados das empresas, há muito que teriam alterado o perfil dos conteúdos que produzem ou adquirem, ou teriam sido substituidos por quem fosse capaz de o fazer.
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Os programas que nos entram em casa, se lhes abrimos a porta, são aqueles que encontram espectadores que os preferem em número suficiente para justificar economicamente a sua emissão. É esta lógica de mercado que justifica a transmissão de programas com conteúdos contrários à decência avaliada por padrões culturais acima da média.
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Se um canal televisivo aposta na exploração até à exaustão de um caso mediático, por ser polémico ou dramático, é porque a emissão repetida desse facto é consumida por um número de espectadores muito superior aquele que a repudia. Postos perante esta preferência da maioria pela polémica ou pelo dramatismo servido em doses maciças, os outros canais não têm, comercialmente, alternativa, senão adoptar o mesmo padrão, observando-se então uma injecção conjunta e repetida do facto que só termina com o enjoo colectivo. Enjoo que acaba por rejeitar abordagens posteriores do assunto. Aconteceu assim com o caso Casa Pia, por exemplo, com os incêndios florestais, com a queda da ponte de Entre-os-Rios, tem acontecido nos últimos dias com a indisciplina nas escolas.
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Um pouco de decência recomendaria que a exploração de alguns assuntos, com inegável importância para a comunidade, fosse mais moderada quando explodem e não caíssem no esquecimento após a sobredosagem nessa fase. Porque seria importante saber-se por que emperra a justiça, que medidas estão a ser tomadas agora para prevenir os fogos florestais no Verão.
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Quanto ao caso da escola secundária do Porto o que nele foi original foi o Youtube, e só a gula das massas pelo escândalo explica a sua administração em doses múltiplas e maciças.
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É possível inverter esta preversidade de que se alimentam os media e as massas?
É possível mas não é provável. O que, também por este motivo, coloca a questão do interesse da continuidade de canais pertencentes ao Estado, pelos vistos também eles coagidos a seguir o rebanho.

Thursday, March 27, 2008

SEQUELAS DA ANESTESIA

Em países onde a consciência cívica está mais desperta, as obrigações fiscais são mais cumpridas mas as exigências de transparência das actividades do Estado também são mais evidentes no dia a dia dos cidadãos.
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Nesses países, as facturas dos restaurantes, como de quaisquer outras compras de bens ou serviços, são apresentadas sem que os compradores as solicitem. Por outro lado, as facturas explicitam sempre o imposto liquidado, acrescentando-o ao valor da compra. Nas cartas dos restaurantes os preços indicados são preços antes de impostos, em todas as lojas a prática é a mesma. Obrigatoriamente, a mesma. Quando há lugar à liquidação de mais que um imposto (casos de impostos federais e estaduais, ou estaduais e municipais) a cada um deles corresponde uma linha de inscrição na factura.
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O cidadão, consumidor e contribuinte, é, deste modo permanentemente informado do valor de compra do produto ou serviço e dos impostos que lhe estão associados. Quando ocorre uma subida da taxa dos impostos, o cidadão verá essa subida reflectida de forma explícita na factura. Se, inversamente, o governo decidiu baixar os impostos, essa decisão é visível a partir do momento em que se torna efectiva.
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Nada disto acontece em Portugal, vá lá saber-se porquê.
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Provavelmente, uma das razões é este hábito ancestral que se impregnou no nosso ADN cívico que determina a nossa propensão para abrandar costumes e desculpar safadezas, segregando os governos as idiossincrasias das sociedades que os elegem.
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A notícia da redução do IVA, a partir de Julho, anunciada ontem, não terá impacto que se veja na economia. Escrevi isso ontem e, se volto a repeti-lo, é porque me faltou acrescentar a principal razão pela qual uma redução escassa, que por esse motivo não poderia ter efeitos significativos, no máximo 1%, acabará por ter uma incidência tendencialmente nula nos preços.
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Essa razão é a anestesia fiscal, uma prática corrente desde sempre praticada em Portugal em larga escala. O governo (este e todos os outros que o antecederam) sente-se confortado com o facto de subtrair aos contribuintes a informação dos impostos indirectos que lhes cobra. Os pacientes são deste modo sujeitos a uma anestesia que não lhes permite ter consciência da tributação indirecta a que estão sujeitos. Se o imposto aumenta, a sua percepção desse aumento é nula ou quase nula.
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Ocorrendo uma redução de imposto, magra, sem explicitação do imposto nas facturas (que muitas vezes não são passadas sequer pelo fornecedor) o consumidor/contribuinte continua a ver navios.
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E a redução, magra, é retida algures não chegando ao bolso de quem era esperado chegasse.
Em face disto o que dizem as oposições: Que a decisão foi inoportuna, foi tardia, é inconsequente, é demagógica. E mais não dizem. Porque não sabem? Talvez não saibam. Ao principal partido da oposição, contudo, não lhe convém acabar com a anestesia.

Wednesday, March 26, 2008

POR 250 MILHÕES DE EUROS

Descida do IVA implica perda de receita de 250 milhões

A descida do IVA em um ponto percentual hoje anunciada pelo primeiro-ministro implica uma redução da receita fiscal de cerca de 250 milhões de euros este ano.

http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Economia&CpContentId=314051
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Há dias, quando o governo anunciou a redução para metade das taxas moderadoras na saúde para maiores de 65 anos, quando 80% destes já estavam isentos, a oposição acusou o executivo de comprar promoção política com a insignificância, em termos de OGE, de 5 milhões de euros.
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Hoje, o governo decidiu cortar um ponto percentual no IVA, a partir de Julho, o que reduzirá as receitas em 250 milhões euros ainda este ano. A oposição, em peso, criticou também esta medida, por razões que são, evidentemente, diferentes.
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Muito provavelmente, enquanto os 5 milhões ficarão nos bolsos dos que recorrem ao SNS, os 250 milhões, muito provavelmente, ficarão nos resultados das empresas sem efeito significativo no consumo ou na poupança da generalidade dos portugueses. Mas se algum efeito produzirem no consumo, esse efeito muito provavelmente reflectir-se-á sobretudo no aumento défice da balança comercial.
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Os ataques demagógicos da oposição acabam sempre por desencadear contra ataques no mesmo estilo do incumbente.
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A propósito da descida da taxa de imposto de 21% para 20%, ouve-se e lê-se geralmente que o IVA desceu 1%. O que não é, obviamente, verdade. Um artigo cujo preço antes do IVA é de 100 e 121 com IVA, passará, se a redução do imposto for reflectida no preço ( o que provavelmente, como referi não irá acontecer) a 120. A redução será, neste caso, de cerca de 1% no preço e de cerca de 5% no IVA. A redução do IVA anunciada hoje é de um ponto percentual. A diferença entre ponto percentuais e percentagens ainda não é percebida por muita gente, incluindo muitos jornalistas.

