Friday, May 14, 2010

BLUE & RED

Muita gente já abordou a questão da aparentemente absurda baixa remuneração dos certificados de aforro, com o consequente desvio da poupanças de muitos portugueses para outras aplicações mais interessantes, geralmente depósitos a prazo.
É indiscutível que a taxa de poupança em Portugal é extremamente baixa e que, não sendo a remuneração dos certificados de aforro, ou outros títulos da dívida pública colocados internamente, atractiva, os juros pagos pelos bancos em depósitos a prazo situa-se também a um nível que não alicia a poupança.
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Diz-se que se o Estado pagasse mais pelos títulos de dívida emitidos para nacionais, mas ainda assim aquém do que está pagar pelos empréstimos externos, os bancos veriam a sua liquidez reduzida e a sua rentabilidade comprometida. Donde, a ser verdade a suspeita, os portugueses estarão a ser coagidos a entenderem-se com os bancos porque o Governo não quer que o Estado concorra com os bancos na obtenção de fundos nem parece interessado em fomentar o crescimento da poupança interna. Deste modo, além de conceder aos bancos a preferência paga-lhes depois o custo da intermediação nos empréstimos que contrai junto deles.
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Para um País com problemas graves de endividamento externo e reduzidos níveis de poupança a estratégia do Governo, também neste caso, parece incongruente.
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Hoje, durante a 5ª. Conferência sobre a Economia Portuguesa, do Banco de Portugal, foi avançada a ideia da criação de uma regra no âmbito do sistema monetário europeu restritiva do nível de envidamento externo soberano (até 60% do PIB), - red debt -, devendo a parte restante resultar de poupança interna - blue debt. Eventualmente, as red bonds serão eurobonds, emitidas e garantidas globalmente.
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Provavelmente, mais uma vez, o Governo estará à espera de instruções da Tia Merkel.

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