Vítor Gaspar considerou-se ontem excepcional e longamente preparado para as funções em que foi empossado, respondendo a um jornalista que lhe perguntou se ele se considerava ser remodelável. Dito de outro modo, o ministro das Finanças considera que se for substituido não será por razões de falta de competência sua para o desempenho do cargo. E, no entanto, a contestação à política financeira que defende, e que está plasmada na proposta de OE para 2013 apresentada ontem na AR, não poderia ter um âmbito político mais alargado. De tal modo que se o OE for aprovado e a lei for promulgada pelo PR, o OE 2013 será um instrumento provisório até à queda precoce deste governo porque não existem condições fundamentais internas nem externas para que qualquer dos grandes objectivos (redução do défice, equilíbrio da balança comercial, inflexão da tendência recessiva, inflexão da tendência do aumento do desemprego) seja cumprido. Até o sucesso aparente no reequilíbrio comercial está ameaçado por uma conjuntura externa desfavorável, e, sobretudo muito criticamente para nós, a do nosso maior parceiro e vizinho.
A economia portuguesa (pois é aí que residem os problemas mais decisivos e ainda que, aparentemente, menos urgentes) sustentou-se na linha de água durante muitos anos agarrada ao endividamento externo que a banca, de braço dado com os governos, importou, sem olhar a riscos, para a construção civil, obras públicas e sectores protegidos. Era por demais óbvio, mas quem estava sugando não largava a teta, que uma economia não poderia perduravelmente sustentar-se a crédito. À voracidade da banca e dos monopólios de facto aliou-se a demagogia dos governos, que se sustentavam da obra (de cimento) feita, e dos donos dos sindicatos que berravam contra os empresários só quando viam estes levantar a tenda e abalar para sítios onde havia mão de obra barata.
Que o país não podia crescer adoptando um modelo económico sustentado numa política (sem progenitor conhecido) de baixos salários, todos concordavam, e o desemprego crescia. Quando a construção civil e obras públicas pararam porque o crédito deixou de escorrer, o desemprego disparou. O ciclo da economia de fantasia tinha acabado e os credores decidiram que, a partir daí, mais crédito só com seguro de risco, de prémio elevado. Havia que reduzir o défice para conter a dívida externa, reduzindo a procura e o investimento, e o desemprego subiu mais ainda. Como prémio de consoloção a balança comercial, cronicamente negativa, observava, pela primeira vez há muitos anos, uma clara inversão de tendência.
Mas será essa inflexão suficiente para impulsionar o crescimento, abater dívida e défice, aumentar o emprego? Não creio. A estrutura das exportações portuguesas, apesar da evolução incontestavelmente positiva, para além do contexto internacional desfavorável, não é garantidamente consistente. Suportada em grande medida pela exportação de refinados de petróleo e de forma significativa por reexportaçoes (de fármacos, por exemplo) e actividades deslocalizáveis (Auto Europa, por exemplo), a balança comercial pode, de um momento para o outro, desequilibrar-se mesmo que o garrote fiscal subsista e as importações se contraiam para além da contracção consequente à queda de algumas exportações correlacionadas.
Este país não é, por enquanto, a Grécia, com a qual não queremos que nos confundam, mas também não é a Irlanda, com a qual queremos equiparar-nos. A diferença toda está na estrura económica que nos aproxima a passos largos muito mais dos gregos e nos distancia cada vez mais dos irlandeses. Essa diferença impossibilita-nos de dar o golpe de rins que poderia evitar a reestruração da dívida e a redução dos juros.
Assim, é impossível.
Vítor Gaspar, excepcionalmente capaz para o lugar que ocupa não entende assim ou faz-se desentendido? Em nome de quê? Ou à espera de quê?