APANHADA

POR APENAS 4 MIL DÓLARES


Um retrato nu da primeira-dama francesa Carla Bruni será leiloado em Nova York pela Christie's no dia 10 de abril, segundo afirmou a casa de leilão em seu site nesta terça-feira, 25. Eles esperam ainda que a fotografia seja arrematada por até US$ 4 mil.

A imagem é de 1993, quando Carla era uma das modelos mais famosas do mundo e foi vendida ao colecionador Gert Elfering. A cantora se casou no mês de fevereiro com o presidente francês meses após o divórcio de Nicolas Sarkozy com sua segunda mulher, Cecilia.

O presidente francês fará uma visita de dois dias ao Reino Unido a partir de quarta-feira. Mas as atenções do grande público e de boa parte da mídia britânica devem estar voltadas para a nova mulher de Sarkozy. Nos últimos meses, ele foi alvo de muita especulação sobre sua vida amorosa, pelo seu casamento abrupto com Carla e, recentemente, o novo casamento de sua ex-mulher.

A Christie's também leiloará na próxima quinta-feira, 27, uma foto de Bridget Bardot datada de 1959, feita pelo fotógrafo Richard Avedon, e outra imagem de Elsa Peretti vestida de 'coelhinha', datada de 1975 e feita pelo fotógrafo Helmut Newton. As fotos fazem parte da coleção Gert Elfering e podem alcançar US$ 120 mil e 60 mil, respectivamente.

UM OLHO NA CARLA E OUTRO NO CONSORTE




O PREÇO DO PETRÓLEO

Petróleo vai recuar até aos 80 a 85 dólares

António Costa e Silva, presidente da Partex, acredita que o preço do petróleo vai recuar para preços em torno dos 80 a 85 dólares no primeiro semestre deste ano, devido à recessão da economia norte-americana e ao ajustamento da procura à oferta.
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Existem vários factores que impulsionam os preços do petróleo, para cima e para baixo. Uma delas, a primordial, aquela de onde as outras derivam, é a clássica relação entre a oferta e procura, que em mercados de concorrência (quase) perfeita estabelece o ponto de equilíbrio onde se cruzam as curvas que são o fetiche dos economistas.
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Para o presidente da Partex, se a economia norte-americana vai entrar em recessão a procura de petróleo do lado dos EUA vai decrescer e provocará a queda dos preços. Os EUA são, de longe, o maior consumidor do mundo e também o maior importador, e não custa aceitar a previsão de Costa e Silva.
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Já é mais difícil de aceitar a perspectiva transmitida ontem no programa da SIC Notícias por João Cantiga Esves, professor de finanças do ISEG: Segundo ele, os países europeus, que cobram em cada litro de combustível impostos que correspondem a percentagens elevadíssimas do custo final (em Portugal, por exemplo, neste momento 87% do preço da gasolina são impostos) têm promovido uma política completamente errada ao longo dos últimos 30 anos promovendo a utilização de transportes grandes consumidores de combustíveis, e adiando, por essa razão, a adopção de políticas que reduzissem a dependência do petróleo.
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Aparentemente, Cantiga Esteves tem razão. Mas, olhando para o outro lado do Atlântico, o que observamos: Uma fiscalidade sobre os combustíveis muito mais reduzida que muitos consideram ter fomentado o consumo desmedido e o protelamento de medidas que o travassem. Ainda não há muito tempo, Greenspan, ele mesmo, o liberal de sete costados, pelo menos, se juntou ao grupo já numeroso que propõe o aumento drástico (cem por cento e mais) da fiscalidade sobre o consumo de combustíveis de modo a obrigar a adopção de medidas que reduzam os consumos energéticos nos EUA.
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A redução de preços prevista por Costa e Silva não animará a manutenção ou o aumento dos consumos, em todo mundo e não só nos EUA, e travará a queda dos preços? A redução da fiscalidade, que Cantiga Esteves preconiza, é um travão ou um incentivo à procura de alternativas energéticas?
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Só não fica baralhado quem ouve apenas o pároca da sua freguesia.

GRANDES BURLAS


Bónus dos gestores exacerbaram a crise do crédito



Numa altura em que os Estados Unidos da América discutem a eventual revisão da lei de Sarbanes-Oxley, que regula a vida societária das companhias cotadas na bolsa norte-americana, a crise do crédito de alto risco acentuou as críticas em torno dos modelos salariais assentes no pagamento de bónus e de generosas indemnizações aos gestores de topo.

Charles Prince, ex-presidente do Citigroup (10 milhões de dólares de bónus + 28 milhões em "stock options" + 1,5 milhões anuais para efeitos de reforma), Stanley O'Neill, ex-CEO da Merrill Lynch (161 milhões de dólares de reforma) e Angelo Mozilo, da Countrywide Financial (120 milhões de dólares de salário e venda de acções da empresa), foram ao congresso americano, no dia 7 de Março, explicar o porquê da sua "remuneração extraordinária" num ano em que as respectivas empresas sofreram perdas terríveis.

Desde que a crise do "subprime" estoirou nos mercados financeiros, as vozes que se insurgem contra os actuais sistemas de remuneração têm vindo a multiplicar-se e houve até quem sugerisse, no seio de uma reunião dos ministros das Finanças do G7, que a banca e os seus gestores deveriam ficar à margem dos modelos que indexam os salários à performance.

Esta semana foi Joseph E. Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, quem tomou a palavra para apontar o dedo à lógica do "pay for performance". O economista não parece ter dúvidas: o "inconsciente" sistema de "bónus generosos" pagos aos executivos da banca de investimento ajudou a exacerbar a crise do crédito a nível global. gamento de bónus e de generosas indemnizações aos gestores de topo.

CRIME! DISSE ELE.

O Ministério Público, por decisão de Pinto Monteiro, abriu processo com o objectivo de levar a tribunal de menores a aluna da fita do telemóvel, contrariando, deste modo, a posição do Ministério da Educação, ainda ontem reafirmada pelo secretário de Estado Walter Qualquer Coisa, que continua a minimizar o grau de delinquência nas escolas.
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A posição do PGR é tanto mais de louvar quanto é certo que se afirma contra a generalidade dos políticos e comentadores que se espantam com a ocorrência, põem as mãos na cabeça horrorizados, contam histórias do tempo em que também eles andavam na escola, bla,bla,bla,bla,bla,bla, e ninguém diz como é que o assunto se resolve. Lamenta a generalidade dos aflitos que aos professores tenha sido retirada pelo Ministério a autoridade (de chumbar os faltosos, os indisciplinados e os delinquentes) como se no tempo em que essa autoridade existia não existissem casos semelhantes. Mesmo admitindo que se essa autoridade fosse reposta o número de ocorrências diminuiria, ao PGR competia intervir atendendo ao contexto disicplinar actual, e esse está a proporcionar o que temos visto.
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É esperável que os meninos mal criados a partir de agora reprimam os seus instintos primitivos. É para isso que existe (deve existir) justiça num Estado de Direito. Ainda que o actual Bastonário da Ordem dos Advogados pense o contrário. Que, por norma, pensa o contrário do que pensa este PGR.

