O Público tem vindo a publicar uma série de artigos sobre uma empresa especializada em acções de formação profissional onde o actual primeiro-ministro foi gestor durante vários anos, e que, eventualmente, terá usufruido da intercedência do então secretário de estado da administração local, actualmente ministro-adjunto e dos assuntos parlamentares, o omnipresente Miguel Relvas.
A factualidade do relato do diário parece não estar em causa por se sustentar em documentos e constatações aparentemente irrebatíveis. Hoje o Público desvenda mais uma peça do puzzle que começou a distribuir há dias: Relvas apoiou empresa ligada a Passos Coelho a ter monopólio de formação em aeródromos do Centro.
As acções de formação profissional apoiadas com fundos comunitários foram, desde o seu início, um maná com que se fartou muita vilanagem. Os vários casos vindos a público, em que se embrulharam nomes de vários figurões da sociedade portuguesa, entre eles, o líder da UGT e o rei das cortiças, demonstraram que, também neste caso, uma parte muito significativa das ajudas recebidas da comunidade europeia foi abocanhada por sujeitos e mecanismos que só não foram condenados pela justiça porque a justiça portuguesa só condena quem se apropria ilegalmente de quase nada. O resultados de muitas dessas acções de formação resumiram-se quase sempre à redução estatística do número dos considerados desempregados.
É, portanto, desconfortável para um cidadão minimamente íntegro e cívicamente consciente confrontar-se com a palavra de quem prometia ser honesto e o vê também envolvido em notícias que o tornam suspeito de, também ele, ter participado na dissipação de fundos que foram recebidos como ajuda para a convergência e acabaram por, em grande medida, não servir para mais nada senão para iludir as estatísticas e aquecer os bolsos de uns quantos bem colocados.
Mais que desconfortável é revoltante ouvir prelecções acerca de gastos públicos excessivos no passado da parte de quem também não está isento de ter participado, ainda que marginalmente, na grande paródia.
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Correl.- Relvas e Passos agiram em simultâneo para angariar contratos para a Tecnoforma
2 comments:
Caro Rui,
como [quase]sempre bem observado e correto.Por 'ossos' do ofício fui, na altura, testemunho de vigarices descaradas no âmbito dos programas do FSE...coisas do passado! No entanto, é justo ressalvar que quando dizes «...em que se embrulharam nomes de vários figurões da sociedade portuguesa, entre eles, o líder da UGT e o rei das cortiças» esse líder não era o atual.Cumprimentos e...força na denúncia
Grande Francisco!
O líder da UGT era o da altura, como não podia deixar de ser.
Abç
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