Wednesday, June 01, 2011

OS MALEFÍCIOS DO TELEMÓVEL

Ouço na rádio, esta manhã, que a utilização do telemóvel pode aumentar o risco de desenvolver alguns tipos de cancro no cérebro, segundo conclui a Organização Mundial de Saúde, o que vem contrariar o entendimento até à data preconizado pela organização - e vários estudos. A nova posição resulta do trabalho levado a cabo por um grupo de 31 cientistas de 14 países, para agência para a investigação sobre o cancro da OMS, cujas conclusões foram reveladas ontem. (vd tb aqui).

Ainda que estudos futuros venham a concluir o contrário, o que espanta é a agresssividade desmedida de marketing com que as três empresas de telemóveis que operam em Portugal continuam a bater-se por mais clientes e mais tempos de chamadas.

Portugal é um dos países europeus com maior número de telemóveis por habitante. O hábito é induzido nas camadas mais juvenis e o uso do telemóvel tornou-se viciante para grande parte dos jovens e de muitos adultos. Naturalmente, as facturas  incobradas aumentam com o número de viciados e a propagação da crise. Pois, mesmo neste contexto saturado, viciado e endividado, a Óptimus, a TMN e a Vodafone, continuam a gastar milhões em campanhas de promoção de vendas.

Quem paga este desvario, para além dos utilizadores? Os contribuintes, utilizadores moderados.
Sem contar com os eventuais perigos para a saúde pública, se vierem a confirmar-se as conclusões do relatório da OMS hoje divulgado, com custos para o SNS, os contribuintes portugueses estão a ser chamados a pagar os custos de uma justiça que não funciona porque se aglomeram nos tribunais milhões de processos de cobrança coerciva remetidos pelas operadoras de telemóveis.   

Há muito tempo que apontei aqui neste caderno que, em processos de cobrança de dívidas  remetidos aos tribunais, deveria estabelecer-se o princípio do pagamento de custas judiciais igual aos custos completos (directos e indirectos) pelos autores no caso de não poderem essas custas ser, total ou parcialmente, cobradas aos réus por insolvência destes.

No dia em que uma medida destas for adoptada, diminuirá drasticamente o número de processos nos tribunais e o risco do telemóvel para a saúde dos utentes intensivos.   

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