Tuesday, March 25, 2008

OS SAQUEADORES E O DILEMA DOS PAGADORES DAS FAVAS

Moral Hazard Redux
http://robertreich.blogspot.com/2008/03/moral-hazard-redux.html
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One day while sitting on a beach last summer I overheard a father tussle with his young son about whether the child was old enough to take out a small sailboat. The father finally relented. "Go ahead, but I’m not gonna save you," he said, picking up his newspaper. A while later, the sailboat tipped over and the child began yelling for help, but father didn’t budge. When the kid sounded desperate I put down my book, walked over to the man, and delicately told him his son was in trouble. "That’s okay," he said. "That boy’s gonna learn a lesson he’ll never forget." I walked down the beach to notify a lifeguard, who promptly went into action. Letting children bear the consequences of their risky behavior -- what some parents call "tough love" -- is equally applicable adults, and conservatives have made something of a fetish out of it. A few weeks ago, as George W. announced a paltry plan to help out a few of the millions of homeowners who got caught in the sub-prime loan mess, he reiterated the credo: "It’s not government’s job to bail out ... those who made the decision to buy a home they knew they could not afford." It’s true that people tend to be less cautious when they know they’ll be bailed out. Economists call this "moral hazard." (...)
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The Biggest Bailout in History: And Why American Taxpayers Should Get Some of the Upside
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So JP Morgan is raising its offer for Bear Stearns, hmm? Well, it still may be a good deal for old JP, because the worst that can happen is JP loses $1 billion. If losses turn out to be more than $1 billion, the Fed – that is, you and I and every other American taxpayer – will make it up to JP. Who knows what the assets are really worth? They may be worth 80 cents on the dollar, in which case Bear’s stocks are a huge value even at $10 a share (remember, their market price before the panic was around $70 a share). They may be worth 90 cents on the dollar – even better for JP. Or they may eventually (in the long run, when the crisis is over and housing values start trending upward again) be worth far more --- maybe, just maybe, even approaching $70 a share. JP doesn’t know. Bear doesn’t know. The Fed doesn’t know. Everyone is guessing. Bear shareholders are playing a giant game of “chicken.” They’re threatening to go into bankruptcy – that is, liquidate the firm and essentially sell off their assets in an auction – if they don’t get a better deal from JP than the $2 per share JP originally offered. But it's not just Bear's shareholders who should be asking for more. You and I as taxpayers ought to be asking for more, too (...)

ESPAÇOS (QUASE) VAZIOS


O Público de hoje informa que o Teatro Villaret reabre as portas sob a direcção do Teatro Nacional de Dona Maria II, depois de quase um ano de obras que custaram 140 mil euros, retirados do orçamento anual do TNDMII (de cerca de 5 milhões de euros). A partir de hoje, o Villaret passa a ser uma extensão do Teatro Nacional que, para além das duas salas do Rossio, já integrava também o Teatro da Politécnica, ao Príncipe Real.
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Há já alguns anos, a Câmara adquiriu o Cinema São Jorge. Há poucos, depois de muitos à espera, o Grupo do Teatro Aberto passou a dispor de duas magníficas salas num edifício moderníssimo. mas já pinchado. O São Luis e o Maria Matos são também teatros municipais ao dispor dos lisboetas.
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Pelo Público Online, por outro lado, ficamos a saber que o primeiro multiplex português encerrou as portas e a Câmara pondera classificar as salas do cinema Quarteto como espaço de interesse cultural
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Teatros, não faltam em Lisboa. Faltam espectadores.
Pormenor sem importância quando as importâncias são pagas pela Câmara.

SINTOMAS DE CRISE E DE INDECÊNCIA

Lucros da banca ainda sobem mas impostos voltam a descer
http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=313916

Os lucros do sector bancário em Portugal subiram no ano passado 9%, mas a taxa de incidência fiscal reduziu-se em cerca de seis pontos percentuais face a 2006. De acordo com a nota informativa sobre a actividade bancária em 2007 da Associação Portuguesa de Bancos (APB), numa análise aos indicadores de 33 instituições financeiras, representativas de 96,4% do activo líquido do sector, no total os impostos sobre os lucros pagos pelas instituições que compõem a amostra desceram 28,7% face a 2006.

(Deste modo), a taxa de incidência fiscal (que relaciona o valor dos impostos sobre os lucros, correntes e diferidos, com o resultado apurado antes de impostos) desceu para 13,6% em 2007.

Esta manhã, ouço na rádio que, segundo um estudo realizado pelo ISEG, cerca de 100 mil famílias portuguesas estarão em dificuldade para realizar o pagamento das prestações dos empréstimos contraídos para compra de casa. Mas que, apesar da crise, ou por causa dela, a procura de crédito continua a aumentar. Por outro lado, há cerca de 200 mil casas à venda, o equivalente às vendas de um ano.
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Ontem foi notícia uma directiva da DGCI no sentido de obter informações junto de recém-casados para procurar receitas dos empresários de eventos sociais que fogem ao fisco. A reacção do público e dos envolvidos não se fez esperar: A grande maioria quer que o Estado cobre os impostos devidos mas (há sempre um mas português quando os interesses em jogo são colectivos) não concorda em cooperar com o Estado na realização dessa tarefa: O Estado, dizem, que contrate meios para o fazer e não envolva os cidadãos. Mas ninguém disse como é que isso se pode fazer. A quebra do segredo bancário, vá lá saber-se por quê, é geralmente repudiado pelos portugueses, mesmo por aqueles que não têm nda a segredar.
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No Expresso Economia do último Sábado era manchete a fuga de 23,7 mil milhões de dólares (valores em 2006) para paraísos fiscais, por razões fiscais, negócios altamente ilícitos ou jogos conjugais. Cerca de um terço daquela fuga é de particulares, repartindo as seguradoras e os bancos entre si os outros dois terços. O Estado tinha aplicados 235 milhões de dólares mas não explica por quê.
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O cidadão comum que ouve ou lê estas notícias, se não anda a dormir, contorce-se.

