O Parlamento grego aprovou ontem o compromisso de cumprimento das exigências do contrato de empréstimo que pretende evitar a bancarrota da Grécia, eventualmente o colapso do euro, eventualmente a desagregação da União Europeia, eventualmente a destruição da democracia em alguns países europeus. Há manifesto exagero nesta sequência aparentemente absurda? Talvez.
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E, no entanto, se há coisa que não temos, ninguém tem, por garantida, é a democracia.
Hoje, o parlamento alemão (câmara baixa e câmara alta) aprovou por uma larga margem o plano de ajuda à Grécia, que envolve um empréstimo da Alemanha de 80 mil milhões. Mas a Alemanha começa já hoje a exigir juros da ajuda à Grécia.
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Ao mesmo tempo que os parlamentares gregos se reuniam para aprovar os termos do contrato de empréstimo, uma multidão sentava-se em sinal de protesto em frente do edifício.
Se o governo grego se vier a mostrar incapaz de conter as manifestações sociais contra o cumprimento das medidas que o contrato impõe e não puder honrar os compromissos assumidos o que é que acontece?
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Entretanto, alegremente, o governo português adjudica amanhã o troço Poceirão-Caia do TGV quando até Constâncio defende medidas mais drásticas para 2010 e "acharia normal" adiar TGV e novo aeroporto. Quando um dia destes o crescimento da dívida pública vier a impor restrições ainda maiores, teremos as manifestações lideradas por aqueles, PS, BE e PCP, que agora defendem com a maior excitação os grandes projectos.
A caminho da Grécia.
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