O indice de confiança dos negócios na Alemanha nunca esteve tão alto nos últimos 20 anos.
Alguns dirão que isso é reflexo das vantagens que a União Europeia e, particularmente, o euro, proporcionaram à economia alemã.
Outros, e nomeadamente muitos alemães, dirão que, apesar da crise e das turbulências da União Europeia e do euro, a economia alemã consegue colocar-se na vanguarda do crescimento económico nas economias ocidentais.
Seja qual for o entendimento há uma conclusão irrefutável: a competitividade real e sustentável das economias não pode recorrer à competitividade monetária que, aliás, não é
competitividade mas uma forma disfarçada de concorrer no mercado recorrendo a políticas de salários baixos.
A China de hoje é o exemplo mais acabado, nos tempos que correm, desta competitividade sustentada nos salários (e neste caso ditatorialmente imposta) que durará enquanto durar a ditadura.
Em Portugal esquece-se frequentemente que a competitividade perdida nos últimos quinze anos pelos sectores de baixa tecnologia não foi, ou não foi sobretudo, perdida com a entrada no euro mas com a globalização que deu entrada a países com níveis salariais muito mais baixos do que aqueles que em Portugal se praticavam naqueles sectores.
A coabitação com o euro não foi preparada de modo a evitar a maior parte dos efeitos perversos que, se deixada a economia ao sabor das novas circunstâncias como foi deixada, acabariam por potenciar os efeitos de esmagamento de uma parte importante da economia portuguesa.
Como é que vai a nossa economia dar a volta num contexto claramente difícil, é uma questão quem tem de ter uma multiplicidade de respostas. Nenhuma passa, no entanto, do meu ponto de vista, pelo recuo para uma moeda desvalorizável e, consequentemente, para uma política de baixos salários.
Mas também não pode afirmar-se que, sem desvalorização não se recupera parte da competitividade perdida, a menos que, claramente se assuma, que sem salários baixos não há competitividade possível.
Há. Mas requere medidas que continuamos a adiar.
De qualquer modo, quando a locomotiva está animada, até o vagão J é arrastado.
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