Monday, March 24, 2008

A VIDA DAS MARIONETAS

Business managers, unlike economists, have allways been alert to the importance of irrationality. Marketing experts make their livings exploiting it...Financial analysts, too, tend to be shrewd students of irrationality and herd mentality. As prices soared beyond all reason, some analysts clearly didn´t enjoy the task of constructing rationales for continued stock purchases; but the market told them to set their qualms aside. The market, and the investment banks where they worked, egged them on. The banks gave clear signals - real monetry rewards- to chose who treated investors as easy prey for stocks whith little or no intrinsic merit. Your responsability, the analysts were told, is to your company and yourselves. Let investors fend for themselves. (And to remove any lingering doubts, they could once again refer to Adam Smith - you advance the common good by making money yourself!)"
Joseph Stiglitz ( The Roaring Nineties)
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Quando as coisas dão para o torto, é habitual procurarem-se razões e responsáveis. A crise por que passam os mercados financeiros a nível mundial e as perspectivas negras que se anunciam terão raízes mais profundas e dispersas que as tão badaladas subprime; quanto aos responsáveis, a culpa morrerá certamente solteira depois de lhes ter abarrotado os bolsos.
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No fim, quando a crise se dissipar e a memória se esquecer dela, não haverá culpados, só vítimas.
Dispostas a serem sugadas na próxima oportunidade até à próxima crise.
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Da actual crise, o que se sabe é que os bancos se ludibriaram entre si, mas o ludíbrio quem o vai pagar são os incautos que confiaram neles.

Sunday, March 23, 2008

SEM REMORSO

Ouço a notícia de que Bush disse não se mostrar arrependido de ter decidido invadir o Iraque, e que, mesmo que soubesse o que sabe hoje, voltaria a fazer o mesmo.
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Nunca tive dúvidas, e muitas vezes o referi já aqui no Aliás, praticamente desde que iniciei estes meus exercícios mentais, que o motivo decisivo que provocou a invasão foi o de consolidar a presença norte-americana na área do globo de que depende a sua economia e, portanto, a sua segurança. E nunca tive dúvidas, desde o momento em que Bush decidiu a invasão antes do relatório que os inspectores insternacionais de ADM haviam anunciado e que, tudo levava a crer, iria confirmar a não existência dessas armas. A saída de mais esse relatório teria obrigado Bush a desmobilizar da ideia que fermentava antes dele próprio ter sido eleito.
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Continuo a ouvir as notícias: é cada vez mais generalizada a convicção de políticos e jornalistas de vários quadrantes de que o Iraque, que detém no seu subsolo as maiores e melhores jazidas de crude, é o motivo maior da presença norte-americana no Iraque, que ao mesmo tempo reforçou a sua tutela sobre os campos dos países vizinhos e se acercou das fronteiras do Irão.
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Dito isto, a pergunta que ocorre só pode ser ingénua: Mas como aderiu a maior nação do mundo maioritariamente à tese da perseguição do terrorismo e da instauração da democracia em espaço tão avesso? Por que aderiram Blair e Aznar, entre outros? Como é que a aceitou sem reservas Durão Barroso para depois se refugiar num documento, que só ele parece ter lido, José Manuel Barroso?
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Os norte-americanos tinham sofrido o primeiro ataque estrangeiro no seu próprio território em toda a sua história, em instalações que eram ícones da América: nomeadamente as Torres Gêmeas em Nova Iorque e o Pentágono em Washington. Feridos no seu orgulho de gigante qualquer desculpa para perseguir o inimigo que os ultrajara era boa. Passada a fase da cicatrização a maioria reconhece hoje, ainda que de forma velada, que os seus intereses não podem ser postos em causa naquela área do globo e para os garantir é preciso lá estar.
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Quanto a Blair & Cª., é difícil aceitar que tenham sido enganados ou que desconheciam as reais motivações da administração Bush. Convencidos das reais intenções de Bush, mas proibidos pela opinião pública (interna e internacional), e do interesse estratégico da presença norte-americana naquela área do globo para todo o mundo ocidental, assumiram tacticamente o papel de tolos.

PÁSCOA


Pergunto pelos putos, fico a saber que andam à procura dos ovos escondidos pelo Easter Bunny, um coelho!
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Há uns largos anos já, os ovos da Páscoa enfeitavam o folar, o bolo doce com tranças que os padrinhos ofereciam aos afilhados. Mudam-se os tempos, e, penso eu, pelos vistos os láparos viraram ovíparos. Quem me livra desta confusão galinheira é a Wikipédia:
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"Eggs, like rabbits and hares, are fertility symbols of extreme antiquity. Since birds lay eggs and rabbits and hares give birth to large litters in the early spring, these became symbols of the rising fertility of the earth at the Vernal Equinox..."
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Para quem nunca viu nascer um um pinto nem um coelho, o Easter Bunny facilitará a explicação da maternidade às crianças mas deixará muitas na dúvida se ele tem pelo ou se tem penas.
E a Páscoa? Quantos saberão de onde vem e o que significa? Férias, dirá sem hesitações a maioria.
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Quanto ao Easter Bunny, está a chegar a Portugal. Depois de São Nicolau, São Valentim, do Halloween, chegou a vez do Easter Bunny fazer as malas e mandar um sósia. Santo António, São João e São Pedro, os santos casa, já fizeram os milagres que tinham de fazer. Sem promoção que os lance nos mercados mundiais, mais ano menos ano, ninguém se lembrará deles cá em casa.

Saturday, March 22, 2008

UMA IDEIA COMPLICADA



Quando a situação chega a um ponto em que salta a ideia de que a solução passa por todos pagarem os erros de alguns (que enriqueceram escandalosamente à custa dos erros que cometeram) não se pode augurar nada de bom.


