Um dos aspectos mais salientes do artigo de Martin Wolf publicado hoje no Financial Times, e que transcrevi na íntegra aqui, é a denúncia da responsabilidade do sector financeiro na crise que se abateu sobre o SME e tem colocado em pânico não só os governos dos países financeiramente mais fragilizados mas também os de todos os membros do SME e da União Europeia. Não há originalidade significativa naquilo que Martin Wolf escreve a este respeito mas, considerando a vasta audiência que atinge, as suas opiniões têem um peso específico dificilmente conseguido por outro analista no mundo financeiro.
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Dito de outro modo, o contributo de Martin Wolf para a reformulação das regras com que o euro foi concebido e governado até ao eclodir da crise actual é importante ainda que de modo algum se possa dar por decisivo. É inequívoco que o sistema financeiro continua abrigado pelo risco (i)moral (moral hazard) que lhe permite uma impunidade quase total. Colocar o pagamento de todas as consequências do excesso de endividamento do lado dos endividados não desanimará nunca os bancos de irem muito para lá de onde uma gestão prudente, sem rede protectora dos estados, alguma vez iria.
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A reestruturação dos excessos de dívidas, que tem vindo a ser defendida ocasionalmente até por Angela Merkel, implicaria uma corresponsabilização dos bancos nas perdas resultantes de créditos que nunca deveriam ter sido concedidos. Sem essa corresponsabilização dificilmente haverá uma correcção da voracidade* com que o sistema financeiro ataca os fundamentos do equilíbrio económico das famílias, das empresas, das nações.
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Ben Bernanke afirmava em entrevista à Time do começo deste ano que "Too big to fail is one of the biggest problems we face in this country", referindo-se, obviamente aos EUA.
Esse é também o maior problema que se coloca ao Sistema Monetário Europeu.
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*A voracidade dos bancos é muitas vezes atingida pela cumplicidade proposta aos devedores endividados em excesso. Vidé o caso da Golgman Sachs, recentemente trazido de novo à ribalta mas já denunciado há meses pela Fed: Fed probes Goldman role in Greek crisis .
Veja-se ainda mais um dos artigos correlacionados com este assunto aqui.
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