Tuesday, May 11, 2010

MAIS PAPISTA

O Papa é condenado quando não é arguido nem acusado. Está a ver como é? Resumia deste modo, ontem à noite, Marcelo Rebelo de Sousa a sua defesa da Igreja, a propósito do incómodo da pedofilia praticada por eclesiásticos, depois de invocar um passado não muito distante quando a pedofilia era praticada por altas personalidades do Estado (que não identificou) e que a maior parte dos casos acontecem no seio das próprias famílias das vítimas.
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Marcelo Rebelo de Sousa é um reputado professor de Direito e só um súbito e grave ataque de amenésia total o pode ter levado a encontrar justificação para os crimes praticados por uns na evidência de crimes idênticos praticados por outros, quer esses uns sejam padres, bispos, cardeais ou professores de direito, por exemplo.
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Indignou-se ainda Marcelo pelo facto de a Igreja estar, neste caso, a ser perseguida de uma forma que não se observa relativamente a outros sectores da sociedade onde ocorrem situações idênticas. O próprio Papa, que muito provavelmente não viu o programa de ontem, afirmou durante a viagem para Lisboa que, em matéria de pedofilia, a "maior perseguição nasce do pecado da Igreja".

2 comments:

aix said...

Os (poucos) comentários que (ou)
vi do Marcelo no 'prós'de ontem enojaram-me. São estes tipos que só prejudicam a ICAR.Numa preocupação desenfreada de valorizar o Papa ouvi-o afirmar que Ratzinger chegou à fé através da razão. Não era preciso tanto, quando grandes teólogos da ICAR (Tertuliano)-justificavam a sua fé: «creio porque é absurdo».É fácil encontrar algumas virtudes em alguém que se quer enaltecer (pese embora o ridículo de sábio, pianista, voz de tenor)mas a verdade factual é que Ratzinger foi desonesto (e depois cruel)para com o seu colega e opositor Hans Kung, um dos melhores intérpretes da da exegese cristã.

rui fonseca said...

"Ratzinger chegou à fé através da razão."

Desconheço a construção da tese mas presumo que deve ser inextrincavelmente subtil.

Obrigado, Francisco, pelo teu comentário.