Saturday, June 25, 2011

A HORA DA VERDADE

Hoje, paira no ar uma convicção generalizada que só não é oficialmente admitida porque ainda não chegou o momento em que a evidência não pode ser mais disfarçada: a Grécia, e não só, não tem a mínima possibilidade de pagar o que deve nas condições que aceitou par ser resgatada e, pela mesma razão, o bailout que foi aprovado esta semana é um paliativo que apenas prolongará a agonia.

A imposição de medidas de austeridade que excedem a capacidade de serem suportadas pelos mais atingidos por elas, obrigam a procurar os principais responsáveis - os bancos - pela embriaguez resultante da liquidez que irresponsavelmente entregaram sem cuidar do risco envolvido. E exigir-lhes que reconheçam o óbvio nos seus balanços: os activos que contabilizam não têm a consistência dos valores que apresentam. 

É isto que, por outras e mais palavras, defende o insupeito a este respeito Economist num artigo publicado esta semana que transcrevi aqui. Que acrescenta: Os bancos têm de recuar e esse recuo tem de ser organizado para que não redunde numa ameaça que pode destruir o sistema e lançar o mundo numa crise de consequências incalculáveis.

Também venho apontando neste caderno há muito tempo em sentido idêntico. Mas, mais que obviamente, a mim ninguém ouve.  Espero, no entanto, firmemente, que pensem muito atentamente no que escreve o Economist, entre outros igualmente reconhecidos.

É indiscutível que a responsabilidade pelo desastre (chamar-lhe crise é eufemismo) não é exclusiva dos bancos: os gregos, mas também os portugueses, e etc., gastaram inconscientemente muito mais do que deviam, os governos compraram, irresponsavelmente, criminosamente até, os votos dos povos com dispêndios incontidos, mas os banqueiros são os primeiros responsáveis porque, conscientemente, suportando-se na inimputabilidade que o sistema, no modo como está arquitectado lhe consente (moral hazard) concederam crédito pela ganância extrema de encherem os bolsos.  

E, até agora, nenhuma parte dos custos lhe foi assacada. Chegou a hora deles.

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