Tuesday, December 09, 2008

PLUMAS AVENÇADAS

"Infelizmente Barak Obama parece não perceber o problema, quando ameaça ir atrás de Bin Laden nas cavernas do Afeganistão. (...) O Ocidente vigia e pune. Não muda de estratégia. Não aprende. Algures, os terroristas vão experimentando e medindo a nossa resposta. E conseguem sempre surpreender-nos. A guerra continua." (Pluma Caprichosa - Expresso 06/12)
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Somos um país de treinadores de bancada e de estrategas de café.
Ouço-os e pasmo perante tanto à vontade e discernimento, e pergunto-me por onde andam os deuses distraídos que não nos abençoam com a eleição destas criaturas para os postos de comando onde se resolvem os problemas dos (seus) clubes, em particular, e do mundo, em geral. .
Ainda Obama não tomou posse e já se lêm coisas destas: "Infelizmente Barak Obama não percebe o problema..." . Um tapado, este Obama, é o que ele é. Fosse ele mais arguto e teria percebido há muito tempo que não é com vinagre que se apanham moscas nem com bombardeamentos às cavernas que se acaba com o Bin Laden e o terrorismo que leva a sua marca registada. Como é, então?
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A estratega não explicita detalhes da boa estratégia mas deixa indícios: "O Ocidente vigia e pune. Não aprende. Não muda de estratégia." A contrario sensu, pode deduzir-se que o Ocidente não deve punir, vigiar talvez. E, sendo caso disso, dizer como o funileiro para o parceiro:
Oh alcaidas, tenham lá cuidado, reparem que já nos mataram mais trezentos e feriram mais quinhentos!
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São uns pontos estes estrategas. É uma pena que não passem do café da esquina.

4 comments:

aix said...

Rui, o artigo da CFA, além de ser muito informativo e de narrar, mas também condenar, os actos violentos, defende uma tese bem apoiada por uma corrente de peso (em Portugal Mário Soares, por exº) com bons representantes mesmo na própria América, que é a via da negociação. Não é defendendo a tese da guerra das civilizações que se defende qualquer civilização. Receio bem que, ao propor a escalada da guerra na zona (não penso que tenha qualquer resultado prático aniquilar o Osama) Barack esteja a seguir um caminho perigoso, do qual não sairá certamente em glória. Em tempo: não me enganei quando fui para a rua quando da última invasão do Iraque; oxalá que nesta me engane.

Rui Fonseca said...

Meu Caro Francisco,

A tese do diálogo defendida por M Soares & Cª. seria muito boa (a melhor, aliás) se funcionasse.

Tem apenas um intransponível óbice: o terrorismo não dialoga. É uma pena que assim seja mas é mesmo assim. Aliás, se dialogasse, perderia a sua condição primeira: a de semear terror.

Temos um exemplo de terrorismo aqui bem perto, a ETA, que demonstra bem que não há solução à vista quando o terrorismo se alimenta dos seus actos de terror.

No caso da Al Kaeda, e do terrorismo islâmico em geral, o que há de facto é um ódio incontível ao Ocidente, e nenhum diálogo é possível.

Haveria uma solução para reduzir esse ódio? Talvez.

Talvez duas soluções: a primeira, envolvendo a destruição completa do estado israelita; a segunda, a descoberta de uma alternativa para os recursos petrolíferos produzidos no Médio Oriente.

Penso que nem uma nem outra acontecerá tão cedo, mas talvez a longo prazo aconteçam as duas. Até lá, oxalá me engane, o terrorismo não quererá dialogar.

A Chata said...

"Haveria uma solução para reduzir esse ódio? Talvez."

Melhorar um nadinha as condições de vida dessas populações para que as crianças (do sexo masculino) não tivessem como única escola disponível aquelas em que se aprende a ler no Corão.
Equilibrar a distribuição de rendimentos para que não houvesse tanta gente a morrer à fome.

Está preocupado com o Afganistão e a Al Quaeda?

Então comece a olhar para a Europa e para o que se está a passar na Grécia.

O Obama vai ter que se preocupar com os "terroristas" que vão emergir na população do seu proprio país porque não há terrorista mais violento do que um ser humano com fome, sem ter que dar de comer aos filhos a viver em tendas e os números de populaçao a viver nessas condições continua a crescer.

Não vai haver Osama, nem odio tribal para desviar atenções que lhe valha!

Rui Fonseca said...

Cara Amiga A.,

(desculpe mas hoje estou sem acentos; acontece-me de vez em quando)

Concordo inteiramente consigo de que e no caldo da escandalosa desigualdade de rendimentos que o terrorismo germina. Nao e o caso da ETA mas e o caso do terrorismo-fanatismo islamico.

Os senhores do terrorismo, contudo, estao longe de serem pobres. Bin Laden, como sabe, e de uma das familias mais ricas da Arabia Saudita. O que o move, e a todos os que o acampanham, nao e o combate a pobreza mas a tomada do poder.

O poder de poderem fechar a torneira do petroleo e dar cheque-mate ao Ocidente.