O meu Amigo PC , que é do PSD, discorda em absoluto com o investimento no TGV (nem com outros projectos de investimentos públicos) porque, segundo ele, a enormidade que vai ser investida não justifica, de forma alguma, os vinte minutos a menos numa viagem de Lisboa ao Porto. Mas mais: O dinheiro desperdiçado com este brinquedo de luxo daria para financiar uma quantidade enorme de projectos no sector privado com rentabilidade garantida. Acusa ainda o meu Amigo PC de estarem os órgãos do Estado a bloquear uma multidão de projectos privados que, se fossem despachados em tempo útil, ajudariam a sair este país da crise.
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O meu Amigo SB, que se não é do PS anda por lá perto, sabe de combóios e garante-me que a linha do Norte está saturada, (li algures que nela transitam 600 combóios por dia!), a alternativa é o TGV, não se justifica insistir na via tradicional. Seria bastante onerosa e não se resolveria capazmente a ligação ferroviária Porto - Lisboa - novo aeroporto de Lisboa - fronteira com Espanha, para ligação à rede ferroviária europeia. Além do mais, acrescenta, com a inevitável subida dos combustíveis e os compromissos de redução de emissão de gases, o combóio volta a ser o transporte do futuro.
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Ambos, PC e SB, são formados pela mesma escola e têm a mesma idade. Porque razão têm pontos de vista diferentes? Por posicionamentos ideológicos antagónicos ou falta de informação? O bloco central ideologicamente não existe ou as opções sustentam-se em palpites em defesa da dama que deles mais gosta?
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Estava eu atormentado com esta desavença de opiniões entre dois colegas inequivocamente isentos quando li uma notícia que pode alterar radicalmente os argumentos até agora invocados:
Investigadores da Universidade de Johns Hopkins estão à beira de revolucionar a extensibilidade dos sentidos humanos. Até agora, já era possível ver e ouvir à distância em tempo praticamente real. A partir de agora, um terceiro sentido (0 tacto) vai poder estender-se até onde houver um objecto contactável. O olfato e o sabor devem chegar na próxima remessa.
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O que é que isto significa? Pois nada mais nada menos que poderemos ir, ver, ouvir, tocar, cheirar, saborear, o que se puder, em toda a parte sem sair de casa. Só não se pode comer. Por enquanto, presumo eu.
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Para quê então o TGV?
1 comment:
Caro Rui:
Boa laracha!...E com conclusão óbvia e brilhante!...
Quanto ao TGV:
Supunhamos que o teu amigo tem razão. Aliás, nunca ouvi essa argumentação ao Governo, mas até admito que seja verdadeira.Temos um lado da balança.
Mas as condições sociais e económicas do país,a dívida pública, o défice das contas públicas,o brutal investimento, o consequente prejuízo de exploração e o forte apelo à componente externa do TGV permitem que o projecto se faça?
Não permitem. Porque os recursos são escassos e há que geri-los com respeito e parcimónia. Porque há alternativas melhores.
Porque não estamos todos loucos!...
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