Monday, October 15, 2012

ASSIM IRÁ O MUNDO, SE NÃO FOR PIOR



As projecções do FMI da evolução do crescimento da economia mundial em 2012 e 2013,  reveladas no seu relatório deste mês revêem em baixa as estimativas do relatório anterior. Ainda assim, as previsões apresentadas suportam-se num conjunto de pressuspostos que poderão não se verificar e tornar pior a realidade que a previsão.
 
É neste contexto deprimido em que de todos os quadrantes políticos se ouvem alertas para as consequências desastrosas da contracção pela austeridade a todo o custo que o governo português ainda discute a esta hora o conteúdo da pen que logo à tarde vai entregar à presidente da Assembleia da República. Se nada de muito inesperado vier a ser revelado na proposta de OE relativamente ao que tem vindo a ser badalado nos últimos dias, não se vislumbra como poderá Portugal escapar a uma recessão no próximo ano mais profunda que a deste ano.
 
Se para prevenir uma contracção das receitas resultantes de uma recessão superior ao previsto o governo se resguarda num reforço da carga fiscal o resultado final não pode deixar de ser uma catástrofe superior à orçamentada.
 
A economia portuguesa não pode deixar de continuar a ajustar os seus custos de produção para recuperar competitividade e voltar a crescer. A passagem de uma economia dual, com um peso significativo de actividades de baixa tecnologia, para uma economia tecnologicamente avançada não é obra que se construa de um dia para o outro. A absorção de desempregados da construção civil e obras públicas, que não vai reanimar-se senão a longo prazo, dos jovens à procura do primeiro emprego, é um problema que não tem solução imediata.
 
Infere-se daqui que a alternativa à austeridade, que a generalidade dos analistas considera ter atingido o seu máximo de tolerância social e de eficiência económica, só pode encontrar-se na redução dos juros e da dívida. Enquanto uma parte excessiva do produto for canalizado para o pagamento do serviço da dívida, mais austeridade só pode conduzir a mais dívida.
 
A concessão de um adiamento de um pagamento pode dar uma folga às costas do devedor mas não lhe retira a carga das costas se ele não tiver capacidade para se ir desenvencilhando de parte dela. E a economia portuguesa, sobretudo num contexto globalmente deprimido e o vizinho a contas com os mesmos problemas, além de outros,  não tem. Assim sendo, a sobrevivência do devedor passa, ou pelo incumprimento da dívida, com todas as consequências que essa decisão implica, ou pela renegociação do valor e do custo da dívida.
 
Aos bancos qualquer destes cenários causa náuseas. Mas foram eles os grandes culpados de todo este imbróglio. Christine Lagarde referiu em Tóquio a urgência de reformulação do sistema. Receio que Wall Street continue a não lhe dar ouvidos. Sobretudo se Roomney vencer em 6 de Novembro.
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