Friday, October 05, 2012

ACONTECEU EM ITÁLIA

Passos Coelho forçou a queda de Sócrates quando este já tinha entrado em desequilíbrio imparável. Percebeu-se que tinha pressa de segurar o tição em labaredas.
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Para assegurar a garantia de cumprimento dos compromissos decorrentes do programa de ajuda externa, as entidades participantes impuseram que o contrato fosse subscrito pelo governo que estava de saída (e negociara o contrato de assistência) e pelos partidos que iriam suportar o próximo executivo. Ninguém ignorava que o país estava numa situação extremamente crítica, sem paralelo na história recente. Mesmo assim, Passos Coelho prometeu cumprir os compromissos assumidos com a troica dispensando liminarmente a participação nesse esforço enorme do partido que suportara o governo mais responsável pela dependência externa a que o país chegara. Mais: Prometeu que o cumprimento desses compromissos se faria sem aumento de impostos porque o Estado estava excessivamente gordo e o seu emagrecimento seria suficiente para colocar o défice dentro dos trilhos traçados no acordo.

Era muito provável que falhasse. Desatrelado do cumprimento das obrigações que o governo que suportava havia negociado, o PS passou, obviamente, a contestar as medidas sem colocar em causa os objectivos acordados com a troica. Alguns desses objectivos (a reforma administrativa, por exemplo) eram, e continuam a ser, inexequíveis sem um consenso partidário muito alargado. O incumprimento de outros, dependentes em grande medida de factores exógenos, seriam, e estão a ser, objecto de contestação social que a extrema esquerda explora e em que o PS se incorpora.

A política de austeridade imposta e aceite pelos representantes do PS, PSD e CDS, seria recessiva e a recessão inevitavelmente causa de desemprego. Aliás, a súbita paragem do crescimento sustentado pelo crédito externo, dirigido em grande medida para a construção civil, determinaria sempre um forte crescimento do desemprego sem alternativas de absorção dos desempregados noutras actividades, mesmo a médio prazo. Os pressupostos, já conhecidos, de OE para o próximo ano, não vão inflectir a tendência recessiva mesmo que o Governo venha a anunciar medidas de apoio a algumas empresas dos sectores transaccionáveis, se elas forem consentidas pelas regras comunitárias*. Dificilmente, portanto, o ritmo recessivo será reduzido e o crescimento do desemprego desacelerado. Se não houver renegociação das condições financeiras do acordo, a espiral recessiva é imparável.

Tudo isto explica, se outras causas não existissem, o contínuo isolamento de Passos Coelho. Desamarrado o PS, ainda que continuamente recordados os compromissos que assumiu, porque é aos meios e não aos objectivos que se agarram os desacordos, incomodado o CDS com a inevitável impopularidade que o acordo que subscreveu implicaria em qualquer caso, começa a debandada do PSD. Primeiro, dos que sempre contestaram Passos Coelho (Salgueiro afirmava há dias que Passos Coelho não estava preparado para governar, Ferreira Leite tem sido crítica desde a primeira hora) agora, daqueles que de algum modo lhe deram apoio político até à eclosão do descontentamento generalizado actual.

E há alternativa? Em democracia, há sempre alternativa. Mas eleições antecipadas não são, seguramente, uma alternativa susceptível de mudar o que pode ser já mudado sem elas. Se o CDS abandonar o Governo e Passos Coelho persistir no seu isolamento, a contestação social vai galopar perante a, pelo menos aparente,  impassividade do PR.

À espera que a troica resolva também este impasse?

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Correl.- Hollande imita Passos Gaspar Coelho

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