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Correl.- Se é assim em 2013 como será 2014? (Bagão Félix)
Metas do défice absolutamente inviáveis (Ferreira Leite)
Estou a retribuir ao país a educação cara que tive (Vítor Gaspar)
Não há margem de manobra para inverter o rumo (Vítor Gaspar)
Ministro desafia deputados a proporem cortes na despesa do Estado
Um ano é pouco para Portugal resolver so seus problemas (F. Ulrich)
Gaspar vai aferir posição oficial do FMI sobre efeitos da austeridade
Previsões do Governo são uma coisa imaginária (Silva Lopes)
Se não fizermos o que é necessário vamos sair do euro mais cedo ou mais tarde (Vítor Bento)
É triste dizê-lo mas Portugal exporta muito pouco (Francisco Van Zeller)
Portugal foi o terceiro país da OCDE que mais empregos destruiu
Gaspar e Cavaco em desacordo sobre FMI
Gostava que este Governo deixasse de estar à direita do FMI e começasse a bater o pé por nós (José Eduardo Martins)
Há espaço para mais corts na despesa (Miguel Relvas)
... não há alternativa - pelo menos para mim, que não consigo vislumbrar futuro fora da zona euro e da União Europeia (Fernando Alexandre)
Algumas medidas do OE são para ganhar tempo (F Ulrich)
O grande problema está nos bancos (Pedro Lains)
Gosto de chamar ao professor Gaspar "Miguel Vasconcelos" (José Miguel Júdice)
OE é significativamente mau (Tomás Correia)
O OE não é o melhor estímulo para a economia (A Santos Pereira)
Ao segundo dia CDS continua em silêncio (Expresso)
Orçamento é proposta de emêrgencia que vai por coligação e PS à prova (Braga de Macedo)
Presidente da Grécia diz a Merkel que imponha austeridade a outro povo mas não aos gregos
Carga fiscal pode gerar uma septicémia na economia (Bagão Félix)
Não estou disposto a ser cozido em lume brando (Passos Coelho)
Novos cálculos do FMI apontam para queda até 5,3% em 2013 (J Negócios)
Católica prevê uma recessão de 2% (J Negócios)
OE não teve o apoio dos ministros e dos secretários de estado do CDS (vice-presidente do CDS)
Europa tem de perceber que sem crescimento não resolveremos o problema da dívida (A Santos Pereira)
Gaspar pôs o lugar à disposição e Passos responsabiliza Portas por um eventual segundo resgate ( J Negócios)
É uma sorte para Portugal ter Vítor Gaspar como ministro (António Borges)
Portugal está a pagar caro os erros cometidas por outros (François Hollande)
Postos de trabalho na Autoeuropa não estão garantidos (Melo Pires, vice-presidente da Autoeuropa)
CDS vota a favor do orçamento mas quer melhorar a proposta (Paulo Portas)
Previsão do PIB já incorpora o maior impacto da austeridade (Abebe Selassie / FMI)
Espero que o Governo esteja em plenitude de funções depois do OE (Miguel Cadilhe)
Redução do Estado ajuda a cortar 4 mil milhões de euros até final 2014 (J Negócios)
Sacrifícios actuais são peanuts comparados com a saída do euro (Mira Amaral)
Queda do PIB será muito superior ao previsto (Citigroup)
A troica não vê margem para cortes na despesa ( J Negócios)
É uma verdade de La Palisse que austeridade tem custos no crescimento e no emprego (Passos Coelho)
Há tensões na coligação mas Portugal não deve ter uma crise política (Paulo Portas)
Hollande reconhece vantagens dos países ricos com taxas de juro elevadas dos outros (Público)
O Governo não tem estratégia orçamental (Paulo Trigo Pereira)
Que o país não podia crescer adoptando um modelo económico sustentado numa política (sem progenitor conhecido) de baixos salários, todos concordavam, e o desemprego crescia. Quando a construção civil e obras públicas pararam porque o crédito deixou de escorrer, o desemprego disparou. O ciclo da economia de fantasia tinha acabado e os credores decidiram que, a partir daí, mais crédito só com seguro de risco, de prémio elevado. Havia que reduzir o défice para conter a dívida externa, reduzindo a procura e o investimento, e o desemprego subiu mais ainda. Como prémio de consoloção a balança comercial, cronicamente negativa, observava, pela primeira vez há muitos anos, uma clara inversão de tendência.
