Só agora o BP terá chegado à conclusão que a administração do BCP andou a imitar a administração do BPN, ou vice-versa uma vez que no BCP começaram mais cedo, criando bancos virtuais, dos tais que escapavam à supervisão do BP, dos auditores externos, dos auditores internos, dos revisores oficiais de contas, autênticos buracos negros a sugar perdas e a gerar lucros, parindo grossos proveitos ilícitos para administradores e alguns accionistas coniventes. Nada que já não se soubesse, o tempo de espera apenas permitiu dimensionar com precisão os raios das manobras mas a reposição dos valores subtraídos vai demorar, se é que alguma vez se concretizará. É difícil entender como é que valores tão elevados escaparam durante tanto tempo aos múltiplos crivos a que as contas estavam (ou deveriam estar) sujeitas. Mais difícil de entender ainda, reconhecida a existência dos actos dolosos e a sua gravidade, é o prolongamento por tempo indefenido da auditoria às contas com a discussão dos trocos para entretenimento dos culpados.
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Entretanto, a cabra-cega deste tipo de jogos consegue fisgar um ou outro brincalhão de vez em quando, mas geralmente deixa-os escapar ao menor esticão que eles ensaiem. E assim se entretem num jogo que só pode incentivar e premiar reincidências.
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Do outro lado, a CMVM assobia para o ar consentindo que as cotações sejam manobradas, os resultados falsificados, os prémios ilícitos distribuidos sem retorno à caixa violada.
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Uma cegada tripla.
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(...) O Banco de Portugal (BdP) concluiu que o BCP promoveu a criação de um grupo de sociedades em centros ‘offshore’, que manteve sob o seu exclusivo domínio e com a gestão efectiva delas, com o estrito objectivo de estas procederem à aquisição de valores mobiliários relativos ao BCP e a outras instituições do grupo” refere o documento da acusação do Banco de Portugal ao BCP e ex-administradores, a que o Diário Económico teve acesso. A instituição liderada por Vítor Constâncio conclui que o banco terá ocultado, deliberamente, ao BdP a existência de dezassete dessas sociedades (as quais só seriam conhecidas pela equipa de Vitor Constâncio no decurso das averiguações agora concluídas), e nunca tendo reflectido na sua contabilidade a relação de controlo que sempre manteve com aquelas entidades.
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