Central banks float rescue ideas
By Chris Giles and Krishna Guha in London



Central banks on both sides of the Atlantic are actively engaged in discussions about the feasibility of mass purchases of mortgage-backed securities as a possible solution to the credit crisis.
Such a move would involve the use of public funds
to shore up the market in a key financial instrument and restore confidence by ending the current vicious circle of forced sales, falling prices and weakening balance sheets.
The conversations, part of a broader exchange as to possible future steps in battling financial turmoil, are at an early stage. However, the fact that such a move is being discussed at all indicates the depth of concern that exists over the health of the banking system.
It shows how far the policy debate has shifted in recent weeks as the crisis has spread to prime mortgage assets in the US and engulfed Bear Stearns, the investment bank.
The Bank of England appears most enthusiastic to explore the idea. The Federal Reserve is open in principle to the possibility that intervention in the MBS market might be justified in certain scenarios, but only as a last resort. The European Central Bank appears least enthusiastic.
Any move to buy mortgage-backed securities would require government involvement because taxpayers would be assuming credit risk. There is no indication as yet that the US administration would favour such moves. In the eurozone it would require agreement from 15 separate governments.
One argument among policymakers and bankers has been that new international rules have exacerbated the credit squeeze by requiring assets to be valued at their current record lows rather than at face value.
But a strongly held view at one European central bank is that it is not “mark-to-market” accounting that is to blame for severe weaknesses in banks’ balance sheets but that prices of MBS securities have fallen to levels that imply unrealistically high rates of default.
If public authorities were to buy and hold sufficient mortgage-backed securities – rather than simply lend against them as they have until now – at prices well below face value but above current prices, they would set a floor in the MBS market.
The Fed does not believe that the point has yet been reached when such drastic action is necessary and considers the discussions it has had with its counterparts to represent “blue-sky thinking” rather than the formulation of a definitive policy proposal.
Fed officials are monitoring the impact of the latest barrage of Fed liquidity moves and interest rate cuts. They also believe the US has not exhausted all the options short of wholesale public intervention and further intermediate steps are available to them.
These could include still more aggressive use of the Fed’s own balance sheet to boost liquidity in the markets.
Analysts say the US government also has plenty of scope to boost support for the markets indirectly through the Federal Housing Administration or Fannie Mae and Freddie Mac.
The UK lacks these institutions, which could be one reason why the Bank of England is keenest to explore outright intervention. The UK government has already become heavily involved in buying mortgages since September with the recent nationalisation of Northern Rock, the mortgage lender.
Michael Coogan, the director-general of the UK’s Council of Mortgage Lenders, said this week: “Demand for mortgages remains strong but cannot be fully met from existing funding sources.” He predicted higher prices and reduced lending.
It is not just central banks that think the MBS market prices are too low and imply a unrealistic level of mortgage default. Some US states’ pension funds are investing small sums in the mortgage market.
Robert Gentzel, a spokesman for the Pennsylvania State Employees’ Retirement System, told the AP news agency: “Some of the securities that have dropped in value were really very solid securities.”

É MELHOR MUDAR DE ÓCULOS?


O Economist da semana anterior, publicava o artigo Grossly distorted pictured onde o autor convida a usar lentes diferentes para ler o crescimento económico, não através do crescimento total mas do crescimento per capita.
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Não é por mudarmos de óculos que a realidade se altera. Quanto muito, passamos a ver o que não víamos, mas também pode suceder o contrário se as lentes não forem multifocais. No caso em questão, a mudança de lentes não nos leva a ver o que era já visível a olho nu:
A questão de um crescimento demográfico superior ao crescimento económico é tema debatido há muitos anos, pelo menos desde Malthus. Neste artigo, a questão é colocada do lado contrário: Se o crescimento percentual demográfico é inferior ao crescimento percentual económico do país o crescimento percentual per capita é superior ao crescimento percentual económico total. Trata-se de uma evidência aritmética que tem muitas nuances, algumas descritas pelo autor: melhora a perspectiva dos europeus, dos japoneses e dos chineses, piora a dos Estados Unidos, do Brasil e da Índia, por exemplo.
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Esquece-se, contudo, de abordar os países de baixo crescimento económico (africanos, sobretudo) e de forte crescimento demográfico, não raras vezes contido pelas piores razões: a fome e a doença.
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Esquece-se ainda de referir o efeito que o declínio demográfico europeu terá, se não for contrariado, sobre o potencial de crescimento na Europa. A realidade social é multifacetada e qualquer abordagem limitada a uma perspectiva distorce a validade das conclusões retiradas.
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Ocorre-me, a propósito de leituras de conceitos em termos relativos e absolutos, a discussão peregrina que opôs o governo à oposição durante a discussão do OGE a propósito do crescimento da dívida pública que cresce em termos absolutos, (o que é uma lástima, segundo a oposição) e decresce relativamente ao PIB (o que é um sucesso, segundo o governo).
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Sendo o crescimento demográfico em Portugal inferior ao crescimento económico, ainda um dia destes teremos nova discussão para nos entreter: acerca do nosso fulgurante crescimento per capita. Sem que ninguém fique menos pobre nem menos rico por isso.

Friday, March 21, 2008

AS FÍFIAS DO MAESTRO


Greenspan Stands His Ground
Ex-Chairman Says Fed Policies Didn't Cause Current Woes

http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/story/2008/03/20/ST2008032003800.html?hpid=topnews

Alan Greenspan says global forces, not the Fed, were to blame for fueling the housing bubble. He also said that a market crisis was inevitable.

Greenspan said in his book released last year, ''The Age of Turbulence,'' that the subprime boom would boost home ownership and was "worth the risk."
By Steven MufsonWashington Post Staff Writer Friday, March 21,
Perhaps the Maestro composed some discordant notes after all.
The record of longtime
Federal Reserve chairman Alan Greenspan -- worshipped by business leaders and dubbed "Maestro" in a 2000 biography by The Post's Bob Woodward -- is getting a critical look as his successor Ben S. Bernanke wrestles with problems that began on the Maestro's watch.

Many economists blame Greenspan for lax bank supervision and for keeping interest rates too low, too long from mid-2003 to mid-2004. That, the theory goes, fueled the housing bubble and spawned subprime and adjustable-rate mortgages for low-income people, vast numbers of whom can't make their payments now. Banks bought those mortgages in bundles that are worth far less than they originally were. That has led to big write-offs, shaking the entire financial system.

In an interview yesterday, Greenspan said the Fed wasn't to blame. He said that global forces beyond the control of the Federal Reserve had kept long-term interest rates low, fueling the housing bubble earlier this decade. "Those who argue that you can incrementally increase interest rates to defuse bubbles ought to try it some time," he said. "I don't know of a single example of when interest rate policy has been successful in suppressing gains in asset prices."
Regarding the current turmoil, Greenspan said that a market crisis was inevitable. "If it weren't the subprime crisis it would have been something else," he said. That is because an era was ending that had seen "disinflationary forces" from developing countries such as
China and a "protracted period" in which there was an "underpricing of risk."

Not all economists are ready to let the former Fed chairman off so easily.
Lee Hoskins, former president of the Cleveland Fed and Fed chairman from 1987 to 1991, says that to find "partial causes" of the credit turmoil, "you have to go back to the Fed's decision to push the federal funds rate down to 1 percent and leave it there for over a year." Hoskins says the Fed "made money very cheap, and we began to see the whole leveraging process we see today. The Fed has to take responsibility for some of that excessive growth."

Greenspan says that the Fed was worried about "corrosive deflation" at the time and that he saw that as a greater threat to the U.S. economy than a housing bubble. "There was a real serious concern about deflation," he said yesterday. "If you look at the notes of the Open Market Committee, the pressures were to go lower than 1 percent. There were no dissents." Bernanke, a member of the Fed board at the time, was also concerned about deflation.

Greenspan also argues that while the Fed has a lot of power over short-term rates, it has less influence over long-term rates, which he asserted were more important to housing prices. Even after the Fed starting raising short-term rates, long-term rates did not rise. He said that at the time "it became apparent that we lost control" of long-term interest rates "as did the
Bank of England and all the central banks. As a consequence, we had very little ability to put a brake on the rise in home prices."

