Thursday, October 11, 2012

NÃO HÁ GENTE HONESTA NESTE PAÍS?

O Público tem vindo a publicar uma série de artigos sobre uma empresa especializada em acções de formação profissional  onde o actual primeiro-ministro foi gestor durante vários anos, e que, eventualmente, terá usufruido da intercedência do então secretário de estado da administração local, actualmente ministro-adjunto e dos assuntos parlamentares, o omnipresente Miguel Relvas.
 
A factualidade do relato do diário parece não estar em causa por se sustentar em documentos e constatações aparentemente irrebatíveis. Hoje o Público desvenda mais uma peça do puzzle que começou a distribuir há dias: Relvas apoiou empresa ligada a Passos Coelho a ter monopólio de formação em aeródromos do Centro.
 
As acções de formação profissional apoiadas com fundos comunitários foram, desde o seu início, um maná com que se fartou muita vilanagem. Os vários casos vindos a público, em que se embrulharam nomes de vários figurões da sociedade portuguesa, entre eles, o líder da UGT e o rei das cortiças, demonstraram que, também neste caso, uma parte muito significativa das ajudas recebidas da comunidade europeia foi abocanhada por sujeitos e mecanismos que só não foram condenados pela justiça porque a justiça portuguesa só condena quem se apropria ilegalmente de quase nada. O resultados de muitas dessas acções de formação resumiram-se quase sempre à redução estatística do número dos considerados desempregados.
 
É, portanto, desconfortável para um cidadão minimamente íntegro e cívicamente consciente confrontar-se com a palavra de quem prometia ser honesto e o vê também envolvido em notícias que o tornam suspeito de, também ele, ter participado na dissipação de fundos que foram recebidos como ajuda para a convergência e acabaram por, em grande medida, não servir para mais nada senão para iludir as estatísticas e aquecer os bolsos de uns quantos bem colocados.  
 
Mais que desconfortável é revoltante ouvir prelecções acerca de gastos públicos excessivos no passado da parte de quem também não está isento de ter participado, ainda que marginalmente, na grande paródia.
 
Não há gente honesta neste país?

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Correl.- Relvas e Passos agiram em simultâneo para angariar contratos para a Tecnoforma

2 comments:

aix said...

Caro Rui,
como [quase]sempre bem observado e correto.Por 'ossos' do ofício fui, na altura, testemunho de vigarices descaradas no âmbito dos programas do FSE...coisas do passado! No entanto, é justo ressalvar que quando dizes «...em que se embrulharam nomes de vários figurões da sociedade portuguesa, entre eles, o líder da UGT e o rei das cortiças» esse líder não era o atual.Cumprimentos e...força na denúncia

rui fonseca said...

Grande Francisco!

O líder da UGT era o da altura, como não podia deixar de ser.

Abç