O Banco de Portugal, depois de ver a sua capacidade de supervisão do sistema financeiro posta em causa, nomeadamente pelos casos BCP e BPN, intervem no BPP como responsável do banco de gestão de fortunas para, segundo se invoca, salvar os activos do BPP mediante a injecção de quatrocentos e cinquenta milhões que seis bancos se dispuseram a ceder com a garantia do Estado e que, é esperado, permitam ao banco continuar a operar. Para evitar o risco sistémico que não existia, e passou a existir, segundo a mudança de opinião do senhor ministro das Finanças de um dia para o outro.
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Não se trata de uma nacionalização nem de uma gestão controlada. Os quatro administradores nomeados pelo BP vão tentar proteger bens privados com a utilização de meios seguros pelo Estado intervindo no mercado bolsista que é, por natureza, especulador.
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Ora esta polivalência de que o BP se investe, para além de legalmente surpreendente, vai de um extremo a outro, como um guarda-fiscal de dia e contrabandista à noite. Qual será o resultado desta confusão de sentimentos? Um molho de bróculos que cairá, mais tarde ou mais cedo, nos braços lassos da Justiça, que condenará o BP por redução do valor dos activos e o Estado a pagar as dívidas aos bancos emprestadores.
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Nesse dia, o senhor governador já estará reformado e os administradores agora nomeados de volta ao aconchego de onde os foram tirar. A conta será, entretanto, apresentada aos contribuintes.
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