But other economists say that the very low short-term rates made adjustable-rate subprime mortgages, those with the worst default rates, more attractive than they otherwise would have been. Hoskins also argues that low short-term rates fed excesses at investment banks, which relied heavily on overnight financing while lending long term. "I don't know what Bear Stearns was banking on. I guess that nothing bad would happen -- ever," Hoskins says.
Others reviewing the Greenspan era at the Fed say there is a difference between the way Greenspan reacted during sharp sell-offs of stocks and the way he reacted to the technology and housing bubbles.
Kenneth Rogoff, a
Harvard economics professor and former chief economist at the International Monetary Fund, says that "the important point . . . is the philosophy of monetary policy that says 'you don't pay attention to asset prices when they are rising, only when they are falling.' " In reality, Rogoff adds, "if you cut interest rates when asset prices are in free fall, then when asset prices are rising while indebtedness is rising all over country, you need to raise rates. He actively chose not to do that."
Other economists fault Greenspan for his failure to closely regulate big banks. Alan Blinder, a Princeton University economics professor who was vice chairman of the Fed under Greenspan in the mid-1990s, says that the delay in raising rates in 2003-04 was a "minor blemish" on Greenspan's "stellar" record managing monetary policy. But Blinder says that he would give the former chairman "poor marks" for bank supervision, another key role of the Fed.

Blinder said that Greenspan "brushed off" warnings -- most notably from fellow Fed governor Ned Gramlich -- about mortgage abuses and dangers.
"Lending standards were being horribly relaxed, and the Fed should have done something about that, not to mention about deceptive and in some cases fraudulent practices," Blinder said. "This was a corner of the credit markets that was allowed to go crazy. It was populated by a lot of people with minimal financial literacy who were being sold bills of goods by mortgage salesmen."

Gramlich, who died last fall, proposed that the Fed send examiners into the consumer lending offices of Fed-regulated bank holding companies, which he said originated about 30 percent of subprime loans. In a speech last Aug. 31, Gramlich said "this whole subprime experience has demonstrated that taking rates down could have some real costs, in terms of encouraging excessive subprime borrowing." Moreover, he added, there was "a giant hole in the supervisory safety net. . . . It is like a city with a murder law but no cops on the beat."

Greenspan said that most of the subprime mortgages were originated by firms regulated by other agencies, but he adds, "In retrospect it was clearly a mistake" not to examine bank lending more closely. He said it was "very late in the game [that] we realized the size of the problem." He said that Gramlich had written him a note shortly before he died saying that if he had been more convinced, he would have pressed harder for action after Greenspan expressed doubts.

Greenspan has also been widely criticized for comments he made on Feb. 23, 2004, in which he encouraged homeowners to take out adjustable-rate mortgages, or ARMs. In a speech to the Credit Union National Association, Greenspan said that a Fed study showed that many homeowners would have saved tens of thousands of dollars over the previous decade if they had taken ARMs.
In fact,some people if homeowners had converted from ARMs to 30-year fixed-rate mortgages at that time, they might have avoided the repayment problems are now experiencing.

Greenspan said yesterday that he tried to correct those comments on March 2, 2004, less than a month later, in a
New York speech praising 30-year fixed mortgages. "If I am guilty of encouraging people to take out adjustable-rate mortgages, I am guilty for 30 days," he said.
In his memoir, "The Age of Turbulence," published last year, Greenspan made scant mention of the time bombs that were planted when he was still chairman.
"I was aware that the loosening of mortgage credit terms for subprime borrowers increased financial risk, and that subsidized home ownership initiatives distort market outcomes," Greenspan wrote.
But the former Fed chairman said that the subprime boom would boost home ownership and was "worth the risk." Greenspan said that "protection of property rights, so critical to a market economy, requires a critical mass of owners to sustain political support."
Although home ownership rose from about 64 percent to 69 percent from the early 1990s through the middle of this decade, many analysts say that they doubt that had much effect on U.S. popular support for a market economy.
Regarding the mounting levels of debt, encouraged in part by the low cost of borrowing, Greenspan said that he was "reluctant to underestimate the ability of most households and companies to manage their financial affairs."
Greenspan compared bankers immediately after the Civil War, who he said sought to back two-fifths of their assets with equity, to today's bankers, who "are comfortable with a tenth." Yet, he said, bankruptcy is less prevalent today than it was 140 years ago.
"Rising leverage appears to be the result of massive improvements in technology and infrastructure, not significantly more risk-inclined humans," he wrote. Quoting two 1956 articles in
Fortune magazine
, alarmed by rising consumer short-term debt and mortgages, Greenspan noted that the magazine's grim forecasts did not come true. Economists worried that the ratio of household debt to household income was so high that it threatened families with delinquency and default, but, Greenspan said, assets and household net worth were rising faster than they knew.
"I do not recall a decade free of surges in angst about the mounting debt of households and businesses," he wrote. "Such fears ignore a fundamental fact of modern life: in a market economy, rising debt goes hand in hand with progress."
Blinder says: "It was not that Americans have too much credit card debt, which they do, or . . . that corporations are overleveraged, which they're probably not. It's not even that the typical American householder has a mortgage that's too big. But in that corner of the [mortgage] market, which turned out to be not such a small corner, a lot of bad practices were going on."

CHAMEM A POLÍCIA





«É um caso entre tantos outros. Não é a primeira, nem a última vez», comenta Abel Macedo, do Sindicato dos Professores do Norte. O vídeo de violência de uma aluna contra a professora de francês, numa sala de aula da Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, terá sido filmado por uma das adolescentes do 9ºC e colocado no Youtube a 13 de Março, passando depois a fazer um trajecto próprio de e-mail para e-mail. » [Portugal Diário]

Comentário J.,:

Cá por mim que isto se resolveria com uma estalada e um "vai-te para o olho da rua".
Pergunte-se à escola qual a sanção disciplinar que aplicou à menina.


Discordo totalmente que as situações de indisciplina nas escolas se resolvam à estalada. Aliás, o grande erro desta professora foi, precisamente, ter-se envolvido numa disputa recorrendo a um confronto físico. Ela devia ter intimado a aluna a entregar-lhe o telefone e, em caso de recusa, dar-lhe ordem de saída da sala. Se a desobediência persistisse deveria recorrer ao auxílio do pessoal auxiliar da escola. Se este não existe ou não estivesse disponível deveria: ou recorrer à polícia ou abandonar ela própria a aula e dirigir-se imediatamente à direcção da escola solicitando ajuda.
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De qualquer modo é espantoso que não haja definido um sistema de actuação para casos de insubordinação nas escolas.