Mas será essa inflexão suficiente para impulsionar o crescimento, abater dívida e défice, aumentar o emprego? Não creio. A estrutura das exportações portuguesas, apesar da evolução incontestavelmente positiva, para além do contexto internacional desfavorável, não é garantidamente consistente. Suportada em grande medida pela exportação de refinados de petróleo e de forma significativa por reexportaçoes (de fármacos, por exemplo) e actividades deslocalizáveis (Auto Europa, por exemplo), a balança comercial pode, de um momento para o outro, desequilibrar-se mesmo que o garrote fiscal subsista e as importações se contraiam para além da contracção consequente à queda de algumas exportações correlacionadas.
Este país não é, por enquanto, a Grécia, com a qual não queremos que nos confundam, mas também não é a Irlanda, com a qual queremos equiparar-nos. A diferença toda está na estrura económica que nos aproxima a passos largos muito mais dos gregos e nos distancia cada vez mais dos irlandeses. Essa diferença impossibilita-nos de dar o golpe de rins que poderia evitar a reestruração da dívida e a redução dos juros.
Assim, é impossível.
Vítor Gaspar, excepcionalmente capaz para o lugar que ocupa não entende assim ou faz-se desentendido? Em nome de quê? Ou à espera de quê?
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Correl.- Se é assim em 2013 como será 2014? (Bagão Félix)
Metas do défice absolutamente inviáveis (Ferreira Leite)
Estou a retribuir ao país a educação cara que tive (Vítor Gaspar)
Não há margem de manobra para inverter o rumo (Vítor Gaspar)
Ministro desafia deputados a proporem cortes na despesa do Estado
Um ano é pouco para Portugal resolver so seus problemas (F. Ulrich)
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Se não fizermos o que é necessário vamos sair do euro mais cedo ou mais tarde (Vítor Bento)
É triste dizê-lo mas Portugal exporta muito pouco (Francisco Van Zeller)
Portugal foi o terceiro país da OCDE que mais empregos destruiu
Gaspar e Cavaco em desacordo sobre FMI
Gostava que este Governo deixasse de estar à direita do FMI e começasse a bater o pé por nós (José Eduardo Martins)
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Algumas medidas do OE são para ganhar tempo (F Ulrich)
O grande problema está nos bancos (Pedro Lains)
Gosto de chamar ao professor Gaspar "Miguel Vasconcelos" (José Miguel Júdice)
OE é significativamente mau (Tomás Correia)
O OE não é o melhor estímulo para a economia (A Santos Pereira)
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Orçamento é proposta de emêrgencia que vai por coligação e PS à prova (Braga de Macedo)
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Novos cálculos do FMI apontam para queda até 5,3% em 2013 (J Negócios)
Católica prevê uma recessão de 2% (J Negócios)
OE não teve o apoio dos ministros e dos secretários de estado do CDS (vice-presidente do CDS)
Europa tem de perceber que sem crescimento não resolveremos o problema da dívida (A Santos Pereira)
Gaspar pôs o lugar à disposição e Passos responsabiliza Portas por um eventual segundo resgate ( J Negócios)
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Postos de trabalho na Autoeuropa não estão garantidos (Melo Pires, vice-presidente da Autoeuropa)
CDS vota a favor do orçamento mas quer melhorar a proposta (Paulo Portas)
Previsão do PIB já incorpora o maior impacto da austeridade (Abebe Selassie / FMI)
Espero que o Governo esteja em plenitude de funções depois do OE (Miguel Cadilhe)
Redução do Estado ajuda a cortar 4 mil milhões de euros até final 2014 (J Negócios)
Sacrifícios actuais são peanuts comparados com a saída do euro (Mira Amaral)
Queda do PIB será muito superior ao previsto (Citigroup)
A troica não vê margem para cortes na despesa ( J Negócios)
É uma verdade de La Palisse que austeridade tem custos no crescimento e no emprego (Passos Coelho)
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Hollande reconhece vantagens dos países ricos com taxas de juro elevadas dos outros (Público)
O Governo não tem estratégia orçamental (Paulo Trigo Pereira)
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