Álvaro Santos Pereira, o próximo ministro da Economia, colocou aqui anteontem um apontamento sobre A produtividade nos países da OCDE.
Quase desde o início deste caderno, venho reflectindo acerca de um conceito tantas vezes invocado mas raramente explicado. Aliás, estou convencido que a grande maioria dos que falam de produtividade ou não sabe do que falam ou falam de uma realidade diferente daquela que é definida nos manuais e citada nas estatísticas. Não será, evidentemente, o caso do novo ministro da economia. Contudo, o apontamento de Santos Pereira, que acompanhava o gráfico retirado dos valores da produtividade observados nos países da OCDE, pareceu-me pouco elucidativo das realidades subjacentes aos valores apresentados e da leitura superficial a que esses valores se prestam. Comentei,
O conceito de produtividade tem os seus truques. Sem por em causa os números da OCDE (quem sou eu para tanto?!!) um gráfico destes continua a suscitar-me muitas questões.
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Começando pelo lado direito,
o Luxemburgo apresenta o mais elevado nível de produtividade porquê? Porque, segundo os valores conhecidos do PIB per capita referentes a 2010 (PNUD 2010) é também o mais elevado do mundo.
Por que são os luxemburgueses tão produtivos? Já agora, ouvimos muitas vezes apregoar que, fora de Portugal, os portugueses são muito produtivos e os que trabalham no Luxemburgo são os mais produtivos de todos. A verdade é que a economia do luxemburgo é uma economia sustentada quase exclusivamente pelas actividades financeiras lá sedidadas. Não faz nenhum sentido comparar o Luxemburgo com Portugal em termos deste conceito de produtividade. Compare-se em termos de PIB per capita e já se compara alguma coisa. Chamar produtividade ao racio PIB/horas trabalhadas é desadequado, neste caso.
Os luxemburgueses não são mais produtivos, simplesmente têm muitos bancos à volta.
Por outro lado, a produtividade das actividades financeiras levou rombos um pouco por todo o lado.
Na Irlanda, na Islândia...Já contempla o gráfico esses rombos?
Uma economia, realmente produtiva, não é tão sensível a crises como aquela que abalou o mundo financeiro mas é ao mundo não financeiro que está sendo apresentada a factura das consequências dramáticas da crise.
Que o digam os gregos e os portugueses, e os irlandeses, e os islandeses. Os bancos excederam-se em produtividade e os resultados estão à vista. A Grécia tornou-se muito produtiva depois de se embebedar em crédito barato. Como estará agora a sua produtividade nesta fase de ressaca aguda?
E por aqui me fico, para não abusar do espaço. Mas acerca da produtividade tenho muitas dúvidas acerca de muitas leituras que andam por aí.
1 comment:
Eu também Rui, aliás o problema põe-se em ralação muitas outras comparações de dados estatísticos.
Abrç
L
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