Thursday, March 20, 2008

TROCOS E AMÊNDOAS

Não sei se o que de mais importante se passou ontem na AR foi transmitido pelas televisões porque o que nos entrou pela casa dentro via televisiva foi pouco interessante ainda que, lamentavelmente, talvez seja exemplar dos usos e costumes da casa da democracia portuguesa: o governo apresentou duas medidas na área da saúde (termo da gestão privada do Amadora-Sintra e redução de 50% nas taxas moderadoras para beneficiários da Segurança Social com mais de 65 anos). Como 80% dos beneficiários com mais de 65 anos já estão isentos, a bondade governamental tem um impacto social muito reduzido, aliás expresso nos custos calculados pelo governo: 5 milhões de euros. O líder da bancada do PSD aproveitou a oportunidade para desancar de forma pelo menos tão excessiva quanto o excesso que o governo quis dar a uma medida de reduzidíssimo impacto.
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Outro momento de guerrilha política sem elevação ocorreu quando o líder do PP entendeu confrontar o primeiro-ministro com uma acção da ASAE que proibiu a produção doméstica para comercialização de amêndoas em Portalegre, que ocupava duas pessoas, naquele tom magistral e de peito cheio habitual em PP.
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Miguel Frasquilho, deputado pelo PSD entendeu que a projecção mediática dada à questão da redução das taxas merecia ser estendida à blogosfera e aborda-a no Quarta República :
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"Ora, o leitor sabe a que percentagem da despesa no Serviço Nacional de Saúde, na despesa pública e no PIB corresponde 5 milhões de euros? Não? Pois aqui vai: corresponde a 0.07%, a 0.006% e a 0.003%!!! Ui, mas que grande impacto que esta medida terá no défice, não é?!... E claro, só porque o défice foi reduzido para menos de 3% do PIB é que o anúncio pôde ser feito!...Ouve-se, lê-se, e nem se acredita.E por isso, para evitar comentários adicionais e não utilizar termos mais fortes (mas talvez mais adequados…) na caracterização desta encenação, convido o leitor do Quarta República a fazê-lo…"
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Ainda que o desafio de Miguel Frasquilho aos seus leitores seja de mérito ético discutível, comentei:
(...) o excesso do governo colocado na promoção de uma medida com impacto social reduzido é equivalente ao excesso com que o líder da bancada do PSD contestou a medida. Equivalente ainda à cena das amêndoas do presidente do PP. Porque ninguém saiu das guerras do alecrim e propôs a discussão de causas mais ambiciosas.Não, caro deputado Miguel Frasquilho, não se engane. Não é por este andar que os portugueses poderão ver no PSD uma alternativa de governo. Enquanto se entretiver ou nos quiser entreter com discussões de trocos.

QUEM PAGA AS FAVAS

Wednesday, March 19, 2008

ONDE É QUE ESTÁ A CRISE?

Ouvem-se as notícias da debandada pascal de milhares de portugueses para terras brasileiras, Caraíbas, para a neve, para o Algarve, das agências encantadas com uma procura que ultrapassa a dos anos anteriores. São as férias da Páscoa que deixaram, para muitos, de ver nelas qualquer significado religioso e de comunhão familiar nas raízes. É o calor das praias tropicais ou a neve dos alpes que os atrai e os mobiliza para destinos distantes.
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É a altura em que os portugueses, os outros, que por uma razão ou outra não saem de casa, se interrogam como é possível que num país, onde as manifestações de desagrado e de protesto são quase diárias, há tanta gente, certamente em grande parte a mesma, que logo que uma ponte ou umas férias escolares lhes dão folga, abalam para o bródio sem quaisquer indícios de crise na bagagem.
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Talvez esta euforia turistíca seja reflexo de uma interiorização de receio de que o futuro se pode esgotar, de que provavelmente o amanhã não existe e tudo tem de ser consumido hoje. E, certamente, reflexo das crescentes desigualdades sociais que empurram milhões de portugueses para o abandono mudo. Mudo de espanto por verem os outros debandarem excitados com as férias e revoltados com a crise. Paga por eles, os que não podem sair nunca do mesmo sítio.

KIKA, GESTORA DE ACTIVOS FINANCEIROS

KIKA, gestora de produtos financeiros

Balanço dos investimentos da KIKA

O INCONTENENTE

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Transcrevo o móbil do crime, que não é propriamente o que se possa chamar um bom naco de crítica (Daniel Oliveira costuma escrever muito melhor), por uma razão simples: não há, porventura, de entre os políticos portugueses, quem mais tenha disparado insultos para todos os quadrantes do que AJJ; não há quem mais tenha insultado os jornalistas portugueses; não há quem mais tenha insultado os portugueses residentes no Continente, que pacientemente há largos anos lhe vão pagando uma parte das contas. Sem pagar indemnizações por difamações constantes seja a quem for.
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Até quando, oh rei da Madeira, abusarás tu da nossa paciência?
O palhaço rico

OUVI Alberto João Jardim dizer que os jornalistas são uns «piiiiiiii». Mesmo com o efeito sonoro, deu para apanhar o espírito da coisa. Não conheço as mães de todos os jornalistas, por isso não me envolvo na contenda. E disse também que são «bastardos», um termo caído em desuso no Continente. Bastardos e filhos de uma profissional do sexo não é, esclareça-se, exactamente a mesma coisa. O filho da dita pode ser legítimo, desde que haja um eficaz planeamento familiar, da mesma forma que o filho de uma senhora com actividade em qualquer outro ramo profissional pode ser, como diz o nosso bom Alberto, um bastardo. Mas adiante.
Alberto João Jardim é um palhaço. Envergonha, de cada vez que abre a boca, a nossa democracia. Não é politicamente incorrecto. É apenas um palhaço que manda numa ilha com mais de duzentas mil pessoas. Recentemente, deu-se mesmo ao luxo de retirar a imunidade parlamentar, da qual nunca abdicou, a um deputado da oposição que o atacara. É um palhaço perigoso.
Não julguem que uma boa parte dos madeirenses não acha isto mesmo do seu presidente. Só que Alberto João é um palhaço que traz, todos os anos, uma mala cheia de dinheiro vinda do Continente. O seu orçamento não tem fundo. Na Madeira não falta nada. Nem estradas, nem equipamentos, nem emprego. O Estado está em todo o lado. Para dar dinheiro, para controlar a oposição. Para acabar com o circo, não era preciso muito. Bastava obrigar Alberto João a viver com o que tem. Iam ver como os madeirenses deixavam de achar graça à palhaçada.Publicado por
Daniel Oliveira 10 de Junho de 2005 em Expresso

