Ouve-se, frequentemente, os políticos invocarem o climax de excitação das campanhas eleitorais como justificação dos excessos de linguagem, os insultos com que se mimoseiam uns aos outros, até mesmo a demagogia das promessas impossíveis de cumprir.
A um político, segundo este código de comportamento virtual, mas não virtuoso, assiste a faculdade de ofender em público sem que da ofensa resultem em privado quaisquer sequelas entre ofensor e ofendido, de mentir sem que daí resultem responsabilidades a assumir.
Segundo o código popular de conduta, não é filho de boa gente quem, sendo ofendido, não sente a afronta.
Segundo o código popular de conduta, não é filho de boa gente quem, sendo ofendido, não sente a afronta.
Resulta deste confronto entre a praxis inerente ao cidadão comum e o desrespeito, aos seus pares e aos cidadãos, praticado por muitos políticos, que os media vieram ampliar de modo nunca antes possível, uma degradação da imagem da praxis política que, inevitavelmente, corrói os alicerces da democracia.
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As últimas eleições foram pródigas em ataques pessoais preparados para a ocasião.
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As últimas eleições foram pródigas em ataques pessoais preparados para a ocasião.
Terminado o acto, condenam-se os excessos e os ressentimentos, e abrem-se novas frentes de confronto.
O caso do cartão do eleitor é paradigmático desta batalha sem fim feita de simulações de combate para desgaste dos adversários. Já toda a gente sabe o que se passou, o que não devia ter-se passado e o que deve fazer-se no futuro. Para ganhar tempo, o governo decidiu incumbir a Universidade do Minho de apresentar relatório das causas (já sobejamente conhecidas) do imbróglio. Para aproveitamento da situação as oposições reclamam a responsabilização política (demissão) do ministro e nenhuma cuida de dizer o óbvio: o cartão do eleitor não serve para nada, deve ser extinto*. Resultou de uma votação unânimemente acéfala à revelia dos pressupostos que estiveram subjacentes à sua não inclusão no Cartão Único.
Por este andar, provavelmente, ainda persistirá o aborto nas próximas eleições, com alguns cuidados de protecção do mesmo, e do ministro.
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*Na Quinta-Feira passada, à tarde, perguntei aqui.
"Quanto ao cartão único, saberá explicar-me por que razão o nº. do BI não pode servir para os cadernos eleitorais, e só esse?"
Á noite, no Quadratura do Círculo, A. Costa explicou claramente o caso de estranha sobrevivência do Cartão de Eleitor.
O caso do cartão do eleitor é paradigmático desta batalha sem fim feita de simulações de combate para desgaste dos adversários. Já toda a gente sabe o que se passou, o que não devia ter-se passado e o que deve fazer-se no futuro. Para ganhar tempo, o governo decidiu incumbir a Universidade do Minho de apresentar relatório das causas (já sobejamente conhecidas) do imbróglio. Para aproveitamento da situação as oposições reclamam a responsabilização política (demissão) do ministro e nenhuma cuida de dizer o óbvio: o cartão do eleitor não serve para nada, deve ser extinto*. Resultou de uma votação unânimemente acéfala à revelia dos pressupostos que estiveram subjacentes à sua não inclusão no Cartão Único.
Por este andar, provavelmente, ainda persistirá o aborto nas próximas eleições, com alguns cuidados de protecção do mesmo, e do ministro.
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*Na Quinta-Feira passada, à tarde, perguntei aqui.
"Quanto ao cartão único, saberá explicar-me por que razão o nº. do BI não pode servir para os cadernos eleitorais, e só esse?"
Á noite, no Quadratura do Círculo, A. Costa explicou claramente o caso de estranha sobrevivência do Cartão de Eleitor.
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