ACÇÕES ORDINÁRIAS

O presidente do Millennium em exercício na altura em que eram discutidos os privilégios atribuidos a alguns accionistas de referência do Banco (a propósito, por onde andarão as investigações do Banco de Portugal e da CMVM acerca deste e de outros temas que saltaram para a rua na altura?) disse, com inteira razão, que os accionistas não eram todos iguais.
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O que sendo uma verdade digna do senhor de La Palisse escapa facilmente aos observadores menos atentos. Há, com efeito, os pequeníssimos, os pequenos, os médios, os grandes e os grandessíssimos accionistas, e é preciso andar muito distraído para não se perceber que os direitos de cada uma destas camadas societárias não são proporcionais aos seus pesos relativos no capital das sociedades. Consoante a dispersão do capital de cada empresa cotada, podem, por exemplo, os pequeníssimos e pequenos accionistas deter (directamente, ou indirectamente através de fundos de investimento) uma participação conjunta que excede a dos três ou quatro maiores accionistas, aqueles que governam a empresa, sem possibilidade de qualquer intervenção prática por parte daqueles na gestão ou no controlo da empresa em questão.
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É, portanto, um logro configurarem-se legalmente direitos que não têm correspondencia efectiva nas assembleias gerais onde se decidem, em primeira instância, os destinos das empresas cotadas. E é um risco que não devia ser tolerado permitirem-se que fundos financeiros constituidos com propósitos securitários (fundos de pensões e seguros de capitalização, por exemplo) contenham nos seus portefólios títulos sujeitos a variações que os seus subscritores não
têm a mais remota hipótese de controlar e escapar.
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A solução para esta iniquidade poderia residir, pelo menos em parte, na proibição de os fundos configurados como de baixo risco integrarem nas suas carteiras acções ordinárias das sociedades, o que certamente desafiaria estas a emitir acções privilegiadas, sem direito a voto e rendimentos mais elevados e mais estabilizados. E, consequentemente, reduzir-se-ia bastante a volatilidade do mercado, a ganância dos banqueiros e a voracidade dos especuladores.

Tuesday, March 18, 2008

NO OLHO DO FURACÃO


O furacão financeiro que desvasta as bolsas por todo o mundo deu hoje sinais de alguma dissipação mas ninguém sabe se vai recrudescer de violência e até quando. Ao leme da maior economia mundial e, por enquanto, da economia global está Ben S. Bernanke, um economista com um currículo que não deixa dúvidas a ninguém acerca dos seus méritos e capacidades. E, no entanto, o chairman da Fed deve sentir melhor que ninguém os abalos das vagas que se lhe atiram contra o barco, e mais do que ninguém deve sentir a impotência para dominar com firmeza o monstro.
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Não tem ao seu dispor muitos instrumentos que possa utilizar. Basicamente tem a taxa de juro e, supostamente, alguma capacidade de influenciar alguns operadores, e esperar que a tempestade amaine. É esta a impressão que retira quem lê "The Age of Turbulence" do seu antecessor no cargo. Allan Greenspan, ainda ontem no Financial Times, em artigo que atrás transcrevi, desvalorizava a capacidade de a econometria dar contributos decisivos para a medição do risco e, por medi-lo, reduzi-lo ao ponto de não se gerarem novos furacões. A finalizar o seu artigo, Greenspan renovava a sua aposta de sempre na flexibilidade dos mercados e na livre concorrência.
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Acerca das perversões provocadas pela perseguição incontrolada de vantagens pelos operadores financeiros em proveito próprio, e que acabam por descontrolar completamente o sistema financeiro mundial, nada disse desta vez. Mas ele sabe, toda agente sabe, que é a opacidade do sistema que permite a emergência de ocasiões que fazem os autores de furacões.
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Fed cuts rates by 75 basis points
By Krishna Guha in London and Michael Mackenzie in New York

http://www.ft.com/cms/s/0/68dcb0be-f513-11dc-a21b-000077b07658.html

The US Federal Reserve cut interest rates by 75 basis points to 2.25 per cent on Tuesday, a smaller reduction than many in the markets had expected - and a sign that the central bank believes monetary policy alone will not solve the credit crisis.
In a statement, the Fed said the “outlook for economic growth has weakened further” and “downside risks remain” – leaving the door open to further rate cuts at subsequent policy meetings.
But the Fed also made it clear that policymakers did not cut rates by 100 basis points as many investors expected because of ongoing concerns about inflation.
“Inflation has been elevated and some indicators of inflation expectations have risen,” the Fed said. It said policymakers expect inflation to moderate, but believe “uncertainty about the inflation outlook has increased.”
After a day of sharp gains, markets showed their disappointment that the cut was not bigger, giving up some of their advances on the day.
The Fed decision reflects policymakers’ determination to signal that they are not ignoring inflation. Officials worried that if they cut rates too far, the bond market could rebel, pushing up long term interest rates and with them mortgage rates.
In recent days the US central bank has taken aggressive measures to boost the supply of liquidity to markets, including a new emergency finance facility for investment banks.
Earlier, stocks and credit markets rallied sharply as investors were buoyed by better-than-expected results from Lehman Brothers and Goldman Sachs and anticipated a big Fed rate cut.
First quarter earnings at the two Wall Street firms fell less than analysts had expected, easing concerns about the state of the investment banking sector.
By late afternoon, the S&P 500 was up 2 per cent at 1,300.36. European markets closed strongly ahead, with the FTSE 100 up 3.5 per cent. Shares of Lehman Brothers were up 32 per cent at $42.12.
Even Bear Stearns shares jumped, to nearly $7 in afternoon trading, as investors bet that shareholders might be able to get a better deal than the $2 a share price agreed by JP Morgan Chase for a rescue takeover.
Treasury bond yields were much higher, as recent safe haven buying was reversed. The yield on the two-year note was 16 basis points higher at 1.50 per cent, while the yield on the 10-year note was 11bp higher at 3.42 per cent.
There was much better buying of mortgage and corporate bonds priced over Treasury yields. Interest rate and credit derivatives also rallied as stocks and financials were up sharply.
Ken Hackel, managing director of fixed income strategy at RBS Greenwich Capital said market conditions were improving and that the firmer tone stocks was a boost for fixed income markets. ”There is relief that a Wall Street firm didn’t go down.”
However, he cautioned: ”There is no doubt, liquidity will remain at a premium for some time.”
The improved tone in spreads was also attributed to market rumour that a 30 per cent capital surcharge on Fannie Mae and Freddie Mac, the two government-sponsored enterprises, could be lifted. This would enable Fannie and Freddie to buy more mortgage assets with their existing capital.
The dollar was mixed, weaker against the euro and sterling, but was up 1 per cent against the yen to Y98.20.
However, there was little good news on the underlying economy. While new home starts came in higher than expected, building permits plunged 7.8 per cent in February, suggesting further weakness to come.
US Treasury Secretary Hank Paulson admitted “the economy has turned down sharply” – though he avoided the word recession..”